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Delito de Opinião

Passagem de Nível

Francisca Prieto, 12.10.15

“(...) Outra pergunta que comecei a fazer a mim mesma foi a seguinte: a tendência predominantemente pessimista que os meus pensamentos têm vindo a experimentar nestes últimos dias dever-se-á ao estado do mundo, que é mau e piora mais depressa do que podemos esperar salvá-lo, o que me inquieta e enfraquece – ou dever-se-á simplesmente ao nível insuficiente das hormonas tiroideias, o que significaria que o estado do mundo não é tão assustador como tende a parecer-me, e me deveria levar a dizer de mim para mim: lembra-te do teu hipotiroidismo e acredita que o estado do mundo acabará por se recompor.”

(Lydia Davis, Contos Completos – Diário da Tiróide)

Passagem de Nível

Francisca Prieto, 07.07.15

A única obsessão que toda a gente quer: "amor". As pessoas pensam que ao amar se tornam inteiras, completas? A união platónica das almas? Eu não penso assim. Penso que estamos inteiros antes de começarmos. E o amor fractura-nos. Estás inteiro e depois estás fracturado - aberto.

 

(Philip Roth, em O Animal Moribundo)

Passagem de Nível

Francisca Prieto, 24.06.15

Aquela conversa de travesseiro, "quem é o meu quindizinho?". "Sou eu. Quem é a minha roim-roim- roim?" "Sou eu", e ele inventou de dizer que jamais se separariam e que ele seria, para ela, como aquele nervinho de carne que fica preso entre os dentes, e ela disse "Credo, Osvaldo, que mau gosto!", e saiu da cama e depois nunca mais. Acabou por metáfora errada.

 

(Luis Fernando Veríssimo, em  O Melhor das Comédias da Vida Privada)

Passagem de Nível

Francisca Prieto, 16.06.15

Olhou tristemente para Pockey Protero, a sua melhor amiga, sentada do outro lado da mesa, toda esparramada na cadeira e a largar as cinzas do cigarro sobre o prato cheio de gelado derretido e restos de bolo encharcado, com as deploráveis maneiras à mesa que só os muito ricos se podem dar ao luxo de exibir.

 

(Mary Maccarthy, em O Grupo)