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Delito de Opinião

Penosa agonia

Pedro Correia, 20.01.23

Quatro ministros na corda-bamba: a questão não é se vão cair, mas quando.

 

Fernando Medina, enredado na monumental questão das suspeitas sobre financiamento ilegal ao PS quando era presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

 

João Gomes Cravinho, agora desmascarado por ter faltado à verdade ao parlamento a propósito das embrulhadas relacionadas com o antigo Hospitalar Militar.

 

João Costa, cercado pela monumental vaga reivindicativa dos professores em luta, numa réplica do que aconteceu a Maria de Lurdes Rodrigues durante o consulado Sócrates.

 

Maria do Céu Antunes, irremediavelmente contaminada pelo caso da secretária de Estado que escolheu e se tornou célebre por só ter permanecido 25 horas em funções.

 

É penosa, a agonia deste governo empossado há menos de dez meses. António Costa deve sentir saudades do tempo em que não tinha maioria absoluta.

O aparelho do Estado como coutada do PS

Pedro Correia, 11.11.22

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A maioria absoluta fez cair o que restava do pudor do PS em usar o aparelho do Estado como sua coutada privativa. Estes dias mais recentes têm demonstrado isso. De forma chocante, no momento em que os portugueses passam por extremas dificuldades: no terceiro trimestre do ano, o salário médio caiu 4,7% em termos reais. 

Não certamente o salário do rapazinho da jota socialista que aos 21 anos, sem currículo de qualquer espécie, acaba de ser recrutado para o gabinete da ministra da Presidência por 3700 euros mensais. Este estudante, Tiago Cunha, nem precisa de ter profissão para ganhar já três vezes acima do salário médio nacional. Bastou-lhe o cartão do partido. «A filiação partidária no PS nunca foi critério de recrutamento», alega a ministra. Cometendo a injúria de nos tomar por tolos.

O critério é precisamente esse: o da fidelidade partidária. O Governo transforma-se em "escola de formação" de quadros do partido do poder. Com os contribuintes a pagar as chorudas mordomias desta elite, que começa bem cedo a mamar da teta pública.

 

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Indiferente ao que se escrevia - e até às críticas que já soavam de vários sectores socialistas - António Costa manteve até ao limite no Governo um homem da sua mais estrita confiança: o antigo autarca de Caminha há dois meses empossado como secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro com a função de «assegurar a coordenação entre vários ministérios».

Os relatos fundamentados da gestão danosa que Miguel Alves protagonizou no Alto Minho, evidenciados em sucessivas investigações jornalísticas, não demoveram o chefe do Executivo. Foi preciso ser deduzida acusação formal do Ministério Público ao socialista que já o acompanhava como assessor desde a Câmara Municipal de Lisboa para Costa lhe apontar a inevitável porta de saída. Após longos dias de iniludível arrogância: nem um nem outro se dignaram prestar esclarecimentos à opinião pública.

Apesar de tudo, a justiça revelou-se benévola para o Governo: por insólita coincidência, o despacho de acusação foi revelado meia hora antes de ser conhecida a lista completa dos futebolistas portugueses que participarão no Mundial do Catar - facto que acabou por sobrepor-se aos restantes no noticiário do dia. E aliviou certamente a agenda da Comissão Política Nacional do PS, reunida esta noite.

 

Casos diferentes. Mas que se cruzam por fatalidade temporal, permitindo realçar um traço comum: a soberba de quem confunde Estado e partido, sem traçar fronteiras entre um e outro, o que acelera a mexicanização de Portugal.

Consequência inevitável de um Governo que actua com escasso escrutínio: conta com um Presidente dócil e um parlamento domesticado. Ou vice-versa, tanto faz.

Confiança

Sérgio de Almeida Correia, 09.11.22

Há muito que lhes teria retirado a confiança política.

Que mantenha a pessoal é lá com ele. Mas que em tão pouco tempo sejam quase tantos os casos e "casinhos" como as pastas, parece-me um abuso. 

Do bem-intencionado desbravador de Angola ao empreendedor de Caminha, o que não faltam são aviões de espanto. 

O minerador das selfies tudo tem feito para que não seja maior a atenção prestada à rapaziada. Podem agradecer-lhe. A ele e a quem lhes está a dar uma oportunidade de corrigirem uma série de erros de casting.

Ainda falta muito tempo para as eleições. Talvez seja altura de se aproveitar a Restauração que vem aí para nos livrarmos dos emplastros, como antes nos libertámos dos Filipes.

Não se trata de segurar o ministro dos fogos. Trata-se apenas de evitar que a casa, os anexos e o que sobrou das golas ardam em lume brando.

Se nada aprendem nas jotas, nas "academias" de Verão, nas reuniões do partido ou com a experiência autárquica; e a experiência governativa pouco acrescenta, então há que educá-los. Antes que se sentem.

Ou que sigam os passos do outro e afins, e criem uma série de sociedades offshore para receberem os salários que os contribuintes lhes pagam, como aqueles fizeram com o aval de uma instituição de utilidade pública cujo presidente ainda não se demitiu.

Chega de turbulência.