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Delito de Opinião

Cadeiras

Sérgio de Almeida Correia, 05.11.18

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(http://imgjkw.co/ideas/)

Há os que se sentam numa e nunca mais se levantam. Ficam colados ao fundo, como umas lapas. E só se erguem, com manifesta dificuldade, quando os fundilhos começam a arder. Ou caem da cadeira. Outros há que não se chegam a sentar. Para não perderem tempo e irem acumulando cadeiras.

Em comum têm a mesma coerência, o mesmo amor aos números.

É-lhes incontrolável. Vem da massa do sangue.

Carvalho da Silva & Partner

Rui Rocha, 24.11.11

 

Os últimos dados disponíveis indicam que a população empregada em Portugal ronda os 5 milhões. Entretanto, estima-se que o país tenha cerca de 700 mil funcionários públicos. Na greve geral de 2010, os sindicatos reclamaram a maior adesão de sempre e referiram que teriam estado envolvidos 3 milhões de trabalhadores. Relativamente à greve geral de hoje, os mesmos sindicatos afirmam que foi maior do que a do ano passado e referem uma adesão na função pública de cerca de 90%. A acreditar nos sindicatos teríamos então mais de 3 milhões de trabalhadores envolvidos, sendo que cerca de 630 mil seriam funcionários públicos (700.000 x 90%). Isto é, a adesão à greve fora da função pública envolveria não menos de 2.370.000 trabalhadores (3.000.000 - 630.000). Ou seja, se os números dos sindicatos estivessem correctos, a adesão à greve de hoje no sector não público seria superior a 53% (2.370.000 : 4.300.000 x 100). Trata-se de um número impossível de defender face ao que hoje se passou em Portugal. A conclusão será pois a de que os dados apresentados pelos sindicatos só são compreensíveis se os entendermos como um milagre (ocorre-me o episódio da multiplicação dos pães), prestidigitação ou pura charlatanice. Na verdade, aceitar uma participação próxima de 1 milhão de trabalhadores já exige alguma boa vontade. Estaríamos, mesmo nesse caso, a falar de 20% da população empregada e de um número inferior em 2 milhões ao apresentado pelos sindicatos.