Este fim de semana foi para mim especial, porque tive os dois filhos comigo. Não ao mesmo tempo, que isso são acontecimentos já quase pré-históricos, mas cada um à sua vez.
O mais velho tinha vindo de Bruxelas à manifestação e o outro, suponho, esperava o fim da mesma. Apesar destas antagónicas situações, os irmãos, que se adoram, ainda encontraram tempo para estar os dois juntos a almoçar...
Quando penso nesta curiosa - não encontro na língua portuguesa termo mais apropriado - família que tenho, acabo sempre com um sorriso nos lábios. Umas vezes de orgulho, outras, confesso, de fúria controlada, porque manter a unidade familiar é, para mim, a mais importante e diplomática missão da minha vida. Não me tenho saído mal...
Por isto tudo, de manhã estive com um e à noite estive com o outro. Jantámos um belo bife no Café Império e depois fomos ver a Meryl Streep fazer de Margareth Thatcher. É sobre o filme que queria deixar duas palavras.
Não sei se será uma película para um Oscar. Sei, isso sim, que é uma soberba interpretação da consagrada actriz. E fiquei a saber um pouco mais dessa personagem feminina que foi PM de Inglaterra por uma década. Como também confirmei, uma vez mais, que ingrata é a escolha de uma carreira política.
Thatcher optou pela carreira, da qual jamais quis abdicar. Foi a sua escolha. Que teve consequências nas três figuras que lhe estavam mais próximas, os dois filhos e o marido, os quais, como é frequente acontecer, foram subjugados pelo elo mais forte, neste caso, a mãe. E, parece-me, sofreram com isso.
A narrativa é feita do fim para o princípio, o que faz com que se dê grande importância ao estado de demência em que vive Margareth Thatcher. E que, a meu ver, torna a obra demasiado longa. Se ela tivesse menos dez minutos, prenderia melhor a nossa atenção.
Saí do cinema com a sensação de ter visto a biografia de alguém cuja vida mudou a história de um país, cuja família pagou por isso um preço - do meu ponto de vista, muito alto - e que, por ter desvalorizado o lado afectivo, acaba só. Ou com uma filha de quem ela parece gostar menos, justamente por causa dessa dedicação.
Resumindo, é uma película realizada por uma mulher, que soube interpretar o que foi a vida de outra que tentou sê-lo, num meio que lhe era totalmente adverso.
Importante, sem dúvida. Mas que, a mim, porventura pela família que tenho, me deixou um certo amargo de boca...