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Delito de Opinião

Livre perde em Portugal mas ganha na Holanda, na Dinamarca e na Polónia

Pedro Correia, 10.06.24

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Rui Tavares nunca faz a coisa por menos: quer ser sempre o primeiro a aparecer. Na televisão.

Eram 20.30 de ontem, a contagem dos votos nem a meio ia, e já ele pontificava nas pantalhas, ladeado pela actual porta-voz do seu partido. Ela com ar eufórico, batendo palmas sabe-se lá a quê.

«Francisco Paupério será o primeiro deputado europeu do Livre. As probabilidades são francamente boas.» Assim falou o mentor do partido, que chegou a ter assento no Parlamento Europeu entre 2009 e 2014, mas eleito pelo Bloco de Esquerda - com o qual não tardou a romper.

 

Entusiasmado com a própria oratória, e para não desperdiçar tempo de antena, lembrou-se de reivindicar como suas as vitórias eleitorais de outros partidos que concorriam noutros países: «Ganhámos esta semana nos Países Baixos, ganhámos na Dinamarca e acabou de sair a notícia de que a coligação cívica integrada pelos verdes polacos ganhou na Polónia.»

Que político europeu não adoraria ter tamanho toque de Midas e tão assombroso dom da ubiquidade?

 

Só um pormenor atrapalhou esta narrativa. Afinal Paupério não emigra para Bruxelas: faltaram-lhe votos para tal. Pode agradecer a Tavares, que passou mais de meia campanha ausente, sem lhe manifestar apoio. Como se aquilo nada fosse com ele.

Primeiro a aparecer nas televisões, último a comparecer na estrada. Camaradagem de baixa intensidade. Francisco Louçã e Joacine Katar Moreira sabem muito bem o que isso é.

Eleições europeias

jpt, 24.04.24

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1. Nas próximas eleições europeias repetirei a opção que fiz nas últimas eleições - é a ressalva para situar este postal. 

2. Os partidos vêm apresentando as suas listas de candidatos. Imprensa e cidadãos optam não tanto por vasculhar os róis de candidatos e talvez ainda menos as propostas eurocentradas dos partidos - os ditos "programas eleitorais" e, mais relevantes, os fluxos de posições sobre a "Europa" que cada partido vem assumindo. E preferem centrar-se nos nomes sonantes apresentados e, principalmente, nos cabecilhas das candidaturas. 

Não é espúria essa atenção nos nomes cimeiros, pois podem ter significado político. O anúncio que Moreira de Sá é "lugar-tenente" (segundo na lista) do CHEGA indiciará algo - como aqui aflorei: dentro do PSD há uma corrente ("passista", se se quiser o facilitismo) que pugna por  uma conjugação com a direita "profunda". E o processo de escolha do cabecilha do LIVRE - o partido parlamentar que mais cresceu nas últimas eleições - também é relevante, pois denotativo do carácter "sonso" (demagógico, entenda-se) do partido celebrizado pela ex-deputada Katar Moreira, o qual se vem apresentando como "o primeiro partido de esquerda que não vem do marxismo", como há algum tempo ronronava o militante Sá Fernandes, ex-candidato do MDP/CDE.

Também é significativa a opção do ADN, partido que mais cresceu nas últimas eleições - porventura devido à remanescente iliteracia popular, a causar ter o partido octuplicado a sua votação. Ao escolher a protuberante Joana Amaral Dias aquele partido garante alguma atenção popular (ela própria recordou que o eleitorado a reconhecer por já a ter visto "de biquini"). E assim afronta não só as acusações de recolher votos "distraídos" desconhecedores, mas também as acusações de "misoginia" que lhe foram endereçadas pelo activista Mamadu Ba.

Mas convém lembrar que a hierarquia dos candidatos nem sempre explicita a sua importância para os partidos proponentes, pode derivar apenas de estratégia ("comercialização") política ou de cosmética. E recordo que nas últimas eleições o PS deixou no topo da sua lista os antigos ministros socratistas Pedro Marques e Maria Manuel Leitão Marques, indiciando serem os nomes com maior peso político. Mas depois fez eleger Silva Pereira (o braço-direito de Sócrates) como vice-presidente do PE, ainda que ele tivesse sido (apenas) o terceiro da sua lista, demonstrando assim que era ele, afinal, o mais relevante candidato. 

3. O nome que mais polémica causa é o de Bugalho, o indicado para a encabeçar a lista do PSD - partido que vem seguindo o paradigma PCP, o de se apresentar como "coligação" CDU agregando-se a irrelevâncias políticas. Eu sorrio com este desejo patente em Montenegro: afirmar-se como o Frederico Varandas da política, arriscando um "all-in" na contratação de um putativo novo Rúben Amorim.

Mas é notória a reacção negativa a este nome, desde a direita "profunda" à esquerda: nos murais de Facebook (inclusive de responsáveis de altos institutos estatais) abundam as acusações de que o nóvel candidato apenas procura "tacho" - o "são todos iguais" reina -, e os gozos com o seu apelido. É o tom "CHEGA" a entrar no domínio dos "quadros" intelectuais e a demontrar-se no ambiente PCP e circundantes... E, em tom mais curial, as acusações de que os seus comentários políticos estavam sobredeterminados por uma agenda pessoal (como se fosse caso único...). Sobram ainda acusações à "transferência" de um jornalista para a "política", algo interessante por um feixe de razões: 1) o homem não é exactamente jornalista, é "comentador" (comentadeiro, melhor termo para a viçosa actividade); 2) os jornalistas não são militares, não lhes está vedada a actividade partidária e, ainda menos, eleitoral; 3) a transumância, explícita e implícita, entre "jornalismo" e "política" é constante.

Mas o caso mais interessante é o da opção do PS, encabeçando-se com Marta Temido. Surpreende um pouco pois é consabido o estado deslizante dos serviços estatais de Saúde. Desde há anos (na era pré-COVID, para ser explícito) que os profissionais do ramo consideravam ser ela uma má ministra da Saúde - mesmo que não reduzissem os problemas do SNS à acção da ministra ou a questões estritamente contemporâneas. No período do COVID a ministra tornou-se muito visível - até simpática para muitos, pois presença quotidiana na tv e dotada de "boa imagem". Nisso fazendo esquecer a atrapalhação do Estado (não só dela mas também dela) nos meses precedentes à vaga no país, e obscurecendo a sua incapacidade real de induzir adequações gerais nos serviços durante a pandemia. Fazendo esquecer a sua participação durante 2020 e 2021 no fluxo de erráticas decisões governamentais relativas aos constrangimentos à mobilidade populacional (e ilustro isso com aquele episódio tétrico de ridículo do "Natal com compota caseira"). 

Todos fizemos por esquecer isso, essa irrazão governamental (e presidencial), que teve Temido como um dos dínamos fundamentais. E todos querem esquecer que em finais de Janeiro de 2021 Portugal se tornou por mais de uma semana o pior país do mundo - em termos absolutos - em infecções e mortos diários. Independentemente dos vírus não obedecerem aos ditames governamentais, isso bem mostrava a atrapalhação que reinava no governo.

Convém ilustrar a situação - para além das afinal sempre argumentáveis estatísticas: cerca de um mês depois daquela tétrico pico português grassou um terrível surto de COVID na gigantesca Índia, que encheu as notícias internacionais. Na TV o comentador (já agora, antigo jornalista e antigo político) Paulo Portas referiu-se à "catástrofe indiana". E na Índia havia 11 vezes mais mortos diários do que houvera em Portugal naquele final de Janeiro de 21, após os atrapalhados ziguezagues governamentais do segundo semestre de 2020. 11 vezes mais mortos diários, numa população 140 vezes maior. E era uma "catástrofe"...

Naquele pico que nos alcandorou ao pior lugar na luta contra o COVID, Temido foi entrevistada na RTP. E respondeu desabridamente às difíceis questões que lhe foram postas. Logo Morgado Fernandes - um antigo jornalista que passou a trabalhar na política, decisão que lhe é perfeitamente legítima, já agora - a apodou de "Super-Marta", dada a rispidez demonstrada diante da comunicação social. E nesse seu "Super-Marta"! teve um enorme sucesso, o epíteto generalizou-se. Apesar da tétrica realidade.

Depois veio o processo de vacinação. Sob tutela de Temido logo se encetaram os desmandos: importantes líderes do PS, autarcas do PS (e não só, e não só...) de imediato trataram de vacinar os seus "entes queridos", torpedeando a confiança da população no difícil mas urgente processo. E ainda depois, cruzada a era Covid, agudizou-se a situação do SNS. Temido, a tal Super-Marta, saiu do governo.

E agora, anos passados, e após Santos ter anunciado - na noite da derrota eleitoral - que iria "renovar os quadros do partido", Temido, qual Super-Marta, é escolhida para encabeçar a lista nacional de candidatos do PS. A "narrativa" vinga. Apesar da realidade que foi o passado.

E os adeptos do PS? E os seus parceiros, aqueles da velha geringonça? Entretêm-se a gozar com os "alhos e os bugalhos". Sem pudor? Não. Sem pingo de Razão.

 

Livre, para mudar as regras a meio do jogo

Paulo Sousa, 18.04.24

Rui Tavares, que cada vez mais me parece o maior sonso da política portuguesa, avança aos ombros de gigantes. Seguindo a melhor tradição da esquerda, decidiu recalibrar as regras que definiriam a escolha do seu cabeça de lista para as próximas eleições europeias.

O assunto está bem explicado aqui, mas do que gostei mesmo foi desta foto que roubei no X.

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«Atenta às questões dos trabalhadores»

Legislativas 2024 (12)

Pedro Correia, 28.02.24

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Nada mais conveniente, para os partidos com fraquíssima representação parlamentar, do que integrar manifestações alheias para aparecerem na fotografia, fingindo que os poucos afinal são muitos. Consultar a agenda diária de manifestações e colar-se a elas: eis uma forma fácil e expedita de fazer política.

Nestes dias iniciais de campanha eleitoral das legislativas de 2024 o campeão desta chico-espertice tem sido Rui Tavares. No sábado conseguiu aparecer um par de vezes nos telediários integrando-se em duas concentrações populares em Lisboa: uma no Rossio, de repúdio pelos dois anos de agressão da Rússia à Ucrânia; outra na marcha contra o racismo e a xenofobia, na Alameda D. Afonso Henriques. 

Exibiu-se em qualquer dos eventos, transmitindo assim a mensagem subliminar de que toda aquela gente apoia o Livre. 

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A mesma táctica tem vindo a ser seguida por dois outros partidos muito carentes de votos: o PCP e o Bloco de Esquerda.

Aproveitando um protesto dos trabalhadores da empresa multinacional Teleperfomance, também em Lisboa, Paulo Raimundo e Mariana Mortágua surgiram na primeira fila. Com a certeza de que picariam o ponto nos noticiários da noite.

O secretário-geral do PCP lá se ajeitou com o megafone para debitar banalidades, proclamando-se «solidário» com os trabalhadores. A porta-voz do Bloco nem necessitou de megafone, sem ficar atrás do comunista ali na caça ao voto. 

A diligente repórter da RTP deu uma ajudinha. Dizendo isto: «Porque é ao lado dos trabalhadores que o Bloco quer estar.» Enquanto mostrava a bloquista enxugando uma furtiva lágrima de comoção. E culminou a peça desta forma: «Atenta às questões dos trabalhadores, Mariana Mortágua promete que as condições dignas de trabalho vão estar num entendimento à esquerda pós-eleições.»

Linguagem carregada de tintas épicas: pedia sonorização a condizer. Pena não se terem escutado os acordes d' A Internacional. Até a mim daria vontade de chorar.

Não havia nexexidade!

Paulo Sousa, 16.02.24

Se tivesse de seleccionar alguém para dar corpo ao memorável personagem do Diácono Remédios, eu escolheria o Rui Tavares. No debate com Rui Rocha, dias atrás, há um momento em que ele reage com surpresa e levanta as sobrancelhas de uma forma que imediatamente me fez lembrar esse personagem do Herman José.

A esquerda que o Livre tenta representar esbanja um rigor moral tão sólido que causaria frémitos a qualquer beata. A única flexibilidade que apresenta respeita à possibilidade de se poder coligar com o PS. Em tudo o resto emana um brio de uma luz espessa que, qual candeia a queimar azeite, ilumina o futuro dos urbanitas que aspiram a estar de bem consigo mesmo. O facto de o Livre, tal e qual o Chega, nunca ter ultrapassado a fórmula one man show será apenas infeliz coincidência.

Chegaram-me ao écran algumas fotos do Rui Tavares à porta da escola com um seu descendente (?) ao colo, que julgo ser uma menina. Não estivesse salvaguardada a imagem do rosto da criança e nunca este postal veria a luz do dia. Poderão perguntar se faz sentido tornar pública uma parcela da vida de uma figura pública, e essa é uma questão pertinente. Coloquei-a a mim mesmo antes de publicar estas linhas e concluí que, dado o contexto, faz sentido.

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As fotos vinham acompanhadas do nome da escola, mas antes de as publicar quis certificar-me disso. No site De Zeen dedicado a arquitectura, este edifício mereceu um artigo com diversas fotos de onde é possível confirmar que o local é o mesmo. Nas fotos acima, o Rui Tavares está realmente com uma criança ao colo na Redbridge School, em Campo de Ourique.

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Talvez a criança que tem ao colo seja filha da senhora da limpeza, ele é tão apologista de salários elevados que nunca se sabe. Pode até ser uma incrível coincidência, mas na hipótese de um descendente de Rui Tavares, que enche a boca tão cheia a defender a escola pública, frequentar uma escola internacional privada, confirma o potencial do líder do Livre para ser o escolhido num casting para o Diácono Remédios. Parece que o estou a ver a mostrar um cartão vermelho às escolas com contrato de associação (que estão muitos furos abaixo da Redbridge School) e a dizer: “Não havia nexexidade! Qualquer dia, ezze, ainda põem os filhos na Redbridge School, ezze, ezze.”

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PS: Acho óptimo que ele, e todos os portugueses, possam escolher a escola que os seus filhos frequentam, mas o mais provável é mesmo a criança ser da senhora da limpeza.

Sob o signo do Cupido

Legislativas 2024 (5)

Pedro Correia, 09.02.24

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Mariana Mortágua e Rui Tavares "debateram" ontem na SIC Notícias. Debate é força de expressão: parecia antes um rendez vous, tantas foram as miradas enternecidas que dirigiram um ao outro. E as frases plenas de concórdia, harmonia e fraternidade universal. Nem houve um sussurro crítico ao PS.

«Temos objectivos comuns», sublinhava o porta-voz do Livre. «Temos diagnósticos comuns», afiançava em coro a coordenadora do Bloco de Esquerda. Como se estes dois partidos pudessem fundir-se a qualquer momento.

Esperava-se um frente-a-frente, saiu um tête-à-tête. Sob o signo do Cupido, talvez por estar tão próximo o Dia dos Namorados. Entre Mariana Tavares e Rui Mortágua. Amor é cego e vê, como diz o verso da canção. Coisa mais linda não há.

Com o Irão?

jpt, 28.09.22

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Há dias aqui deixei ligação à minha análise do Chéquia-Portugal (0-4): na qual me limitei a expressar a minha estupefacção pela ausência de uma acção simbólica dos jogadores em solidariedade para com Mahsa Amini, a iraniana assassinada pela polícia por não cobrir devidamente os cabelos, e para com os inúmeros iranianos entretanto assassinados nos protestos subsequentes. Tal como referi algum espanto pelo silêncio do jornal da SONAE, carregado de identitaristas activistas, bem como dos sempre tão solidários em causas anti-americanas BE e LIVRE, que não se aprestaram à mobilização de arruadas contra estes factos. Em parte é compreensível, consabida que é a soez hipocrisia destes esquerdistas de "campus" e avenças... Mas o mesmo não se esperaria dos nossos jogadores, lestos a ajoelhar-se por uma morte masculina americana, mas agora prontos a encolher os ombros diante de inúmeras mortes iranianas. Por isso titulei o postal com um "O Futebol Não É Para Mulheres!".
 
Fica agora a notícia que os jogadores da selecção do Irão têm a coragem de afrontar a sua vil ditadura, simbolicamente usando casacos negros sobre o equipamento. Está dado o mote - não a@s esquerdalh@s lus@s, que continuam algo silenciosos face a estas ocorrências, encerrados na sua vilania de prosápia identitarista. Mas sim aos jogadores da bola... 

Um assassinato

jpt, 23.03.22

Um assassinato é ainda mais doloroso quando incide sobre um jovem. E manda a decência que haja algum recato, não se instrumentalizando o drama familiar para proveitos ou derivas retóricas. Ainda assim noto que o recente assassinato do jovem agente policial em Lisboa, em plena via pública, não colheu qualquer comentário do Bloco de Esquerda nem do partido LIVRE, habitualmente muito loquazes sobre matérias similares, e ágeis em extrapolações generalizadoras.

Queda Livre

Pedro Correia, 30.09.21

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Alguns conseguem somar quando se juntam a outras siglas. O Livre confirmou nestas autárquicas que faz ao contrário: subtrai, não adiciona. E quando entra em cena o seu fundador, Rui Tavares, isso ainda se torna mais nítido. Coligado com Fernando Medina em Lisboa, garantindo um lugar na vereação logo à partida, contribuiu de modo inequívoco para a estrondosa queda do PS na capital.

O Crime no Aeroporto da Portela

jpt, 13.12.20

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Durante estes longos meses nem o presidente Sousa - no seu histrionismo "camp", sempre ávido de roçagar cidadãos e assuntos - abordou o assassinato estatal de Ihor Homeniuk, apesar do seu hábito em comentar investigações judiciais em curso. Ou fez mera menção solidária junto da família vitimada, ele que tão lesto é em abraços e beijos, e mesmo não se coíbe em telefonemas saudando estreias de programas televisivos, nisso abrindo (publicitárias) excepções.

O MNE Silva diz que contactou a embaixada ucraniana, do modo "habitual nestes casos", como se haja "habitual" para uma situação destas. O ministro Cabrita - cujo presença no governo, e na Administração Interna ainda por cima, é, e muito para além deste caso, o sinal da total amoralidade do actual poder - diz de si próprio que é exemplar (e o ministro Silva sublinha-o). A Assembleia da República leva nove meses a convocá-lo para que fale sobre um horror destes. Nove!, decerto que com desculpas formalistas - pois diante de um escândalo destes o inenarrável Rodrigues não se importa de andar mascarado de formalista. Entretanto, a directora do SEF, Gatões, esteve oito meses calada e a primeira vez que falou - sobre um assassínio cometido em grupo pelos seus funcionários no aeroporto da Portela - usou máscara diante das cameras dos jornalistas, demonstrando total insensibilidade, até simbólica (E parece que segue para quadro diplomático bem pago, isto é um ultraje ...). E é agora demitida, nem sequer teve a dignidade de se demitir, nove meses após este horror ...

Foi então noticiado que um médico acompanhou as sevícias cometidas, na própria sala de médicos: a Ordem dos Médicos pronunciou-se? Nada, que eu saiba .... A família pagou o retorno à Ucrânia do assassinado - nem uma igreja, católica ou outra, nem uma ong, nem uma organização assistencialista, nem um filantropo, nem uma dessas "fundações" das grandes empresas ou dos grandes escritórios de advogados-comentadores televisivos, se disponibilizou para colmatar a imoralidade estatal. Mas agora, de repente, pois "investigação terminada", "botão de pânico" proposto, muitos uivam e bramem. E leio mesmo que, também, os esquerdalhos do costume invectivam o silêncio, o do "governo" (desfeita que vai a geringonça) e o da "direita". Este desgraçado caso mostra o descalabro generalizado em que seguimos.

Em início de Junho 2020 muito me irritei com a pantomina histérica, desonesta e demagógica, que correu em Portugal devido à morte de um americano em Minnesota. Abjecto desatino geral, esse de andarem por aí aos guinchos, abanando os rabos e as mamas, por causa da morte americana enquanto nada se dizia sobre o que se passara na Portela de Sacavém. Que gentalha, servos dos sôfregos demagogos socratistas, de vestes "sociais-democratas", no gargarejo da "causa" racialista. É certo que Moreira levantara o assunto em Abril. Mas sem a ênfase nem a indignação que lhe é constante aquando cheira a "raça".

Muito me irritou tudo isso e por isso escrevi sobre Ihor Homeniuk - ou seja, também o fiz apenas de modo reactivo, e como tal não sigo cidadão eticamente incólume com tudo isto. Então googlei em busca da grafia correcta do nome do assassinado. E tirando textos noticiosos daquele Março/Abril quase nada mais se encontrava. De tal forma isso me surpreendeu que fui até à página 3 da "busca google", para sedimentar a apreensão do silêncio social. Depois de eu blogar (no meu Nenhures e no colectivo Delito de Opinião) surgiram outros textos, um pouco na mesma linha (reactiva) de reflexão - um dos quais de Zita Seabra (publicado no mesmo dia), de outros autores não me recordo.  Não me venho armar em "influencer" ou em precursor ou "consciência". Sou só um bloguista desconhecido - um bocadinho lido porque publico no Delito de Opinião que ainda tem audiências. Não estou a dizer que tive qualquer primazia. O que quero assinalar é que tendo escrito no 1 de Junho um texto sobre esta situação encontrei, reflectido na internet (imprensa/redes sociais), um generalizado silêncio, quase universal, sobre este inenarrável assassinato.

Ou seja, é o ministro Cabrita execrável? É! O ministro Silva é melífluo? É! O presidente Sousa é o presidente Sousa, agora em crassa mentira? Ui, se o é! O SEF será irrecuperável? Sim. O silencioso médico que tudo testemunhou deveria ser empalado? Sim. A dra. Gatões deve ir para a prateleira e não para Londres? Óbvio. 

Mas, e sem qualquer dúvida, precisamos do agora célebre "botão de pânico". Não por causa dos tipos do SEF. Mas para nos defendermos de nós-próprios. Que gente somos!

A superioridade moral dos "pós-marxistas"

jpt, 20.11.20

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A monumental cacetada televisiva que Sérgio Sousa Pinto decidiu dar em Rui Tavares, antigo deputado do Bloco de Esquerda e agora líder do "Livre" - aquele partido que o advogado Sá Fernandes, ex-candidato do MDP/CDE, reclamou como o primeiro partido de esquerda que "não vem do marxismo" (qu'isto não há limites ...) - tem dado para rir, em particular pela sonsice patenteada por Tavares (ver o curto filme abaixo). Sobre isso do agora Livre, do BE e do PCP terem sido dirigidos no Parlamento Europeu por um consabido antigo informador da STASI, a temível polícia política da RDA, bem esmiuça Rui Rocha.

 

(Intervenção de Sérgio Sousa Pinto no "Grande Debate", 17.11.2020, RTP)

Mas ainda que a tal sonsice tavaresca tão mostrada possa irritar convém não esquecer uma outra coisa. É que a candidata presidencial Matias também faz parte deste pacote. Pois também ela se perfilou num grupo parlamentar capitaneado por um consabido esbirro. É, decerto, um excelente cartão de visita eleitoral.

Enfim, sobre as sempre reclamadas superioridades morais está tudo dito ...

A carta dos escritores

jpt, 20.08.20

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186 escritores e uma instituição privada assinaram uma carta aberta contra "racismo, populismo, xenofobia, homofobia, emoções induzidas", o "ataque à democracia, ao multiculturalismo, à justiça social, à tolerância, à inclusão, à igualdade entre géneros, à liberdade de expressão e ao debate aberto". Entre eles vieram em nosso socorro 4 moçambicanos, mais alguns angolanos (3?) e vários brasileiros. Uns quantos também são bloguistas. Há autores que já li, de outros nunca ouvira falar, de uns pouco ou nada gosto e a outros muito aprecio. A alguns conheço, e até há quem me seja muito próximo. O grupo é grande, muito heterogéneo, e assim é espúrio vasculhar nomes para contestar o documento (mas apetece ...) ou louvá-lo. Mas há alguns pontos do documento, dois pormenores e o fenómeno da sua recepção pública, que quero abordar. Como conversa com quem me é próximo e aquilo assinou.

1. Nesta campanha sobre "racismo" muito foi propagandeada a vigência do racismo sistémico português e do racismo de Estado (institucionalizado). Um dos documentos que mais é brandido para o afirmar é um estudo (cíclico) sobre as "representações raciais" no país - que nunca é esmiuçado pelos demagogos da "causa". E um dos factores dessas "representações racistas" (da "racialização" alheia, como agora sói dizer-se) é o "racismo cultural", curiosa expressão que firma como racista (e presumivelmente "populista, xenófobo, homofóbico, emotivo induzido" e quejandas falhas e malevolências) aqueles que julgam haver culturas melhores do que outras. Como tal vivemos num apartheid, segundo Miguel Vale de Almeida, o intelectual orgânico mais conhecido deste movimento. Só não reconhecido pelos "intelectualmente preguiçosos", como consagrou.

Com efeito, ao ler esta "carta aberta" reconheço-o, a esse "racismo cultural", vigente entre tão ilustre e empenhada comunidade. Pois quando se profere "Tais são as nossas grandes riquezas: a diversidade e a tolerância. Como o expressa a língua portuguesa, feita de aglutinação, inclusão e aceitação da diferença", é óbvio o implícito: ainda que não usando a estafada noção "lusofonia" o texto proclama uma qualquer superioridade da nossa língua, e assim da "cultura", dado que mais dada "à inclusão e aceitação da diferença" do que outras. Pois, se assim não fosse, se não houvesse essa graduação, para quê incluir este argumento? Ou seja, pode-se tirar o escritor do lusotropicalismo, mas não se tira o lusotropicalismo do escritor ... Por mais meneios retóricos a que o grupo recorra. E vão ufanos com o textito, e com a "atitude" de o terem assinado.

2. O segundo pormenor textual - e pormaior ideológico - é este melífluo naco "apelamos ... aos órgãos de justiça, que investiguem, processem e condenem os interesses económico-financeiros que se servem dos novos populismos para, a coberto da raiva e da intolerância, acentuarem as desigualdades de que sempre se sustentaram". Não fosse a desfaçatez de quem botou isto, e a "insensibilidade" (o atrevimento?) de quem o assinou, nem deveria ser necessário grande elaboração, bastaria citar para apupar. Ou seja, num país em que o Estado foi atravessado - colonizado - pelos interesses privados, em que as sucessivas crises demonstram a patrimonialização do Estado, a influência das redes nepotistas (também muito vigentes no pequeno funcionalismo, do qual tantos destes escritores são [semi-]dependentes), e em que os obstáculos ao escrutínio judicial destes processos são conduzidos pelas elites políticas, o que afirmam os escritores portugueses e os seus colegas estrangeiros? Que "os interesses económico-financeiros" se servem dos "novos populismos", assim deixando de fora a efectiva perversão do regime democrático levada a cabo por partidos e políticos do quais tantos deles (escritores) são apoiantes. É preciso lata ... [já te estou a imaginar, "não é isso que queremos dizer!". E eu respondo-te: mas é isso que dizes!]. 

3. Nas últimas eleições o partido Livre elegeu uma deputada em Lisboa, com votos nas freguesias da burguesia. O partido Chega elegeu um outro deputado, muito assente no facto do candidato ser painelista da bola, e do Benfica. Teve menos votos do que a lotação do estádio da Luz. E o Livre menos do que a de Alvalade, já agora. No último ano tem sido um festival de demagogia. E os dois núcleos demagogos, num vil frenesim, ocuparam a cena política. Alimentam-se mutuamente. 

Há cerca de dois anos o Brasil teve o advento de Bolsonaro. Muitas causas existiram para tamanha mudança no cenário político - partidário e eleitoral - naquele país. Mas vários foram avisando, e depois constatando, que a diabolização do "capitão" e a pantominização "identitarista", no folclorismo demagógico que campeia, foram o estrume que alimentou aquela eleição. 

É certo que um escritor não é, obrigatoriamente, alguém dotado de dotes para análises políticas. Muitos terão apreço por "posições", "atitudes". Mas são demiurgos (quando o conseguem ser) apenas nos seus textos, na refracção do mundo (quando a tal conseguem ascender, pois a maioria apenas o reflecte). Do resto pouco mais perceberão. E assim não entendem que nesta "carta aberta", tão a jeito do "estado da arte", só animam aquilo que julgam enfrentar, lambuzando-se no frisson da "atitude colectiva". O "Público", a "SIC" e tantos outros recebem esta novidade e difundem-na com punhos negros cerrados (o símbolo do "poder negro", da potenciação [do empoderamento, como dizem os ignorantes, servis ao jargão sem o compreender] dos negros). Punho esse que neste país é lido como articulado com o comunismo. E que nas suas diferentes aparições agora agitará o "perigo negro". E assim reduzindo os debates políticos, sobre o sistema político, sobre a organização social e políticas, a este "branco" vs "preto" que tanto jeito dá aos mariolas, de agenda bem óbvia. 

Os escritores, na sua insuficiência intelectual, seguem contentes (tu também, claro, e vales muito mais do que isto, porra). E os demagogos da "causa" rejubilam. Não pela carta, mas pelas reacções a estes "punhos negros".

Ou seja, vai à merda.

Intercâmbio colonial

Paulo Sousa, 31.01.20

Já aqui falei da simetria do Livre, agora da Joacine, e do Chega.

Perante a inação dos partidos moderados, que têm responsabilidades de moderação, estes dois partidos comportam-se como adolescentes. Regularmente geram cabeçalhos, aspergindo o espaço público com fricções que agitam o instinto gregário da natureza humana e a que não reagimos uniformemente. 

Pela ocupação do espaço público, Joacine e Ventura acreditam que terão benefícios de curto prazo, o que até pode ser verdade mas, como já aqui defendi, dificilmente os dois serão beneficiados na mesma proporção.

A relação de Portugal com os territórios que, mal e bem, colonizou, foi sempre biunívoca. Muito se trouxe mas também muito se deu e muito de nós lá ficou.

É uma repetição habitual dizer-se, e é um facto, que se não fossem os portugueses teriam sido outros a ocupar aqueles espaços. Uns geriram melhor que nós e outros muito pior. Nisto, como em quase tudo na nossa história, raramente fomos excelentes, e poucas vezes fomos péssimos.

Nesses territórios, agora países, deixámos um legado que será certamente preservado e refiro-me, por exemplo, às respectivas fronteiras. Milhares de portugueses daqui partiram, por lá viveram, combateram e morreram, para ajudar a definir os traçados dos territórios que agora são o chão pátrio destes países com que estaremos sempre irmanados. Pontualmente, os territórios poderão não coincidir com as divisões étnico-geográficas que facilitariam a criação de uma identidade própria imediata de um estado-nação nos moldes actuais, mas tendo sido a respectiva independência posterior à definição da unidade geográfica, podemos legitimamente assumir este legado.

Além disso, a língua de Camões é uma ferramenta de comunicação válida e efectiva no mundo global, com a espessura técnica e científica que nenhum dialecto regional ou tribal poderia proporcionar. Também pela língua que partilhamos, sempre estaremos irmanados.

Especificamente sobre devolução das obras de arte gostaria de questionar Joacine se acha que a arquitectura, enquanto abordagem artística sobre as circunstâncias, pode ser incluída na sua proposta.

Nesse sentido proponho-me a criar aqui uma pequena rúbrica com sugestões para a troca que Joacine sugere.

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Ponte pensil sobre o Rio Tete - Moçambique

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Ponte Samora Machel sobre o Rio Tete - Moçambique

Obra assinada pelo Prof. Edgar Cardoso

Será racismo? Será misoginia?

Pedro Correia, 31.01.20

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O Livre, que foi uma das grandes novidades eleitorais a 6 de Outubro de 2019, aliás celebrada com incontáveis expressões de exultação e júbilo, acaba de perder a sua única deputada na Assembleia da República: Joacine Katar Moreira manterá o lugar no hemiciclo, para o qual foi eleita com toda a legitimidade, mas já sem representar o partido.

A decisão foi tomada por 34 dos 41 membros do chamado Grupo de Contacto - o órgão directivo do Livre - e produz, como consequência imediata, o fim da representação parlamentar do partido, que abdica da deputada, eleita por Lisboa. Um sério revés para o primeiro agrupamento político português que adoptara a introdução de «quotas étnico-raciais» em listas eleitorais.

Subsistem legítimas dúvidas sobre a bondade desta decisão, não faltando quem considere que terá sido meticulosamente orquestrada por gente que recebeu mal a inesperada popularidade de uma deputada capaz de «introduzir diversidade» no Parlamento.

Pertencendo a doutora Katar Moreira, enquanto «presidenta», ao núcleo duro do Instituto da Mulher Negra em Portugal, assumida «entidade anti-racista e feminista interseccional» apostada no combate a quem ouse «retirar ao sujeito negro o lugar de multiplicidade», mais se enraíza em muita gente a convicção de que na origem deste expurgo estarão motivações de índole racista e sexista.

Não será indiferente a tais suspeitas o facto de o fundador do Livre ser homem, caucasiano e agora docente em Harvard - selecto viveiro da classe dominante norte-americana, reduto das elites capitalistas. Já dizia o outro: isto anda tudo ligado.

A reversão do património cultural africano

jpt, 29.01.20

O partido LIVRE - do historiador Rui Tavares (ex-coligação trotskistas/estalinistas/maoistas) e do advogado Sá Fernandes (ex-candidato do MDP, ex-membro do governo PS, aquele partido do "socialismo democrático/social-democracia") e que como tal diz surgir com a inovação de ser esquerda que nada tem a ver com o marxismo - acaba de propor a devolução do "património cultural" aos países africanos.

Eu sou tintinófilo. E como tal nada me choca a ideia. Cresci com ela. [Sim, eu sei que há antropólogos aldrabões e outros funcionários públicos intelectuais ignorantes que dizem ser Tintin obra racista, bem demonstrando a sua desonestidade demagógica]. Só me pergunto a que dinâmicas externas e internas é que responde esta proposta parlamentar e quais as condições da sua realização. Pergunto-me e respondo-me. Isto é demagogia pura do advogado Sá Fernandes e do historiador Rui Tavares. E da tralha restante que os acompanha. Entenda-se, entre outras coisas, trata-se de (mais) um advogado aldrabando na vida pública.

E mais, para não entrar em detalhes mais "técnicos" e políticos sobre esta questão do património e da museologia: o Partido LIVRE (dos tais importantes e ponderados cidadãos, em especial do referido Ilustre Causídico) quer comissões de devolução desse património constituídas por "activistas antiracistas". O Dr. Ba, deles compagnon de route, propôs há tempos a instalação de "policiamento comunitário" nas cidades. Agora o dr. Sá Fernandes e o historiador Tavares avançam com a ideia da activação de "comissários políticos".

E a gente não os pode insultar. Tem até que os tratar como "democratas". Há até gente que lhes soletra os nomes. E há mesmo quem respeite, tipo "Doutor Sá Fernandes". Que gente ...

Pluto e o racismo

jpt, 22.01.20

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Nas últimas eleições legislativas foram eleitas as duas primeiras deputadas negras em Portugal – o caso muito propalado de uma deputada negra “assimilada” nomeada durante o Estado Novo tardio, o do lusotropicalismo nas “províncias ultramarinas”, não tem nada a ver com isto, como qualquer pessoa com um pingo de intelecto pode entender.

Entretanto na última legislatura (e nesta também) foi escolhida uma mulher negra para o importantíssimo ministério da Justiça. Uso o superlativo pois a relevância do cargo foi potenciada – para a opinião pública – dado o caso “Sócrates”. Relevância que convocou a polémica, pois foi essa ministra (mulher negra, repito-o) a primeira locutora da substituição da Procuradora-Geral da República, por muitos vista (se bem ou se mal, é outra conversa) como um passo para o controlo das investigações judiciais sobre casos de corrupção no sistema político. E que, como tal, provocou acalorado debate no país. E, nesse, múltiplas invectivas à ministra.

Acontece que as críticas – um tal de “escrutínio”, diz-se agora, desde há pouco –, seus conteúdos ou particulares intensidades, à ministra Francisca Van Dunem e os olhares sobre as recentes duas primeiras deputadas negras do país, Beatriz Gomes Dias e Romualda Fernandes, não têm convocado particulares indícios de racismo, nem a elas dirigidos nem aos partidos que as integraram.

Entretanto foi também eleita outra deputada negra, a terceira na história da Assembleia da República. A sua postura, pessoal e política, convocou atenções. Bem como a da sua “entourage”. Antes e em especial após as eleições. Por essa postura, pessoal e política, vem sendo bastante criticada.

Leio agora no Facebook duas pessoas, que normalmente botam com tino, reclamar com o racismo português, a este atribuindo o exarcebado “escrutínio” sofrido pela deputada Katar Moreira. Não reparam, pelos vistos. São imunes, talvez, ao comparativismo. Ou, se calhar, apenas ao que não lhes dá jeito aos pressupostos arreigados. São mesmo epígonas do deus Pluto, o cego e coxo bem-intencionado. Entenda-se, são manipuláveis.