Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Delito de Opinião

Programa sobre os Olivais

jpt, 10.12.22

lisboa.jpg

Vizinhos elogiosos dão-me a conhecer este programa radiofónico (aka podcast) "Lisboa e os Lisboetas" devido a esta sessão (51 minutos) sobre o meu bairro Olivais. Avanço para o ouvir, enquanto leio: interessa-me o bairro e conheço o "entrevistado" (é uma conversa, não uma entrevista) Pedro Bidarra há 40 anos, olivalense de gema, publicitário renomado, romancista, tipo refinado e de bela verve.
 
Na introdução da conversa o autor do programa deixa algumas indicações sobre "os Olivais" (é assim que se diz) rural, pré-1950s, incidindo na rede de "quintas" das quais há apenas alguns vestígios remanescentes. E mais para a frente alude à evolução da actual "Avenida de Berlim", a velha "Entre Aeroportos" (o de Cabo Ruivo, para hidroaviões, e o posterior da Portela), memórias corográficas decerto que interessantes para os fregueses que as desconheçam.
 
No início da conversa o Pedro Bidarra deixa um pouco da sua, que é a nossa, a da geração fundadora dos Olivais, memória sobre como foi crescer no bairro no pós-25 de Abril - e faz muito bem em lembrar que algo disso deixou no seu ríspido e tão interessante romance "Azulejos Pretos" (ele tem outra ficção, "Rolando Teixo", que é um mimo, e vou avançando isto porque vem aí o Natal e dar livros é bom, e ambos são uma boa opção).
 
Depois a conversa desenrola-se, e torna-se um espaço para o autor do programa - José Sá Fernandes, um antigo vereador municipal (surgido com o BE e prosseguido no PS) -, "mudando a agulha" com constantes derivas elogiando ... a sua obra camarária. Deixo cair o livro, deliciado, ficando só a ouvir - pois ter-se-á perdido um bocado do fio à meada olivalense, mas com ganhos, pelo menos para mim, crente que sou no método indutivo. Pois é um documento, delicioso (repito-me) sobre "lisboa", aquela "que anoitece" como (não) cantava o cantor... Lá mais para o fim o Bidarra (com algum carinho - é notório que são amigos - quiçá irónico) deixa uma breve pérola, tentando matizar o fervor intervencionista, até demiúrgico, do político agora radiofónico.
 
Enfim, terminado o programa não resisto e prometo-me: depois dos quartos-de-final de hoje ouvirei o programa (30 minutos) dedicado ao "Bairro Alto" (post-Frágil, claro), cuja "entrevistada" é a articulista do "Público" Carmo Afonso, comunista, putinesca e que se queixa de os taxis lisboetas federem a "trabalhadores portugueses". Mais "lisboa", decerto...

Afinal quantos séculos tem o atraso económico de Portugal?

Paulo Sousa, 28.10.20

Já por mais que uma vez que estive para aqui escrever sobre o 45 graus, o podcast de José Maria Pimentel. Ele é economista de formação, define-se como curioso por natureza e convida para uma conversa descomprometida especialistas e pensadores de várias áreas. Neste podcast, conversa-se sobre ciência e tecnologia, mas também economia e gestão, e mesmo ciências sociais, como sociologia, ciência política ou psicologia. E não só: discute-se também história e política internacional; filosofia e religião; sociedade e educação.
Parte do parágrafo anterior foi copiado da respectiva apresentação.
No episódio mais recente, o 96º (!!), o convidado foi Nuno Palma, que é professor de economia na Universidade de Manchester e investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Nuno Palma tem-se dedicado sobretudo à área da História Económica.
O que se pode concluir se compararmos a evolução económica desde o século XIV de vários países da Europa ocidental, como Portugal, Espanha e Inglaterra? As conclusões são surpreendentes especialmente pelo enfoque que é dado à qualidade das instituições.
 
"Mas porquê medir a qualidade das instituições? Porque cada vez mais percebemos que o que determina o desenvolvimento económico dos países — ainda hoje –, mais do que políticas económicas no papel, e para lá dos recursos naturais, é a qualidade das suas instituições. Instituições aqui significa, por exemplo, as limitações impostas ao poder executivo ou o cumprimento dos contratos. Em termos simples, desenvolvem-se os países cujas instituições permitem e encorajam as pessoas a dedicarem-se a atividades produtivas; não se desenvolvem aqueles onde o poder está concentrado nas mãos de uma elite, que vive à custa do resto da sociedade. Soa-vos familiar?"
 
Recomendo vivamente a audição desta conversa, assim como a que se siga este projecto.

Um podcast por dia, nem sabe o bem que lhe fazia (21)

José Maria Gui Pimentel, 23.07.14

TSF - Tubo de Ensaio

 

 

Programa já com sete anos de emissões diárias na TSF (com interrupção para férias), contando com voz de Bruno Nogueira e textos deste e de João Quadros. É neste programa que os autores têm mostrado todo o seu espírito cáustico, o que por vezes lhes tem custado algumas críticas. Entre momentos geniais, meramente banais, ou polémicos, o Tubo de Ensaio é um programa original e corajoso que se torna difícil de definir. Leve na forma, é por vezes mais profundo no conteúdo do que aparenta . 

 

E assim termina esta série, com 21 sugestões de podcasts, dos mais diversos tipos e feitios. Outros há por aí. Alguns que também conheço mas que ouço menos vezes e que por isso não incluí aqui. Outros -- muitos mais -- com que ainda não me cruzei. Ficam as sugestões, espero que tenham gostado.

Um podcast por dia, nem sabe o bem que lhe fazia (20)

José Maria Gui Pimentel, 22.07.14

TSF - Bloco Central

 

 

Painel semanal de comentário político na TSF – na esteira do Contraditório da Antena 1, do Governo Sombra da mesma TSF ou da Quadratura do Círculo na SIC Notícias – com Pedro Adão e Silva à esquerda e Pedro Marques Lopes à direita. É um programa interessante, embora tenha algumas pechas. Sobretudo, e como normalmente acontece neste tipo de programa, o elemento à direita é mais envergonhado do posicionamento que lhe foi atribuído, pelo que a substância do comentário tende a ser demasiadamente convergente entre os dois. Esta diminuição do contraditório tem a consequência inevitável de diminuir o interesse da discussão para o ouvinte – pelo menos para este que escreve. 

Um podcast por dia, nem sabe o bem que lhe fazia (18)

José Maria Gui Pimentel, 20.07.14

TSF – Pessoal e Transmissível

 

 

Antes – muito antes – de moderar o Governo Sombra, já Carlos Vaz Marques torturava quinzenalmente os ouvintes com o tema de abertura do Pessoal e Transmissível*, para rapidamente se redimir com conversas muito bem conduzidas e com convidados escolhidos a dedo. O cuidado na escolha dos convidados é, de resto, uma marca deste programa, sendo na sua maioria ligados às artes e à cultura em geral, com a clara intenção de procurar talentos emergentes ou desconhecidos. Há também cientistas e políticos estrangeiros. 

 

* Confesso que, durante anos, adiei a subscrição deste podcast precisamente devido à urticária que a música de abertura me provocava (quase maior do que quando apanhava um rádio a cantar “Oceano Pacífico” naquele tom indescritível). Entretanto, já estou habituado, e até não sei se já não gosto. Será da idade?

Um podcast por dia, nem sabe o bem que lhe fazia (17)

José Maria Gui Pimentel, 19.07.14

Fareed Zakaria GPS

 

É o espaço semanal de Fareed Zakaria na CNN, desde 2008, quando ainda era colunista da Newsweek e antes de protagonizar uma transferência que deu que falar – em 2010 – para a Time. O programa centra-se em temas internacionais – o que não é o mesmo que dizer estrangeiros, uma vez que os temas norte-americanos têm uma inevitável exposição proeminente, dada a importância internacional do país. Dificilmente haverá outro apresentador – nem mesmo John Stewart e o seu Daily Show – que tenha tanta facilidade em reunir convidados tão difíceis de conseguir como Fareed Zakaria, desde políticos americanos, a políticos dos mais variados países, passando por líderes empresariais, académicos e pundits dos mais variados tipos. Zakaria, é preciso dizê-lo, é um grande jornalista (nem o escândalo de plágio lhe abalou a carreira) e conduz o programa com mestria. Desvantagem: o podcast gratuito apenas dá acesso à versão áudio.

Um podcast por dia, nem sabe o bem que lhe fazia (16)

José Maria Gui Pimentel, 18.07.14

Rádio Comercial – Primo

 

Nuno Markl e Vasco Palmeirim partilham um programa muito idêntico à Prova Oral, de Fernando Alvim na 3, mas, na minha opinião, menos bem conseguido. A vontade de criar empatia com os entrevistados é tanta que a tentativa transparece, muitas vezes, forçada, com elogios  exagerados. Acresce que as piadas são, demasiadas vezes, infantis. Dito isto, tem o mérito de ser um programa relaxado e, quando os entrevistados ajudam, vale a pena. 

Um podcast por dia, nem sabe o bem que lhe fazia (14)

José Maria Gui Pimentel, 15.07.14

TSF – Sinais

 

Programa notável e singular de Fernando Alves, que se distingue de tal modo dos demais que se torna impossível de definir. Tive, por isso, de me socorrer do site da TSF, que o resume assim: “anotação pessoalíssima do andar dos dias, dos seus paradoxos, das suas mais perturbadoras singularidades”. Eu diria antes que é um programa sobre nada e sobre tudo, ao mesmo tempo, e, aí concordo, com um toque muito pessoal de Fernando Alves, que toca os temas da actualidade, para uma vezes se debruçar sobre eles e outras partir para um tema distante, a propósito de uma palavra, nome ou metáfora usada e que lhe desperta pensamentos colaterais.

Um podcast por dia, nem sabe o bem que lhe fazia (13)

José Maria Gui Pimentel, 14.07.14

The Monocle Weekly

 

 

 

A revista de culto da cultura hispter não podia deixar de ter o seu próprio podcast, ou, na verdade, podcasts, uma vez que são já 16 programas distintos aqueles que estão disponíveis no site. Devo dizer que ainda conheço mal este podcast, e por isso não posso opinar sobre a qualidade dos conteúdos. É um programa sobretudo sobre a actualidade, no sentido lato, abordando temas desde a política internacional até livros lançados e eventos artísticos.

Um podcast por dia, nem sabe o bem que lhe fazia (12)

José Maria Gui Pimentel, 13.07.14

BBC – The History Hour

 

O The History Hour é um dos muitos podcasts gratuitos oferecidos pela estação britânica e não foge à qualidade a que a BBC nos habituou, beneficiando ainda do vasto arquivo de que esta dispõe. Este não é um simples programa sobre História, pois baseia-se em episódios da História mundial contados na primeira pessoa. E isto, claro, é simultaneamente uma vantagem e uma limitação, pois se torna os relatos mais vívidos e a discussão mais interessantes, também é verdade que condiciona os temas cobertos grosso modo ao pós-IIGM. Há três meses, discretamente no fim de uma emissão de quase uma hora, lá surgiu uma reportagem sobre os 40 anos do 25 de abril, que contou com um interessante relato de Adelino Gomes, num inglês, diga-se, espantosamente escorreito para alguém da geração francófona.

Um podcast por dia, nem sabe o bem que lhe fazia (11)

José Maria Gui Pimentel, 12.07.14

Antena 3 – Linha Avançada

 

José Nunes, já conhecido como “Carneiro Amigo”, comentador desportivo da Antena 1, tem já há vários anos esta rubrica diária na irmã mais nova das rádios públicas. É basicamente um resumo diário das notícias e – muitos – faits divers que rodeiam o mundo do futebol. É um programa leve, ideal para ouvir enquanto se faz uma tarefa que não nos ocupe o cérebro todo (e.g. guiar). 

Um podcast por dia, nem sabe o bem que lhe fazia (10)

José Maria Gui Pimentel, 11.07.14

Antena 3 - Prova Oral

 

São já, creio, uma dezena de anos, os últimos com Xana Alves ao lado, que Fernando Alvim leva ao microfone deste programa difícil de definir: um híbrido, metade talk show radiofónico, metade opinião pública, metade (como diria o Outro) programa de comédia. É um formato pouco ortodoxo, com poucas regras e pouco planeamento, o que gera resultados mistos. Muitas vezes, a desenvergonhada falta de preparação do locutor que cria angústia no ouvinte por não serem colocadas questões que conduzissem a entrevista num sentido muito mais interessante (pelo contrário, a entrevista tende a fluir livremente, perdendo-se muitas vezes em pormenores desnecessários). Noutras vezes, todavia, essa espontaneidade tem o mérito de, por um lado, não condicionar o entrevistado e, por outro, dar lugar a momentos improváveis e hilariantes, que seriam completamente impossíveis num programa mais sério. E mais: é essa espontaneidade que permite que um programa com estas características, quase diário, continue fresco e imprevisível.

Um podcast por dia, nem sabe o bem que lhe fazia (9)

José Maria Gui Pimentel, 10.07.14

Freakonomics Radio

 

 

 

Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner continuam – com a moderação deste último e depoimentos vários – a explorar “the hidden side of everything”. É a ciência económica aplicada à prática, não poucas vezes pondo mãos-à-obra em temas inusitados e surgindo com respostas desconcertantes, tal como em “Is College Really Worth It?”ou em “The Perfect Crime”.

Um podcast por dia, nem sabe o bem que lhe fazia (7)

José Maria Gui Pimentel, 08.07.14

TED talks

 

 

Mais um videocast, isto é, um podcast em vídeo. Trata-se do feed das palestras que a TED vai compilando, entre as oficiais e aquelas realizadas com autorização. Embora nem todos os 18 minutos canónicos (por vezes menos) de fita valham o tempo empregue, habilitamo-nos, com alguma sorte, a assistir a uma talk como esta, de Ken Robinson, à qual é difícil ficar indiferente. 

Um podcast por dia, nem sabe o bem que lhe fazia (6)

José Maria Gui Pimentel, 07.07.14

Antena 1 - Cinemax

 

 

Programa semanal sobre cinema, cujo grande atractivo é o comentador residente, João Lopes, um dos poucos críticos de cinema em Portugal que conseguem instruir o ouvinte sem lhe provocar sensações que oscilam entre a vergonha e a repulsa. Fazer um programa de rádio sobre cinema não é fácil (daí, depreende-se, existir um programa gémeo na RTP), mas o Cinemax consegue fazer um bom trabalho, abordando tanto as estreias da semana, como edições em DVD e outros filmes menos recentes que venham a propósito.

Um podcast por dia, nem sabe o bem que lhe fazia (4)

José Maria Gui Pimentel, 05.07.14

Antena 1 - Maria Flor Pedroso

 

 

É o programa semanal de entrevistas de Maria Flor Pedroso. O critério de escolha dos entrevistados varia, muitas vezes ao sabor de comemorações relevantes (e.g. 40 anos do 25 de abril, Centenário da República), mas tende a centrar-se em personalidades políticas no activo om ou com ligações muito fortes a algum partido. E isso é, simultaneamente, a sua vantagem e desvantagem. Vantagem pois são pessoas cuja opinião conta. Desvantagem porque são tipicamente políticos com uma agenda condicionadora, o que torna as entrevistas, por vezes, maçadoramente previsíveis. Destaca-se a qualidade reconhecida de Maria Flor Pedroso, que, com o entrevistado certo, tem ajudado nos últimos anos a criar notícias.