O Provedor de Justiça está de baixa médica. Recordo que há pouco mais de uma semana anunciou que se a sua substituição não se concretizasse, até final do mês, abandonaria o cargo.
Sem colocar em causa a doença de Nascimento Rodrigues, não é possível deixar de estabelecer uma relação entre as suas palavras e a doença que o vitimou na data em que ele anunciara abandonar o cargo.
Nascimento Rodrigues deu uma entrevista acusando o PS de querer ocupar todos os cargos públicos. Na altura não me quis pronunciar sobre o assunto, embora intimamente tivesse criticado a sua postura, por duas razões: como se veio a verificar o PS até pretendia nomear Jorge Miranda, que não se move na esfera socialista, e o Provedor de Justiça deveria respeitar silêncio sobre esta matéria.
Aliás, não me impressiona muito que os partidos pretendam ocupar os altos cargos da Administração Pública com militantes seus, o que me preocupa é que algumas dessas pessoas - por incompetência ou incapacidade técnica para ocupar determinados lugares - prejudiquem cidadãos através de medidas de carácter administrativo e processual, obrigando-os a recorrer ao Provedor de Justiça, na tentativa de minimizar os danos. É a essas situações que o Provedor de Justiça deve estar atento, é essa a sua função.
Nascimento Rodrigues tem toda a razão para se indignar com a incapacidade demonstrada pelos partidos do Centrão em chegarem a acordo e nomearem outra pessoa para o cargo. Devia, porém, abster-se de tecer comentários acusando um partido e protegendo o seu. Não se pode exigir ao Provedor de Justiça que esteja sempre são como um pêro, mas deve-se reclamar uma postura de equidistância e neutralidade.
Conclusão: a doença de Nascimento Rodrigues não fica bem na… radiografia ético-política do país.