Imagino que a três semanas do Natal, com os pagamentos por conta para serem realizados, com salários, subsídios e pensões de reforma cortados, e ainda por cima com um desemprego que não há maneira de atingir patamares negociáveis, o estado de espírito da maioria dos portugueses não será o melhor.
De qualquer modo, quanto mais não seja para os teóricos e práticos do miserabilismo nacional que pensaram que seria possível aumentar a produtividade cortando nas datas históricas e religiosas em que se revê boa parte da nação, gostaria de trazer até vós este calendário de feriados e tolerâncias de ponto de Macau. E, já agora, o mapa de férias que nesse mesmo portal a entidade que tutela a função pública dessa Região Administrativa Especial da RPC fez publicar. Seguramente que não há contraste maior com o que se passa em Portugal.
Enquanto em Portugal se desvalorizam datas como a Restauração e o Cinco de Outubro, aqui, em terras de Buda, comemora-se a Imaculada Conceição - por respeito para com a herança portuguesa, as comunidades católicas e a tradição cultural da terra -, ao mesmo tempo que se festeja o dia a seguir ao dia da implantação da República Popular da China.
Convirá, no entanto, acrescentar que apesar de tantos feriados o PIB de Macau aumentou 10,9% no 3º trimestre de 2013 e que a taxa de desemprego é de 1,9%, de acordo com os dados disponíveis na página do respectivo serviço de estatísticas. Bem sei que a inflação está nos 6,18%, mas quem não gostaria de ter em Portugal, para além daqueles feriados, estes números do desemprego?
Já agora tomem nota que as Linhas de Acção Governativa para 2014, que continuam a ser vivamente criticadas e muito discutidas, prevêem uma injecção por parte do Governo na conta individual da segurança social (previdência) de cada residente qualificado de MOP $ 10000,00 (dez mil patacas), uma outra injecção adicional nessa mesma conta de MOP $ 7000,00 (sete mil patacas), uma comparticipação pecuniária anual de MOP $ 9000,00 (nove mil patacas) por residente, uma subvenção às tarifas de energia eléctrica de MOP $ 200,00 (duzentas patacas) por mês e por unidade habitacional, uma isenção da contribuição predial urbana até MOP $ 3500,00 (três mil e quinhentas patacas) por residente, uma isenção de pagamento de imposto de selo sobre a transmissão de imóveis habitacionais até 3 milhões de MOP por residente permanente que não possua outros imóveis, um subsídio para idosos de MOP $ 7000,00 (sete mil patacas) por ano, uma pensão para idosos de MOP $ 3000,00 (três mil patacas) por mês...
Enfim, poupo-vos ao resto, designamente ao quadro vigente em matéria de impostos sobre o trabalho. Quem quiser poderá consultar as LAG e tudo o mais na Internet.
Em todo o caso, seria bom que alguns senhores que em Portugal defenderam o empobrecimento generalizado da população, de maneira a colocar os portugueses numa situação do tipo albanês pré-queda do Muro de Berlim, ao mesmo tempo que aproveitavam a oportunidade para se mudarem de Massamá para Oeiras, atentassem noutras realidades que sendo longínquas nos estão tão próximas. E, já agora, que ao menos fizessem contas e não se enganassem no resultado final.
Já nem lhes peço para pensar porque isso também se sabe que é coisa que aquelas cabecinhas não ousam. Quem não o fez antes na escola, nem no partido, nem depois de vencer eleições e multiplicar as asneiras enquanto governo, ignorando inclusivamente os conselhos dados à borla pelos " Rios", "Mendes" e "Marcelos" do seu próprio partido, dificilmente alguma vez o aprenderá a fazer.
(MOP $ 10,00 equivalem grosso modo a € 1,00)