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Delito de Opinião

A inapagável palavra Liberdade

Pedro Correia, 08.11.24

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«Et par le pouvoir d'un mot
Je recommence ma vie
Je suis né pour te connaître
Pour te nommer

Liberté.»

 

Eu fui lá e vi.

Lembro-me como se fosse hoje. Foi numa manhã fria e cinzenta de Abril, por meados da década de 80. Tinha eu 21 anos e estava em Berlim com três colegas de profissão: a Isabel Stilwell, o Luís Marinho, o Jerónimo Pimentel. Nesse dia fomos ao outro lado. Cruzando o Muro da Vergonha que desde 1961, por imposição dos soviéticos, rasgava a meio a antiga capital do Reich. Como incisão de bisturi na pele, separando bairros da mesma cidade, fracturando ruas dos mesmos bairros, até fragmentando casas das mesmas ruas que permaneceram emparedadas durante aquelas tristes décadas em que Berlim-Ocidental, na certeira definição de John Kennedy, era a fronteira mais avançada do mundo livre.

Cruzámos a linha divisória por via ferroviária, na estação de metropolitano de Friedrichstrasse, após termos sido forçados a trocar marcos ocidentais por marcos orientais artificialmente cotados em paridade pelo regime comunista, à revelia do valor real das moedas, como condição para transpor aquela fronteira artificial na cidade dividida.

Éramos muito poucos a fazer aquele percurso. Quase todos vinham em sentido inverso, de lá para cá. E eram todos velhos, que marchavam num silêncio mais eloquente que mil discursos. A ditadura de Erich Honecker só permitia deslocações de 24 horas a cidadãos aposentados.

 

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Do lado de lá, tudo diferente. A começar pelo muro - na verdade, duas muralhas paralelas (a segunda foi erguida em 1962) separadas por uma extensão de 100 metros, denominada Faixa da Morte pelos berlinenses. Riscado e coberto de grafitos na face virada para Berlim Ocidental, imaculado na metade comunista da cidade, de onde aliás ninguém podia acercar-se dele. Rodeado de redes metálicas electrificadas, implacavelmente resguardado por soldados armados até aos dentes em 302 torres de vigilância dispersas por 66 quilómetros de extensão.

Símbolo sinistro da Guerra Fria.

Símbolo supremo da falência de um sistema que prometia libertar os homens e afinal só os mergulhou na escravidão.

 

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Arrepiava a escassez de transeuntes do lado de lá.

Arrepiava ver as majestosas Portas de Brandemburgo colocadas em terra de ninguém, no termo da Unter den Linden, a maior avenida de Berlim.

Arrepiava o silêncio dominante. Em perfeito contraste com o fervilhante bulício da Berlim ocidental, "burguesa" e "capitalista".

Atravessámos a pé uma larga avenida onde não passavam carros e logo fomos interceptados pelo apito de polícias que acorreram ao nosso encontro exigindo inspecção minuciosa de passaportes. Acabaram por nos deixar prosseguir, mas com um solene aviso: proibido atravessar fora das passadeiras. Mesmo numa avenida onde quase não víamos circular veículos, excepto uns decrépitos Trabants leste-alemães, fontes ambulantes de poluição.

Tínhamos de gastar os marcos orientais, que só ali eram aceites. Era hora de almoço, procurámos algum sítio onde pudéssemos matar a fome. Mas naquela imensidão desértica a oferta turística estava reduzida a quase nada. Depois de muito procurarmos, lá nos enfiámos num sell service na Alexanderplatz, de tabuleiro na mão, a comer umas salsichas envoltas em gordura a preços astronómicos. E sem mais nenhum cliente por perto.

Acabámos por gastar a maior parte do dinheiro num sucedâneo de táxi que nos conduziu pela zona mais monumental de Berlim - que devido a um capricho do destino permaneceu após a II Guerra Mundial sob a tutela soviética da cidade - e numa breve incursão aos arrabaldes, onde havia uns bairros operários de aspecto moderno e finalmente pessoas a circular na rua.

No regresso, ainda entrámos num Armazém do Povo, com vários pisos, na esperança de gastarmos parte do dinheiro que nos sobrara. Mas a esmagadora maioria das prateleiras estava vazia. Não havia clientes, só funcionárias que nos ignoraram olimpicamente.

Trouxe de lá uns postais manhosos. O meu único recuerdo palpável da Berlim comunista.

 

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Foi o meu baptismo do "socialismo real" no segmento oriental da maior cidade germânica, na então denominada República Democrática Alemã - que nada tinha de democrático e tudo tinha de repulsivo logo ao primeiro olhar.

No regresso, enquanto nos cruzávamos novamente no posto fronteiriço com os velhos agora de regresso a casa após fugazes visitas a familiares no Ocidente, sentimo-nos testemunhas privilegiadas da História, no tempo e no espaço.

Mil vezes a caótica, barulhenta, transgressora Berlim Ocidental do que a organizada, vigiada e silenciada Berlim-Leste - a cidade de maior progresso e com maior prosperidade económica do bloco socialista, como rezava a propaganda.

Nos dias imediatos, observei ainda com mais atenção o "muro de protecção antifascista" mandado erguer por Nikita Krutchov "a pedido" do ditador comunista alemão Walter Ulbricht em 13 de Agosto de 1961 para impedir a contínua sangria de alemães de Leste, sobretudo jovens, rumo ao Ocidente. Três milhões e meio tinham escapado nos 15 anos anteriores.

De tantos em tantos metros, levantava-se uma cruz branca em memória de cidadãos do Leste alvejados mortalmente pela implacável guarda fronteiriça comunista ao procurarem fugir da ditadura.

Morreram largas dezenas ou mesmo centenas entre 1962 e 1989.

O primeiro foi um operário de 18 anos chamado Peter Fechter. O último - escassos sete meses antes da queda do muro - foi um estudante de 20 anos chamado Chris Gueffroy.

Só por terem ousado ser livres.

 

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Às vezes não há como ver para descrer.

Eu fui lá e vi.

Faz amanhã 35 anos, festejei com irreprimível alegria a queda do Muro da Vergonha. Festejei-a com os magníficos versos de Paul Éluard com que saudei o fim de outras ditaduras: «E pelo poder de uma palavra / Recomeço a vida / Nasci para te conhecer / Para te chamar // Liberdade.»

Nessa noite inesquecível de 9 de Novembro de 1989, milhares de habitantes de Berlim puderam pela primeira vez transpor a fronteira livres da absurda ameaça de poderem morrer alvejados pelos agentes do Estado. E também com eles, embora a milhares de quilómetros de distância, celebrei essa palavra tantas vezes pervertida e conspurcada na boca e no gesto de ditadores de todos os matizes, de todos os quadrantes, de todas as ideologias.

Uma palavra que não tem fronteiras, barreiras, Muro em Berlim.

A incómoda, imprevisível, inapagável palavra Liberdade.

Esperança

Paulo Sousa, 07.11.24

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No seguimento do meu postal de há uns dias, não posso deixar de aqui registar a vitória de Maia Sandu nas eleições presidenciais moldavas. O derrotado foi o candidato pró-russo, Alexandr Stoianoglo, que, como foi denunciado logo na primeira volta, não hesitou em oferecer dinheiro a quem não votasse na candidata pró-UE.

Importa referir que há duas semanas, em simultâneo com a primeira volta, foi aprovada igualmente uma alteração constitucional que permitirá a este pequeno país, que faz fronteira com a Roménia e com a Ucrânia, avançar com as negociações com vista à sua entrada na União Europeia.

O projecto europeu, com todas as suas limitações e imperfeições, continua a atrair países cujos povos preferem a liberdade à sujeição a ditadores. E esta é a ordem natural das coisas. Não é uma viagem contínua nem ininterrupta, não é uma viagem sem perigos nem quedas, mas a busca pela liberdade é uma aspiração de todo o ser humano. Contra a vontade dos tiranos, mesmo nas geografias humanas mais distantes desse desígnio e talvez apenas alcançável nos ciclos longos, a liberdade é o nosso destino comum.

Termino com algumas das palavras proferidas por Maia Sandu no seu discurso de vitória.
“Queridos moldavos, vocês ofereceram uma lição de democracia digna de ser escrita nos livros de História. Na nossa escolha por um futuro digno, ninguém perdeu. A liberdade, a verdade e a justiça venceram.”

Hoje as fronteiras da liberdade estão na Moldávia

Paulo Sousa, 22.10.24

Ando há alguns dias a alinhavar um texto sobre o conflito entre o autoritarismo e a pulsão intrínseca do ser humano para a liberdade. O tempo disponível ainda não mo permitiu dar por terminado, até porque há sempre um outro ângulo que pode ser acrescentado.

Foi com a mente nesta temática que no final do no Domingo passado li as primeiras notícias sobre os resultados do referendo realizado na Moldávia. Em simultâneo com a eleição presidencial, os moldavos iriam escolher se aceitavam que a sua constituição fosse alterada de forma a permitir a sua futura adesão à UE. As primeiras notícias não eram animadoras. A massiva operação de condicionamento, ameaça e compra de até 300.000 votos por parte dos capangas de Putin fez com que até ontem de manhã os números apurados lhes fossem favoráveis. Foi apenas após a contagem dos votos dos moldavos que residem fora do país, que se deu a reviravolta. Os resultados finais dão uma ténue vantagem à adesão (50,4%), mas suficiente para constituir mais uma derrota de Moscovo.

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aqui escrevi sobre a minha visita à Transnístria, região moldava que não é controlada pelas autoridades de Chisinau, mas sim por uma elite ex-soviética que ali se mantém com o apoio da Rússia. Como vimos durante a invasão em curso à Ucrânia, caso Odessa tivesse sido conquistada, a Transnístria seria uma plataforma para fechar o cerco por ocidente, impedindo assim o seu acesso ao Mar Negro.

Além da Transnístria, a Moldávia tem ainda outra região autónoma, a Gagaúzia, de maioria turca, que não facilita a tarefa aos governantes deste, que é o mais pobre país europeu.

A actual Presidente Maia Sandu, que tem sido a face da aproximação da Moldávia ao mundo livre, apresentou-se novamente a eleições, tendo conseguido 42,3% dos votos, o que a obriga a uma segunda volta dentro de duas semanas.

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Uma geração depois da queda da Cortina de Ferro, que permitiu a milhões de europeus alcançarem a liberdade e a prosperidade, a Moldávia ficou quase esquecida numa indefinição cinzenta condicionada pelos sabujos de Putin que não aceitavam abrir mão de controlar um país cujos cidadãos têm o direito a aspirar a um futuro melhor. Há momentos históricos em que os povos conseguem mudar o seu rumo para um melhor destino. Hoje as fronteiras da liberdade estão na Moldávia e o rosto das forças livres é o de Maia Sandu, verdadeira heroína, que com ilusória aparência de fragilidade tem governado o país sempre sobre a ameaça de uma iminente invasão russa. Só daqui a duas semanas saberemos se conseguirá ser eleita para o segundo mandato, mas o que aconteceu neste Domingo merece ser festejado.

A Mulher do Ano

Pedro Correia, 01.08.24

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Ainda só estamos em Agosto, mas elejo-a já como Mulher do Ano, por mérito próprio: MARIA CORINA MACHADO. Heroína da Venezuela, luta com a força da razão contra a tirania do misógino Maduro e do seu séquito de homens «de barba rija» (major-general Agostinho Costa dixit) reclamando para o seu povo uma das mais belas palavras em qualquer idioma: Liberdade.

Num país de 28 milhões de pessoas que viu partir mais de 7 milhões na última década para escaparem à catástrofe económica e social a que 25 anos de regime "socialista" o condenaram. Já perdeu cerca de um quinto da população, registando hoje a segunda maior crise migratória a nível mundial, só superado pela Síria. Cerca de dois mil venezuelanos cruzam diariamente a fronteira, segundo estimativas do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

Na Venezuela "bolivariana", onde 19 milhões de pessoas sofrem graves carências alimentares e sanitárias. Onde continuam a registar-se execuções extrajudiciais, detenções arbitrárias, casos documentados de tortura (nas celas da sinistra SEBIN, a PIDE do chavismo-madurismo) e agressões sexuais contra militantes da oposição, como denuncia o Observatório dos Direitos Humanos.

Maria Corina vai vencer, não tenho dúvidas. A Venezuela que Chávez e Maduro transformaram num narco-estado será livre. Da miséria, da corrupção, da prepotência, da opressão.

O meu novo livro

Pedro Correia, 15.06.24

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Cá está ele. O meu novo livro, contra a chamada «cultura do cancelamento» ou da anulação. Contra o abstruso conceito de «apropriação cultural», forma insidiosa de racismo. Contra as brigadas da «correcção política», com as suas cartilhas e os seus dogmas.

Acabado de surgir, com chancela da Guerra & Paz. Numa colecção que inclui obras de Roger Scruton, Ayn Rand, Steven Koonin, Arlindo Oliveira e Paulo Nogueira, entre outros autores de várias épocas e diferentes latitudes.

Tudo é Tabu - Cem casos de novas censuras. Fala dos interditos que vão asfixiando a liberdade nas escolas, nas universidades, nas academias, nos órgãos de informação, nos museus, nas bibliotecas, nas séries televisivas, nos estúdios de Hollywood. Em nome do progresso, erguem-se novos pelourinhos, fomentam-se novas inquisições, decreta-se novo Índex em ampliação contínua. Não em regimes totalitários, mas nas democracias liberais. No chamado mundo livre. Portugal não é excepção.

Disponível a partir de agora nos circuitos de venda, em livrarias físicas ou digitais. Também hoje e amanhã na Feira do Livro de Lisboa. Já falei dele aqui, à conversa com o Fernando Alvim, na Prova Oral da Antena 3. 

Espero que o procurem. Espero que leiam. Espero que gostem.

 

ADENDA: Agradeço ao Manuel Fonseca, meu editor e bom amigo. E ao João Lisboa a referência que já fez ao livro.

A liberdade em marcha-atrás

Mortágua em 2024 desmente o Louçã de 2008

Pedro Correia, 21.05.24

 

Mariana Mortágua lidera um movimento favorável à supressão da liberdade de expressão no reduto onde ela deve estar mais salvaguardada: a sala das sessões da Assembleia da República, sede da soberania nacional.

Uma frase de mau gosto debitada por André Ventura na sexta-feira de manhã desencadeou uma onda de exclamações inflamadas contra o presidente da Assembleia da República por não ter mandado silenciar aquele deputado. Aguiar-Branco declarou, pelo contrário, que advoga um conceito muito lato, nada restrito, da liberdade de expressão. Pelo mais louvável dos motivos: não tem vocação para censor.

Faz muito bem. O contrário é que seria preocupante, tratando-se da segunda figura do Estado.

Era o que faltava, neste ano em que celebramos o 50.º aniversário do 25 de Abril, os cravos murcharem ao ponto de alguns quererem transformar o presidente da AR num mestre-escola a distribuir reguadas pelos meninos irreverentes ou num velho regedor de aldeia pronto a suprimir expressões indecorosas. Como se a liberdade em Portugal andasse em marcha-atrás.

 

Acontece que o presidente da AR não pode censurar nenhum deputado. O mandato popular confere-lhes, em absoluto, o direito a não serem perseguidos judicialmente pelas opiniões que emitem em sede parlamentar.

Nem poderia ser de outra forma. Concordemos ou discordemos do que dizem, todos representam a nação, eleitos pelos portugueses. Se exprimirem opiniões que detestamos, mais ainda devemos garantir que possam continuar a emiti-las.

Esta é uma trave mestra da democracia liberal. 

 

Não me espanta que a coordenadora do Bloco de Esquerda pretenda silenciar quem discorda dela: o radicalismo que imprimiu ao partido, desfazendo o legado de relativa moderação de Catarina Martins, é o corolário disto.

Nem sequer me surpreende que um cortejo de «personalidades da música e do entretenimento» tenha logo saído em defesa da lei da rolha. E que uma organização intitulada SOS Racismo, que nenhum português elegeu, exija aos gritos a demissão de Aguiar Branco. Dando razão a Ricardo Araújo Pereira, quando em 24 de Abril escrevia no Expresso: «A frase, tão popular, "a minha liberdade acaba onde a dos outros começa" é curiosa porque, fingindo ser sensata, costuma ser usada para justificar vários atropelos à liberdade. Normalmente, quem a profere não está mesmo a falar dos limites da sua liberdade. A minha formulação "a minha liberdade acaba" faz parte do logro. É sempre da liberdade dos outros que se trata.»

Já me espanta um pouco mais que uma dirigente socialista que respeito, como Alexandra Leitão, navegue nas mesmas águas. Ao ponto de, nessa manhã de sexta-feira, quase ter intimado Aguiar Branco a retirar a palavra ao líder do Chega. Como se o presidente da AR tivesse alguma tutela sobre aquilo que os restantes 229 deputados afirmam, no pleno uso da liberdade que a Constituição lhes faculta.

 

Neste lamentável episódio, Mortágua faz o papel de José Sócrates, que em 11 de Julho de 2008, no mesmíssimo local, exigiu a Francisco Louçã - fundador e então deputado do BE - que tivesse «tento na língua». Enquanto bradava: «Eu não confundo a liberdade com a liberdade de insultar.» E perorava sobre «o excesso de liberdade que põe em causa a liberdade dos outros.» Nada mais triste.

Levou réplica sem demora.

«Entendo que qualquer vertigem censória nunca passará neste parlamento. Eu direi sempre aqui, na minha bancada e neste parlamento, tudo aquilo que quero dizer. E se algum dia alguém lhe disser a si para ter tento na língua, eu estarei a defendê-lo. A grandeza da democracia é defender também o direito de opinião de todos, sem excepção.» 

Palavras de Louçã nessa sessão parlamentar, ripostando a Sócrates em defesa intransigente da liberdade de expressão. Palavras que mereciam aplauso antes e continuam a merecer aplauso agora.

Que diferença. Que degenerescência do Bloco de Louçã para o actual bloco censório de Mariana Mortágua. Pronto a silenciar os outros - hipocritamente, em nome da liberdade.

Lápis L-Azuli Edição Comemorativa

Maria Dulce Fernandes, 25.04.24

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Uma ideia para comemorar tão significativa data  na vida de todos nós, seria passar umas horas a ler publicações não espúrias sobre os últimos 50 anos da História de Portugal. Sobre a liberdade. Sobre a democracia. E reflectir.

Mas posso apostar que os acérrimos censores ocupacionais irão livre e democraticamente até outras paragens aproveitar a ponte, ainda que "opcional", que a liberdade lhes conquistou.

A L-Azular em 50 anos, temos cerca de 40 e muitos deles, uns melhores, outros, assim assim, iguais nas diferenças mas sem concretas benfeitorias de conteúdo.

Podemos fazer uma retrospectiva e sopesar conscientemente os prós, os contras, as dúvidas e encerrar preconceitos e teimosias numa caixa de platina iridiada, tirar as lentes coloridas que nos distorcem a visão e pensar em Portugal. No país, no povo e no futuro.

Seria bom fazê-lo. Portugal não somos apenas eu e tu.

Os pescadores desportivos de conflitos, que vociferam fel diariamente em todos os canais de comunicação, blogues inclusive, poderiam, por exemplo ajudar o SNS a ter menos congestão e a evitar as necessárias e recorrentes angioplastias, tão essenciais ao seu bom, melhor, ou somente e apenas funcionamento? Viver em liberdade é saber aceitar e debater sugestões construtivas e não apenas destruir o que é praticamente inexistente e se encontra preso por um fio.

Faz 50 anos que ganhámos a liberdade. De há 50 anos para cá, temos vindo a deturpar mais e mais o seu significado, em nome de estapafurdices cada vez mais evidentes e  incongruentes.

Há viver em liberdade e morrer por ela.

Morrer não é apenas perder a vida. É ver-se apagado de tudo o que se foi e em que se acreditava e pelo qual se lutou. É ver-se abandonado pela liberdade que se ajudou a parir.

Podemos, quem sabe, voltar a ser (mesmo) livres e grandes e a erradicar a tristeza dos olhos da liberdade.  Se existe algo que nunca devemos esquecer é que

Fomos Heróis 

P.S. Fomos Heróis sim! Sem superpoderes, fatos especiais, golpes de cintura ou inteligência artificial. Fomos Heróis apenas com uma camisa aberta no peito e a inabalável vontade de ser livre.

Lição de vida

Pedro Correia, 03.03.24

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No Monólogo do Vaqueiro, primeira peça exibida na RTP (1957)

 

«A morte é certa, não vale a pena estar a pensar nela. Vivam a vida, vivam, vivam, vivam, vivam e saibam o que fazer com a liberdade. A liberdade é uma coisa muito bonita -- e a democracia também.»

Ruy de Carvalho, anteontem, no dia em que festejou 97 anos. Em palco, como ele mais gosta. Parabéns!

Ja som Ukrajinec

Pedro Correia, 24.02.24

 

Na Ucrânia, faz agora dez anos, já se lutava pela liberdade contra os esbirros de Moscovo, quando Vladimir Putin, através de um fantoche do Kremlin, queria pôr a pata em Kiev. Não se lutava apenas nas ruas e nas praças. As batalhas da propaganda política também se tornaram decisivas, com o recurso às novas tecnologias. Este vídeo, por exemplo, teve rápida difusão mundial: em poucos dias recebeu 3,5 milhões de visualizações.

Dois minutos: não foi preciso mais. Uma jovem chamada Yulia difundiu a mensagem, clara e directa, recorrendo à técnica do vivo televisivo: "Queremos ser livres".

Foi quanto bastou para o essencial ficar dito. E para o eco se propagar: "Ja som Ukrajinec".

Marco vitorioso na luta contra o fascismo neocomunista: o fantoche foi derrubado.

 

Hoje volta a ser imperativo, quando se assinalam dois anos da criminosa invasão da Ucrânia pela Rússia, potência nuclear 28 vezes maior do que o mártir país vizinho: a autodeterminação dos povos não pode ser flor de retórica, há que erguer bem alto o clamor da liberdade.

E de novo proclamar: Ja som Ukrajinec.

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Foto: Nacho Doce / Reuter

Liberdade sim, mas só para nós

Pedro Correia, 03.01.24

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Meio século depois do 25 de Abril, chegámos a isto: queremos a democracia para nós enquanto toleramos e até aplaudimos a implantação de ditaduras noutros quadrantes. Tenho pensado nisto enquanto escuto à minha volta várias vozes mostrando indiferença ou até uma discreta simpatia pelos regimes de Cabul e de Teerão, entre outros.

Ao ouvir isto concluo, uma vez mais, que pecamos por falta de apego à liberdade. Tenho a convicção de que muitos portugueses não se importariam de voltar a ver por cá um regime "musculado". Só isso explica a defesa que fazem, nas redes sociais, dos regimes autoritários ou ditatoriais implantados além-fronteiras.

 

O mais contraditório é que muitas das pessoas que emitem opiniões deste género estão sempre a enaltecer o "nosso" 25 de Abril. Enquanto negam que outros povos tenham o seu próprio 25 de Abril. Democracia aqui, tudo bem; ditadura noutros países, tudo bem também.

«Não me venham falar em direitos humanos», vou lendo e escutando demasiadas vezes. Frase que poderia ter sido proferida por Salazar, reeditada neste Portugal do século XXI. Como se a atracção pelos regimes de "pulso forte" estivesse inscrita no nosso código genético. E se calhar está mesmo.

Diaconisas Sem-Remédio

Pedro Correia, 18.10.23

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Volto hoje a apreciar muito os filmes das décadas de 80 e de 90, quando ainda não havia os tais "consultores de intimidade" que agora pululam por Hollywood à espreita de um mamilo ou uma nádega - os novos censores, de tesoura em riste. A mando das Diaconisas Sem-Remédio.

Havia muito mais liberdade nessas duas décadas do que existe hoje. Nem se compara.

O cartoon da RTP e o catavento socialista

jpt, 11.07.23

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Apesar de nos seus congressos, aquando no poder, o PS ser um partido unanimista - como o comprova a memória dos apoios albaneses neles sempre conseguidos por Guterres, Sócrates e Costa - os socialistas não são exactamente monolíticos. Vê-se agora na disputa interna sobre a pertinência e até legitimidade do cartoon anunciando o racismo assassino ("de Estado") da polícia, transmitido pelo serviço público televisivo. Há dirigentes contra, e até o ministro da administração interna, há os que o defendem, em nome da radical liberdade de expressão.

O ministro da Cultura surgiu agora defendendo o direito ao cartoon e atacando os seus detractores. E acabo de ver - no canal público RTP3 - o ex-ministro Paulo Pedroso também defendendo o supremo direito a essa liberdade de expressão, enquanto invocava, como exemplo contrário, episódios censórios do humor suportados por políticos do PSD (a patética inibição de um livro de Saramago, o ridículo ataque a Herman José feito pela igreja católica, apoiado pelo actual presidente da república, então presidente do PSD). Mas se Pedroso já não é da elite partidária -  julgo mesmo ter saído do partido --, a posição de Adão e Silva tem um peso diferente. Não só por ser ministro. Mas também porque Adão e Silva, de quem se diz ser uma criatura maçónica, o que dará substrato à sua influência política, foi um arreigado plumitivo socratista, não só directamente mas também como contribuidor do pérfido amplexo digital Câmara Corporativa/Jugular, agregando-se a gentes como as Câncios, os Galambas e os Vales de Almeidas na desmesurada e desbragada defesa dos desmandos de Sócrates. Ou seja, Adão e Silva está no cerne do actual poder político.

Essa sua centralidade política dá mais relevo à defesa que veio fazer do cartoon invectivador da polícia. Não vou discutir a adequação do cartoon à sociedade portuguesa, nem a sua pertinência no serviço público televisivo, nem mesmo a sua correspondência aos factos da realidade francesa (à qual, a posteriori, veio a ser ligado pelos seus transmissores, ainda que tal não explícito no seu conteúdo). Vou-me restringir a esta realidade de um ministro socialista, da ala socratista, e de um ex-ministro socialista, que nunca foi socratista, surgirem a defender a irredutibilidade do direito ao... cartoon, à liberdade criativa, de expressão. E sua divulgação. 

É interessante - e para mim em particular - porque isto é avesso à concepção que aquele partido, e suas figuras gradas, vêm tendo nas últimas décadas relativamente à liberdade criativa, em especial se sita aos cartoons. E dou exemplos comprovativos dessa contradição, que em muito ultrapassam os recentes ataques à caricatura de António Costa usada pelos sindicalistas do FENPROF (ligado ao PCP), e a posterior censura de organismo sob financiamento estatal ao trabalho daquele professor-cartonista. Lembro episódios mais antigos - que o comentador televisivo Paulo Pedroso deverá desconhecer, pois não os convocou para o seu episódio de comentário de hoje - e que, exactamente pela sua antiguidade e por não se restringirem às querelas da política portuguesa, mais demonstram a mundivisão estrategicamente censória que conduz os próceres socialistas.

Recordo que após o tétrico atentado de 2015 à "Charlie Hebdo" o antigo ministro Oliveira Martins, também relevante figura de instâncias culturais nacionais, dinamizou um debate sobre liberdade criativa e nele defendeu o estabelecimento de limites à liberdade de expressão - censura e, acima de tudo, auto-censura. Narrei o espantoso desplante aqui. Mas mais relevante ainda, por mais demonstrativo do que é a elite socialista, também já recordei que o ministro dos Negócios Estrangeiros de um governo PS em 2005 criticou oficialmente a publicação de cartoons num jornal dinamarquês porque "atentatórios de crenças e sensibilidades alheias". 

Mais interessante ainda - e também já o recordei - é que em pleno parlamento um deputado socialista, e antigo governante, considerou que cartoonistas e assassinos terroristas são iguais. E é muito relevante, para o entendimento do PS actual, que esse notável socialista, correligionário próximo de Sócrates, e que tem essa peculiar concepção de liberdade criativa, de expressão e divulgação, - repito, a igualdade entre um cartoonista e um assassino terrorista, tornada posição parlamentar do seu partido - foi recentemente proposto pelo PS para membro do Tribunal Constitucional. E num país onde um outro candidato ao mesmo Tribunal fora dissecado por em 1984 ter escrito algo contra a interrupção voluntária de gravidez, e um outro zurzido por em 2011 ter resmungado junto dos seus alunos sobre a influência de uns propalados lóbis "gay", ninguém se preocupou com o facto do PS ter proposto tal personalidade, com tal concepção de liberdade de expressão, para o importante Tribunal Constitucional.

Eu notei o caso, protestei - e o influente Vitalino Canas meteu-me em tribunal e lá tive que recuar, doando 200 euros ao IPO. Mas os outros, em particular o socratista (e quiçá maçónico) Adão e Silva e o ex-ministro Paulo Pedroso, agora palavrosos, sobre essa candidatura nada disseram! Passou-lhes, não devem ter considerado relevante. Mas surgem agora veementes a defender que a RTP enuncie, de modo implícito, o racismo da polícia portuguesa. O racismo sistémico, estatal, para usar o jargão. 

Enunciam por catavento. Nada mais. E vão para o governo. E depois para a televisão, formar opinião pública em trejeitos de "comentadores". Já agora, Vitalino Canas também por lá anda, num desses painéis. Ainda o apanharão a defender a liberdade de expressão, se tiverem paciência para assistir a tal coisa.

Cada vez menos livres

Pedro Correia, 05.07.23

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Observando caricaturas antigas, de mestres do desenho satírico como José Vilhena (1927-2015), é fácil concluir que vivemos tempos menos livres do que naquelas décadas de 70, 80 e 90 em que ele pontificava em publicações diversas, sempre com o seu traço corrosivo e cáustico, sem fazer vénia fosse a quem fosse.

Hoje, nestes dias do respeitinho e da autocensura, vemos pouco ou nada disto. Aliás os cartunistas tornaram-se espécie em vias de extinção - desde logo no The New York Times, que ajoelhou ao ponto de banir desenhos satíricos das suas páginas. Gigante do jornalismo a comportar-se como anão perante micro-indignações tribais. Com muitos outros a seguirem-lhe o exemplo, cá também.

Atentos, veneradores e obrigados. De cerviz dobrada até ao chão.

O pódio da vergonha

Pedro Correia, 11.05.23

Consulto o Índice Mundial de Liberdade de Imprensa, da prestigiada organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras. Neste anuário, os três últimos lugares - autêntico pódio da vergonha - são ocupados por três países comunistas: Coreia do Norte, República Popular da China e Vietname.

Outra ditadura comunista, Cuba, figura nos dez piores entre 180 Estados analisados. Os restantes? Irão, Turcomenistão, Síria, Eritreia, Birmânia e Barém.

Não há coincidências. 

 

A ameaça fascista

Paulo Sousa, 04.05.23

"Portugal caiu para nono lugar no ‘ranking’ mundial da liberdade de imprensa da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e passou a liderar o grupo de 44 países com “uma situação satisfatória”, foi hoje anunciado.

Em 2022, Portugal ficou em sétimo lugar e no grupo de oito países com uma “situação muito boa” para a liberdade de imprensa.

Segundo a 21.ª edição do ‘ranking’ mundial da liberdade de imprensa da ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF), publicado hoje por ocasião do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa e com 180 países e territórios avaliados, este ano à frente de Portugal e no grupo de oito países numa situação muito boa para a liberdade de imprensa ficaram, por ordem decrescente, Noruega, Irlanda, Dinamarca, Suécia, Finlândia, Países Baixos, Lituânia e Estónia."

Mais detalhes em +M

Hoje é dia de

Maria Dulce Fernandes, 23.01.23

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Hoje é O Dia Mundial da Liberdade 

«Em Portugal o Dia da Liberdade comemora-se a 25 de Abril, mas a data internacional para celebrar a liberdade calha no calendário internacional a 23 de Janeiro. Foi criada pela ONU e proclamada pela UNESCO. 

A Declaração Universal dos Direitos Humanos contempla a liberdade no artigo 1.º: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.”

O artigo 2.º refere: “Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação.»

Apesar de todos sabermos que a igualdade universal é uma miragem e que o corolário resume a falta de liberdade, nós, os que vivemos neste recanto português, nem nos podemos queixar dessa falta , apenas das nossas más escolhas.

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Hoje é O Dia da Escrita à Mão /Caligrafia

«A escrita, elemento que separa a pré-história da história, é uma habilidade fundamental que eleva a civilização humana e nos permite comunicar e negociar em larga escala. As verdadeiras origens da escrita são obscuras, mas sabemos que surgiu em várias regiões do mundo antigo por volta de 3400 a.C. As primeiras escritas conhecidas vêm do actual Iraque: sinais pictóricos que depois foram substituídos por um complexo sistema de caracteres baseado nos sons da língua suméria, conhecida como cuneiforme.

Os sistemas de escrita diferem na construção. Alguns contam com simbolismo pictórico, outros combinam caracteres para formar novos significados, outros usam estruturas gramaticais para criar frases completas de profundidade e de significado. A caligrafia eleva a escrita a uma forma de arte requintada. Exemplos de caligrafia tradicional incluem artigos em bronze chineses antigos, hieróglifos maias, manuscritos iluminados da Europa Ocidental e inscrições em mesquitas islâmicas.

Embora no mundo digital de hoje tenhamos a tendência de gravar tudo em dispositivos electrónicos, escrever à mão traz benefícios que o digital não oferece. Aumenta a concentração, reduz o estresse e fortalece a memória. Além disso, uma carta manuscrita tem mais valor do que qualquer correspondência digitalizada ou enviada por e-mail. Tentemos escrever uma carta, um diário ou uma simples lista de tarefas à mão e observemos a diferença por nós mesmos.»

Ainda sou do tempo... é verdade! Ainda sou do tempo em que escrevia cartas aos meus amigos ou ao meu namorado, quando ia de férias para longe, para locais distantes como eram Alfeizerão, Lagos ou Albufeira. Comprava papel de carta colorido ou com desenhos, aperfeiçoava a minha escrita, colava bonequinhos fofinhos, colava um selo de correio e enviava às dezenas, a contar as minhas aventuras diárias por terras bizarras. Escrevi centos de cartas. No Natal era imperativa a troca de postais de Boas Festas. Uma tradição que nem saía barata com tanta família e amigos, nem era fácil de executar, pois requeria muito tempo para escrever os postais e os envelopes. 

Presentemente, se recebermos dois ou três postais, é muito. Se vamos para fora, enviamos mensagens com fotos e pronto. Já ninguém escreve postais.

  (Imagens Google)

Irão e China em luta pela liberdade

Pedro Correia, 05.12.22

«A palavra "revolucionário" só pode aplicar-se a revoluções cujo objectivo é a liberdade.»

Hannah Arendt

 

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Foi preciso morrerem pelo menos 500 pessoas - incluindo muitas crianças - nos protestos iniciados em 16 de Setembro no Irão devido à fúria repressora da ditadura teocrática que ali vigora desde 1979, para os aiatolás recuarem, atemorizados pela imparável vaga de manifestações populares. O regime de Teerão acaba de anunciar a dissolução da sinistra "polícia da moralidade" que perseguia, torturava e matava mulheres só por não cobrirem todo o cabelo com o véu islâmico. É o princípio do fim da tirania, graças à imensa coragem cívica de largos milhares de jovens que correm o risco de ser condenados à morte pelo simples facto de reclamarem direitos, liberdades e garantias considerados banais em diversas outras parcelas do globo - incluindo, felizmente, em Portugal.

 

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Também em Pequim a ditadura está em recuo. Pressionada igualmente por gigantescos protestos em várias cidades e vilas do país. Da parte de gente que vai perdendo o medo e ousa desafiar os mecanismos de repressão do estado policial chinês, controlado desde 1949 em monopólio absoluto pelo Partido Comunista. Destituídos dos mais básicos direitos, incluindo o direito de sair de casa e de circular na rua a pretexto de um "controlo sanitário" que dura há quase dois anos, os chineses atrevem-se a dizer "basta". Muitos já exigem não apenas o fim das restrições impostas a pretexto do combate ao covid-19 mas a demissão do líder supremo, Xi Jinping. Acossado pelos protestos, o regime começou a suavizar as normas sanitárias. Enquanto a proscrita palavra "liberdade" vai ecoando cada vez com mais força em praças e avenidas por multidões de jovens