Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Delito de Opinião

Novembro, o mês novem, que afinal é onze

Maria Dulce Fernandes, 01.11.24

novembre.jpg

Novembro vem da palavra latina “novem”, que significa “nove”.

Não vou repetir a história dos antigos calendários romanos, do reformador calendário juliano e do novel calendário gregoriano que perdura até aos dias de hoje.

Novembro é, portanto, o mês nove que afinal é onze.

Todos os anos, chegado o mês de Novembro, é altura de começar a preparar os meses de Inverno, seja tirando a roupa quente, colocar outra manta na cama ou procurar as receitas perfeitas de comidas e bebidas quentes e doces que nos confortam o corpo e a alma.

Durante os meses de Verão a atmosfera do nosso planeta sorve mais energia solar do que a que consome e como tal, quando se começa a notar um abaixamento das temperaturas, o tempo outonal parece ficar imobilizado e, como num passe de magia, o calor que ficou retido nos meses de Estio regressa, por vezes em força. É quando acontece o Verão de S. Martinho, tal e qual reza a lenda, quando se "vai à adega e prova o vinho" e quando se fazem magustos de castanha assada. No 11.⁰ dia do mês homenageamos o cavaleiro que se tornou monge e foi posteriormente canonizado, com festas, romarias e com os bons sabores do Outono, numa altura em que os dias ficam mais curtos e as noites convidam ao aconchego.

Não há nada melhor do que um sofá, um robe quentinho, um par de pantufas, um cobertor polar, um livro e uma bela chávena de cacau a fumegar. É aquilo a que chamo uma boa noite.

Está de chuva

Pedro Correia, 20.11.19

01-heavy-rain-data[1].jpg

 

Raio de chuva, raio de frio: ela e ele não desgrudam daqui desde o início do mês. Só vejo uma vantagem: por estes dias não ouvimos alarmantes prédicas sobre o «risco de seca extrema» nem inflamados pregões de alerta contra o «aquecimento global».

Os pregadores devem estar à lareira, de mantinha nos joelhos. Zeus os conserve assim. Para sossego deles - e nosso.

Novembro de 2017: os meus votos

Pedro Correia, 17.12.17

20792603_Vnode[1].jpg

 

Figura nacional do mês

Foi a personalidade mais em foco no fluxo noticioso nacional de Novembro. Adalberto Campos Fernandes, titular da pasta da Saúde, esteve em destaque, mas não por bons motivos. Primeiro, pelo grave surto de legionela no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, que afectou 54 pessoas - seis das quais viriam a morrer. Depois, pelo desaire sofrido na corrida à sede da Agência Europeia do Medicamento, com a candidatura da cidade do Porto a perder para Amesterdão. Finalmente, com o atribulado processo da transferência do Infarmed para a Invicta, que desagradou a quase todos e levou o próprio ministro a confessar que esta decisão "foi muito mal comunicada". Polémica ainda, outra declaração de Campos Fernandes, a 10 de Novembro: «O País está velho, está pobre, está só e em muitas circunstâncias entregue a si próprio.» Digna de um político da oposição.

 

 

emmerson-mnangagwa-zimbabwes-vice-president[1].jpg

 

Figura internacional do mês

Virar de página no Zimbábue: a antiga colónia britânica da Rodésia do Sul viu-se finalmente livre do jugo do ditador Robert Mugabe, que dirigia o país com mão de ferro desde a independência, em 1980. O novo chefe do Estado é o antigo número 2 do regime zimbabuano, Emmerson Mnangagwa, que no discurso de posse, a 24 de Novembro, apelou à reconciliação nacional e prometeu "eleições livres e justas" no próximo ano. Mugabe, de 93 anos, era o segundo dirigente africano há mais tempo no poder, apenas ultrapassado pelo ditador da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang.

 

 

image[4].jpg

 

Facto nacional do mês

Cerca de 80% do País permaneceu todo o mês em situação de seca severa ou extrema, com rios e albufeiras revelando níveis de água historicamente baixos. Concelhos do interior, como no distrito de Viseu, tiveram de ser abastecidos com camiões cisterna, enquanto o gado era alimentado a rações por absoluta falta de pasto, perante o desespero dos criadores. O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, admitou a 22 de Novembro que a situação demorará muito tempo a resolver mesmo que a chuva se torne mais regular nos próximos meses.

 

 

1513012436_814515_1513082345_noticia_normal[1].jpg

 

Facto internacional do mês

A Catalunha, intervencionada pelo Governo central em Outubro, entrou em campanha para eleger o próximo Parlamento regional, a 21 de Dezembro, com o anterior presidente do Executivo, Carles Puigdemont, ainda refugiado em Bruxelas e o ex-vice-presidente Oriol Junqueras detido às ordens da justiça, em Madrid, por alegado crime de sedição. O primeiro, do seu exílio belga, continuou a exigir a "libertação dos presos políticos" em Espanha. Apesar disso, e arrefecidos já os ânimos independentistas como as sondagens têm reflectido, confirmou-se o isolamento internacional de Puigdemont: nenhum país reconheceu a independência unilateral da Catalunha.

 

 

mw-860[1].jpg

 

Frase nacional do mês 

«Sou heterossexual, infelizmente.» Frase proferida por António Lobo Antunes, em entrevista à RTP, a 9 de Novembro. Frase sonante, uma entre tantas que o escritor foi proferindo ao longo de um mês inesperadamente fértil em declarações aos jornalistas - ele que nem sempre costuma estar receptivo para encontros com os órgãos de informação. Promovendo o seu mais recente romance, intitulado Até que as pedras se tornem mais leves que a água, o autor de Auto dos Danados declarou sem falsas modéstias a 10 de Novembro, em entrevista ao Público: «É claro que é um grande romance. Fui eu que o escrevi.»

 

 

donald-trump-nobody-scared[1].jpg

 

Frase internacional do mês 

«Porque é que Kim Jong-un me insulta, chamando-me "velho", se eu nunca lhe chamaria "baixo" e "gordo"?» A frase pode soar a brincadeira, mas foi escrita a sério. Pelo suspeito do costume: o actual inquilino da Casa Branca. Donald Trump recorreu ao seu instrumento de comunicação favorito, a rede social Twitter, para exprimir este desabafo à laia de resposta ao ditador de Pyongyang. Numa escalada verbal que faz antever problemas sérios com epicentro na península coreana, que se encontra desde 1950 oficialmente em estado de guerra.

Novembro de 2015: os meus votos

Pedro Correia, 22.12.15

Figura nacional do mês

É possível ser primeiro-ministro sem vencer uma eleição? É. António Costa provou-o no mês passado: derrotado nas legislativas de 4 de Outubro, ascendeu a chefe do Governo a 26 de Novembro. Com o apoio de cinco partidos: PS, BE, PCP, PEV e PAN.

 

Figura internacional do mês

Aung San Suu Kyi, Prémio Nobel da Paz de 1991, sagrou-se vencedora das primeiras eleições livres na Birmânia após mais de 20 anos em regime de detenção domiciliária ordenada pela ditadura militar que agora dá lugar a um sistema democrático.

 

Facto nacional do mês

O brevíssimo XX Governo Constitucional, presidido por Passos Coelho, não chegou a durar um mês: empossado a 30 de Outubro por Cavaco Silva, viu o seu programa chumbado a 10 de Novembro, dando lugar ao XXI Governo, de Costa, que tomou posse a 26 de Novembro.

 

Facto internacional do mês

Sexta-feira, 13, foi dia aziago para a França: diversos atentados de terroristas islâmicos em Paris e Saint-Denis provocaram 130 mortos e 368 feridos. O mais sangrento ataque ocorreu no teatro Bataclan, onde foram assassinadas 89 pessoas, deixando o mundo em choque.

 

Frase nacional do mês 

«A austeridade em Portugal chegou ao fim.» Frase proferida por Mário Centeno a 19 de Novembro, uma semana antes de tomar posse como ministro das Finanças, em entrevista ao diário digital El Español.

 

Frase internacional do mês 

«Estamos em guerra contra o terrorismo jiadista.» Declaração do Presidente francês, François Hollande, numa sessão conjunta das duas câmaras do Parlamento reunidas em sessão extraordinária no Palácio de Versalhes a 16 de Novembro.

 

As canções de Novembro

Pedro Correia, 31.10.15

Outono adiante, com mudança de hora e novo ciclo político em perspectiva. Chega Novembro e prossegue o desfile das Canções do Século. Desta vez com a promessa de passarem por cá Billie Holiday, Lena Horne, Chavela Vargas, K. D. Lang, Anita Baker, Shirley Horn, Ibrahim Ferrer, Bob Dylan, Elvis Presley, Van Morrison e Carlos Gardel, entre outras vozes.

Como sempre, aceito sugestões vossas. Serão bem-vindas.