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Delito de Opinião

Pensamento da semana

Ana CB, 28.05.23

Precisamos de mais filosofia nas nossas vidas. Precisamos de aprender a pensar, a recusar adoptar o dogma “só porque sim”, porque é mais fácil, porque a ideia já nos aparece digerida, alinhada, bonitinha e aparentemente com sentido. Precisamos de compreender mais, e compreender melhor. Precisamos de pegar no que vemos, no que lemos, no que ouvimos e tentar isolar o que é verdadeiramente importante do que é só barulho. Olhar por outra perspectiva, e olhar para dentro de nós para perceber se o que defendemos ainda ressoa a verdade ou é só hábito, ou só preconceito.

 

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Pensamento da Semana

Ana Cláudia Vicente, 21.05.23

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"Vão surgir muitos problemas no Mundo e vão surgir muitos problemas em Portugal, e é bom que, de vez em quando, nos possamos encontrar, possamos ver o que é que se passa e possamos encontrar um caminho para o futuro, o que nem sempre vai ser fácil. Pelo contrário, vai ser sempre muito complicado, com várias opiniões se encontrando, porque estamos, em todo o Mundo e aqui, naquilo que se chama um período de transição.
Agostinho da Silva (1906-1994)
(“25 de Abril e o futuro”, Assembleia da República, 25-04-1989)

[(c) Binary Code Pixels, Allan Swart, 2016]

 

Um período de transição. Para quê? Para onde?

Nem tempo, nem capacidade de inteligir basta(ria)m para o entender, diria o professor. Então como agora, só a genuína curiosidade em saber (a coexistência entre sonho e objectividade) garante abertura ao que se poderá seguir. Ao futuro. 

Penso muitas vezes na importância que dava, no que ia partilhando, à combinação entre impulso de descoberta e prudência, entre entusiamo e observação cautelosa, calculada. Pergunto-me se ainda guardamos, como povo, o reflexo de hesitação/interrogação ante o que nos é apresentado como novo. Talvez não, não sei, pelo menos olhando para o modo ligeiro como subestimamos o senso dos que agora são tidos por não-instruídos, mas que permanecem atentos a pormenores que escapam aos oficialmente escolarizados.

Que país está pronto para o futuro?

 

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Pensamento da semana

Zélia Parreira, 14.05.23

"The past was erased, the erasure was forgotten, the lie became truth."

1984 / George Orwell

Durante a semana que passou, decorreu em Faro o 14.° Congresso da BAD - Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Profissionais de Informação.

Na palestra de encerramento, Richard Ovenden, da Bodleian Library, em Oxford, exibiu esta frase de Orwell a propósito da sua intervenção.

Autor de "Queimar livros: uma história da destruição do saber", Ovenden conduziu-nos pelos desastres, tantas vezes intencionais, que provocaram a destruição de bibliotecas e sublinhou a importância destas instituições na salvaguarda e consolidação da Democracia, através da garantia de acesso ao conhecimento.

Numa época em que as bibliotecas - nos EUA, Canadá e Irlanda,  por exemplo - enfrentam verdadeiras comissões de censura e brigadas revisionistas, vale a pena relembrar que, há exactamente 90 anos, a 10 de Maio de 1933, a queima de livros "indesejáveis" precedeu o holocausto, dando razão às palavras premonitórias de Heinrich Heine (1820): "Onde se queimam livros, acabam por se queimar as pessoas".

 

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Pensamento da semana

Teresa Ribeiro, 07.05.23

Cresce, no país, o número de pessoas que não fazem a mínima ideia do que é viver em ditadura e que fantasiam sobre salvadores da pátria. Alimentam-se talvez da esperança de que, bem pastoreado, Portugal enfim progredirá. E acreditam que a indignação teatral de alguns tribunos, que hoje berram o que querem ouvir, se transformará, caso o poder lhes caia nas mãos, nas políticas reformistas que vão pôr Portugal nos eixos. Nada lhes prova que farão melhor do que os partidos instalados, se um dia se instalarem. O que sabem, mas pouco lhes importa, é que com esses na liderança a democracia corre perigo.

Como sem democracia não há escrutínio, se um dia resvalarmos para uma autocracia, a corrupção e o nepotismo continuarão a minar, só que silenciosamente, pois não há notícia de um país - um só - que  tenha melhorado tais indicadores sob este tipo de regime. E como sem democracia não há liberdade de expressão, a paz social descerá sobre nós, como um gás anestesiante. Será por esta paz podre que os desiludidos da democracia suspiram? 

 

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Pensamento da semana

Pedro Correia, 23.04.23

O mundo contemporâneo, com o seu catálogo de autoflagelações, ampliou muito o decálogo dos mandamentos de Moisés e os sete pecados mortais do catecismo cristão. Há um, no entanto, que raras vezes é mencionado por antigos e novos guardiães da virtude: o pecado da indiferença. Saibamos acautelar-nos contra ele, escolhendo campo. Os lugares mais profundos do Inferno, como escreveu Dante, estão reservados àqueles que sempre se declaram neutros.

 

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Pensamento da Semana

jpt, 09.04.23

Entre os avessos ao pluralismo democrático - e nisso confluem direitistas e esquerdistas, sempre nostálgicos do virtuoso controlo das expressões públicas - é constante o lugar-comum da invectiva a uma omnipresente e omnipotente "narrativa oficial" que dizem reinar nas democracias. Sempre anunciada como pérfido fruto das campanhas mediáticas promovidas por mais ou menos esconsa "mão invisível", lesta e atenta no adormecimento dos povos, sua "alienação". Pouco lhes importa ser nessas mesmas sociedades que existe maior diversidade publicada e maior debate aberto. Aliás, muito lhes importa, muito lhes incomoda, crentes na superioridade ética das suas elocubrações, que nos seus delírios factuais papagueiam como racional e analiticamentes superiores. Tanto que, de facto, a "luz ao fundo do túnel" a que aspiram é o silenciamento dos alheios. 

 

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Pensamento da semana

Ana CB, 02.04.23

Viajar é, à partida, um bom antídoto contra a intolerância. Falo, é claro, das viagens mais imersivas, onde se contacta com a cultura e o modo de vida de cada local (e não de uma mera estadia num qualquer resort blindado contra a realidade que o rodeia). Mas viajar também cria por vezes em mim – como mulher, portuguesa, europeia, e produto do século XX – sensações de incompreensão, frequentemente associadas às de impotência.

Incompreensão ao constatar como o mundo parece girar a velocidades diferentes consoante a cultura em que estamos, como a pobreza corta (ou serve de desculpa para cortar) o acesso à educação mas não aos modelos de smartphone mais recentes, como a vaidade exterior consegue coabitar com o desleixo, o lixo, e até mesmo a falta de compaixão. Impotência por perceber que mesmo quando nos exprimimos numa língua comum, o fosso que me separa desses outros é tão grande que sou olhada como se falasse uma língua diferente, talvez alienígena, e não há entendimento possível.

 

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Pedro Correia, 26.03.23

Números que nos envergonham: 61% dos portugueses não leram um único livro em 2021. Envergonham ainda mais em comparação com os nossos parceiros europeus: no mesmo ano, houve 38% de espanhóis que nada leram e apenas 8% de franceses.

Quem não lê situa-se de imediato num patamar inferior, indigno de um legado cultural de milénios que nos serve de matriz: não esqueçamos que somos herdeiros e tributários da civilização do Livro.

 

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Pensamento da semana

Pedro Correia, 19.03.23

Portugal é um país que funciona a duas velocidades - a da administração pública e a da economia privada. Com esta a ter salários mais baixos, jornadas laborais maiores, aposentações mais tardias e sobretudo o espectro do desemprego sempre presente, enquanto vai financiando a primeira, domínio exclusivo das "tolerâncias de ponto".

 

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Pensamento da semana

Teresa Ribeiro, 12.03.23

De bronca em bronca vou-me afundando numa decepção que sinto colectiva. Não falta à minha volta gente a bater palminhas, à espera que o castelo de cartas, em que se tornou este governo PS, caia. Na esperança que se mudem as tintas lá por S. Bento, porque depois é que vai ser. E eu fico-me a meditar nessa capacidade que vamos tendo de vibrar com tais expectativas. Ainda dizem que somos um povo pessimista...

 

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Pensamento da Semana

Maria Dulce Fernandes, 05.03.23

Pode até soar a heresia, mas não gosto muito de Madonna. Não tenho um álbum sequer desta artista, não faz parte da minha nostalgia. Um destes dias, vi uma entrevista da cantora sobre o Celebration Tour. A princípio creio que fiquei quase um minuto a aguardar que a entrevista começasse até perceber que aquela pessoa que estava a falar pseudo-sensualmente era a Madonna. Fiquei atónita! Somos piquenas nascidas com dez dias de diferença, caramba! Com toda a certeza que a Madonna jamais invejaria os meus dez quilos a mais, mas eu seguramente não lhe invejo as más decisões. Serei eu a única que se pergunta "Who's that Girl?" ou, se no caso da "Material Girl", foi o plástico o material que prevaleceu? Acontece que não sendo o plástico biodegradável e a Madonna não ser forever, será mais destrutivo "Into the Groove" ou into the grave?

Viajar no tempo nas asas de um bisturi estará sempre fora de questão. Ou então não. Quem sabe se o que o futuro nos guarda seja ser "Frozen on Fire".

 

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Pensamento da Semana

José Meireles Graça, 12.02.23

Dizem os entendidos que o PM Costa está cansado e que o governo se esboroa. Mas não: um político de 62 anos, se tiver saúde, não pode estar cansado; e seria uma surpreendente conjugação astral se só este governo, e não os anteriores com pessoal das mesmas proveniências, tivesse casos e casinhos. De modo que, lentamente, a vacuidade do projecto político vai ficando evidente; e a tampa que a geringonça pôs nas denúncias foi levantada.

 

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Pensamento da semana

Cristina Torrão, 22.01.23

«Portugal detesta corrupção, mas os portugueses adoram "cunhas" (...) O amigo polícia que safou a multa, (...) o emprego que se conseguiu na função pública naquele concurso arranjado (...) Alguém duvida que o indivíduo que usa o amigo das Finanças para não pagar a multa por entregar o IRS fora de prazo, seria um corrupto da pior espécie se tivesse condições para isso?»

Gonçalo Galvão Gomes, cronista do PT-Post (jornal português na Alemanha), no n.º 342, Dezembro 2022

Da pior espécie, não sei. Mas, corruptos, quase de certeza.

 

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