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Delito de Opinião

O fim do estado de emergência

jpt, 02.05.21

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(Postal de 1 de Maio, aqui:)

Acaba o estado de emergência, a "II vaga" passou... O país segue vitorioso, a "Super-Marta" - como a proclama a comunicação do ISCTE-IUL - foi magistral e o governo excelente. A TV mostra o drama na Índia: 140 vezes a nossa população, 10 vezes o nosso maior número de mortos diários. "Pobres indianos"... comovemo-nos.

Vou à chinchada. O sumo de limão acompanha bem isto, se misturado. Parece-me que o povo o injecta. Eu bebo-o.

(Adenda de 2 de Maio:)

Leio que o dr. Paulo Portas acaba de definir a situação indiana como uma "catástrofe planetária". À mesma hora o dr. Marques Mendes dizia a Clara de Sousa (que nariz!!!) que o "governo tem estado muito bem". Insisto no meu diagnóstico, há demasiado comércio de "panfletos".

Bem prega Frei Tomás!

Luís Menezes Leitão, 20.03.17

Leio aqui que Marques Mendes considera desastrosa a forma como Passos Coelho geriu a escolha do candidato a Lisboa e que, se as coisas correrem mal, a culpa é do líder. Não poderia estar mais de acordo. Só estranho é que seja Marques Mendes a dizê-lo. Na verdade, se bem me lembro, em 2007 a Câmara de Lisboa estava nas mãos do PSD e só passou para o PS porque Marques Mendes quis demitir Carmona Rodrigues e, quando este recusou, obrigou todos os vereadores do PSD a se demitirem, fazendo cair a Câmara. A seguir lembrou-se de candidatar Fernando Negrão que fez uma campanha desastrosa, só obtendo 15% dos votos, e entregando a Câmara de bandeja a António  Costa. Desde então que a Câmara de Lisboa está nas mãos do PS. 

 

Por tudo isto me parece claro que Marques Mendes é a última pessoa que pode falar de estratégias desastrosas para Lisboa. Mas este exemplo também serve para questionar os nossos jornalistas. Será que nestes espaços de comentário político não há nenhum jornalista que faça lembrar ao comentador o seu próprio currículo no assunto que comenta?

A marcha da desinformação na TV

Pedro Correia, 27.06.16

Ontem à noite todos os telediários portugueses - mesmo com correspondentes e enviados a Madrid - caíram na esparrela das sondagens, que em Espanha falham por sistema. Confundindo projecções com números reais, sem um sobressalto de dúvida, foram desinformando os portugueses sobre o resultado da eleição para o novo Parlamento espanhol.

Foi preciso que um par de comentadores, sem carteira de jornalista, repusesse a verdade dos factos. O que, reconheçamos, não abona nada a favor dos profissionais da informação.

Eis o filme dos acontecimentos:

 

RTP, 19.02: «Deu-se o sorpasso, essa expressão italiana que dominou esta campanha. Esta coligação de Pablo Iglesias, unido aos comunistas, consegue ultrapassar o Partido Socialista.»

RTP, 19.03: «O PP de Mariano Rajoy desce pelo menos dois lugares no Congresso em termos de deputados. Este é um terramoto político. É um abalo sem precedentes em Espanha.»

TVI, 19.57: «A principal mudança no sufrágio de hoje foi a passagem do Podemos para segundo lugar, ultrapassando o PSOE.»

SIC, 19.59: «O Unidos Podemos acaba por ser o grande vencedor da noite e é nesta coligação que pode estar a chave para o futuro governo espanhol.»

TVI, 21.02: «O Podemos deve ultrapassar o PSOE como segunda força política. Em termos de deputados, há a possibilidade de uma maioria de esquerda.»

SIC, 21.13: «A grande surpresa aqui é o segundo lugar do Unidos Podemos.»

 

Este, repito, foi o discurso jornalístico. Que se prolongou por mais de duas horas nas pantalhas lusas.

Felizmente havia comentadores - um em estúdio, outro em Madrid - a recomendar moderação, mais atentos aos factos do que à espuma.

O primeiro foi Paulo Portas, recém-contratado como comentador de temas internacionais da TVI. Eram 21.03 quando ele alertou, falando em directo da capital espanhola: «O resultado dos votos contados aponta para um sentido completamente diferente das sondagens.»

Dez minutos mais tarde, na SIC, Luís Marques Mendes também deitava água na fervura: «Aquilo que foram as sondagens à boca das urnas não está a confirmar-se na contagem dos votos.»

Tinham ambos razão. Os jornalistas é que andavam distraídos: foram os últimos a saber.

Falta um carrinho de linhas a Marques Mendes

Rui Rocha, 12.08.14

De acordo com o Jornal de Notícias, a PSP de Ovar identificou duas mulheres, de 31 e 35 anos, que se faziam passar por videntes, por suspeita da prática do crime de burla. Na sequência de uma denúncia de uma alegada vítima, agentes policiais abordaram as duas mulheres e  uma das suspeitas deixou cair no chão um carrinho de linhas, um artigo que, segundo a PSP, é utilizado pelos autores deste tipo de crime para ludibriarem as vítimas e fazê-las crer que são videntes. As mulheres foram conduzidas à esquadra policial e, após revista, foram-lhes apreendidos três anéis, cinco brincos, uma medalha de um signo, um frasco de perfume, dois carrinhos de linhas, 11 dentes de alho, seis pontas de alecrim seco, uma caixa de palitos e cerca de um metro de papel higiénico. Pois no que me toca, digo que a existência de todo este material que foi apreendido me inspira uma certa confiança no trabalho destas videntes. Há em tudo isto uma preocupação genuína de respeito pelos cânones da actividade, uma nota de profissionalimo, uma dimensão quase deontológica. Confesso que Marques Mendes pareceria mais credível se se apresentasse aos Sábados com um carrinho de linhas, uma ponta de alecrim seco na lapela e um molho de alhos ao pescoço. E que estaria muito mais desconfiado se, em vez de um metro de papel higiénico, as suspeitas fossem portadoras de papel comercial do BES.

A cópia

João Campos, 25.03.13

 

Há alguns dias, enquanto fazia zapping, detive-me por alguns minutos num dos canais de notícias (TVI? É difícil dizer; para quem não os segue com regularidade são todos iguais). Passava um daqueles programas de comentário político muito na moda para ex-governantes; no caso, era Marques Mendes quem botava faladura. E fiquei surpreendido pelos gestos, pelo tom, pela postura. Pergunto: é só de mim, que não tenho por hábito acompanhar este tipo de programas, ou o homem tornou-se numa cópia (necessariamente inferior) de Marcelo Rebelo de Sousa?

Para mais tarde recordar

Pedro Correia, 05.10.12

«Levamos com o maior aumento de impostos de sempre.»

 

«Isto é uma espécie de assalto à mão armada aos contribuintes.»

 

«Isto é para matar a classe média.»

 

«Mais impostos vão gerar mais recessão e mais desemprego.»

 

«Isto o que vai dar é mais economia paralela, mais fuga aos impostos.»

 

«Mais uma falha nas previsões e nas metas, e a credibilidade do ministro das Finanças é completamente destruída.»

 

«Tem que haver equilíbrio, moderação e bom senso.»

 

Marques Mendes, ontem, na TVI24.

Estás com medo? Ou estás com medo?

André Couto, 28.08.12

Afinado coro, o das últimas horas, a pedir a demissão da Conselho de Administração da RTP, por este ter opinado contra a concessão da empresa a privados. Surgiram-me, entretanto, uma dúvida e uma certeza. A dúvida é a de não perceber se o anúncio do Mr. Goldman Sachs é, afinal, uma medida oficial, debatida e aprovada em Conselho de Ministros. Opinar sobre cenários durante um debate não me parece motivo de demissão, a menos que se lide mal com a liberdade de opinião. A certeza foi ter percebido o medo que está por trás das sugestões de demissão: gestores públicos, sérios e honestos, que fazem empresas públicas entregarem lucro ao Estado e não aos privados com os quais pouco tem a ver? "Eh lá! É melhor correr com eles não vão as pessoas perceber que a gestão pública, se séria e honesta, como se supõe, reverte o lucro a favor do Estado e não dos interesses da malta...".

Como se corta a sério na despesa.

Luís Menezes Leitão, 09.09.11

Ao contrário de Vítor Gaspar, que insiste em que os cortes na despesa exigem tempo e por isso só se podem fazer depois de muita calma, estudo e ponderação, Marques Mendes acaba de demonstrar como é possível apresentar em pouquíssimo tempo uma lista séria, ambiciosa e clara de ataque às denominadas gorduras do Estado. Concordo inteiramente com a sua lista de organismos a fundir. Só tenho uma observação a apontar: é que, ao arrumar a lista por ministérios, limita a fusão e extinção de serviços dentro de mesmo ministério, quando existe inúmera duplicação de serviços devido à distribuição das competências por vários ministérios. Dou o exemplo do Instituto Nacional da Construção e do Imobiliário e do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, que tratam claramente de assuntos afins, mas estão distribuídos por ministérios diferentes. Em qualquer caso, a lista é um bom contributo para se começar a fazer o que há muito já deveria estar feito. O país que está exangue com os impostos não pode ver adiados os cortes na despesa do Estado.