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Delito de Opinião

Pensamento da semana

Pedro Correia, 20.04.25

 

Quando Marta se queixou da sua irmã Maria por não cumprir tão bem como ela as tarefas domésticas, Jesus alertou-a: «Andas inquieta e perturbada com muitas coisas, mas só uma é necessária. Maria escolheu um caminho superior.» (Lucas, X, 39-42). No Sermão da Montanha - um dos mais belos trechos da Bíblia - Cristo enaltece os lírios do campo que sem fiar nem coser excedem toda a glória de Salomão (Lucas, VI, 25-29). Lição a reter nesta Semana Santa: trabalhar em excesso, sem ser por imperiosa necessidade, tem reduzido valor moral. O homo faber, centrado na actividade profissional, deve coexistir com o homo ludens.

 

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Pensamento da semana

Pedro Correia, 13.04.25

 

A chamada esquerda esqueceu as suas pretensões de sempre, centradas na igualdade, para defender múltiplas identidades tribais, cada vez mais diversas e microscópicas. Com isso distanciou-se dos cidadãos concretos, mergulhando numa crise de tal envergadura que pode tornar-se irrecuperável.

 

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Pensamento da semana

Pedro Correia, 06.04.25

 

O regresso de Donald Trump à Casa Branca, a 20 de Janeiro, tem demonstrado que o grande adversário geoestratégico da Federação Russa é a União Europeia - acrescida do Reino Unido, como se o Brexit tivesse ficado para trás. Outra "conquista" de Putin, tal como a adesão da Suécia e da Finlândia à NATO, a protecção nuclear francesa aos parceiros europeus e o rearmamento alemão.

 

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Pensamento da semana

Pedro Correia, 30.03.25

 

Podemos tentar "compreender" a vertente social, cultural e psicológica de um acto criminoso. E, se formos advogados de quem o cometeu, até talvez devamos invocar tudo isso como possível atenuante em tribunal. Nada apaga, no entanto, a componente do livre-arbítrio. É o grande trunfo - e também o grande fardo - da condição humana.

 

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Pensamento da semana

Pedro Correia, 22.03.25

 

Num  mundo ameaçado por perigos crescentes, as pessoas procuram mais segurança, não mais liberdade. Refugiam-se em casa como entre muralhas, reduzem ao mínimo a vida social. Aderem em grau crescente ao teletrabalho, ao comércio digital, às vídeo-reuniões, à telemedicina. Em regime de reclusão voluntária. A rebeldia pertence a um mundo cada vez mais distante.

 

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Pensamento da semana

Pedro Correia, 02.03.25

 

A Ucrânia faz parte da Europa. Ao invadir a Ucrânia, Putin rasgou uma regra básica do direito internacional e da geopolítica definida em 1945, na Conferência de Ialta, e ratificada em todos os tratados e todas as convenções subsequentes. Nós, europeus, devemos encarar esta guerra de agressão como ameaça existencial ao nosso continente, que não queremos ver amputado nem submetido à rudimentar lei da força.

 

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Pensamento da semana

Pedro Correia, 16.02.25

 

A Rússia de Vladimir Putin, assombrada pela natalidade regressiva, só consegue hoje afirmar-se pelo seu arsenal nuclear. Sem ser modelo para ninguém. É uma ditadura filofascista com ambições de cariz imperialista que não olha a meios para atingir os fins, reprimindo as aspirações de liberdade e prosperidade do seu povo. Sinal de fraqueza, não de força.

Putin poderia repetir a pergunta de Estaline: «Quantas divisões tem o Papa?» Olha, mas não vê. O essencial é invisível aos olhos dos tiranos.

 

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Pensamento da semana

Pedro Correia, 09.02.25

 

As propostas de apaziguamento dos países livres às autocracias que violam grosseiramente a Carta das Nações Unidas jamais conduzem à paz: só estimulam novos conflitos e novas guerras.

Um regime incapaz de respeitar os direitos e liberdades do seu próprio povo faz da agressão externa uma senha de identidade política. Imaginar que acatará normas de civilidade no plano internacional é ignorar todas as lições da História.

 

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Pensamento da semana

Pedro Correia, 02.02.25

 

Em nome do bem absoluto, não falta quem professe hoje a doutrina da equidistância moral entre carrasco e vítima. Contemporizando assim com o mal absoluto: o indivíduo que degola é equivalente em humanidade ao degolado. No limite, relativiza-se até o horror na sua dimensão máxima - atingida, por exemplo, no campo de extermínio de Auschwitz, libertado há 80 anos.

Diga-se que nada disto é original. Longe disso. Não tem faltado, desde os confins dos tempos, quem estabeleça paralelo moral entre Abel e Caim.

 

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Pensamento da semana

Pedro Correia, 19.01.25

 

A globalização arrancou mais de 500 milhões de pessoas da miséria em apenas 30 anos - não há memória de algo semelhante na história humana. Mas entrámos noutro ciclo, o da contra-globalização. Vai acentuar-se, à medida que o populismo for contaminando as ideologias clássicas. Daqui a uma década já será bem evidente que a página foi virada. É temerário antecipar que seja para melhor.

 

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Pensamento da semana

Pedro Correia, 22.12.24

As democracias liberais têm má imprensa no Ocidente, onde as autocracias voltam a merecer acenos de simpatia cem anos após terem incendiado grande parte do solo europeu. A verdade, porém, é que estamos preparados para enfrentar a pulsão imperialista e neocolonial de Vladimir Putin. A Europa (obviamente dissociada da tirania de Moscovo, inimiga declarada do "decadentismo liberal") é mais forte do que a Federação Russa. Mesmo que acabe por perder o escudo protector dos EUA.

Não precisamos do Irão nem da Coreia comunista nem de mercenários do islamismo radical iemenita para nos fornecerem armamento e combaterem por nós. Ao procurar esses aliados entre a escória do planeta enquanto ameaçava destruir o Ocidente com bombas nucleares (cenário paranóico que nem Estaline ousou traçar), Putin escolheu um campo de onde já não sairá ileso. E deu enorme prova de fraqueza, não de força.

Tendo sido incapaz de conquistar Kiev, assassinar Zelenski, instalar um fantoche à frente do Governo ucraniano e até de preservar o seu vassalo Assad na Síria, é capaz de quê? De "conquistar" cerca de 45 mil kmde ruínas, o equivalente a menos de metade da superfície de Portugal. Entre avanços e recuos, apenas exibe isto como débil troféu de caça na Ucrânia desde Fevereiro de 2022.

É inútil os seus apaniguados cá na terra alimentarem ilusões: mais depressa cairá o ditador russo do que alguma pedra essencial mudará na Europa Ocidental - a tal "decadente" parcela do globo que muitos abominam, quase todos invejam mas onde ninguém recusaria viver. Por ser o pior continente, à excepção de todos os outros.

 

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Pensamento da semana

Pedro Correia, 15.12.24

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Busto de Hafez Assad, pai de Bachar e ditador de 1971 a 2000: era o "carniceiro de Damasco"

 

Bachar Assad, verdugo que oprimia a Síria desde 2000, acoitou-se na capital russa deixando um rasto trágico: 13 anos de guerra civil provocaram mais de meio milhão de mortos e quase 14 milhões de desalojados. Putin, seu amo e protector, cumpriu os mínimos ao conceder refúgio ao fiel vassalo em fuga, apavorado perante a revolta popular. Palavras, leva-as o vento: em 2017, o caudilho do Kremlin ameaçou os que se insurgiam contra a tirania da família Assad de serem «destruídos por armas nunca vistas». Bravata verbal que os factos tornam hoje caricata. A queda deste pau-mandado de Moscovo constitui a primeira derrota estratégica do novo eixo Rússia-Irão-Coreia do Norte. Outras peças de dominó cairão num futuro próximo.

 

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