Emoções #7
A lua
Oh lua, oh luar
Aqui tens o meu menino
Ajuda-me a criar
Tu que és mãe
Eu que sou ama
Tu que o crias
Eu que lhe dou mama
Repetia a Avó Júlia, com o meu irmão no colo, janela aberta para o Tejo, numa noite fria de Novembro, um céu estrelado e uma lua farta, imensa, que jorrava uma luz gateada de um veludo empalidecido. Era um momento solene aquele em que, seguindo ritos pagãos milenares, se oferecia em segredo o bebé à lua, deusa e mãe fonte de vida, para que pudesse medrar sob a sua protecção.
Lembro-me de querer entrar e a Avó Adelaide me dizer que não, que só podemos ver, longe e em silêncio. Porquê? Perguntei eu. Porque é magia, disse a minha avó, e o homem que lá está com um molho de silvas às costas a olhar para nós, pode ficar zangado.
Durante muitos anos fiz sempre adeus à lua, para que o homem das silvas me visse e não se zangasse comigo.
Observar a lua é uma emoção.
Fotografar a lua é emocionante.
Tenho centos de fotos de todas as fases em diferentes horas do dia e dos contrastes de luz em que se apresenta.
Eu nasci na mudança da lua. Os meus irmãos, as minhas filhas e os meus netos também. Estar com a lua ou andar aluada são estados normais.
Pode parecer cliché, mas é emocionante, empolgante e emotivo poder sentar-me numa praia escura e ver a lua, altiva no seu perigeu espelhar-se no mar e espraiar gotas de luz na crista de cada onda.
Hoje vou fazer serão.