Postais do Meu País Improvável
Um dia, numa praia do meu pais improvável tão difícil de lá se chegar que só os mais ousados se aventuram, chegou a hora de ir embora. Os miúdos pedem mais um mergulho e eu, na esperança de conseguir prolongar as horas mornas, deixo. Quero lá saber se vêm todos molhados e se enchem o carro de areia. Sento-me numa cadeira e espero, enquanto repasso pela memória retalhos de verões antigos.
Na praia, sobramos nós e um grupo de nudistas para os quais os miúdos olharam com muita curiosidade ao início da tarde mas que, a esta hora, já nem ligam.
Começamos a andar em direcção ao carro com a algazarra de quem passou um dia em cheio. Numa esquina do areal daquele fim de mundo, entalada entre dois rochedos, está estacionada uma roullote com duas pranchas de surf no tejadilho. Cá fora, uma mesa e um par de cadeiras. E, à medida que nos aproximamos, o proprietário de pé, a tocar contrabaixo.