Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Delito de Opinião

A peanha de Gagarin em Oeiras

jpt, 25.10.21

Obra_BustoYuriGagarin-3.jpeg

Vai polémica com este monumento aos 60 anos de Yuri Gagarin no espaço, colocado num jardim de Oeiras. O representante do Taguspark responde, decerto que algo enfastiado, que o monumento se insere num museu que se quer "disruptivo" e instalado num "ecossistema com empresas dedicadas à aeronáutica". Eu resmungo com esta "apropriação cultural" do termo "ecossistema" pois se é certo que não é uma total incorrecção - em última análise as empresas de facto pertencem ao tal ecossistema -, a utilização do conceito é uma analogia típica do economês obscurantista. Quanto ao resto, se o Taguspark fosse um "ecossistema" integrando empresas cinematográfricas colocaria no seu "disruptivo" museu um monumento a Leni Riefenstahl, em cima de uma peanha decorada com a bandeira do III Reich? Ou, sendo menos radical, será que neste tétrico actual ambiente "woke" onde tantos intelectuais e docentes, para além dos jornalistas a la "Público", clamam a necessidade de retirar ou "contextualizar" obras de autores como Mark Twain, Eça de Queirós, Goscinny, entre tantos outros, devido às malevolências ideológicas que terão propagandeado ao longos das suas ocidentais (e portanto pérfidas) obras, neste ambiente, dizia, não será de exigir uma "contextualização" ao lado daquele monumento, explicitando aos incautos passantes o que foi a URSS e o movimento comunista em XX? Ou será que as pessoas se tornam traficantes de escravos, frades inquisitoriais e genocidas das alteridades ao cruzarem o pequeno mamarracho feito a António Vieira, lerem o "O Escudo de Arverne" ou o "Huck Finn", mas nada são influenciados quando lhes espetam no parque onde vão namorar, piquenicar ou fumar uns charros, a bandeira do feroz regime soviético?

 

 

Um Poço sem fundo

jpt, 12.08.21

poço.jpg

Anda para aí (quase) tudo entusiasmado com esta campanha autárquica de Oeiras - há décadas dominada pelo cacique que o PSD lá colocou e manteve até ser preso por más práticas, o qual depois renasceu como presidente "independente". Agora surge este jovem, presidente jotinha, brincando ao 007 - porventura será bem apessoado, disso ajuizarão as senhoras e alguns outros "géneros", pelo menos o suficiente para que possa aguentar a pantomina.
 
Para justificar estes propósitos diz o moço Poço que quer provar não serem os políticos todos iguais. Haveria outro caminho para isso, claro: identificar problemas, apresentar soluções realistas, pois plausíveis e sustentáveis.
 
Mas o jotinha prefere assim. Torna-se óbvio, é um Poço sem fundo. E disso se rirá o veterano, o tal que o povo sufraga no malvado "rouba, mas faz".

O desfecho não podia ser outro

Pedro Correia, 14.08.17

Em política, as vitórias e as derrotas decidem-se nas urnas, não na secretaria. E muito menos com o jogo viciado à partida, como aqui assinalei.

É por isso com satisfação, embora sem surpresa, que acabo de saber que a lista encabeçada por Isaltino Morais vai mesmo a votos no concelho de Oeiras. E que o juiz responsável pela infelicíssima decisão inicial foi afastado do processo. Se quer fazer política, equivocou-se no palco: os tribunais são os lugares menos recomendáveis para concretizar tal desígnio.

Com satisfação porque a oportunidade de formular juízos políticos sobre Isaltino e os restantes candidatos, em competição limpa, foi devolvida aos eleitores, únicos soberanos em democracia.

Sem surpresa porque o desfecho não poderia ter sido outro.

Fazer justiça e fazer política

Pedro Correia, 10.08.17

Não sinto a menor simpatia por Isaltino Morais. A verdade, porém, é que o ex-presidente da Câmara Municipal de Oeiras foi condenado, pagou com uma pena de prisão a sua dívida à sociedade e encontra-se hoje na plena posse dos direitos políticos. Se merece ou não uma segunda oportunidade enquanto autarca, só os eleitores do concelho deverão ajuizar.

Que seja excluído à partida por invalidação do processo de recolha de assinaturas dos proponentes da candidatura, aliás apresentadas em número muito superior ao que a lei prevê, já soaria a expediente para impedi-lo de ir a jogo: vencer na secretaria é sempre mais cómodo do que numa disputa leal em campo. Mas ao saber-se que essa exclusão foi determinada por alguém que é afilhado de casamento do seu principal rival - o actual presidente do município, Paulo Vistas, antigo lugar-tenente de Isaltino - estamos perante um facto que desprestigia não apenas o juiz responsável pela controversa decisão mas lança uma sombra de descrédito ao conjunto da magistratura portuguesa, que tem de estar sempre num patamar acima de qualquer suspeita.

O quadro torna-se ainda mais inaceitável ao saber-se, lendo a imprensa de hoje, que o controverso juiz de turno do Tribunal de Oeiras integrou a Comissão Política do PSD-Oeiras, na altura liderada por Vistas, e que no anterior processo autárquico, em 2013, decidiu de forma diferente ao que deliberou agora, dando razão ao actual presidente da câmara, então alvo de uma inquirição similar à de Isaltino no ano em curso.

A justiça tem o direito e até o dever de imiscuir-se na política sempre que estejam em causa atentados à legalidade. Mas não tem o direito de votar. E muito menos de substituir-se aos eleitores, únicos soberanos do processo de decisão política numa sociedade democrática.

O Vale do Futebol?

Ana Lima, 07.09.12

Nas décadas de 70 e 80 do século passado, o Estádio Nacional, que compreendia, não só o estádio em si, mas todos os espaços desportivos e terrenos à volta, era um local cheio de vida onde se realizavam competições muito participadas, onde se praticava desporto e onde os menos dados à actividade física mais intensa aproveitavam para passear ou fazer piqueniques. Praticamente todas as áreas eram acessíveis. Ali se instalaram, provisoriamente (mas durante muitos anos) famílias que vieram de África e de Timor após a descolonização. 

Porque vivia ali perto, o Estádio Nacional faz parte da minha história. Com o meu pai ia assistir aos campeonatos de atletismo, ver o ténis, passear; os parques de estacionamento eram sítios ideais para os pais ensinarem os filhos a conduzir e, tantas vezes, ao domingo, após a praia, estavam cheios de famílias que ali comiam e ficavam a dormir a sesta, a ler, a jogar. Sei que essas utilizações são discutíveis e, ao longo dos anos, o complexo do Jamor foi-se dedicando, cada vez mais, estritamente, ao desporto.

Mesmo que tenha sido ali que me tiraram as primeiras fotografias, que brinquei, brinquei, brinquei, que aprendi a identificar algumas árvores e pássaros, que andei em baloiços improvisados com vista para o rio, que rebentei com os joelhos, compreendo que, até por questões de segurança, tivesse que se limitar o acesso a algumas áreas. 

Desportivamente falando, fizeram-se alguns investimentos importantes como foi, por exemplo, o das piscinas e as melhorias em campos de jogos e ténis. No entanto, de uma forma geral, o uso do espaço é agora muito mais limitado. Com a colocação das vedações a área passou a ter cada vez menos vida. E, ao longo dos anos, muitos foram os projectos que contribuíram para afastar a população de muitos locais. O Campo de Golfe é um exemplo.

Mas a questão é que continua a olhar-se para o Estádio Nacional e a pensar só em alguns. Falo das Urbanizações que em determinada altura estiveram previstas e agora da chamada "Cidade do Futebol". Eu gosto de futebol. E até percebo que a crise na construção terá que ser combatida também pelo Estado. Mas o investimento pensado para um mini-estádio, 5 campos de treino, um pavilhão multi-usos, um complexo de ténis (para receber o Estoril Open) e duas unidades hoteleiras terá como resultado a redução do espaço verde e aberto, em favor do betão e de infra-estruturas que, à semelhança de outras, rapidamente poderão deixar de ter uso. Isto se alguma vez o projecto se concretizar. Para isso muitos jogos particulares a selecção nacional A terá que fazer... 

Uma dúvida, uma certeza e um desejo

Ana Lima, 03.07.12

Ora, vejamos o que esta notícia me suscita:

 

uma dúvida: qual a faceta que lhe vai ser mais útil para suceder a Isaltino? A de inspector da Polícia Judiciária; a de comentador de casos de polícia ou a de escritor de obras de ficção?

uma certeza: não gastará tanto tempo e dinheiro em deslocações uma vez que os estúdios da SIC ficarão muito mais perto;

um desejo: que traga para Oeiras um dos meus restaurantes favoritos.

Silly season

Paulo Gorjão, 06.08.10

Leio na imprensa a piada do dia -- há malta muito brincalhona -- e que seria uma candidatura autárquica de Pedro Santana Lopes à Câmara Municipal de Oeiras. Como se não existisse no PSD e em Oeiras em particular militantes com notoriedade e qualidade para se candidatarem. David Justino, por exemplo.