Oportunidade perdida
A política é um jogo de percepções e de expectativas. Se bem ou mal, diz-nos o célebre secretário florentino que pouco importa. Foi assim no passado, é assim no presente e tudo indica que será assim no futuro. Por isso, foi errada a postura do PSD e do CDS quando chumbaram o voto de condenação a Angola pela prisão de 17 activistas.
O chumbo foi errado porque PSD e CDS colocaram-se assim, ainda que inadvertidamente, do lado errado do quadro de princípios. Foi errado porque, como aqui se defende, a aprovação do texto do PS não implicava grandes custos políticos. E sobretudo foi errado por ser uma oportunidade perdida. Num momento em que temos um governo apoiado por dois partidos inenarráveis – um que vê em Cuba e na Coreia do Norte regimes respeitáveis e outro que namorou a esquerda abertzale pró-etarra, entre outros movimentos igualmente pouco edificantes –, o PSD e o CDS perderam uma excelente oportunidade para se diferenciarem ainda mais e, dessa forma, adquirirem respeitabilidade extra e capital político reforçado. A continuar assim, PS e BE ainda acabarão como preceptores morais do regime, o que equivale necessariamente a remetê-lo para um lugar sinistro.