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Delito de Opinião

Pesadelo

Sérgio de Almeida Correia, 22.01.25

thumbs.web.sapo.io-3.webp(créditos: Miguel Lopes/LUSA)

No fantástico ambiente da catedral da Luz, jogou-se ontem em Lisboa mais uma partida memorável da edição 2024/2025 da Liga dos Campeões. Benfica e Barcelona apresentaram-se em grande forma para proporcionarem um espectáculo memorável aos mais de 63 mil espectadores que encheram as bancadas.

Logo aos dois minutos, quando Pavlidis fez o primeiro golo a favor do Benfica, se percebeu que os encarnados tinham quase tudo para brilhar e ficarem com os três pontos, mas uma noite que começou por ser de sonho acabaria por se tornar numa montanha-russa que virou pesadelo.

Houve emoção, bom futebol, erros infantis, jogadas incríveis, nove golos, três penáltis, um inexistente, outro que ficou por marcar ao cair do pano e que daria origem à jogada do último golo do Barcelona, o que lhe daria a vitória.

É verdade que as substituições aos 70 minutos correram muito mal, que Aursnes falhou o 5-3, que Di Maria fez o mais difícil quando desperdiçou o 5-4, que o penálti provocado por Tomás Araújo é um erro inaceitável, que Carreras, Florentino, Otamendi e Schjelderup fizeram um jogo irrepreensível, que o Barça tem uma grande equipa do meio-campo para a frente. Porém, a verdade maior é que não nos podemos queixar da sorte. Em matéria de futebol tivemos tudo para ganhar e falhámos por culpa própria em momentos cruciais.

Que o árbitro prejudicou o Benfica também não há dúvidas, bastando ler o que diz a imprensa, dentro e fora de portas, quer quanto ao penálti assinalado a favor dos catalães, que dá o 4-3, quer em relação ao penálti cometido sobre Leandro Barreiro e que ficou por marcar no último minuto.  

Em todo o caso, para os anais fica o resultado. Depois do que aconteceu com o Bayern, com o Feyenoord e com o Bolonha nesta edição da Liga dos Campeões, repetiram-se alguns erros infantis e foram tomadas más decisões que não podiam ter acontecido e nos retiraram o apuramento directo.

Por agora, resta dar os parabéns ao Barcelona, que ontem teve a estrelinha, continua a ser uma grande equipa e um colosso europeu, e esperar que o Benfica faça, em 29 de Janeiro, uma grande exibição em Turim, no Stadio Delle Alpi, rebaptizado de Allianz Arena, contra a Juventus. Uma exibição que ofereça a todos os benfiquistas e aos amantes de futebol a possibilidade de esquecerem o pesadelo da noite de ontem.

Para uma final britânica perfeita

João Pedro Pimenta, 29.05.21

Uma pena que estejamos na situação em que estamos, com o distanciamento, as máscaras e etc, senão, como aperitivo para final da Liga dos Campeões, podíamos ter uns cantares ao desafio entre Mr. Damon Albarn, dos Blur e do Chelsea, e Mr. Noel Gallagher, ex metade dos Oasis e do Manchester City. Não sendo possível, go citizens.

 

 

(Isto é mesmo ficção, porque se não fosse a pandemia a final seria em Istambul).

Despropósito

Sérgio de Almeida Correia, 20.06.20

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(foto de Miguel A. Lopes/LUSA)

 

É compreensível que os portugueses fiquem satisfeitos, penso eu, por poderem acolher a fase final da mais importante competição europeia a nível de clubes, a Liga dos Campeões.

Com ou sem adeptos nos estádios, com mais ou menos riscos, certo é que a elite do futebol europeu estará durante uns dias por Portugal, ocupando hotéis e restaurantes, dando uso aos estádios, e, concedo, promovendo a imagem do país e das suas cidades no exterior.

Não vou aqui discutir os méritos ou os deméritos da iniciativa, a sua oportunidade, os riscos que comporta, e outras questões igualmente relevantes e que merecem atenção. Isso ficará para os jornalistas e os profissionais do comentário.

Eu fiquei satisfeito na justa medida do que isso representa em termos de incentivo e impulso para se procurar melhorar e combater a crise internamente.

Mas o que quero mesmo é apenas sublinhar a minha estupefacção pelo espectáculo que as nossas principais figuras de Estado continuam a proporcionar.

Como se o facto de ter existido um COVID-19, para todos os efeitos uma desgraça para a maioria, que por um bambúrrio atirou para Portugal a fase final da competição, se devesse ao nosso trabalho, ao nosso esforço, aos nossos êxitos.

Fazer do acontecimento um sucesso nacional, nesta fase do combate à epidemia, e quando tantos são os problemas que há para enfrentar, como se daí viesse a solução de todos os nossos dramas, não é sinal de auto-estima ou de feito histórico.

Para além da manifestação ser despropositada, na dimensão e na exultação, é acima de tudo provinciana.

Como alguém de quem me estou a lembrar diria, se fosse vivo, em matéria de provincianismo somos de facto imbatíveis. E uns tremendos parolos.