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Delito de Opinião

Memórias da revolução

Cristina Torrão, 06.06.24

Tive esta ideia de escrever sobre o 25 de Abril através dos olhos de uma criança. Estava eu, na altura, a três meses de completar os nove anos e escuso de referir o impacto causado na minha vida e na da minha família.

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Não sei se A Revolução da Verónica transmite fielmente os acontecimentos. Afinal, já decorreram cinquenta anos e é sabido o tempo lançar-nos algumas armadilhas. Costuma dizer-se que não recordamos aquilo que se passou, mas o que julgamos ter-se passado. Por isso, a miúda protagonista não leva o meu nome. Porém, entre memórias, armadilhas e alguma ficção, penso que estas páginas transmitem a essência das vivências de uma criança e do esforço de adaptação aos novos tempos, surgidos, literalmente, da noite para o dia.

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A Revolução da Verónica abrange o período entre 1973 e 1975. Não podia faltar o Verão, de facto, quente, em que completei os dez anos e em que fui, pela primeira vez, ao Algarve e a Lisboa. Nem tão-pouco podia faltar o "Outono Quente", do Norte. Afinal, vivíamos paredes meias com o RASP, em Vila Nova de Gaia. Sei, de facto, o que é estar em casa e ouvir rajadas de G3, a menos de cinquenta metros de distância, consequência da troca de galhardetes entre as forças enviadas por Pires Veloso e os SUV, infiltrados no quartel.

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O livro inclui ainda um pequeno conto, A Festa da Revolução, esse sim, ficção pura. Além de referir o lado folclórico do 25 de Abril, centra-se nas vivências de uma adolescente da altura e nas consequências catastróficas, trinta anos mais tarde, geradas no contraste entre a mentalidade antiga e a mudança repentina.

A Revolução da Verónica está à venda na Feira do Livro de Lisboa, nos stands C19 e C20 (Dinalivro). Se ficaram curiosos e passarem por lá, talvez até peguem no livro, a fim de decidirem se o compram, ou não. Declaro-me, desde já, agradecida por esse simples gesto.

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Nota: A Revolução da Verónica está igualmente à venda na livraria UNICEPE, na Praça de Carlos Alberto, no Porto.

Fazer o papel de Deus

Alexandre Guerra, 03.08.17

Um homem, uma mulher... Um casal quer ter um filho, mas um deles tem uma doença crónica hereditária, ou seja, uma deformação genética que vai passando de geração em geração. São inúmeras as doenças e os dramas... Mas, imagine-se que, numa espécie de milagre da Criação, os cientistas arranjam forma de reprogramar o ADN do embrião do tão esperado filho. E uma criança que, muito provavelmente, poderia "herdar" a doença dos progenitores tem agora pela frente toda uma vida saudável. Foi o advento dessa revolução biotecnológia que a revista Nature ontem anunciou. Qual é a questão disruptiva em tudo isto? É que, para muitos, o papel de Deus está reservado apenas ao próprio.

 

PS: Já agora, e passando a auto-promoção, recupero um post do Pedro Correia no qual, simpaticamente, recomendou o meu livro lançado em Novembro passado, que, precisamente, aborda estas temáticas.

Sobre o livro de Cavaco

Rui Rocha, 18.02.17

Considero o timing e o conteúdo (li em diagonal, saltando de capítulo para capítulo) no mínimo questionáveis. Desde logo, porque nada acrescenta à imagem daquele que parece ser o seu alvo principal. José Sócrates é um trambiqueiro volúvel, manipulador, irascível e perigoso? Obrigado, já sabíamos. Mas, sobretudo, porque é do senso comum que uma troca de argumentos com Sócrates é mergulhar na lama e só serve para dar palco a um cadáver político. Nestes casos, vale sempre a pena ter em atenção o conselho de Mark Twain: nunca discutas com um cretino; ele arrasta-te até ao nível dele e depois vence-te em experiência.

Trecho Para Um Livro Que Nunca Vou Escrever

Francisca Prieto, 02.02.16

Nos dias em que me faltas, ponho-me a parlapatar contigo na beirada da cozinha, como se estivesses aqui. Não te deixo descansar de tanto te querer dizer coisas. E tu a dizeres-me estou no Panamá, mulher, deixa-me estar sossegado. E eu na cegarrega, que gosto de ti, que queria era que estivesses aqui comigo, não era no Panamá, que é um país lá do outro lado do mundo, onde eu não chego, onde não te consigo tapar com um cobertor e dizer-te segredos ao ouvido.

Para o Panamá tenho de te berrar segredos que toda a gente fica a saber, que deixam de ser segredos de tanto serem gritados.

O Panamá é um país com nome de chapéu pindérico. Preferia que tivesses ido para o Peru, que sempre é um país com nome de almoço de Natal.