(foto de Miguel A. Lopes/LUSA)
É compreensível que os portugueses fiquem satisfeitos, penso eu, por poderem acolher a fase final da mais importante competição europeia a nível de clubes, a Liga dos Campeões.
Com ou sem adeptos nos estádios, com mais ou menos riscos, certo é que a elite do futebol europeu estará durante uns dias por Portugal, ocupando hotéis e restaurantes, dando uso aos estádios, e, concedo, promovendo a imagem do país e das suas cidades no exterior.
Não vou aqui discutir os méritos ou os deméritos da iniciativa, a sua oportunidade, os riscos que comporta, e outras questões igualmente relevantes e que merecem atenção. Isso ficará para os jornalistas e os profissionais do comentário.
Eu fiquei satisfeito na justa medida do que isso representa em termos de incentivo e impulso para se procurar melhorar e combater a crise internamente.
Mas o que quero mesmo é apenas sublinhar a minha estupefacção pelo espectáculo que as nossas principais figuras de Estado continuam a proporcionar.
Como se o facto de ter existido um COVID-19, para todos os efeitos uma desgraça para a maioria, que por um bambúrrio atirou para Portugal a fase final da competição, se devesse ao nosso trabalho, ao nosso esforço, aos nossos êxitos.
Fazer do acontecimento um sucesso nacional, nesta fase do combate à epidemia, e quando tantos são os problemas que há para enfrentar, como se daí viesse a solução de todos os nossos dramas, não é sinal de auto-estima ou de feito histórico.
Para além da manifestação ser despropositada, na dimensão e na exultação, é acima de tudo provinciana.
Como alguém de quem me estou a lembrar diria, se fosse vivo, em matéria de provincianismo somos de facto imbatíveis. E uns tremendos parolos.