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Delito de Opinião

Retratos de falência

Diogo Noivo, 24.07.19

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Longe dos corredores do poder, de algumas tribunas periodísticas, e do 'circuito da mão-fria' – os simpáticos e elegantes eventos onde um copo on the rocks arrefece a mão de quem o segura –, há um país que se move como pode.

Os transportes públicos são, a um só tempo, um espaço de desespero e de privilégio. De desespero para quem os usa, porque os atrasos, as supressões e a degradação do chamado “material circulante” pintam uma paisagem magrebina. Em bem mais de uma década como passageiro da CP nunca assisti a um estado tão calamitoso de serviço prestado. Contudo, e apesar do quadro de miséria, ser passageiro é também um privilégio, uma vez que as redes de transportes públicos são um exclusivo de três ou quatro centros urbanos.

Perante a ineficiência do serviço prestado, os passageiros que dispõem de rendimentos para ter carro próprio têm alternativa. Os restantes submetem-se ao não-há-nada-a-fazer, chegando tarde ao seu local de trabalho, perdendo consultas e vagas para exames médicos, problemas resumidos num longo e penoso etcétera. Os serviços públicos deveriam mitigar as desigualdades, mas, no caso em apreço, servem para as agravar.

Um texto publicado hoje no Observador revela um lado mais dramático do caos instalado: pessoas que perdem o emprego e que são preteridas em entrevistas de trabalho por residirem na margem sul do Tejo. A explicação não reside em preconceito, mas sim no temor dos empregadores a contratar alguém que depende dos barcos da Soflusa para cruzar o rio. A posição dos empregadores é compreensível, mas a penalização sobre os residentes na margem sul tem tanto de inaceitável como de terceiro-mundista.

Os preços do imobiliário na capital empurraram famílias para a periferia, o que tem um custo horário nos movimentos pendulares quotidianos entre casa e local de trabalho. A esse custo acresce agora uma penalização laboral, única e exclusivamente por ineficiência dos serviços de transporte.

Este quadro inenarrável de penalização de quem menos tem, que agrava de sobremaneira a desigualdade social, suscita várias dúvidas. Por exemplo, saber o paradeiro daqueles que no passado recente se especializaram em ‘grandoladas’. Ou perceber o que aconteceu aos arautos do ‘povo’ e dos mais pobres. Ou, ainda, perguntar à oposição – assumindo que existe – o que tem a dizer sobre o assunto. Suspeito que são perguntas sem resposta.

O discurso do 'nós vs. eles', do 'povo vs. elites', é perigoso e inútil. A melhor forma de o combater é garantir que não tem adesão à realidade diária de quem vota.

Agitação

João Carvalho, 22.05.11

Aterrou hoje no aeroporto de Beja o segundo avião, com lotação esgotada. Um aviãozinho de 49 lugares com quatro turistas a bordo, que parte umas horas depois com as restantes 45 pessoas de regresso e quatro lugares vazios.

É suposto que o Alentejo venha a ter uma semana agitada. Um aeroplano duas vezes no ar e quatro estranhos sete dias em terra? Não é caso para menos.

Há falta de telefones na TMN

João Carvalho, 19.05.11

Sobre este caso — e graças aos bons ofícios da Maria João Nogueira (Blogs do Sapo, PT) — lá acabei por receber, entre outros comentários, a seguinte nota (que acredito ser da TMN):

«Boa tarde
Ocorreu um problema no encaminhamento interno do pedido de jonasnuts, motivo pelo qual apenas nesta data o contactamos para solicitar o envio dos seus dados pessoais (para o endereço Jorge-brito-cc@telecom.pt), de modo a que possamos urgentemente analisar e responder ao seu post.
Até já.
Jorge Brito
Serviço ao cliente»

 

Quando dei com essa espécie de missiva e na mesma caixa de comentários, respondi assim:

«É essa a minha primeira (a primeira, não a única) queixa, Jorge Brito: a telefónica TMN não me indica um telefone de contacto e insiste (como V. insiste) que tenho de lhe enviar um e-mail. Sinceramente, acho isso um descoco.»

 

Ficámos assim. Pelos vistos, ficámos e ficamos, porque nunca mais tive notícias da TMN. O que é muito pior do que eu imaginava, pois não só o provedor (ou o suposto serviço de provedoria) da TMN não tem telefone, como o Serviço ao cliente (ou, pelo menos, o atencioso Jorge Brito) da TMN também não possui um telefone de contacto. Ninguém estranha que a TMN manifeste ter tamanha falta de telefones?

TMN: resta virar-lhe as costas

João Carvalho, 28.04.11

Já houve uma espécie de provedor do cliente para os clientes da TMN. Na verdade, não era um provedor, mas algo a que o servidor chamava serviço de provedoria, o que não é a mesma coisa e dilui na prática o conceito, visto tratar-se de um serviço interno sem qualquer independência ou capacidade de análise com a devida equidistância.

Para lá chegar, ligava-se o 800204420. Actualmente, ligar para este número significa ouvir uma gravação que indica um fax e um e-mail para se chegar à tal provedoria. Ou seja: a provedoria do servidor de telemóvel não atende telemóveis. Se aquele mesmo número for tentado por um telefone fixo, mesmo que seja da PT Telecom, então a indicação é a de que tal número nem sequer se encontra atribuído.

Se acrescentar a isto as vezes que recebo chamadas da (ou em nome da) TMN com número "confidencial", as mensagens que a TMN me envia a tratar-me por "tu" para promover as mais variadas porcarias e toda a sorte de atropelos ao respeito que me é devido, só tenho uma saída: a próxima vez que o servidor me contactar não lhe darei tempo de me dizer até já. Digo-lhe adeus. Se não reconhece e não respeita um cliente de dez anos, está na hora de lhe virar as costas.