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Delito de Opinião

Máquina do tempo

João André, 14.04.14
 
Imagine-se que um dia se inventava uma máquina do tempo. De um momento para o outro seria possível avançar ou recuar no tempo (e recuar é precisamente a ideia, claro está). Seria possível revisitar aquele dia fantástico de há 7 anos, ir ao concerto que se perdeu, passar mais um bocadinho de tempo com o avô, etc. Tudo óptimo? Nem por isso.

 

Imagine-se: seria também possível voltar três dias atrás e fazer aquele trabalho que nos foi pedido com urgência mas que, por falta de tempo, acabámos por entregar atrasado. Como sabemos, toda a gente quer tudo com urgência e, de preferência, para ontem. Com uma máquina do tempo isso seria possível. Seria possível entregar ontem o trabalho que nos foi pedido hoje para ontem. Seria até possível entregá-lo antes de ser pedido. Com máquinas no tempo o trabalho seria avançado a limites inimagináveis. Claro que o problema seria que as exigências mudariam. O trabalho deixaria de ser pedido para ontem e seria pedido para anteontem. Ou para o ano passado, é irrelevante. Os dias passariam a ter muito mais de 24 horas e seria necessário fazer tudo nesse espaço de tempo. A certa altura o dia seria preenchido na máquina do tempo para poder terminar o trabalho antes de ser pedido, passar tempo com a família, etc.

 

Como o manifestante na imagem acima indica, é irrelevante quando chegaria uma máquina do tempo. A ciência indica que seria ou pouco prática ou impossível. Não o sei. O que sei é que, pelo simples facto de ainda não termos visto qualquer visitante do futuro, parece-me certo que mesmo que a máquina do tempo venha a existir (ou já exista/tenha existido), o seu inventor provavelmente usa-a para fins puramente individuais. Para evitar ter mais trabalho e para, quem sabe, simplesmente ler.

Berengária de Portugal revisited

Ivone Mendes da Silva, 01.04.12

 

 

Há tempos, andei à procura de fotografias de princesas que tivessem morrido nos finais do séc. XX. Uma daquelas demandas que faço de vez em quando por razões que ninguém entende. Encontrei muitas fotografias e muitas princesas. Tristes infantas defuntas, tristes retratos de princesas de casas reais depostas há séculos, vestidas de seda branca com solene compostura e um diadema de família a prender-lhes o véu de noiva. Eram retratos dos anos 20, 30, 40, mas todas elas pareciam tão antigas como se chegassem da infância da História.

Lá pelo meio, não sei porquê, apareceu esta imagem de Berengária, uma das filhas mais novas de D. Sancho I, o da Ribeirinha, e de Dulce de Barcelona. Após a morte da mãe, levaram-na para o Mosteiro do Lorvão onde foi educada junto da irmã abadessa. Em 1214, na Páscoa, casou com Valdemar II da Dinamarca. Como seria ir por essa Europa acima, com 19 anos, em 1214? Berengária tem um rosto moderno e uma boinazinha à banda que nem uma estudante de Erasmus. Parece até que a conhecemos.