Rodrigo Adão da Fonseca, O Insurgente:
«É importante monitorar a evolução da doença, e rastrear é fundamental; sou totalmente a favor da testagem massiva. Os testes são uma componente essencial da gestão duma pandemia. Agora, estar diariamente a endeusar estes números e a difundi-los de forma alarmista e até à náusea, sem os interpretar à luz de outros dados bem mais relevantes – como o número de mortos, a sua faixa etária, morbilidade, internados, internados em UCI – é próprio de uma sociedade masoquista dominada pelo pânico.»
Eduardo Louro, Quinta Emenda:
«A ideia de obrigar a instalar um determinado software no telemóvel de cada um não lembraria a ninguém. A não ser nos regimes totalitários da China ou da Coreia do Norte. Uma coisa é fazer uma campanha, como o primeiro-ministro de resto já tinha feito, para convencer as pessoas a usarem uma aplicação – uma app, como se diz – de livre vontade. Outra é fazer uma lei a obrigar ao seu uso! Isto não é um abanão. É um empurrão para o escuro. E é, do ponto de vista da democracia e da liberdade, o absurdo.»
Sofia Loureiro dos Santos, Defender o Quadrado:
«Não podemos continuar a condenar a sociedade a uma crise sanitária gravíssima no que diz respeito a todas as outras patologias não COVID-19, à continuação de uma crise económica gravíssima de cujas consequências ainda não nos apercebemos bem, a um desmantelamento das redes sociais e familiares que são a essência da vivência dos seres humanos. Não é possível manter as comunidades transidas de medo, procurando afincadamente notícias de alarme.»
Helena Araújo, 2 Dedos de Conversa:
«Há dias li um comentário sobre uma jovem berlinense que participou numa festa rave dizendo que para ela era uma questão essencial de selfcare. Os jovens estão fartos da disciplina, dizem os jornais, e os resultados estão à vista: em Berlim, cerca de 60% dos infectados com covid têm idade entre os 10 e os 40 anos. Berlim deixou de receber turistas, os berlinenses não podem viajar livremente pelo resto do país, e a cidade está a um passo de novo lockdown: 3,7 milhões de pessoas obrigadas a regime de confinamento. Era bom que trocássemos umas ideias sobre a questão da liberdade individual.»
João Mendes, Aventar:
«Faz-me imensa confusão, esta comparação disparatada entre a possibilidade do governo nos enfiar uma app telefone adentro, transformando agentes de segurança em monitorizadores de telemóveis, e os dados que entregamos voluntariamente aos Facebooques da vida. Será assim tão difícil de perceber a diferença entre uma imposição coerciva e uma decisão pessoal e voluntária? Sejamos sérios: se eu, ou qualquer um de vocês, decide entregar informação pessoal a uma plataforma digital, bem ou mal, é de uma escolha livre que se trata. Uma escolha que pode ser revertida a qualquer momento. Se um governo decide impor uma aplicação, fazendo uso de multas e de patrulhamento policial, é o espírito da democracia que está a ser posto em causa.»
Vital Moreira, Causa Nossa:
«Como é que seria? A polícia teria o poder de exigir às pessoas a exibição dos seus aparelhos e a prova de instalação da app? E teria também o poder de consultar as listas de infectados e exigir-lhes a prova de que registaram a infeção na app? E a fiscalização policial seria feita na rua, nos cafés e noutros lugares públicos? Poderia entrar nas escolas e locais de trabalho para esse efeito? E quantos efectivos seriam precisos para uma fiscalização razoavelmente ampla?»
Joana Lopes, Entre as Brumas da Memória:
«Se a obrigação de usar a tal app, para a qual não foi possível sequer inventar um nome em português, vier a se chumbada na AR (como espero e julgo que acabará por acontecer), Costa bem pode comprar alguns sapatinhos novos porque o tiro no pé vai furar alguns.»
Helena Matos, Blasfémias:
«Nesta história da obrigatoriedade da aplicação, a que ao menos podiam ter dado um nome em português, há um detalhe básico: desde quando são os portugueses obrigados a ter telemóvel? Por mim, preparo-me para regressar ao velho Nokia. E se for necessário às cabines telefónicas. Aplicação Stayaway Covid? “Jamé” como dizia o outro!»