Reflexão do dia
«O que morre com José Hermano Saraiva não é apenas uma parte importante da história da nossa televisão. Nem apenas o homem a quem devemos essas verdadeiras lanças em África que constituíam O Tempo e a Alma, A Alma e a Gente ou Horizontes da Memória, mensageiros de uma época em que a aprendizagem era um fim em si própria. Nem (muito menos) apenas uma maneira bastante particular - particularmente romântica, talvez - de ver a História de Portugal. Tudo isso morre com José Hermano Saraiva. Mas, sobretudo, morre com ele uma maneira especialmente generosa de comunicar, vinda ainda de um tempo em que já havia aquilo a que os anglo-saxónicos chamam public intelectuals, mas em que esses "intelectuais públicos" (digamos assim) eram mesmo públicos, propriedade do público, ou, mais provavelmente ainda, propriedade de ninguém.»
Joel Neto, no Diário de Notícias