Frases de 2024 (27)
«Quem invadir a minha casa, leva um tiro.»
Kamala Harris, em entrevista a Oprah Winfrey (19 de Setembro)
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«Quem invadir a minha casa, leva um tiro.»
Kamala Harris, em entrevista a Oprah Winfrey (19 de Setembro)
Com espanto, vejo à minha volta aqui por Lisboa vários devotos de Donald Trump seguirem com maior fervor a pré-campanha presidencial nos EUA do que alguma vez terão acompanhado uma campanha qualquer em Portugal.
Talvez isto seja sintoma de que somos já irremediavelmente colonizados pelos norte-americanos. Não apenas do ponto de vista cultural, mas do ponto de vista político. E nem falta até quem gostasse de ver transposto para este nosso cantinho ocidental da Europa o sistema eleitoral lá dos States.
Lamento, mas estou no campo oposto. Detestaria ver por cá uma lei eleitoral capaz de permitir a eleição para a Casa Branca de alguém que recolheu menos meio milhão de votos do que o rival (aconteceu com George W. Bush em 2000, contra Al Gore) ou até menos três milhões de votos (aconteceu com Trump em 2016, contra Hillary Clinton).
Entretanto, a esses meus amigos que andam tão entusiasmados com Trump ao ponto de jurarem que será «ainda mais fácil derrotar Kamala Harris do que Joe Biden», gostaria só de lhes lembrar o seguinte: dos 18 presidentes norte-americanos do século XX, sete foram vice-presidentes.
Eis os seus nomes:
Theodore Roosevelt
Calvin Coolidge
Harry Truman
Lyndon Johnson
Richard Nixon
Gerald Ford
George Bush.
Cinco republicanos, dois democratas. Equivalem a 38% do total.
Durante um século. Em número suficiente para desenhar uma tendência.
Quem pensar que é irrelevante, estará muito enganado.
Eis um tema que motivará certamente dezenas de textos no DELITO DE OPINIÃO nos próximos três meses. Ainda a procissão mal chegou ao adro.
A decisão do presidente Biden de se retirar da corrida presidencial e desistir de concorrer às eleições de Novembro para tentar a renovação do mandato foi a todos os títulos um acto de grande dignidade e nobreza política.
Pressionado por alguns dos membros do seu próprio Partido Democrata, depois de vários deslizes, sempre vistos, tal a frequência, como mais do que simples lapsos, e na sequência de uma desastrosa prestação televisiva no debate de 28/06/2024 com Donald Trump, onde foram notáveis as suas dificuldades e se percebeu que não estava na posse de todas as faculdades de que fez uso nos últimos cinquenta anos da sua vida pública, Joe Biden fez a análise que se impunha e tomou a única decisão que um político de estatura, um homem de Estado e decente podia subscrever, renunciando à reeleição.
Como já alguém escreveu Biden não é "an average Joe".
Com o seu gesto, old Joe relançou as hipóteses de eleição de um presidente da sua área política.
A indicação de Kamala Harris, vice-presidente, como sua escolha para ocupar o lugar mostrou ser uma jogada hábil que ficará agora dependente de confirmação com a sua nomeação como candidata pela convenção do partido e do resultado que as urnas ditarem lá mais para a frente.
A eventual eleição de Kamala, mulher inteligente, com formação académica, reputação profissional intocável e experiência política, cuja campanha para procuradora na Califórnia foi ademais, anteriormente, financiada pelo próprio Trump, que viu nela as qualidades necessárias, pode ser o impulso decisivo para ser dada continuidade ao trabalho do velho Biden, mantendo os Estados Unidos da América nos carris do republicanismo, da herança democrática e devolvendo elevação à política interna e segurança à externa, em prol de um mundo mais justo, mais equilibrado e com menos armas.
Quanto ao mais, vamos aguardar para ver qual a disponibilidade de Trump para se apresentar em debates com Kamala. Ele que disse que seria mais fácil derrotá-la do que a Biden.
Para já, o cafre desavergonhado que irá representar o Partido Republicano deverá começar a ficar preocupado com as sondagens. O velho sem capacidades, posto que qualidades nunca as teve, passou a ser Trump.
E não lhe será fácil, desta vez, agarrar Kamala por ali, por onde ele dizia que seria mais fácil. Esta não é igual a algumas das outras, não está numa situação de dependência. E aprendeu na sua vida profissional a lidar com escroques.