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Delito de Opinião

O beijo que ajudou a limpar a toxicidade

João André, 01.09.23

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Depois do Mundial de futebol feminino estive perto de escrever um texto. Foi o mundial mais bem sucedido de sempre, com mais espectadores, com mais entusiasmo, foi expandido para 32 equipas e várias das equipas estreantes deram excelente conta de si. A qualidade do futebol foi excelente e deu-me muito mais prazer que a esmagadora maioria das competições futebolísticas que vi nos últimos 10 a 20 anos. Muito sinceramente penso que quaisquer investidores que coloquem o seu dinheiro no futebol feminino terão um retorno enorme dentro de apenas 5 anos.

No entanto tudo isto foi ofuscado pelo caso com Jenni Hermoso e Luis Rubiales. Não descrevo o caso em si além disto: ele deu-lhe um beijo na boca sem ter qualquer razão para isso fora a sua própria vontade. Mas posso adicionar elementos de que a maioria da imprensa portuguesa não parece ter feito caso.

Há cerca de 1 ano, 15 jogadoras da selecção espanhola escreveram uma carta à Federação indicando que não queriam voltar à selecção enquanto certas coisas não mudassem. Acusaram a falta de profissionalismo, respeito, apoio, etc. Houve também uma pouco velada crítica ao seleccionador e a exigência implícita que ele fosse demitido porque elas não tinham confiança nele. Na altura a Federação espanhola fez finca-pé e as 15 jogadoras decidiram não voltar, ao mesmo tempo que a Federação as afastou enquanto não renunciassem às exigências. 3 das jogadoras acabaram por o fazer e jogar nestes campeonatos do mundo.

Na altura, apesar de não terem subscrito a carta, algumas outras jogadoras solidarizaram-se com o conteúdo e as subscritoras. Uma delas foi Alexia Putellas, já 2 vezes considerada a melhor jogadora do mundo, e outra foi Jenni Hermoso, que era na altura também a capitã da selecção espanhola. O resultado para estas foram advertências e, no caso de Hermoso, ver retirada a braçadeira de capitão. Foi então punida por ter tomado uma posição.

Agora avancemos para este cenário. Uma empresa acaba de ter os melhores resultados da sua história e festejam esse feito. No processo, um dos empregados mais séniores, que no passado tinha sido líder de equipa mas depois despromovido após apoiar alguns dos seus colegas mais juniores numa reclamação, é beijado na boca pela presidente da empresa, a qual tinha diso responsável pela despromoção. O empregado decide ignorar, contente que está pelo que foi alcançado, mas depois queixa-se do ocorrido, afinal de contas, a presidente não lhe pediu para lhe dar um beijo e, mesmo que o tivesse feito, não era coisa para se fazer em público.

Após a queixa, a presidente inicialmente parece receptiva a pedir desculpas mas depois queixa-se das mentalidades, faz finca-pé, diz que a mentalidade de mariquinhas está a destruir a sociedade e que o beijo não foi mais que "um beijinho".

É óbvio onde quero chegar com isto - e se não for peçam ajuda que eu não estou para explicar. O chefe máximo abusou da sua posição e fez algo que não podia, de maneira nenhuma, fazer. Nem seria necessário falar de toxicidade masculina. Isto é simplesmente despropositado em qualquer situação. Mas o machismo que ainda é reinante na Espanha (e não só, Portugal não se escapa, nem a maioria dos países), apesar de menos proeminente que no passado, não pode ser removido da equação. Rubiales comportou-se assim porque entendeu que podia fazê-lo. Porque é o presidente e porque é um homem.

Jenni Hermoso decidiu de outra forma. As outras jogadoras, várias treinadoras e treinadores e até alguns jogadores, e muito da população também. E é o irónico disto, porque agora já não há outro caminho: ao cometer um acto de abuso, de toxicidade, Rubiales terá ajudado a limpar o ar.

Miscigenação

Cristina Torrão, 28.05.20

A conversa à volta da fotografia de Elyas M'Barek, na rubrica "Always handsome" desta semana, um actor muito popular na Alemanha, de nacionalidade austríaca e filho de pai tunisino, deu azo a conversas que eu não teria imaginado. Nada tenho contra, pelo contrário: as conversas são como as cerejas e é bom trocar informações. Porém, alguns comentários seguiram rumos que sinceramente não aprecio e não posso deixar de referir certos pontos.

 

Depois de quase trinta anos de vida no estrangeiro, não sou de opinião de que os emigrantes/imigrantes portugueses sejam melhores do que os outros, tese criada a fim de distanciar os ilegais portugueses dos anos 1960 de todos os outros ilegais. Quem quiser viver nessa ilusão, pois faça favor! Se há algo que aprendi, nestas últimas décadas, é que, em todo o lado, e oriundas dos mais variados países, há pessoas boas e más, pessoas trabalhadoras e preguiçosas, pessoas honestas e vigaristas.

 

Também não sustento a ideia de que os portugueses gostem mais de regressar do que os africanos, pelo menos, no que respeita aos norte-africanos muçulmanos. Conheço portugueses reformados em Hamburgo que aqui se mantêm, desistindo de um regresso definitivo. Quanto às férias: quem viaja de carro entre França e Portugal, em Agosto (e eu, vinda do Norte da Alemanha, tenho de atravessar a França de lés a lés), verifica um verdadeiro êxodo de marroquinos, tunisinos, etc., junto com os portugueses, de regresso aos seus países-natais. No Norte de Espanha (País Basco e arredores) há placas em português e em árabe, assim bem juntinhas (que sacrilégio!), assegurando que esses viajantes não se enganem no caminho. Os norte-africanos são encaminhados para Algeciras, os portugueses para a fronteira de Vilar Formoso.

 

É pena que, em contextos destes, haja tanta compreensão, tanto elogio e tanto carinho, da parte dos portugueses residentes no seu país, em relação aos compatriotas residentes no estrangeiro, e que, na prática, quando os emigrantes invadem Portugal, em Agosto, só haja desprezo e sarcasmo para os "aveques", que se armam ao pingarelho a falar francês.

 

Também acho curioso que aqueles que tanto atacam o machismo dos muçulmanos sejam eles próprios machistas. Se abordo aqui no Delito assuntos feministas (os comentários à minha publicação Upskirting foram bem elucidativos), sou atacada sem dó, nem piedade. Falando-se de muçulmanos, surgem indignações sem limites, defendendo-se os direitos da mulher com unhas e dentes.

 

Conclusão: um actor como Elyas M'Barek é muito melhor aceite em países com fama de racistas do que no nosso jardinzinho plantado à beira-marzinho.

Sobre as quotas

Paulo Sousa, 01.03.20

O nosso colega João André postou aqui há dias em defesa das quotas. A questão é mais contemporânea que pertinente. Ele já foi contra elas, e já não é; eu continuo a não as defender. O problema não se prende com o objectivo a longo prazo, que é louvável, mas com a clareza dos critérios a adoptar e o potencial de enviesamentos que a falta dela pode criar.

Qual o critério que deve prevalecer quando se pretende contratar quadros para um conselho de administração exemplar? O sexo da pessoa, o seu grau de deficiência ou a cor da sua pele?

A questão da deficiência faz claramente parte da lógica das quotas. A própria lei já o contempla. Se o objectivo das quotas é incluir minorias nos órgãos de topo, devem os deficientes ter ou perder prioridade em relação às pessoas de pigmentação não caucasiana, ou em relação às mulheres? Antes de avançar com tais medidas importa definir a hierarquia de minorias. Deve dar-se prioridade a candidatos não brancos, a deficientes ou a mulheres?

O João André dá o exemplo de uma micro-empresa onde trabalham dois homens que, por serem poucos, estarão dispensados de contratar uma mulher para respeitar as quotas. Então importa definir o número de funcionários das micro e pequenas organizações a partir do qual esta flexibilidade deixa de ser aceitável. E a partir de quantas pessoas na empresa será obrigatório contratar pessoas de pigmentação não caucasiana? E se a maioria já for de pigmentação não caucasiana, quantos ou até quantos brancos deverão ser contratados? Um funcionário deficiente e de origem africana poderá contar em duas categorias?

Defender flexibilidade de interpretação para uma lei que se quer geral e abstracta pode criar efeitos contraproducentes. Se perante uma dúvida temos de recorrer ao bom senso para conseguir aplicar uma lei mais vale não a decretar, pois o bom senso continua a dispensar regulação.

Em favor de quotas

João André, 27.02.20

Este penso rápido do Pedro lembra-me um problema: numa sociedade igualitária, onde toda a gente tem as mesmas oportunidades e não há descriminação de nenhum tipo (não vou listar as diferentes possibilidades, são demasiadas), porque razão não temos uma sociedade menos dominada por homens brancos?

No título tenho a palavra "quotas". Durante muito tempo me perguntei se são boas ou más. Já fui contra, a favor, contra de novo, indecidido e agora sou francamente a favor (deixei passar provavelmente mais umas estações e apeadeiros nestas reflexões e este é um estado de espírito actual). Para falar em quotas tems que começar com uma pergunta: são os homens brancos mais capazes que mulheres e homens não-brancos? Deixo de lado as subdivisões de escandinavos, mediterrânicos, eslavos, etc e tal. Fiquemo-nos pela cor aproximada da pele.

Creio, espero que correctamente, que a esmagadora maioria das pessoas responderá com um sonoro NÃO! Então fica novamente a pergunta: porque não estão tais pessoas igualmente representadas em cargos superiores? Porque não têm o mesmo nível de educação (eu sei que mulheres até têm maior probabilidade de ter cursos superiores que os homens, mas iso apenas amplifica a minha questão)? Porque razão existe tal diferença salarial entre pessoas com a mesma educação e responsabilidades e experiência quando a única diferença é um cromossoma ou o tom de pele? E não falo apenas de Portugal, naturalmente, falo de todo o mundo.

A resposta é, para mim, óbvia: o racismo e machismo existem, estão vivos e muito bem de saúde. Não falo de racismo ou machismo pessoal, onde os indivíduos pensam que o outro é de facto inferior só por ser mais escuro ou ser mulher (embora o machismo seja muito mais aberto). Todos nós os teremos um pouco, mas isso será um resquício da nossa evolução, que favoreceria os nossos grupos (tribos), os quais durante a maior parte da nossa história eram constituídos por pessoas parecidas connosco. A suspeita de estrahos estará entranhada no nosso código genético, mas não é inultrapassável, longe disso. Penso que o racismo e machismo são essencialmente estruturais e legados de um passado onde eram claros, abertos, assumidos e até marcas de honra. Li esta semana que Churchill sugeriu o lema "Keep England White" em 1955, o que se não é suficiente para manchar a imagem do estadista, certamente dá uma nova perspectiva e um período tão recente. Isso só demonstra como séculos de história terão deixado uma sociedade tão entranhada de homens brancos que abrir as portas a outros se torna difícil.

Repito: não é uma questão de racismo ou machismo pessoal. Duvido que na maioria dos casos alguém que escolha um homem branco em deterimento de outro tipo de candidato no papel igualmente qualificado o faça por esses motivos. Será normalmente por questões de ter um perfil pessoal mais adequado, ou algo do género. Em inglês refere-se a isso como "better fit" e é aquilo que normalmente se chama de "similarity bias", ou seja, uma preferência por pessoas semelhantes a nós. Numa sociedade onde os homens brancos dominaram, isso significa que a preferência, mesmo que não intencional, será por outros homens brancos.

Para mim a solução passa por quotas, mas não nas direcções das empresas ou nos cargos mais altos seja de onde for. Tem que ser em todos os níveis em carreiras de todos os tipos, públicas ou privadas. Só assim se elimina essa tendência de escolher alguém semelhante ou, pelo menos, se colocam outras pessoas para a equilibrar o suficiente. Funcionaria? Não sei, mas é a melhor solução que imagino, já que a igualdade de oportunidades já falhou completamente. Haveria muitas outras medidas a tomar, mas apenas falo desta.

Há um benefício adicional: assumindo que a percentagem de pessoas com talento será idêntica independentemente de cor ou sexo, isso significa que num mundo onde os homens brancos são favorecidos, haverá muitos profissionais que estão subvalorizados. As empresas que praticarem alguma discriminação em desfavor de homens brancos poderão colher benefícios inesperados ao pescar num mar essencialmente livre de outros pescadores.

Upskirting

Cristina Torrão, 14.11.19

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Imagem daqui

Os telemóveis transformaram o acto de fotografar, outrora reservado para ocasiões especiais, num gesto banalíssimo. E também iniciaram modas, como a das “selfies”, que enervam muita gente. Comparado, porém, com outras práticas fotográficas, a do auto-retrato é inofensiva. Venho hoje falar do upskirting: fotografar por baixo da saia, ou do vestido, de uma mulher, a maior parte das vezes, sem que esta o note. A maioria das vítimas são jovens, algumas ainda menores.

Duas jovens alemãs, vítimas de upskirting (uma delas tinha apenas treze anos, quando assim foi fotografada pela primeira vez), iniciaram, há meses, uma campanha, acompanhada de petição, com o objectivo de criminalizar esta prática. Não sendo o upskirting considerado assédio sexual, já que não há qualquer contacto físico, não é crime e as suas vítimas nem sequer podem apresentar queixa à polícia. É assim visto com condescendência por muita gente, como outras práticas que, alegadamente, apenas servem para que os rapazes se divirtam. Um argumento muito usado pelos defensores do upskirting é: «não queres ser fotografada por baixo da saia? Veste calças!» Machismo? Que ideia! As duas activistas é que são umas feministas radicais, que querem impor mais censuras aos coitados dos homens, que, qualquer dia, nem sequer podem olhar para uma mulher, blá, blá, blá…

Na verdade, além de representar uma violação não consentida da intimidade, o upskirting está longe de ser um mero divertimento. As fotografias são partilhadas em chats e, muitas vezes, comercializadas e/ou publicadas em sites pornográficos. Tudo isto sem o consentimento das visadas que, muitas vezes, ignoram a existência das imagens. Noutros casos, porém, as vítimas são identificáveis, o que em nada diminui a sua gravidade.

As duas jovens activistas estão de parabéns. Ontem, o governo alemão decidiu criminalizar a prática do upskirting (incluindo fotografias tiradas a decotes, sem o consentimento da visada) com penas que vão da multa a dois anos de prisão, à semelhança do que já tinham feito outros países como a Finlândia, a Austrália e a Grã-Bretanha.

Além do upskirting, foi criminalizado, com penas semelhantes, o péssimo hábito de fotografar vítimas, mortais ou não, de acidentes de viação.

Deve ser do período

João André, 26.09.16

Tenho dificuldade em compreender este post da Francisca.

 

Em primeiro lugar é o título. Porquê "as raparigas"? É por serem mulheres? Também se escreve "os rapazes do PS", "os marmanjos do PCP", "os tipos do PSD" ou "os cahopos do CDS"? O sexo faz diferença? Se calhar faz - para muita gente. Não devia. É por serem várias delas mais jovens? Também escrevemos "os velhotes do PS", "os cotas do PSD", "as carcaças do PCP" ou "os idosos do CDS"? A idade faz diferença desde que tenham o suficiente para serem julgadas pelas suas palavras, ideias ou acções?

 

Não, essas são apenas palavras destinadas a distrair das políticas. Já escrevi o meu post sobre o assunto. A ideia de ir às poupanças, coisa que não parece ter sido avançada em lado nenhum, nem é exclusivo do Bloco nem teria nada de especial. Seria uma política tal como aquelas que os governos anteriores praticaram, aqui e em todo o lado. "Ir buscar o dinheiro" não é "roubar", como a Francisca escreve, caso contrário teria que se aceitar que toda e qualquer cobrança de impostos seria roubar. A frase é infeliz? Talvez do ponto de vista da Francisca ou de tantos outros, mas do ponto de vista do Bloco de Esquerda é provavelmente o que queriam expressar. Se já se "foi buscar" dinheiro a tanta gente, porque não "ir buscar" dinheiro aos ricos?

 

A Francisca falou ainda dos "assuntos fracturantes" mas referiu apenas o disparate do "cartão da cidadã" e depois invcou o velho fantasma da "queima dos soutiãs". Haveria ainda o outro disparate da criminalização dos piropos, mas estão-me a faltar mais assuntos que seriam assim tão merecedores «[d]o fim da lista na agenda parlamentar». O resto é essencialmente o ataque à ideia nebulosa de "ir buscar o dinheiro aos ricos". Muitas das pessoas que ela referiu são também aquelas que sofreram (e sofrem ainda) no passado. São também pessoas que pagaram várias vezes (a Francisca esqueceu os impostos indirectos, mas estes normalmente não recaem sobre as empresas, que os passam ao consumidor) e que, depois de tudo isso, ainda levam com mais taxas e retaxas.

 

No fim fica tudo explicado: há que recompensar "essa gente", suponho que se trate dos empresários. Ou talvez os que são ricos (no post da Francisca está subentendido que só os empresários o podem ser). Isto porque são pessoas que «através do seu talento e do seu esforço, contribuiu para o crescimento económico do país», dado que mais ninguém o fez. Como os empresários são como os outros, também existem os incompetentes, abusadores e tacanhos que fizeram o oposto e são largamente responsáveis pelo ridículo estado do tecido empresarial do país.

 

Não: recompensemos os empresários tout court porque são eles que nos vão retirar do nosso buraco. Os outros não trabalham, não são talentosos. Os empresários merecem tudo, talvez até que se acabe com as taxas para eles, pobrezinhos.

 

Mas vou fechar o círculo, indo aos empresários que, entre tudo o que são, bem ou mal sucedidos, talentosos ou incompetentes e que, no seu dia a dia, tratam as mulheres ao seu redor como secretárias, empregadas de limpeza ou "aquela cachopa jeitosa que traz o café". Nalguns casos até as tratam por "raparigas" até terem idade de serem candidatas a Presidente da República ou vão buscar o epíteto de "esganiçadas" atrás de títulos de professor. Eles não são machistas, não confundamos coisas, só que às vezes aquelas raparigas começam a maçar. Deve ser do período.

Capricho

Teresa Ribeiro, 09.03.14

O capricho por definição é uma vontadinha. Pressupõe futilidade, arbitrariedade, falta de fundamentação lógica. O meu gato é caprichoso. Os gatos são-no ou pensamos que são, uma vez que por óbvias limitações comunicacionais jamais poderemos aferir com rigor quais as suas motivações. Passando este conceito pelo crivo da cultura vigente percebe-se porque é o capricho considerado uma manifestação tipicamente feminina. Coisa de gatas, já se vê.