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Delito de Opinião

Vai chamar racista a outro

Pedro Correia, 19.02.20

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Selecção nacional em 1966 com quatro moçambicanos: Hilário, Vicente, Eusébio e Coluna

 

Os habituais exageros à portuguesa fazem oscilar com frequência qualquer tema do oito para o oitenta. É o que tem vindo a acontecer nos últimos dois dias a propósito de um inaceitável episódio de cunho racista ocorrido no estádio do Vitória de Guimarães.

De todos os lados salta agora gente aos gritos proclamando o futebol português como coutada de racistas. Ignorando que durante décadas os maiores ídolos do desporto-rei, entre nós, foram grandes jogadores de tez morena. Espírito Santo, Coluna e Eusébio no Benfica, Hilário, Dinis e Jordão no Sporting, Matateu e Vicente no Belenenses, José Maria e Jacinto João no Vitória de Setúbal - só para citar alguns exemplos.

O inesquecível Mário Esteves Coluna, natural de Moçambique, chegou a ser durante anos capitão da selecção nacional de futebol e nessa qualidade foi um dos obreiros do extraordinário terceiro lugar alcançado pela equipa das quinas no Campeonato do Mundo de 1966 em Inglaterra.

 

Infelizmente, não falta por aí quem confunda a árvore com a floresta, pronunciando-se ao sabor dos ventos da correcção política enquanto se apressa a erguer novos pelourinhos na praça pública. Alguns, ultrapassando o tema do futebol, chegam ao ponto de aplicar a etiqueta "racista" a tudo quanto mexe, com proclamações absurdas deste género: «O racismo estrutural é uma das maiores falhas da sociedade portuguesa.»

Ao opinar, insistentemente, que «somos um país de racistas» e «Portugal sempre foi racista», quem assim se pronuncia - em nome do combate à estigmatização - acaba afinal por lançar um anátema ao país em que vive e à comunidade a que pertence. Estigmatizando todos os portugueses.

Associar este rótulo infame a um povo inteiro é uma intolerável demonstração de racismo na sua lógica intrínseca de exclusão.

A infâmia merece, portanto, ser devolvida à procedência. Com este aviso: vai chamar racista a outro.

Urro racista agora é «cântico»

Pedro Correia, 17.02.20

É sempre assim: alguém desprovido de neurónios escreve um vocábulo sem lhe conhecer o significado e logo vai tudo atrás, reproduzindo o dislate. Quando o erro se torna norma, imprime-se o erro.

Eis mais um exemplo: o substantivo masculino cântico significa «ode religiosa cantada nas igrejas» em honra e louvor de uma divindade ou - fora do original contexto bíblico«poema ou hino» entoado com o propósito de louvar, adorar, algo ou alguém. Qualque banal dicionário o confirma.

Mas os imbecis adoram exibir ignorância. Daí confundirem sem sobressaltos de consciência cântico com qualquer ruído grupal zurrado em estádios de futebol. Como ainda ontem ocorreu durante o jogo V. Guimarães-FC Porto: a imitação de sons de chimpanzé, em declarada provocação racista a um jogador da equipa visitante, não tardou a ser elevada à condição de «cântico» por vários escribas de turno.

Incapazes de dominar o suposto idioma materno. Incapazes, portanto, de perceber que ao equipararem aqueles urros a odes poéticas ou hinos religiosos estão afinal a branquear o racismo.

Haverá ainda alguém lá nas redacções onde juntam palavras capaz de lhes explicar isto?

 

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Alguns exemplos:

RTP: Marega abandona jogo após cânticos racistas em Guimarães

TSF: Marega critica árbitros por cartão amarelo após cânticos racistas

Notícias ao Minuto: Marega abandona o relvado do Vitória SC por culpa de cânticos racistas

DN Madeira: Marega (ex-Marítimo) foi substituído por alegados cânticos racistas dos adeptos do Guimarães

Negócios: Marega critica árbitros por cartão amarelo após cânticos racistas

Esquerda: Marega, jogador do Porto abandonou o campo por ser vítima de cânticos racistas 

Taxa demolidora

Rui Rocha, 23.04.12

Esta carta foi recebida pela minha mãe no final da semana passada. Está dirigida ao meu pai. A minha mãe e o meu pai sempre cumpriram rigorosa e atempadamente todas as obrigações perante o Estado: declaração e pagamento de impostos, alterações de estado civil, mudança de residência, óbitos de familiares, etc.. Num assomo de eficiência dos serviços, a carta em causa foi enviada para a nova morada da minha mãe (mudou de casa já em Janeiro deste ano). Também me parece razoável a informação de que o apuramento do rendimento mensal do  meu pai aponte para estarem cumpridos os pressupostos de isenção. Tenho a certeza quase absoluta de que não declarou nada nos últimos tempos. Afinal de contas, faleceu há sete anos.

Duas soluções para a epidemia de Massamá.

Luís M. Jorge, 20.04.12

Está farto de aturar auxiliares de limpeza da Escola de Chicago? Então só há duas estratégias para si:

 

1. Emigre. Ganhe mais do que eles. Dispare à distância sobre a manada. Recolha as carcaças. Repita.

 

2. Organize-se. Participe em sindicatos, crie associações de interesses locais, inscreva-se num partido. Faça barulho. Nunca negoceie.

 

Esta gente não se combate com argumentos.

Macro, micro

Pedro Correia, 09.02.12

As redes sociais funcionam com surtos virais de pequenas e micro indignações. Alguém sopra uma coisa via telemóvel, o sopro salta para o twitter ou o facebook -- e é quanto basta para se assemelhar a ignição de fogo pronta a incendiar a pradaria mas que afinal se limita a chamuscar uns canteiros. Mal as chamas irrompem num determinado local, logo outro foco se propaga noutro sítio com o mesmo grau de aparente intensidade do anterior e com a mesma duração média, que raramente ultrapassa a extensão dos dias úteis. Até porque o domingo se fez para o descanso.

E assim sucessivamente. Tudo macro indignado. Até à micro indignação seguinte.

Eu não devia ler notícias logo de manhã,

Ana Margarida Craveiro, 19.01.12

porque isto me deixa muito irritada, e não é suposto eu enervar-me. Portanto: a Optimus faz um inquérito interno logo que sabe do caso, identifica a toupeira, despede a toupeira, e pelos vistos é castigada com a maior multa de sempre. O SIED mete toupeiras, viola direitos constitucionais, e ficou tudo na mesma. País mais estúpido, caramba.

C'horror.

Luís M. Jorge, 12.01.12