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Delito de Opinião

Ponham os olhos nele

Sérgio de Almeida Correia, 09.01.14

Para alguns, o senhor que está junto à estatueta do Rolls Royce, Sir Run Run Shaw, será sempre recordado como aquele que projectou Hong Kong na indústria cinematográfica mundial. Para outros ficará a imagem de um homem que foi acima de tudo um doador. De esperança e de sonhos, e que ajudou a construi-los. Contas feitas, muito por alto, o homem que criou a TVB investiu mais de € 630.000.000,00 (é com estes zeros todos em euros), dentro e fora da China, em projectos ligados à educação e à saúde. Só universidades chinesas foram duas dezenas as contempladas. Mecenato foi o que ele fez. Mesmo para quem viveu 107 anos é muito dinheiro.

Os nossos ricos e excêntricos podiam pôr os olhos nele, agora que o ministro Crato anda a oferecer computadores, perdão, a fazer experiências com "tablets" nas escolas públicas. Ficavam as escolas a ganhar e poupava-se mais um ministro à figura de caixeiro-viajante.

O mecenato no Parlamento.

Luís Menezes Leitão, 07.01.14

 

Já tinha achado ridículas as declarações de Assunção Esteves sobre os custos da trasladação de Eusébio para o Panteão, e a preocupação com o facto de eles serem suportados pelo orçamento do Parlamento, a que o Pedro faz referência mais abaixo. Mas fui ver aqui com mais detalhe o conteúdo das declarações. Parece que «Assunção Esteves sugeriu uma "partilha de custos", ao abrigo de "uma espécie de mecenato", que em Portugal ainda não está suficientemente desenvolvido, admitindo que o processo não seja suportado pelo parlamento, mas por "um grupo de cidadãos ou uma associação"». Isto quase parece um pedido para que seja um grupo de benfiquistas ou o próprio Benfica a suportar os custos da trasladação de Eusébio para o Panteão, assumindo-se assim o clube como mecenas do Parlamento. E diz-se que esta "espécie de mecenato" ainda não está suficientemente desenvolvida em Portugal, mas que "em termos de crise, é uma cultura que também temos de começar a explorar". Não sei quais são os países do mundo em que o Parlamento aceita ter mecenas privados, mas não devem ser exemplos a seguir. Já sabia que vivíamos num país falido, mas esperava que as nossas instituições tivessem um pouco mais de sentido de Estado.