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Delito de Opinião

Lembrar Mario Vargas Llosa

Pedro Correia, 14.04.25

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Mario Vargas Llosa morreu ontem em Lima, capital do seu Peru natal, aos 89 anos. Era, sem favor algum, um dos maiores escritores dos dois últimos séculos - justamente distinguido, em 2010, com o Prémio Nobel da Literatura.

Foi sempre um nome de referência no DELITO DE OPINIÃO. Pelo seu talento ímpar, pela manifesta qualidade da sua escrita, pela clareza das suas ideias, pelo desassombro das suas opiniões. 

Pela minha parte, nunca o escondi: era um dos meus autores preferidos. Equiparo-o a Kafka, Orwell, Camus, Hemingway, Greene. Escritores que não apenas admiro e considero, mas que estimo muito. Como se integrassem a minha família alargada - desde os anos da adolescência, quando comecei a conhecê-los e a conviver com eles sem nunca me cansar.

 

Tendo escrito sobre três livros de Vargas Llosa, é o momento de recordar esses textos aqui publicados.

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Sobre Conversa na Catedral (1969):

«Recorrendo à técnica da diluição cronológica, Vargas Llosa povoa esta magnífica obra de múltiplas personagens e narrativas secundárias sem abandonar a denúncia dos governos que suprimem a liberdade e condenam sucessivas gerações a um futuro sem esperança.»

 

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Sobre A Tia Julia e o Escrevedor (1977):

«Acontece que a sua história pessoal, sendo verdadeira, parecia trama de ficção. Puro radioteatro. Impensável confusão entre biografia e folhetim. Quanto mais inverosímil, mais emocionante ou divertida – e, num certo sentido, mais verdadeira. Lembrando-nos que a vida é um romance - percorrido por momentos delirantes ou lancinantes de riso e choro, varrido por horas alternadas de partilha e solidão.»

 

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Sobre La Llamada de la Tribu (2018):

«O liberalismo não é uma ideologia, não é uma doutrina fechada que suscite aplausos acéfalos ou seguidores incondicionais. Em tempo de trincheiras, potenciadas pelas chamadas redes sociais, um liberal à moda antiga – cultor da tolerância, da moderação, da justa medida, da liberdade apenas condicionada ao império da lei – é menos mobilizador do que um populista incendiário apelando ao encerramento das fronteiras. Mas nem por isso deixa de ter a razão do seu lado.»

 

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É também o momento propício para lembrar alguns dos seus pensamentos que mereceram destaque neste blogue. Aqui ficam, nos parágrafos que se seguem, em modesta mas comovida homenagem à sua memória.

«A literatura é o alimento de espíritos indóceis e propagadora de inconformismo, um refúgio para aqueles a quem sobra ou falta algo, na vida, para ser infeliz, para não se sentir incompleto, sem realizar as suas aspirações.»

«Agora, graças à grande revolução audiovisual e cibernética, a privacidade deixou de existir, e em qualquer caso ninguém a respeita: transgredi-la é um desporto praticado diariamente pelos órgãos de informação perante um público que assim o exige com avidez.»

«Por detrás da crise financeira, existe uma moral degradada pela ganância. Esta é uma forma terrível de incultura.»

«A magia e o hipnotismo colectivos podem conduzir ao poder qualquer demagogo sem escrúpulos, tanto numa ditadura como numa democracia.»

«Todo o nacionalismo foi sempre uma catastrófica epidemia para os povos.»

«A paixão pode ser generosa e altruísta quando inspira a luta contra a pobreza e o desemprego. Mas a paixão também pode ser destruidora e feroz quando é movida pelo fanatismo e pelo racismo.»

«A literatura francesa fez o mundo inteiro sonhar um mundo melhor. A literatura francesa permitiu que sejam hoje realidade muitas democracias, preservando a razão contra pesadelos e revoluções, após tantos fracassos e mortos.»

«As democracias mais imperfeitas são sempre preferíveis às ditaduras mais perfeitas.»

 

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(1936-2025)

Talvez o maior escritor vivo

Mario Vargas Llosa, agora membro da Academia Francesa

Pedro Correia, 13.02.23

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«Quando aprendi francês e a ler literatura francesa compreendi que, no fundo, ambicionava ser escritor francês. Estava convencido que era impossível ser escritor no Peru, país sem editoras, com poucas livrarias, onde os únicos escritores que conhecia eram advogados que redigiam poemas aos domingos. Eu queria ser escritor. Por isso sonhava com França, com Paris.»

 

«A literatura francesa foi e continua a ser a melhor. O que significa ser a melhor? A mais audaz, a mais livre, a que é capaz de edificar mundos a partir de escombros humanos, a que põe ordem e clareza na vida das palavras, a que rompe com os valores existentes, a que desobedece à actualidade, a que regula os sonhos dos seres humanos.»

 

«A literatura francesa fez o mundo inteiro sonhar um mundo melhor. A literatura francesa permitiu que sejam hoje realidade muitas democracias, preservando a razão contra pesadelos e revoluções, após tantos fracassos e mortos.»

 

«Nenhum outro país como a França viveu a liberdade de maneira permanente, autorizando-nos todos os excessos literários e de outra natureza. Antes de qualquer outra nação, incorporou esses valores na literatura e na própria vida. (...) Daí que a França tenha visto nascer todas as correntes da vida e da literatura que exploravam as luzes e sombras, os redutos mais rebeldes da personalidade, como o dadaísmo, o freudismo, o surrealismo, com as suas diversas escolas e tendências.»

 

Mario Vargas Llosa, a 9 de Fevereiro, no discurso de ingresso na Academia Francesa, onde se tornou o primeiro escritor de língua não-francesa convidado a ter ali assento.

O exercício da liberdade

Pedro Correia, 01.10.18

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O liberalismo não é uma ideologia, não é uma doutrina fechada que suscite aplausos acéfalos ou seguidores incondicionais. Em tempo de trincheiras, potenciadas pelas chamadas redes sociais, um liberal à moda antiga – cultor da tolerância, da moderação, da justa medida, da liberdade apenas condicionada ao império da lei – é menos mobilizador do que um populista incendiário apelando ao encerramento das fronteiras. Mas nem por isso deixa de ter a razão do seu lado.

Disto nos fala Mario Vargas Llosa num livro já transformado num marco editorial deste ano em Espanha, onde foi originalmente publicado. La Llamada de la Tribu [“O Apelo da Tribo”] é a autobiografia intelectual do escritor hispano-peruano, galardoado em 2010 com o Nobel da Literatura, desde a sua inicial sedução pelo marxismo até ao seu presente combate contra as tiranias de todos os matizes. Passando pela ruptura com o Partido Comunista, em que chegou a militar durante um ano, na década de 50, enquanto estudante universitário em Lima.

 

As ideias contam

 

O autor de obras-primas da literatura universal como Conversa na Catedral e A Guerra do Fim do Mundo é daqueles para quem as ideias contam. E não se inibe de confessar que o seu ideário político foi modificado por influência de um conjunto de pensadores, todos afins ao liberalismo clássico: Adam Smith, Ortega y Gasset, Friedrich von Hayek, Karl Popper, Raymond Aron, Isaiah Berlin e Jean-François Revel. Rende-lhes homenagem num conjunto de ensaios aqui reunidos sob um fio condutor comum, sem esquecer o contributo de escritores antitotalitários que, como ele, foram mestres da ficção enquanto mantinham intervenção cívica e política: Albert Camus, Arthur Koestler e George Orwell.

«O liberalismo é uma doutrina que não tem respostas para tudo, como pretende o marxismo, e admite no seu seio a divergência e a crítica, a partir de um corpo pequeno mas inequívoco de convicções. Por exemplo, que a liberdade é o valor supremo, sem ser divisível nem fragmentária, que é una e deve manifestar-se em todos os domínios – económico, político, social e cultural – numa sociedade genuinamente democrática.» Palavras do Nobel no prefácio a esta obra de leitura imprescindível (tradução minha, a partir do original em castelhano, aguardando-se para breve a edição portuguesa).

 

Popper e Berlin

 

O autor de Como Peixe na Água presta especial tributo a dois vultos desta galeria de referências máximas do pensamento liberal: Popper (1902-1994), nascido no Império Austro-Húngaro, naturalizado cidadão do Reino Unido, e Berlin (1909-1997), judeu russo nascido na Letónia nos anos crepusculares do império czarista, igualmente convertido à cidadania britânica na idade adulta.

Chegou a conhecer ambos pessoalmente. Elogia o primeiro por «fazer do exercício da liberdade crítica o fundamento do progresso». Destaca o segundo por lhe ter ensinado que «a tolerância e o pluralismo são, mais do que imperativos morais, necessidades práticas para a sobrevivência da espécie humana». De ambos reteve o conceito de justa medida na relação do indivíduo com a sociedade. Sem esquecer, como lhe ensinou Berlin, que a irrestrita liberdade económica, no século XIX, «encheu de crianças as minas de carvão».

Afastado das cartilhas que o empolgaram na juventude, Vargas Llosa insurge-se hoje contra a ascensão – com novo nomes – do velho «espírito tribal, fonte do nacionalismo», que foi, a par do fanatismo religioso, uma das causas dos mais sangrentos morticínios que a História registou. O melhor antídoto contra as tentações totalitárias, a seu ver, está plasmado em obras como A Riqueza das Nações (de Smith), A Rebelião das Massas (de Ortega), O Caminho da Servidão (de Hayek), A Sociedade Aberta e os Seus Inimigos (de Popper), O Ópio dos Intelectuais (de Aron) Quatro Ensaios Sobre a Liberdade (de Berlin) ou Como Acabam as Democracias (de Revel).

Autores incómodos, impopulares, que ousaram navegar contra a corrente. Mas a reler sempre, até por isso.

 

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La Llamada de la Tribu, de Mario Vargas Llosa (Alfaguara, Barcelona, 2018). 313 páginas.
Classificação: *****
 
Publicado originalmente no jornal Dia 15

O inimigo da literatura

Alexandre Guerra, 20.04.18

Mario Vargas Llosa escreveu há umas semanas, na coluna que assina regularmente no El País, um texto que, sem ser um rasgo de brilhantismo literário, é um statement arrojado e corajoso nos dias que correm, desafiando os cânones de um certo fanatismo moral e ético instalado no pensamento mainstream destas novas sociedades. Sociedade, essas, que parecem ser cada vez mais assépticas nos seus comportamentos sociais e, consequentemente, mais limitadas nas liberdades da criação intelectual e artística. É quase como se estivéssemos perante as tais “nuevas inquisiciones” de que Vargas Llosa fala. As novas “fogueiras”, metamorfoseadas em headlines e redes sociais, para “queimar” aqueles que, na sua arte e intelecto, desafiam o status quo ou o pensamento predominante que é passiva e acriticamente aceite pela maioria (o muitas vezes chamado "politicamente correcto"). Llosa foca-se naquilo que vê como uma autêntica castração da liberdade literária, na qual esta é descontaminada das imoralidades, dos vícios, dos machismos, das perversidades, no fundo, desprovida daquilo que torna os homens pequenos, mesquinhos, vis, é certo, mas igualmente humanos e não meros seres utópicos.

 

Para Vargas Llosa, o “feminismo”, enquanto movimento radical (não todas as “feministas”, como ele próprio refere), é uma fonte destruidora da literatura. Percebe-se a sua ideia, porque a literatura, aquela que vale a pena ler e conforta a alma, tem que ser vista como um refúgio para, através da pena do criador, serem descritas, sem constrangimentos e amarras, todas as aventuras e ideais protagonizados por todos os homens, sejam os bons ou os maus, os virtuosos ou os iníquos, os valentes ou os cobardes, os inteligentes ou os ignorantes, os santos ou os pecadores, os justos ou os injustos... os feministas ou os machistas. A literatura, como qualquer forma de arte, deve ter espaço para contemplar o belo e o horrível, o perfeito e o imperfeito, o harmonioso e o chocante, o aceitável e o inaceitável, o moral e o imoral...

 

O princípio sustentado por Vargas Llosa, de que uma literatura, uma cultura, realmente creativas, "de alto nivel, tiene que tolerar en el campo de las ideas y las formas, disidencias, disonancias y excesos de toda índole”, é um bastião que deve ser preservado com todas as nossas convicções e forças. Não apenas por ser uma condição natural para a criação artística e intelectual, mas, sobretudo, por ser um direito humano inalienável, o da diferença de opinião, o de podermos expressar numa folha, numa tela ou numa pauta o que nos vai na alma, por mais chocante que seja para o próximo. Os tempos estão perigosos no campo das ideias verdadeiramente livres, porque há quem, muitas vezes subtilmente, as queira asfixiar ou condicionar, os mesmos que fazem novos Índex, os mesmos que tendem para o revisionismo com a sua “verdade” e “moral” absolutas. Os mesmos que não hesitarão em “queimar” os livros que repudiam, em vez de aprenderem com eles.  

O que diz Vargas Llosa

Pedro Correia, 27.02.18

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Excelente entrevista de Mario Vargas Llosa à revista dominical do El País a propósito do seu mais recente livro, O Apelo da Tribo - ensaio sobre sete pensadores liberais: Adam Smith, Friedrich von Hayek, Isaiah Berlin, Jean-François Revel, José Ortega y Gasset, Karl Popper e Raymond Aron.

 

Alguns excertos:

«A democracia avançou e os direitos humanos passaram a ser reconhecidos fundamentalmente graças aos pensadores liberais.»

«O liberalismo não apenas admite mas estimula a divergência. Reconhece que uma sociedade está composta por seres humanos muito diferentes e que é importante preservá-la assim.»

«O nacionalismo é uma tendência retrógrada, arcaica, inimiga da democracia e da liberdade, e está sustentado em ficções históricas, em grandes mentiras, nisso a que agora chamamos pós-verdades históricas.»

«O liberalismo defende algumas ideias básicas: a liberdade, o individualismo, a rejeição do colectivismo e do nacionalismo; no fundo, de todas as ideologias ou doutrinas que limitam ou interditam a liberdade na vida social.»

«Ninguém medianamente lúcido quer para o seu país um modelo como o da Coreia do Norte, ou o de Cuba, ou o da Venezuela: o marxismo já é marginal na vida política, ao contrário do populismo, que ameaça corromper as democracias por dentro, é muito mais sinuoso do que uma ideologia.»

«A correcção política é inimiga da liberdade porque rejeita a honestidade e a autenticidade. Devemos combatê-la como um desvio da verdade.»

«Andamos sobrecarregados por uma tecnologia que se colocou ao serviço da mentira, da pós-verdade, e que pode chegar a ser, se não combatermos este fenómeno, profundamente destruidora e corruptora da civilização, do progresso, da verdadeira democracia.»

O que disse Mario Vargas Llosa

Pedro Correia, 09.10.17

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 Escritor hispano-peruano, Nobel da Literatura 2010, hoje em Barcelona

 

Excertos da vibrante intervenção de Mario Vargas Llosa na enorme manifestação anti-separatista que este domingo reuniu centenas de milhares de pessoas no centro de Barcelona:

 

«A paixão pode ser generosa e altruísta quando inspira a luta contra a pobreza e o desemprego. Mas a paixão também pode ser destruidora e feroz quando é movida pelo fanatismo e pelo racismo. A pior de todas, a que mais estragos causou na História, é a paixão nacionalista.»

(...)

«Estamos armados de ideias, de argumentos e da convicção profunda de que a democracia espanhola veio para ficar. E que nenhuma conspiração independentista irá destruí-la.»

(...)

«Queremos que a Catalunha volte a ser a capital cultural de Espanha, como era quando eu aqui vivi, durante uns anos que recordo com enorme nostalgia. Eram os últimos anos da ditadura franquista, então já muito desgastada. Nenhuma cidade espanhola aproveitou tanto como Barcelona esses resquícios de liberdade para se abrir ao mundo e trazer do mundo as melhores ideias, os melhores livros, todas as grandes conquistas da vanguarda.»

(...)

«Desde há 40 anos, para além das memórias de um passado grandioso e por vezes trágico, Espanha é também uma terra de liberdade, uma terra de legalidade. O independentismo não conseguirá destruir isto.»

A ler

Sérgio de Almeida Correia, 22.08.17

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"El terrorismo islamista es hoy día el peor enemigo de la civilización. Está detrás de los peores crímenes de los últimos años en Europa, esos que se cometen a ciegas, sin blancos específicos, a bulto, en los que se trata de herir y matar no a personas concretas sino al mayor número de gentes anónimas, pues, para aquella obnubilada y perversa mentalidad, todos los que no son los míos – esa pequeña tribu en la que me siento seguro y solidario – son culpables y deben ser aniquilados."

 

Para quem ainda não leu, um texto imperdível de Mario Vargas Llosa, no El Pais.

Reflexões do dia (2)

Pedro Correia, 12.07.15

«Não será o mago hipnotizador Alexis Tsipras a encontrar o remédio para esta catástrofe na qual a cultura que inventou a filosofia, a tragédia e a democracia caiu devido à irresponsabilidade e ao desvario da sua classe política. E não é refugiando-se no nacionalismo reaccionário (porque será que a Frente Nacional de Marine Le Pen, o fascistóide e eurofóbico Nick Farage do UKIP e os nazis da Aurora Dourada celebram com tanto entusiasmo o referendo grego?) que a Grécia superará a crise de que só ela é responsável.

A magia e o hipnotismo colectivos podem conduzir ao poder qualquer demagogo sem escrúpulos, tanto numa ditadura como numa democracia. Mas os problemas económicos não admitem receitas mágicas nem são susceptíveis aos hipnotizadores. Só há uma receita: a que foi adoptada pelos países que se encontravam à beira da catástrofe, como Portugal, Espanha e Irlanda, agora de novo a crescer, a atrair investimento, a recuperar a confiança e o crédito internacionais. É isto a que, tarde ou cedo, terá de resignar-se o povo grego quando descobrir que por detrás dos magos e das pitonisas a que se rendeu só existe fome de poder, mentiras e vazio.»

Mario Vargas Llosa, hoje, no El País

Aprender com Vargas Llosa

Pedro Correia, 18.11.12

O direito feudal

Rui Rocha, 17.07.11

Mario Vargas Llosa: o novo Nobel da Literatura em discurso directo

Rui Rocha, 07.12.10

 

Mario Vargas Llosa recebeu ontem o Prémio Nobel da Literatura/2010. De acordo  com os relatos,  respondeu a todas  as perguntas de forma acessível, directa e sem rodeios. Alguns exemplos:

China: "é preciso não esquecer que continua a ser uma ditadura!";

Wikileaks: "um pouco de luz dá confiança aos cidadãos; demasiada luz impede o Estado de funcionar";

A mensagem da sua obra: "não escrevo para mandar mensagens, mas para contar uma história";

A sua raiz neo-liberal:" neo para quê? Liberal basta";

O futuro da cultura: "se continuarmos a confundir entretenimento com cultura, a profundidade desaparecerá".

Sobre a atribuição do Prémio Nobel: "continuo a perguntar-me se não terá sido um grande mal entendido internacional".

 

Felizmente, o reconhecimento da qualidade literária nem sempre tem que estar  subordinado a uma certa agenda política.

Finalmente!

André Couto, 07.10.10

 

 

Mário Vargas Llosa, Prémio Nobel de Literatura 2010

 

Este ano a Academia abandonou a postura de Ídolos da literatura mundial, dando a conhecer talentos até então quase desconhecidos, consagrando com toda a justiça um escritor já largamente admirado e premiado.

Para além da obra, um dos expoentes máximos da riquíssima literatura latino-americana, fica igualmente na retina a homenagem ao político, ao Homem dedicado às causas sociais e da liberdade no Peru.

Uma das escolhas que há muito se exigia e que aplaudo de pé!