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Presidente angolano anuncia fim da parceria estratégica com Portugal.
O ricochete de uma guerra de mais de uma década, com tudo o que ela implica de distorções, mazelas, ódios e feridas por cicatrizar. A vingança serve-se fria, como sempre, e esta chega em travessa de diamantes. Tudo bem temperado de desprezo e arrogância em partes iguais. Primeiro a tomada de posição, comprando metade do país. Depois a pose, sobranceira e inquestionável, de quem dita as regras.
Bon appetit, Portugal.
O Jornal de Angola topou-nos. Percebeu que sob esta capa de mesquinhez, provincianismo, razoável queda para o chico-espertismo e mediana trafulhice, somos é realmente vulneráveis à pilhéria. Vai daí, decidiu que a verdadeira luta dos angolanos, muito para lá de nos ficarem com as empresas, deve centrar-se num combate palmo a palmo pelas audiências do Inimigo Público. Daí que, entre outros bonecos com lugar na história que ali vão sendo publicados, esta tirinha de há dias constitua um marco inesquecível nessa batalha sem quartel para derrotar a nossa auto-estima à gargalhada. Tem um piadão esta bicada relativa ao papel dos velhos na nossa economia. Sobretudo se tivermos em conta que a graçola, o sarcasmo, a notinha de superioridade moral, vem de um órgão de comunicação conluiado com uma oligarquia política que conduz há dezenas de anos um país onde a esperança de vida à nasença (51,5) é das mais baixas do mundo (inferior mesmo à do Níger, último classificado no ìndice de Desenolvimento Humano da ONU de 2012). Com tanta veia humorística é até surpreendente que esse baluarte do jornalismo livre e independente não tenha ainda feito uma graça que ponha em evidência que, sob a notável liderança de José Eduardo dos Santos, o país poucas preocupações terá com pensões de reforma. Aliás, é até muito pouco provável que nas próximas décadas existam velhos em Angola.
José Eduardo dos Santos