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Delito de Opinião

His master's voice de Setembro

Pedro Correia, 30.09.19

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«Ontem, no debate a seis, houve tudo menos um arrufo. Não foi bonito de se ver a interpelação de Catarina Martins a Costa. E ele respondeu-lhe à letra. António Costa foi obrigado a descer a terreiro pq [porque] eram seis contra um. Já chega de debates.»

Luísa Meireles, directora de Informação da Lusa, comentando o debate na RTP entre os líderes dos seis principais partidos

Twitter, 24 de Setembro

Então não sai... porque... ah...

Patrícia Reis, 27.10.12

Miguel Relvas, leio eu, diz que quem está no Governo tem de estar preparado para sair no dia seguinte.

Acho bem. Ficam-lhe bem sentimentos desta índole.

Antes de se ir embora seria interessante dizer quem são os 50 nomes que tem numa lista de despedimentos potenciais dentro da agência Lusa. Sim, pois este senhor mandou fazer assim: ou vão embora por livre vontade ou há uma lista de 50 e faz-se um despedimento colectivo. Por isso, o ambiente na Lusa é de cortar à faca, ninguém sabe quem está na lista e isto é uma forma de tortura pouco democrática, para não dizer mais.

A minha pergunta é: este senhor está cá a fazer o quê? Parece que o PM não vive sem ele. Azarinho. Nosso, claro.

A Lusa pirosa e esquecida

João Carvalho, 12.07.12

«Homem condenado a 19 anos de prisão por degolar a esposa». O título é da Lusa, que acrescenta o seguinte: «O Tribunal de Benavente condenou hoje a 19 anos de prisão o homem acusado de homicídio qualificado, por ter degolado a esposa.» Esposa? Que a Lusa é fracota já todos sabemos, mas escusava de ser pirosa.

Na mesma notícia, a Lusa diz também que «o tribunal determinou ainda que o arguido, de 26 anos, seja expulso do país após cumprir dois terços da pena». Por causa do desemprego? Porque os juízes do tribunal embirraram com a cara do homicida? Pelo receio de que ele volte a casar em Portugal e venha a reincidir no crime? Com base em alguma nova lei que obriga os homicidas a emigrar? Isso é o que a Lusa se esqueceu de dizer. Desmiolada, gostou de saber da expulsão, mas sem querer saber o motivo.

Gravidez: da posição do missionário à boca no trombone da Lusa

João Carvalho, 16.02.12

«Portugal é um dos países mais envelhecidos do mundo e as medidas de incentivo à natalidade não têm funcionado até agora porque — defende a Associação Portuguesa de Demografia — ter filhos é uma decisão "privada do casal"», conforme entendeu e divulgou a Lusa.

Agora sim, ficámos mais esclarecidos sobre a causa verdadeira desta fraqueza nacional: o incentivo à nacionalidade não funciona em Portugal porque ter filhos é uma decisão do foro privado dos casais.

No fundo, o que esta brilhante conclusão significa é que os portugueses ainda tentam engravidar no espaço recolhido do lar, a bem da conservação da privacidade e, claro, através do único método que é conhecido por cá. Lá por fora já ninguém engravida assim. Que privacidade, que quê!? No estrangeiro, para se engravidar põe-se a boca no trombone e pronto.

Dois erros em vez de um só

Pedro Correia, 16.02.12

A elaboração de notícias com recurso a fontes não identificadas, sobretudo quando visam terceiros a quem não é dada a possibilidade de se defenderem ou justificarem, é uma grave falta profissional: esta norma vem mencionada em qualquer manual de jornalismo. Admite-se, naturalmente, a existência de excepções. Mas a natureza das excepções é mesmo esta: não se confundirem com a regra.

Vem isto a propósito de uma notícia da Lusa, redigida sem menção a qualquer fonte, com suspeições graves sobre Domingos Paciência. Não posso, não quero nem devo pronunciar-me sobre o fundo da questão. Mas espanto-me que a agência noticiosa, ao arrepio do seu livro de estilo, tenha caído neste vício de forma.

O meu espanto aumentou ao saber hoje que a Lusa pretende emendar o erro cometido com outro ainda mais grave ameaçando revelar as fontes da referida notícia. E utilizo o plural porque não me passa pela cabeça que a agência tenha difundido a informação que assumiu como sua sem o necessário cruzamento de fontes imposto como requisito técnico e deontológico indispensável para a elaboração de peças noticiosas de cunho marcadamente polémico.

Se o recurso a fontes anónimas é grave nos casos em que não esteja em risco um direito elementar, nomeadamente a integridade física ou a própria vida do informador, violar a regra de ouro da protecção das fontes -- pedra basilar do jornalismo, que neste aspecto se compara ao sacerdócio -- é algo inqualificável. E sem justificação possível, mesmo sob a ameaça de um processo judicial, salvo a prevenção de um crime -- eis também aqui a excepção que não deve elevar-se a norma.

O erro não foi das fontes: foi da Lusa. Ora um erro não se repara, em circunstância alguma, com outro erro. Este princípio vale para qualquer caso, em qualquer circunstância. E é bom que seja afirmado sem sombra de ambiguidade.

Publicado também aqui

Para acabar de vez com a cultura?

Ana Vidal, 11.01.12

Não é que eu esperasse muito da Lusa, mas aqui está mais uma prova de como os critérios editoriais têm vindo a mudar em Portugal nos últimos anos. Admito, por razões orçamentais, que sejam fundidas as secções "lusofonia" e "internacional" numa única editoria, mas que se extinga liminarmente a de "cultura", passando os seus elementos para a de "sociedade", diz tudo sobre o que é realmente importante para quem escolhe as notícias que nos faz chegar. Espera-nos, provavelmente, uma cultura cor-de-rosa.

 

Uma sociedade que desvaloriza a cultura - a sua e a dos outros - não vai longe, nunca. 

 

Nota: Woody, passo a vida a citar-te. Desculpa lá o abuso.

Portugal já está a mudar (17)

Sérgio de Almeida Correia, 08.08.11

"O conselho de administração da agência Lusa decidiu não renovar o contrato com o seu correspondente em Paris, o jornalista Pedro Rosa Mendes. A decisão foi tomada na terça-feira, após uma reunião entre o ministro com a tutela da comunicação social, Miguel Relvas, e o presidente da Lusa, Afonso Camões." - Expresso, 6 de Agosto de 2011

O esquecimento

João Carvalho, 02.08.11

«Bares vazios devido ao mau tempo» — noticia a Lusa. «Os concessionários dos bares de praia da Costa da Caparica garantem “nunca ter visto” meses de Verão assim». «O presidente da associação de concessionários, João Carreira, declarou à agência Lusa que “este é um dos piores Verões de que há memória”» e «que “tem sido um ano muito mau para quem tem negócios na praia”».

O que a Lusa se esqueceu de indagar é onde andarão as pessoas a gastar o dinheiro todo que lhes sobra e que estava destinado a ser gasto abundantemente nos bares de praia da Costa da Caparica...

Não acredito na Lusa

João Carvalho, 03.06.11

Nesta notícia da Lusa, leio que o presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses teria dito que «a comunicação social não pode e os jornalistas não devem querer substituírem-se aos tribunais». Não acredito na Lusa, porque sei que António Martins fala em português escorreito. Era bom que a agência começasse a mostrar mais respeito pelas pessoas que refere.

 

Nesta outra notícia da Lusa, fico a saber que Passos Coelho subiu o Chiado "acompanhado por figuras do partido como Manuela Ferreira Leite, Paula Teixeira da Cruz ou Mota Pinto». Não acredito na Lusa, a menos que o repórter fosse ceguinho: terá ele ficado sem saber se viu Manuela Ferreira Leite, Paula Teixeira da Cruz ou Mota Pinto, ou será que ele viu Manuela Ferreira Leite, Paula Teixeira da Cruz e Mota Pinto?

 

Vão aprender a escrever. E privatizem essa Lusa, que nos custa mais impostos do que merece só para ser o bem-bom de uns quantos.

Revelações

João Carvalho, 16.04.11

«O ministro das Finanças está hoje em Washington onde deverá ter encontros com responsáveis do FMI, no qual se poderá incluir o diretor-geral Dominique Strauss-Kahn — revelou à Lusa fonte próxima da embaixada portuguesa» e revelou ao País a Lusa.

Para revelar que Teixeira dos Santos talvez vá encontrar-se com responsáveis do FMI em Washington, o melhor que a Lusa consegue arranjar é uma fonte próxima da nossa embaixada? Ao menos, podia dizer-nos se é uma fonte no mesmo quarteirão da embaixada ou alguma fonte que fique perto dos EUA, visto que os portugueses têm particular apreço por fontanários.

Se o ridículo pagasse imposto, a Lusa bastaria para Teixeira dos Santos não ter de ir ao FMI.

E como vamos de abrantices?

João Carvalho, 07.02.11

As coisas que a Lusa descobre: 37 por cento dos internautas portugueses já foram vítimas de um ataque de vírus informáticos, quando a média europeia é de 31 por cento, embora 86 por cento dos internautas portugueses utilizem software de protecção (anti-vírus ou firewall), quando a média de europeus protegidos é de 84 por cento. Era bom saber o que é que pode explicar esta desagradável desproporção. Será que a Lusa poderia apurar os motivos da nossa insegurança informática ao ainda ministro da Administração Interna? Palpita-me que os novos anti-vírus e firewalls encomendados não chegaram a tempo...

Já agora, também era importante divulgar os dados nacionais sobre os ataques abrantinos a blogues, face à média europeia de Abrantes atacantes.

Pérolas da agência Lusa

Pedro Correia, 24.01.11

1. «Entre os estreantes na corrida, Fernando Lopes teve o 'pódio' em Lagos (Faro) com 21,13 por cento e o pior resultado percentual no concelho do arquipélago da Madeira de Porto Moniz (03,06 por cento). Os votos no comunista Fernando Nobre atingiram a maior percentagem em Avis (Portalegre), com 44,16 por cento, e a menor no concelho madeirense da Calheta (0,90 por cento).»

'Notícia' das 6.16

 

2. «Nas eleições presidenciais de domingo, Cavaco Silva foi reeleito Presidente da República com 52.94 por cento dos votos, com o candidato do PCP, Francisco Lopes, a ficar em terceiro lugar, atrás de Manuel Alegre. Alegre obteve 19.75 por cento dos votos, Fernando Nobre 14.1, Francisco Lopes 7.14,José Coelho 4.5 e Defensor Moura 1.57.»

'Notícia' das 15.33

Fidel é o líder turco

Pedro Correia, 05.04.09

 

A Lusa - paradigma da qualidade informativa, segundo o ministro que a tutela, Augusto Santos Silva - está cada vez melhor. Chama "líder cubano" a Fidel Castro, retirado do poder desde 19 de Fevereiro de 2008, e "capital da Turquia" a Istambul, riscando Ancara do mapa.

Ficam os parágrafos na íntegra, para se apreciar melhor.

 

4 de Abril, 16.40. "O segundo fórum da Aliança de Civilizações arranca segunda-feira em Istambul com a expectativa de importantes iniciativas ao nível da cooperação internacional e do diálogo inter-cultural e inter-religioso.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, os primeiros-ministros turco, Recep Tayyip Erdogan, e espanhol, José Luis Rodrigues Zapatero, e o Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações e antigo Presidente português, Jorge Sampaio, têm presença confirmada no fórum, que decorrerá até terça-feira na capital turca."

5 de Abril, 14.01. "O líder cubano Fidel Castro considera que são "inadmissíveis" muitas das propostas constantes no projecto de declaração da Cimeira das Américas, marcada para de 17 a 19 deste mês na Trindade e Tobago."

 

Outros méritos da agência noticiosa oficial são a constante inovação lexical e o irrepreensível tratamento gramatical das frases, características bem evidentes neste título de notícia:

 

4 de Abril, 16.40. "Presidente Hamid Karzai comprometeu-se em revisar lei polémica".

 

Um verdadeiro primor. Se tivessem escrito que Fidel é líder turco ainda seria melhor. Chegou a altura de "revisarmos" todos os nossos conhecimentos de história e geografia.