Disse fuckalizado, certo?
Aguiar-Branco garantiu hoje em Bruxelas que "o Governo está focalizado em cumprir o seu mandato com nervos de aço".
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Aguiar-Branco garantiu hoje em Bruxelas que "o Governo está focalizado em cumprir o seu mandato com nervos de aço".
A maior parte de nós, homens e mulheres de agora, vive alheada da política de defesa nacional.
É um fenómeno típico das sociedades que experimentam a paz civil duradoura. Afinal, toda a Europa atravessa uma espécie de stand by, se esquecermos as sangrias que escorreram depois da desconstrução da Jugoslávia. E pouco mais.
Por isso, as milícias, as 3 armas - que a maioria observa como uma espécie de forças simbólicas e quase esvaziadas de objectivo imediato - embora nos tranquilizem, vagamente, não preenchem um décimo da nossa energia de observação política.
Curiosamente, toda a atenção que tínhamos com este tema, vista agora, parece ter-se esgotado com o sofrimento febril e exaltado da guerra colonial. E serenado, depois, já reconciliados pela gratidão de Abril.
Mas a defesa nacional é uma obra bem mais vasta do que a que associamos à gestão das forças armadas. E as forças armadas, por seu lado, têm sobre os ombros muito mais do que a administração de uma guerra teórica, entregue a paradas de rotina e à organização dos de oficiais de dia.
Apesar de tudo, nos dias que correm, não há amnistias. E eles também não escapam ao julgamento civil, mesmo que semi desatento. Porque todos sabemos que os militares não se furtaram à maré dos privilégios estatais e que, pelo contrário, a galgaram em prancha olímpica, aproveitando os tempos de sagração do MFA e da sua condição tutelar e libertadora.
Foram os aristocratas da democracia.
O ministro José Pedro Aguiar Branco sabe disto. E é um democrata genuíno, que viveu numa distância milimétrica a ameaça geracional do recrutamento para as guerras de África. Empenhando-se desde o primeiro dia (ainda caloiro, nos bancos da universidade), na vivência total da democracia.
Por isso, as suas afirmações não são retóricas, quando diz que «nas ditaduras é que há silenciamento, e em democracia há manifestação, há opinião crítica».
De facto, as Forças Armadas são depositárias dos valores mais estruturantes de Portugal e, por tudo aquilo que representam, espera-se que saibam estar à altura das suas obrigações: a vocação primária que desempenham na coesão nacional.
A história não pode justificar tudo.
Mais uma vez, em tempos de cólera, esperemos pelo exemplo de quem deve ser exemplar.
Muita obra na acção. Muita obra de reflexão.
Sem operários medíocres. Nem matilha.
Consistente.
Sem hesitações.
Sem incongruências.
Espero que tenha muita influência nos tempos que se seguem.