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Delito de Opinião

Bilhete para a eternidade

Sérgio de Almeida Correia, 30.12.22

Os dedos de uma mão deverão ser suficientes para se contar os verdadeiros génios que o mundo conheceu no último século. Houve gente magnífica, excepcional, extraordinária nalguns dos seus feitos. Génios, poucos. E não será fácil reconhecer e atribuir esse estatuto a alguém. Seja em que campo for. Da ciência à literatura, da pintura à música, da cultura em geral ao desporto. Não me atrevo, até porque isso poderia ser injusto para outros, a elencá-los, mas sou capaz de reconhecê-los. Sei quem são quando me surgem ao caminho.

Se Edson Arantes do Nascimento foi um homem normal; Pelé foi um génio. Aquele partiu hoje, o segundo ficará para a eternidade.

E de todas as homenagens, deixo aqui as palavras que lhe foram dirigidas por Maurizio Crosetti, no La Repubblica, adiante parcialmente transcritas, e a recordação da sua passagem por Hong Kong, no South China Morning Post, quando com a camisola do seu Santos recusou, para poder ficar com os companheiros, a penthouse suite que lhe estava destinada no mítico e saudoso Hong Kong Hilton, onde há três décadas, antes da sua demolição, ainda tive o privilégio de algumas vezes jantar.

Como alguém escreveu, olhando para tudo o que os outros fizeram, Pelé fez primeiro. Que descanse em paz.

"Può esserci un mondo senza Pelè? Artista e comunicatore istintivo, senza però l'aura maledetta di un Maradona che per sempre gli contenderà il giudizio di mezzo genere umano: meglio Pelè o Diego? Risposta impossibile, è come dover scegliere tra Leonardo e Michelangelo. Pelè è arrivato prima, in un calcio diversissimo e non ancora mondializzato. Pelè era il nome di un sogno, il nome di dio. Aveva una voce profonda e cavernosa da contrabbasso, e quel suono usciva da un corpo per nulla impressionante, un metro e settanta di altezza, neppure 75 chili di peso. Ma si trattava di un'illusione ottica, perché la struttura fisica di Edson Arantes do Nascimento era invece l'assoluta perfezione: gambe ipertrofiche, potenza in ogni gesto e insieme agilità, equilibrio sublime. Qualcosa di esplosivo ed elastico. E poi la tecnica mostruosa, il dribbling unico al mondo, la precisione nel tiro e nel colpo di testa, la visione di gioco che gli permetteva ogni volta di celebrare due partite insieme, contemporaneamente, una al servizio dell'altra: la sua e quella della squadra, cioè il Santos in maglia bianca oppure il meraviglioso Brasile. Mai nessuno così, mai più. Ci ha lasciato dopo un'agonia lunghissima, eppure ne siamo stupefatti."

Fuga para a Glória.

Maria Dulce Fernandes, 29.12.22

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Edson Arantes do Nascimento, 1940-2022

«Pelé nasceu na cidade de Três Corações, em Minas Gerais, a 23 de Outubro de 1940. Começou a carreira no infanto-juvenil do Bauru Atlético Clube, em São Paulo, onde conquistou o campeonato de futebol de salão, em 1955. Era o início de um total de 61 títulos oficiais conquistados.

Transferido para o Santos Futebol Clube, foi 10 vezes campeão paulista entre 1958 a 1962, 1964 a 1967 e 1973. Foi campeão da Taça Brasil entre 1961 e 1965. Esses títulos foram o início de um total de 61 títulos oficiais conquistados em sua carreira, entre eles o tricampeonato mundial pela Selecção Brasileira em 1958, 1962 e 1970.

Pelé fez 1282 golos, em 1366 partidas oficiais, com uma média de 0,93 golos por jogo. Em 1977, ano em que se retirou do activo, tornou-se Embaixador Mundial do Futebol. Em 1981foi eleito “O Atleta do Século”, em votação com gente do mundo inteiro, realizada pelo jornal L’ Équipe. Em 2014 foi inaugurado em Santos, São Paulo, no casarão do Volongo, construção do século XIX, no centro da cidade, o Museu Pelé, o único dedicado a um único desportista.»

Qual GOAT, qual carapuça... Rei é Rei.