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Delito de Opinião

Da absoluta falta de vergonha

Pedro Correia, 20.07.20

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Foto: Manuel de Almeida / Lusa

 

Há cinco anos, Jorge Jesus chegou ao termo da relação contratual que mantinha com o Benfica: a entidade patronal decidiu não lhe renovar o vínculo apesar de se ter sagrado campeão nacional de futebol. Em articulação estreita com Jorge Mendes, empresário do treinador, "ofereceu-lhe" um longínquo desterro no emirado do Catar que culminaria numa hipotética transferência para o PSG - tudo à revelia do técnico, apanhado de surpresa neste fim de linha quando pretendia permanecer na Luz.

Sabe-se o que aconteceu depois. Jesus recusou o emirado e atravessou a Segunda Circular, convidado por Bruno de Carvalho para treinar o Sporting. Vieira, furioso, declarou guerra ao seu "melhor amigo". O treinador e a sua equipa técnica foram impedidos de entrar nas instalações do Seixal para esvaziarem os cacifos com os seus pertences, a fotografia de Jesus no bicampeonato foi de imediato retirada da "megaloja" benfiquista e logo os papagaios tarefeiros (incluindo um fulano que é agora deputado) começaram a denegri-lo serão após serão nas pantalhas onde lhes dão tempo de antena.

Valeu de tudo. Acusaram-no de roubar software do clube em benefício do Sporting, negaram-lhe o pagamento do último salário na Luz e moveram-lhe até um processo-crime exigindo uma inédita indemnização de 14 milhões de euros por supostos prejuízos jamais confirmados, sempre com o incentivo nada desinteressado dos cartilheiros de turno, especialistas em danos reputacionais.

A 7 de Setembro de 2016, em entrevista à TVI, Vieira foi peremptório: «Jorge Jesus não serve para este Benfica.»

 

Pois o indivíduo que há cinco anos colocou os patins a Jorge Jesus e atiçou a matilha contra ele é o mesmo que agora, acossado por uma sucessão de escândalos judiciais e vergado a uma humilhante derrota em recente assembleia geral, vai buscar o treinador ao Rio de Janeiro, como se fosse mordomo dele, e lhe oferece boleia em jacto privado, prontificando-se a pagar pelo menos 25 milhões de euros só para o trazer de volta e prometendo-lhe «o maior investimento da história do Benfica». Ridicularizando o administrador financeiro da SAD benfiquista, que em recentes declarações avisara: «Provavelmente haverá uma travagem em termos de investimento, admito que haja uma redução, este ano investimos cerca de €60 milhões.»

O motivo é só um: daqui a três meses haverá eleições no clube. Vieira, presidente desde 2003 e tendo visto fugir para o FC Porto o segundo campeonato em três anos, está apavorado com a hipótese de ser chumbado nas urnas.

Até onde chega o desespero. E, sobretudo, até onde chega a absoluta falta de vergonha.

 

ADENDA: «O que passou-se?». Bruno Vieira Amaral escreve sobre o tema na Tribuna Expresso.

O milagre

Helena Sacadura Cabral, 06.06.15

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 Não sabia de nada. O que se compreende porque como não ando em clima de ondas políticas, só de "os" ouvir falar, gritar ou comentar, entro em estado de letargia total. Ou seja, adormeço, mesmo quando eles gritam...

Eis senão quando soou um alarme e tudo parou no país esta semana. Dado que não vejo a maior parte dos noticiários, não percebi o que se passava. E só fiquei a par do "acontecimento", na esplanada da pastelaria Cristal, onde bebi um café e fui obrigada a ouvir o discurso que um sportinguista fazia do fenómeno Jesus, pelo telemóvel, a um amigo. No primeiro instante julguei que ele já estaria com uns copitos a mais, mas a facilidade com que falava não me pareceu muito compatível com o excesso de alcool. Aí estiquei as orelhas e fiquei atenta ao que o adepto dizia.
Foi mesmo um sobressalto, um terramoto, num país que apenas se vinha compadecendo com os discursos do Costa e do Passos. Não, agora tudo fiava mais fino. Tratava-se do Jesus cá da terrinha, aquele que, sempre se recusando a emigrar decidira, afinal, migrar dum clube para o seu rival. 
E eu, confesso, ainda um pouco baralhada com o que depois fui ouvindo - foram sete dias de Jesus, da sua vida, da sua carreira, dos seus milagres - estou a começar a pensar que se trata, de facto, de um novo milagre. Que urge seja comprovado. Claro que, para isso, a equipa de Bruno de Carvalho vai ter que meter muitos golos...e não meter água nenhuma. 
Não há dúvida que somos um grande e original país. E o Sporting é o maior, um leão que quando afia a garra, até se dá ao luxo de contratar milagreiros, mesmo que não tenha dinheiro para isso!

Les beaux esprits se rencontrent

Rui Rocha, 24.05.14

Pelo visto, Lili Caneças e Jorge Jesus cruzaram-se na inauguração da exposição “Paula Rego 1961: A Ordem e o Caos”, em Cascais. E a socialite não quis deixar passar o momento sem fazer um selfie com o treinador do Benfica. Descontente com a primeira fotografia, Lili Caneças acabou por tirar uma segunda que publicou na rede social com a seguinte legenda: Gostámos de nos conhecer… Não querendo fazer afirmações definitivas sobre o tema, arrisco que podemos estar perante um daqueles casos raríssimos de compatibilidade de QIs à primeira vista.