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Delito de Opinião

Ao lado de quem estão

Pedro Correia, 24.08.23

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Falta pouco para começar uma nova Festa do Avante! Organizada por um partido que apoia a invasão da Ucrânia pela Rússia. Um partido que recusou estar presente na sessão especial da Assembleia da República em que Volodimir Zelenski - lider da nação agredida e violentada - discursou por videoconferência. Um partido que votou contra uma resolução do Parlamento Europeu que condenou a agressão imperialista à soberania ucraniana ordenada pelo ditador russo. Um partido que se opôs, isoladamente, à visita de Marcelo Rebelo de Sousa a Kiev.

Um partido que descreve assim o Presidente da Ucrânia: «Personifica um poder xenófobo e belicista, rodeado e sustentado por forças de cariz fascista e neonazi, incluindo de carácter paramilitar.» Palavras que replicam as de Putin. Podiam - e já foram - ter sido proferidas por ele.

 

Vale a pena indagar quem são os artistas que se preparam para actuar numa festa promovida pelo PCP. Artistas, aparentemente, sem um rebate de consciência por se associarem ao partido que em Portugal tem actuado como aliado objectivo da Rússia, potência invasora da Ucrânia. Em violação flagrante do direito internacional e da Carta da Organização das Nações Unidas.

Eis alguns dos nomes, estampados no cartaz oficial da Festa do Avante!:

Agir

Carolina Deslandes

Jorge Palma 

Mísia

Paulo de Carvalho

Ricardo Ribeiro

Rodrigo Leão

Rui Reininho

Tim

 

Vale a pena fixá-los. Para sabermos ao lado de quem estão. E para mais tarde recordar.

O chamberlainismo de Mariana Mortágua

«A Rússia está a sentir que o seu espaço vital está a ser ameaçado»

Pedro Correia, 05.03.22

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14 de Fevereiro, no programa "Linhas Vermelhas" (SIC N):

 

«Devemos ter muito cuidado a analisar este conflito e evitar interpretações simplistas. O que está em causa não é uma luta do bem contra o mal, nem do imperalismo e dos seus inimigos, nem da democracia e dos seus inimigos. (...) Certamente não são os Estados Unidos que vão impor a democracia na Rússia.»

 

«O que está em causa, para a Rússia, é a segurança do seu espaço e da sua fronteira, que considera ameaçada pelo facto de um país que faz fronteira com a Rússia, a Ucrânia, pertencer à NATO e a NATO ser um espaço de influência militarizada dos Estados Unidos. A Rússia viu o seu espaço de influência ser reduzido desde a queda da União Soviética com a NATO a entrar por países cada vez mais próximos da zona de influência russa e entende que esta proximidade da NATO é uma ameaça à sua estabilidade e à sua segurança.»

 

«Parece-me que a questão de fundo não é a invasão da Ucrânia. O que está em causa é o espaço que é dado à Rússia e o espaço de influência da Rússia perante esta chegada da NATO às suas fronteiras.»

 

«É verdade que as tropas estão lá, num movimento político de pressão, mas não falaram em invasão. Quem tem anunciado a invasão são as autoridades norte-americanas com declarações bastante arrogantes do Presidente americano.»

 

«A Rússia está a sentir que o seu espaço vital está a ser ameaçado e desloca tropas para a fronteira com a Ucrânia como forma de pressionar a não-entrada da Ucrânia para a NATO, que é um espaço militar sob a influência dos EUA.»

 

«Os Estados Unidos e o Reino Unido estão a escalar os conflitos verbais e a anunciar uma invasão.»

 

«O que está em causa é a Rússia a ser espremida no seu espaço de influência. (...) O que temos de pensar não é no que é moralmente certo ou errado fazer perante isto: é o que é melhor para a população da Ucrânia e para a paz mundial.»

 

«Putin quer subir a parada porque não quer ter a NATO na sua fronteira. (...) A neutralidade militar da Ucrânia é uma condição de paz e estabilidade

 

«Não sou ingénua para não achar que por detrás dum conflito e duma escalada deste tipo não há interesses económicos fortíssimos que não são só de Putin

 

«Putin não invadiu a Ucrânia, Putin não invadiu a Ucrânia.»

 

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Estas declarações da deputada do Bloco de Esquerda ocorreram quando Putin já ordenara a concentração de largos milhares de soldados junto à fronteira com a Ucrânia e iniciara intensas manobras militares na vizinha Bielorrússia.

 

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21 de Fevereiro, no programa "Linhas Vermelhas" (SIC N):

 

«Eu seria mais cautelosa a anunciar uma invasão e o início de uma guerra. Condenar Putin, todos condenamos. A questão é saber se as potências europeias e as potências americanas podiam ter feito alguma coisa para evitar que este conflito escalasse. (...) As sucessivas declarações ou premonições ou antecipações de uma guerra que ainda não existe não me parece ser uma boa política.»

 

«A guerra não existe. É um conflito diplomático. Pode vir a ser, pode não vir a ser, nós queremos evitá-la. E não se evita uma guerra assumindo que ela existe. Eu acredito em soluções diplomáticas, sempre acreditei, porque não se evita uma guerra fazendo a guerra. (...) O que está em causa é se a atitude dos Estados Unidos contribuiu para escalar este conflito e se a atitude da NATO foi responsável por escalar este conflito.»

 

«Num período de grande sensibilidade, num período de grande tensão, parece-me que devemos ver todos estes factos com a maior cautela e querer o caminho da solução política em vez de querer o caminho da bravata e do conflito, como se isso solucionasse alguma coisa, quer para os Estados Unidos quer para a Rússia.»

 

«A declaração unilateral de Bush em 2008 que a Ucrânia e a Geórgia deviam pertencer à NATO foi vista por uma provocação à Rússia. Há um conflito histórico entre a Rússia e os Estados Unidos. Sabemos que a partir do momento em que uma força militarizada com a influência dos Estados Unidos entra na fronteira da Rússia isso vai ter uma consequência.»

 

«A proposta de entrada unilateral da Ucrânia na NATO precipita uma tensão que deveria ter sido evitada.»

 

«A democracia ucraniana tem o problema de não ser uma democracia

 

«É uma irresponsabilidade andar a abanar sanções como forma de agressividade e de escalada do conflito. Os Estados Unidos vêem nas sanções uma forma de guerra económica à Rússia e de com isso enfraquecer a União Europeia.»

 

«É irresponsável anunciar uma guerra e devemos evitá-la a todo o custo. Uma invasão não dá direito à guerra

 

«Eu não preciso de deixar de criticar Putin ou de condenar a invasão para conseguir condenar a política dos Estados Unidos e a política da UE relativamente à Rússia

 

«É cedo e precipitado estar a falar neste momento pois não conheço as movimentações que estão a acontecer.»

 

«Não quero arriscar qualificar aquilo que aconteceu, nem como invasão e muito menos como início de uma ocupação. É uma irresponsabilidade antecipar tragédias.»

 

«Não sabemos o que pensam de facto os ucranianos. O que vejo é um governo de extrema-direita, com fascistas, um governo corrupto.»

 

«O fim do gasoduto russo-alemão iria enfraquecer a União Europeia

 

                             ...................................................................

 

Estas declarações da deputada do Bloco de Esquerda ocorreram no dia em que Putin anunciou ter dado ordem para o início da agressão à Ucrânia após reconhecer as pseudo-repúblicas de Donetsk e Lugansk. 

 

Leitura complementar: A aceitabilidade vigente, do JPT.

Governar à vista: é assim que se faz

Pedro Correia, 02.08.21

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António Costa, na quinta-feira à tarde: bares e discotecas permanecerão encerrados até Outubro.

Reacção de donos de bares e discotecas: «É uma sentença de morte.»

Governo, na quinta-feira à noite: afinal os bares podem reabrir, com regras idênticas às dos restaurantes.

Governo, no sábado: afinal as discotecas podem reabrir, mas sem pista de dança.

Tema único [actualizado]

Pedro Correia, 11.03.20

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Coronavírus, hoje, nos telediários da hora do almoço:

 

SIC, Primeiro Jornal: 1 hora e 8 minutos

TVI, Jornal da Uma: 58 minutos

RTP, Jornal da Tarde: 48 minutos

 

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Coronavírus, hoje, nos telediários da hora do jantar:

 

SIC, Jornal da Noite: 1 hora e 15 minutos

TVI, Jornal das 8: 1 hora e 14 minutos

RTP, Telejornal: 54 minutos

Fora da caixa (16)

Pedro Correia, 26.09.19

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«É fundamental aumentar as infraestruturas de transportes colectivos, nomeadamente ferrovia da área metropolitana... metropolitana... da área... da área metropolitana de Lisboa, estender a rede... a rede de metro para várias... para várias zonas... assim como... assim como na... também... aaa... no Porto...»

André Silva, na RTP (23 de Setembro) 

 

Tenho acompanhado com a atenção possível as intervenções do solitário deputado do PAN nesta campanha eleitoral. Dele direi que é um dos candidatos mais previsíveis: quando abre a boca é seguramente para advogar novas interdições ou um acréscimo da carga fiscal. E é também um dos que preenchem mais tempo de antena, recorrendo a um velho truque popularizado por certos treinadores de futebol: repete as palavras que vai dizendo, em jeito de falso gago. (Se fosse gago a valer não seria candidato do PAN, mas do Livre.)

Assim foi, uma vez mais, no debate que segunda-feira reuniu na RTP os seis líderes dos partidos com representação parlamentar. André Silva não defraudou as expectativas: mal a moderadora, Maria Flor Pedroso, lhe pediu que especificasse «medidas concretas» sobre o combate às alterações climáticas, o porta-voz do PAN anunciou sem rodeios, naquele seu estilo muito peculiar, que quer extorquir dinheiro dos portugueses. Para o remeter a outros continentes.

 

Segui com tanto interesse a oratória do deputado que acabei por transcrever na íntegra o que ele disse:

«Eu gostava de… dizer… algo sobre aquilo que Portugal pode fazer… aquilo que Portugal pode fazer… aaa… relativamente a todo o impacto mundial. Está estabelecido que devemos criar um fundo mundial de combate às alterações climáticas para ajudar os países menos ricos, chamados menos desenvolvidos, para fazer esse combate, essa adaptação, às alterações climáticas. Ainda só conseguimos cerca de 25%. Portugal… aaa… deverá… contribuir com… aaa… cerca de dois milhões e meio de euros e nós entendemos que Portugal pode reforçar… os portugueses podem, em vez de darem cada um 25 cêntimos, cada um dos portugueses pode dar um euro, uma contribuição de um euro, e aumentar em dez milhões de euros a contribuição que Portugal pode dar ao resto do mundo para este efeito. E é justo. É justo porque Portugal, enquanto país rico que é, sempre utilizou os recursos e sempre emitiu gases com efeito de estufa ao longo destas décadas muito mais que os outros países. E é justo que nós tenhamos essa… essa capacidade financeira e que somos um país rico, do norte geográfico, possamos fazer essa… possamos fazer essa… essa… essa contribuição… esse esforço que é possível para… do nosso ponto de vista… para os portugueses.»

 

Desembarcado de Marte, André Silva imagina Portugal como «país rico», apto a financiar outras nações para expiar supostos pecados ambientais.

Eis outro aspecto em que o porta-voz do PAN é muito previsível: na importação para o discurso político da retórica dos tele-evangelistas, sempre prontos a lançar anátemas sobre os hereges, sempre dispostos a anunciar a redenção aos devotos que comungam das tábuas da lei.

Só não o sabia também já disponível a sacar o dízimo tão à descarada, ainda antes de acolitar o PS na próxima solução governativa. Nisto, pelo menos, inovou. Hossana, aleluia: o paraíso há-de chegar.

Mais e mais despesa pública

Pedro Correia, 30.11.15

 

«Entre um ministro com razão e um aliado sem ela, Costa escolherá o aliado: é o que resulta da natureza dos acordos que assinou.»

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«O que Costa acordou com o PCP e o BE é simples: uma aposta determinada no engrandecimento do Estado assistencial e da população subsidiodependente. Mais e mais despesa pública, coberta por mais e mais impostos sobre "os mesmos de sempre": aqueles que já pagam mais. Até secar a mina de ouro - coisa de que já há sinais à vista nos últimos dados da cobrança do IRS.»

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«Costa, que no seu discurso de posse se queixou das divisões cavadas entre os portugueses pelo anterior governo, vai contribuir decisivamente para cavar mais fundo um fosso que, a prazo, não tem remédio e vai custar muito caro ao País e aos mais pobres: o fosso entre uma cada vez mais larga maioria que só recebe e nada paga ao Estado e a minoria que apenas paga.»

 

Miguel Sousa Tavares, no Expresso de 28 de Novembro

Começar bem

Pedro Correia, 09.11.15

Na sua estreia parlamentar, o deputado socialista Paulo Trigo Pereira - já por várias vezes mencionado neste blogue - protagonizou hoje o melhor momento do debate do programa do XX Governo Constitucional.

Bastou-lhe dizer no início da sua intervenção estas palavras de tão rara ressonância no hemiciclo:

"Cada um de nós tem de dignificar esta casa da democracia e respeitar a opinião - seja ela qual for - dos nossos colegas ou adversários políticos. Temos de requalificar a política e a democracia."

Começou bem. De tal maneira que me apeteceu de imediato registá-las aqui.

Opiniões de vários "direitistas" contra um Governo Costa-Jerónimo

Pedro Correia, 20.10.15

Álvaro Beleza, membro da Comissão Política do PS:

«O Bloco e o PCP não aceitam a Europa em que nós estamos. São dois partidos que não defendem a economia de mercado. Nós somos sociais-democratas e aí há uma linha vermelha.»

 

Ana Gomes, eurodeputada do PS:

«Mais do que uma vitória da coligação há uma derrota do PS. O partido, mais do que nunca, tem que fazer uma análise nos órgãos próprios.»

 

António Galamba, ex-deputado e membro da Comissão Política do PS:

«Depois de quatro anos de vale-tudo à direita, a tentação de um vale-tudo à esquerda. Uma solução sem respeito pela vontade popular, ao arrepio dos valores republicanos e democráticos.»

 

Ascenso Simões, deputado, cabeça-de-lista do PS por Vila Real e ex-director de campanha de António Costa:

«Deve o PS assumir os riscos de uma gestão dificílima em que, sem qualquer linha de contacto à direita, se confrontaria, logo no primeiro orçamento, com o inevitável aumento da despesa e a circunstância previsível de incumprir as obrigações europeias? Que condições encontraria na concertação social perante uma UGT fragilizada e uma CGTP mais robustecida?»

 

Augusto Santos Silva, ex-ministro da Defesa, da Educação e dos Assuntos Parlamentares:

«A Constituição dá uma margem grande ao Presidente para interpretar os resultados eleitorais. O critério relevante deve ser o do grupo parlamentar mais numeroso. É este que deve assumir as responsabilidades de formar governo.»

 

Carlos Silva, secretário-geral da UGT:

«Não me parece que as forças à esquerda do Partido Socialista dêem garantias de estabilidade em relação ao futuro.» 

 

Carlos Zorrinho, ex-líder parlamentar e eurodeputado do PS:

«Os eleitores que confiaram no PS não perdoarão uma troca dos seus votos por cargos de poder. Esperarão, antes, o uso desses votos para concretizar melhorias concretas na vida do País e nas suas vidas.»

 

Eduardo Marçal Grilo, ex-ministro da Educação do governo Guterres:

«O País está entalado. Governo à esquerda será um enorme desastre.»

 

Eurico Brilhante Dias, deputado e ex-membro do Secretariado Nacional do PS:

«Quem perde as eleições deve ir para a oposição. Um governo minoritário do PS que substitua um governo minoritário da coligação, tendo esta ganho as eleições, é politicamente pouco sustentável e é um governo que começa politicamente fragilizado - se assim for. O mais razoável é que a coligação e o PS cheguem a um entendimento.»

 

Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa:

«A esquerda não pode propor ao País, face a uma solução minoritária que é em si mais instável, outra solução minoritária, com a desvantagem de não ter o partido mais votado.»

 

Francisco Assis, ex-líder parlamentar e eurodeputado do PS:

«Quanto à perspectiva de se constituir uma maioria assente num apoio parlamentar dos partidos de esquerda, mantenho o cepticismo que sempre tive. Entendo que subsistem divergências de tal modo insanáveis que não vislumbro a possibilidade de se constituir um Governo de coligação – o que me parece absolutamente impensável.»

 

Francisco Seixas da Costa, ex-secretário de Estado dos Assuntos Europeus:

«Não tenho a menor confiança - e reivindico essa liberdade - de que seja possível garantir que o PCP e o BE sustentem, ao longo da legislatura, um apoio contínuo que, por exemplo, permita aprovar eventuais medidas, de natureza institucional ou em matéria de política financeira, que possam vir a ser indispensáveis para garantir a continuidade da nossa presença no euro.»

 

Helena Freitas, deputada e cabeça-de-lista do PS por Coimbra:

«Passos Coelho ganhou as eleições e tem todo o direito a governar. (...) Uma maioria que não se apresentou aos eleitores e portanto, para efeitos de governo, não existe, não é legítima.»

 

João Proença, ex-secretário-geral da UGT:

«O PS está a subverter os resultados eleitorais e isso é perigoso.»

 

José Lello, ex-ministro e deputado do PS:

«Esses indivíduos do BE e do PCP não estão a ser sérios. Há 15 dias diziam uma coisa totalmente diferente. Não vão aceitar o euro nem o Tratado Orçamental nem coisa nenhuma. Eles mudaram assim tanto?»

 

José Luís Carneiro, líder do PS-Porto, a maior distrital socialista:

«Quem ganha as eleições deve ter condições para governar.»

 

José Vera Jardim, ex-ministro da Justiça e membro da Comissão Política do PS:

«Vejo o diálogo com a coligação PSD/CDS. Com a esquerda não vejo capacidade nenhuma de diálogo.»

 

Luís Bernardo, ex-assessor de António Guterres e ex-director de comunicação de José Sócrates:

«O PS tem de virar a página. Terminar este seu ciclo santanista com uma liderança sustentada por uma elite que a todo o custo se quer perpetuar na política.»

 

Manuela Arcanjo, ex-ministra da Saúde e ex-secretária de Estado do Orçamento nos executivos de Guterres:

«O PR deverá começar por indigitar Passos Coelho mesmo que venha a existir uma moção de censura que chumbe o seu programa de governo. Alguns argumentam que tal seria uma perda de tempo. Pois que seja. Outros defendem que existe uma maioria absoluta à esquerda. Lamento, mas o que existe é uma maioria aritmética de deputados dos partidos que representam as diversas esquerdas.»

 

Rui Paulo Figueiredo, deputado do PS:

«Não acredito numa solução de entendimentos pontuais do PS com os partidos de esquerda.»

 

Sérgio Sousa Pinto, ex-líder da JS e membro do Secretariado Nacional do PS:

«Os comunistas não querem ir para o governo. Como também não o quer o Bloco. Não lhes interessa partilhar o fardo de governar. Querem um governo fraco do PS, para derrubarem quando for oportuno.»

 

Teixeira dos Santos, ex-ministro das Finanças dos executivos Sócrates:

«Pelo maior alinhamento que existe nas questões europeias entre a coligação [Portugal à Frente] e o PS, diria que à partida um acordo que envolvesse estas forças políticas teria maior probabilidade de garantir estabilidade.»

 

Vasco Cordeiro, líder do PS-Açores e presidente do Governo Regional açoriano:

«Mais importante do que os resultados das construções técnico-jurídicas de transformação de votos em mandatos, é o respeito pela vontade popular. E a vontade do povo, da mesma forma que foi clara nos Açores, foi clara a nível nacional.»

 

Victor Baptista, ex-deputado e ex-líder do PS-Coimbra:

«O PS alienará um capital de confiança política conseguido ao longo dos 40 anos de democracia. O centro-esquerda que deu vitórias ao PS, futuramente, afastar-se-á. E muitos cidadãos que votaram no PS nas legislativas de 4 de Outubro desejavam a vitória do PS e um Governo constituído por quem ganhasse as eleições. O PS não as venceu.»

 

Vital Moreira, constitucionalista e ex-deputado do PS:

«Trazer o PCP e o BE para a esfera do governo pode ser uma receita para o desastre.»

 

Vitalino Canas, deputado do PS:

«Não ouvi do BE ou do PCP uma única palavra da linha europeia. Esse é uma parte essencial do programa do PS. Vale a pena estabelecer linhas de actuação: o PS estabeleceu as suas, outros partidos não o fizeram.»

 

Vítor Ramalho, membro da Comissão Política do PS:

«A direita, tendo tido mais votos que o PS, deve governar.»

 

Edição revista e muito ampliada

Opiniões de vários "direitistas" contra um Governo Costa-Jerónimo

Pedro Correia, 14.10.15

Ana Gomes, eurodeputada do PS:

«Mais do que uma vitória da coligação há uma derrota do PS. O partido, mais do que nunca, tem que fazer uma análise nos órgãos próprios.»

 

Carlos Silva, secretário-geral da UGT:

«Não me parece que as forças à esquerda do Partido Socialista dêem garantias de estabilidade em relação ao futuro.» 

 

Carlos Zorrinho, ex-líder parlamentar e eurodeputado do PS:

«Os eleitores que confiaram no PS não perdoarão uma troca dos seus votos por cargos de poder. Esperarão, antes, o uso desses votos para concretizar melhorias concretas na vida do País e nas suas vidas.»

 

Eduardo Marçal Grilo, ex-ministro da Educação do governo Guterres:

«O País está entalado. Governo à esquerda será um enorme desastre.»

 

Eurico Brilhante Dias, deputado e ex-membro do Secretariado Nacional do PS:

«Quem perde as eleições deve ir para a oposição. Um governo minoritário do PS que substitua um governo minoritário da coligação, tendo esta ganho as eleições, é politicamente pouco sustentável e é um governo que começa politicamente fragilizado - se assim for. O mais razoável é que a coligação e o PS cheguem a um entendimento.»

 

Francisco Assis, ex-líder parlamentar e eurodeputado do PS:

«Quanto à perspectiva de se constituir uma maioria assente num apoio parlamentar dos partidos de esquerda, mantenho o cepticismo que sempre tive. Entendo que subsistem divergências de tal modo insanáveis que não vislumbro a possibilidade de se constituir um Governo de coligação – o que me parece absolutamente impensável.»

 

Helena Freitas, deputada e cabeça de lista do PS por Coimbra:

«Passos Coelho ganhou as eleições e tem todo o direito a governar. (...) Uma maioria que não se apresentou aos eleitores e portanto, para efeitos de governo, não existe, não é legítima.»

 

João Proença, ex-secretário-geral da UGT:

«O PS está a subverter os resultados eleitorais e isso é perigoso.»

 

José Lello, ex-ministro e deputado do PS:

«Esses indivíduos do BE e do PCP não estão a ser sérios. Há 15 dias diziam uma coisa totalmente diferente. Não vão aceitar o euro nem o Tratado Orçamental nem coisa nenhuma. Eles mudaram assim tanto?»

 

José Luís Carneiro, líder do PS/Porto, a maior distrital socialista:

«Quem ganha as eleições deve ter condições para governar.»

 

José Vera Jardim, ex-ministro da Justiça e membro da Comissão Política do PS:

«Vejo o diálogo com a coligação PSD/CDS. Com a esquerda não vejo capacidade nenhuma de diálogo.»

 

Luís Bernardo, ex-assessor de António Guterres e ex-director de comunicação de José Sócrates:

«O PS tem de virar a página. Terminar este seu ciclo santanista com uma liderança sustentada por uma elite que a todo o custo se quer perpetuar na política.»

 

Rui Paulo Figueiredo, deputado do PS:

«Não acredito numa solução de entendimentos pontuais do PS com os partidos de esquerda.»

 

Sérgio Sousa Pinto, ex-líder da JS e membro do Secretariado Nacional do PS:

«Os comunistas não querem ir para o governo. Como também não o quer o Bloco. Não lhes interessa partilhar o fardo de governar. Querem um governo fraco do PS, para derrubarem quando for oportuno.»

 

Vital Moreira, constitucionalista e ex-deputado do PS:

«Trazer o PCP e o BE para a esfera do governo pode ser uma receita para o desastre.»

 

Vítor Ramalho, membro da Comissão Política do PS:

«A direita, tendo tido mais votos que o PS, deve governar.»

Legislativas (19)

Pedro Correia, 02.10.15

 

«Nós estamos sozinhos contra a direita toda unida a disputar palmo a palmo a vitória nestas eleições.»

António Costa, Partido Socialista

 

«Pedro Passos Coelho e Paulo Portas são criminosos, corruptos e cobardes.»

Joana Amaral Dias, Agir

 

«Não compraria um carro em segunda mão a António Costa nem a Passos Coelho, nem pensar. Nem quereria andar sequer num carro emprestado por qualquer um deles.»

António Marinho e Pinto, Partido Democrático Republicano

 

«Milhares de pessoas de boa fé foram às urnas, onde lhes entregaram um papel que diziam ser boletim de voto, mas depois afinal era papel higiénico. Depois das eleições tivemos uma coligação em que o papel higiénico virou folha dupla, mas não deixou de ser menos solúvel por isso.»

Marisa Matias, Bloco de Esquerda

 

«Temos um governo de lacaios da Europa alemã que tem estado a permitir que a senhora Merkel faça, através do euro e da UE, aquilo que Adolf Hitler não foi capaz de fazer com as divisões Panzer.»

Garcia Pereira, Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses

 

«Não não devemos legitimidade democrática a uma Europa que se tornou ilegítima, que se tornou antidemocrática. Um governo, ao sentar-se à mesa das negociações, deve saber dizer isto. E depois deve querer referendar a Europa.»

José Reis, Livre

 

«Nós viabilizaremos medidas que venham da extrema-direita à extrema-esquerda desde que sejam para benefício dos portugueses e que, obviamente, sigam os nossos valores.»

José Inácio Faria, Partido da Terra

 

«Uma figueira brava, mesmo enxertada de macieira, nunca dá maçãs.»

Jerónimo de Sousa, Partido Comunista Português

 

«Sou o único candidato que é agricultor.»

Gonçalo da Câmara Pereira, Partido Popular Monárquico

A cabala (14)

Pedro Correia, 03.12.14

«Era preciso prender o ex-primeiro-ministro no aeroporto à chegada? Era preciso? Eu gostava de saber porque se prende o homem, porque se prende à chegada ao aeroporto e depois se aplica uma medida de coacção máxima. Não se podia ir buscá-lo a casa? Porque há um comportamento diferente em relação a Ricardo Salgado?»

 

«Estamos a entrar num sistema, promovido de facto pelos media em grande parte, de mediatização dos juízes. Queremos uma república de juízes? Queremos um justicialismo de juízes?»

 

«Há as coincidências. Será que os juízes não têm em conta as coincidências? Quando estamos a começar um ano político eleitoral, em que o Governo, com toda a probabilidade, vai receber uma derrota histórica, um facto político destes [detenção de Sócrates] não tem de ser pesado politicamente também?»

 

Fernando Rosas (TVI 24, 27 de Novembro)

A cabala (12)

Pedro Correia, 01.12.14

«Podemos chegar à conclusão que temos uma justiça que encarcera um ex-primeiro-ministro sem indícios muito fortes.»

 

«É bom que se entenda que não há indício que justifique o injustificável: não haver o menor cuidado na preservação do segredo de justiça.»

 

«Pode ser ainda pior, uma condenação sem factos e razões absolutamente indiscutíveis.»

 

«Não, não é sinal do bom funcionamento da democracia que um ex-primeiro-ministro seja acusado de corrupção. Como seria um fortíssimo indício de que o sistema está com graves problemas se um ex-primeiro-ministro fosse condenado pela prática desse crime.»

 

Pedro Marques Lopes (DN, 26 de Novembro)

A cabala (10)

Pedro Correia, 28.11.14

«Se José Sócrates for acusado e condenado, é um problema não apenas para José Sócrates e o PS: é um problema para o regime.»

 

«Temos muitos sinais de que há uma espécie de transferência da legitimidade política na nossa república do soberano, isto é, do poder legislativo, do parlamento, para o poder judicial.»

 

«A nossa vida em comum, numa sociedade decente, não é compaginável com este tipo de funcionamento e de equilíbrio entre a justiça e a política.»

 

Pedro Adão e Silva (SIC Notícias, 24 de Novembro)

A cabala (9)

Pedro Correia, 27.11.14

«Isto é um linchamento público.»

 

«Mesmo em casos de suspeita de terrorismo, a prisão preventiva é considerada uma medida excepcional.»

 

«Esta encenação começa com a detenção [de Sócrates]. Uma encenação que faz da opinião pública cúmplice do próprio curso da justiça e é contra isso que eu estou. A primeira causa de alarme público é terem sido convidadas duas antenas de televisão a filmar a detenção de José Sócrates. A partir daqui está viciado o processo.»

 

«Há uma psicose neste país contra José Sócrates. Isto é um estado psicótico do País.»

 

«Nós sabemos muito pouco sobre isto e só vamos sabendo aquilo que for deixado cair em pingos que podem - e serão seguramente - ser sujeitos a manipulação política. Os direitos de defesa dos arguidos já foram gravemente ameaçados.»

 

«O currículo da justiça portuguesa é muito negativo. Ele não me oferece garantias de procedimentos correctos e lisos seguidos com a máxima verificação de que os pressupostos estão lá todos.»

 

«Sócrates não vai ser julgado com isenção. Como pode ser julgado com isenção?»

 

Clara Ferreira Alves (SIC Notícias, 24 Novembro)

A cabala (8)

Pedro Correia, 26.11.14

«Isto é tudo uma malandrice que lhe estão a fazer [a José Sócrates].»

 

«Toda a gente acredita na inocência dele!»

 

«Isto não é outra coisa que não seja um caso político!»

 

«Estes malandros estão a combater um homem que foi um primeiro-ministro exemplar!»

 

«Todo o PS está contra esta bandalheira!»

 

Mário Soares (há pouco, à saída do estabelecimento prisional de Évora)

A cabala (7)

Pedro Correia, 26.11.14

«Este processo rebenta no dia ou nos dias em que há estas eleições directas [no PS] e depois para a semana há o congresso... Eu não acredito em coincidências.»

 

«O princípio da presunção de inocência (que devemos valorizar), com este tipo de actuações [das autoridades judiciais], fica estraçalhado.»

 

«A justiça portuguesa devia ter mais recato e cuidado porque usa e abusa destes meios, das prisões preventivas.» 

 

André Freire (TVI 24, 23 Novembro)

A culpa, pois, é dos jornalistas

Pedro Correia, 25.11.14

Uma professora universitária de Ciências da Comunicação, num debate televisivo a propósito da detenção de José Sócrates, defendeu que o direito à informação deve submeter-se ao "segredo de justiça", como se ambos estivessem situados em idêntico patamar constitucional. E fez reiteradas críticas aos órgãos de informação que, a seu ver, "violaram o segredo de justiça".

No dia em que um antigo chefe do Governo era pela primeira vez detido em Portugal por alegados crimes de corrupção, fraude fiscal qualificada, falsificação de documento e branqueamento de capitais, a eminentíssima senhora não achou nada melhor para sublinhar do que apontar o dedo acusador aos profissionais da comunicação social.

Interrogo-me que jornalismo será produzido futuramente pelos alunos de tão ilustre defensora da vulnerabilização do direito à informação. Muito provavelmente será um "jornalismo" de comunicados oficiais, devidamente afeiçoado aos mecanismos da auto-censura para gáudio do poder político, tenha a tonalidade que tiver. Com caução "científica", ainda por cima.

A cabala (6)

Pedro Correia, 25.11.14

«A minha confiança no sistema judicial deste país está pelas ruas da amargura.»

 

«É importante discutirmos a justiça. Não podemos ficar cegos e surdos face aos erros da justiça e aos problemas que a justiça tem.»

 

«O prestígio da justiça caiu por aí abaixo. Como os políticos. Está ao mesmo nível. Há uma necessidade de a justiça arranjar uns bodes-expiatórios para recuperar o prestígio perdido. Tenho muito receio de que a justiça tenha enveredado por este caminho.»

 

«Carlos Alexandre teve os seguintes processos: BPN, Furacão, Monte Branco, Vistos Gold e agora Sócrates. Isto é demasiado poder nas mãos da mesma pessoa.»

 

Pedro Marques Lopes (SIC Notícias, 23 de Novembro)

A cabala (3)

Pedro Correia, 24.11.14

«Temos na sociedade portuguesa um exercício de poder da parte das magistraturas com muita arrogância e que questiona os alicerces do Estado democrático.»

 

«Ninguém em Portugal pode considerar-se inocente e estar livre de um dia ser condenado. É chocante e é essa a realidade do País em que vivemos.»

 

«Há uma coligação perversa entre péssimas investigações e mau jornalismo.»

 

«Devemos questionar tudo sobre a justiça em Portugal.»

 

Pedro Adão e Silva (SIC Notícias, 22 de Novembro)