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Delito de Opinião

Tudo na mesma

Sérgio de Almeida Correia, 06.08.18

Em 2009 escrevi que a "culpa pelo mau serviço que presta ou é do frio, ou do calor, ou do vento, ou de uma cegonha irresponsável que pousa onde não deve e dá cabo da rede". 

Volvidos estes anos a história repete-se, os apagões continuam.

E, de novo, a culpa é do calor: "O calor é muito, existe uma sobrecarga da rede muito grande, mas estamos em regime de alerta e conseguimos mobilizar muito rapidamente uma equipa para o local, que resolveu o problema com a maior celeridade, apesar de ser um problema de grande dimensão”.

Se quando regressar a casa o frigorífico estiver de novo avariado e os demais equipamentos emudecidos já sei qual a razão. E a quem pedir responsabilidades. 

Os anos passam, tudo continua na mesma. Com calor ou sem calor. A EDP é como a CGD, o país e os partidos: irreformável.

Coisas difíceis de perceber

Sérgio de Almeida Correia, 17.04.18

Não, a questão não é apenas a de saber se é legal ou não. É de outra ordem, mas não vou perder mais tempo a repeti-lo. 

E não pode ser colocada nos termos em que ele o faz. Desta forma, está-se apenas a tentar escamotear, sem sucesso, a questão principal. Além de que é perfeitamente irrelevante para o que está em causa que nas duas últimas deslocações o custo tenha sido inferior ao que está fixado por viagem ou que tenha viajado em classe económica.

O problema, como qualquer cidadão de boa fé e minimamente inteligente perceberá, é outro. É o de saber se os subsídios são cumuláveis e se mesmo não se esgotando o valor atribuído para as viagens o deputado tem o direito a encher o bolso com a diferença não utilizada. Isto é, para que todos percebam, com o diferencial do dinheiro que todos os contribuintes deram para uma função muito específica. 

Mesmo que fosse legal, e eu considero que não é, seria sempre ética e moralmente discutível aos olhos de todos que embolsassem a diferença. Isto deveria ser o bastante para nem sequer se atreverem a pedir o parecer. 

Lamento que um indivíduo na posição dele e com as suas responsabilidades não tenha querido compreendê-lo, dando logo o exemplo, e em vez disso tente dar a volta ao prego. Como se as pessoas fossem estúpidas.

Feio, muito feio. Mesmo para quem vê de longe.  

Há sempre várias leituras para um mesmo facto

Sérgio de Almeida Correia, 15.01.15

1) Aqui pode-se dizer que o Governo anterior se limitou a gastar dinheiro e fazer propaganda, inaugurando obras por concluir e sem o mínimo de condições. Noutra perspectiva dir-se-á que o Governo que lhe sucedeu é profundamente incompetente e em três anos mostrou-se incapaz de concluir a obra, não havendo sequer perspectiva do prazo em que tal ocorrerá e do custo final que será pago pelos contribuintes. Agora, os pais e responsáveis pela Junta de Freguesia querem que seja a Assembleia da República, que não tem competências executivas, a fazer o que dois Governos, em quatro anos, não conseguiram concretizar: construir uma escola básica necessária para os alunos de uma freguesia de Lisboa.

O facto: o Presidente da República apela ao consenso entre os principais partidos mas ainda não percebeu que os partidos são avessos a uma visão monocromática da incompetência.

 

2) Nesta segunda situação, a oposição dirá que a conclusão óbvia é que o Governo PSD/CDS-PP não serve aos portugueses porque a sua acção ao longo do tempo é causa directa de um aumento exponencial das fraudes. As gentes da maioria, numa visão mais benigna, dirão que a acção do Governo no combate às fraudes levou os vigaristas a criarem novos esquemas para a realização de ganhos fáceis. Os chicos-espertos verão aqui uma oportunidade de negócio e o apoio do Governo ao empreendedorismo.

O facto: os portugueses estão exauridos, não sabem como fazer face aos seus gastos básicos e procuram formas alternativas para aumentar os seus parcos rendimentos, sujeitando-se a esquemas duvidosos promovidos por oportunistas sem escrúpulos.

 

Conclusão: enquanto se mantiver este estado de coisas, com ou sem tutela da troika, não iremos a lado algum.

Desfaçatez

Sérgio de Almeida Correia, 12.01.15