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Já muitas vezes os critiquei aqui. Mais a alguns dos que por lá passaram e que têm dado uma péssima imagem dessa organização no Parlamento e no Governo. Desta vez estiveram bem, não enterraram a cabeça na areia e viram o óbvio. Não devia ser motivo de nota. Eu penso que deve ser. O extraordinário foi terem vindo dizê-lo, não terem saído em defesa daqueles monos que "trabalhando" vinte e quatro horas por dia, e estando sempre em representação da nação, até quando vão ao futebol (ou, pela mesma ordem de razões, visitar um Elefante Branco francês) fazem trabalho político.
Está-se sempre a tempo de corrigir, de melhorar. E a inteligência nunca fez mal a ninguém. O oportunismo, o carreirismo e a falta de seriedade sim. Estes fazem muito mal. Aos próprios, mais ainda ao país. Como aliás se tem visto; e continua a ver.
"Pelas contas de Simão Ribeiro, dos sete deputados do PSD que foram indicados pela "jota", "pelo menos seis" estão a favor das alterações à lei propostas pela esquerda. O presidente da JSD assume que é favorável a esta alteração, admitindo que, na votação na generalidade, poderá votar a favor de todas as propostas, para depois, em comissão, "analisar com mais cuidado" cada uma das diversas propostas." - Expresso
Está tudo aqui neste trecho da notícia do Expresso. São uma espécie de partido dentro do próprio partido, vivem à sombra das quotas internas, e dão-se ao luxo de assumi-lo e vincá-lo publicamente. Têm sete deputados, e apesar de aparentemente integrados numa coligação funcionam como uma espécie de Verdes dentro do PSD. Nunca foram a votos e têm eles próprios o seu "grupo parlamentar" informal, com mais deputados do que os Verdes e com a vantagem de não terem de ser verdes para serem tratados como Verdes. Depois é só uma questão de ir negociando lugares, apoios, contrapartidas e influência para irem singrando na vida e construindo uma "carreira" até chegarem a ministros e aos "negócios". Como Passos Coelho, Miguel Relvas ou Miguel Macedo. E com os brilhantes resultados que temos visto em termos de imagem e reputação da classe política e dos próprios partidos.
A reforma dos partidos devia começar por aqui. Não me refiro à JSD, que é apenas uma de entre várias, mas às juventudes partidárias em geral e ao peso (desproporcionado, em meu entender) que têm nas estruturas internas dos partidos.
Faz sentido que os partidos tenham secções ou departamentos vocacionados para questões de juventude, como para a terceira idade ou questões laborais, por exemplo. Também faz sentido que os partidos tenham uma função pedagógica e formativa e que ela se exerça desde logo em relação aos mais jovens, embora em relação a estes isso devesse ser feito pela família e pela escola. Mas faz algum sentido, pergunto eu, que um partido não seja um todo uniforme e que depois dos dezoito anos se possa continuar a militar numa juventude partidária? Faz algum sentido que matulões bem criados, alguns precocemente anafados e cheios de tiques adultos, já instalados na vida e gozando dos benefícios da meia-idade continuem a ser tratados como "jovens" para efeitos partidários, gozando do estatuto e da influência que isso lhes confere no seio do partido?
Passados quase dois anos de ausência da blogosfera ensaio um regresso nesta casa histórica, provavelmente improvável, para um comunista.
Vivemos tempos interessantes, em que a política abafa as notícias sobre o mais mediático processo de corrupção ou sobre a última lesão de Fejsa. Tempos interessantes de discussões improváveis em que o espaço público (e também o Delito) é tomado por ensaios sobre a URSS, o PREC, o marxismo-leninismo ou o muro de Berlim.
Sei que não estarei à altura da intensidade de escrita de outrora mas tentarei não desperdiçar muitas oportunidades de discussões duras e acaloradas. Quanto mais não seja para que a ignorância e a falta de cultura não diminua a discussão política.
Olhemos para a polémica das últimas horas. Por pior que tenha sido o último governo não merece que o facebook oficial da JSD equipare a sua derrota na Assembleia da República à derrota do nazi-fascismo. Aos jovens, antes de mostrarem serviço, ter-lhes-á de ser explicada uma das citações mais sábias do senhor da esquerda e que dá título a este escrito.
Continuo a dizer que não foi o facto de anteriores executivos - incluindo socialistas - terem procedido a nomeações de favor do seu pessoal político, muitas vezes sem qualificações que os recomendassem para os cargos para que foram nomeados, que me irá impedir de me manifestar contra o verdadeiro assalto ao pote que está a ocorrer neste final de legislatura por parte dos mais conhecidos caciques do PSD. Aquilo que hoje critico no PSD foi o mesmo que antes critiquei no PS ou em qualquer outro governo, e só os mais distraídos é que não repararam nisso. Daí que considere absolutamente inaceitável, e não me canse de dizê-lo, que se continue a utilizar a máquina do Estado para colocar os amigalhaços, quantas vezes sem qualquer justificação em termos de boa gestão, interesse público ou simples necessidade, ainda que transitória, dos serviços. O que aconteceu antes com a ordem de reabertura de embaixadas e postos consulares que Paulo Portas mandara encerrar, para que amigos e protegidos sejam colocados e não fiquem "pendurados", nem à mercê dos que vierem a seguir, repete-se agora com a mais discreta, mas nem por isso menos escandalosa, nomeação de uma senhora deputada (que antes era profesora numa escola secundária, tradutora num tribunal e formadora no IEFP), em final de mandato, para a Embaixada de Portugal em Berna. Se, como refere um deputado socialista, havia necessidade de se preencher o cargo, então por que motivo ficou o lugar vago durante três anos? Seria preferível que o secretário de Estado, em vez de atirar areia para os olhos das pessoas, como é seu hábito, dissesse, por exemplo, que há poucas possibilidades da senhora voltar a ser eleita deputada por não haver garantias de ficar nas listas em lugar elegível, e que havia necessidade, atenta a probabilidade da coligação perder as próximas eleições, de acautelar o seu futuro, tanto mais que é deputada pelo seu círculo de Viseu e com ele tem colaborado. Dizer qualquer uma destas coisas seria mais honesto. E já ninguém estranharia.
(razões que recomendam a nomeação da senhora deputada para Berna e que não constam da sua página pessoal no site da Assembleia da República: "Presidente da Assembleia Municipal de S. Pedro do Sul, é membro da Assembleia Distrital de Viseu do Partido Social Democrata, membro da Comunidade Intermunicipal Dão-Lafões e Directora-Adjunta do jornal regional “Gazeta da Beira” e Directora da Revista “Terras de Lafões”. Foi também Presidente da Assembleia Municipal de S. Pedro do Sul nos três mandatos anteriores, Presidente da Comissão Política da Secção de S. Pedro do Sul da JSD entre 1981 e 1983, foi membro de diversas Comissões Políticas da Secção de S. Pedro do Sul do PSD , tendo sido sua Presidente na década de 90. Foi também membro da Comissão Política Distrital da JSD entre 1982 e 1984. Ao nível associativo destaca-se as funções de Grã-Mestre da Confraria dos Gastrónomos de Lafões, Vice-Presidente do Conselho Europeu de Confrarias, Presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Básica 2/3 de S. Pedro do Sul, entre 1997 e 2002 e Presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Secundária de S. Pedro do Sul, entre 2002 e 2008" - aqui).