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Delito de Opinião

Dias de Batávia (5)

Sérgio de Almeida Correia, 09.05.25

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Quando se viaja é difícil poder ver tudo o que se quer. Ou o que se gosta. E há ocasiões em que se acaba a perder tempo vendo o que não se quer, não se gosta e é inútil para o nosso enriquecimento ou bem-estar.

Daí que desconfie de quase tudo o que me aparece em panfletos publicitários e em grandes promoções logo à saída dos aeroportos, nos hotéis e nas ruas mais movimentadas, coisas do tipo “não perca esta experiência única”, “a world of shopping”, “unforgettable moments”. Um pouco como aquelas cantinas que anunciam pizzas, sushi, caril e cozido à portuguesa e das quais fujo a sete pés.

Apesar disso acabei por embarcar numa "aventura". Ficando aquém das minhas expectativas, ainda assim fez-me passar umas horas diferentes.

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O último grande aquário onde estive, há anos, foi o Vasco da Gama, que visitei com um sobrinho, mais neto, quando ele começou a descobrir o mundo em que vivemos. Normalmente prefiro ver a fauna e flora marinhas no seu ambiente natural, o que há mais de quarenta anos me leva a sítios mágicos nos cinco continentes.

Desta vez, em virtude de ter algum tempo livre, resolvi visitar o Jakarta Aquarium Safari. A surpresa foi descobrir que ficava dentro de um dos modernos e gigantescos centros comerciais da cidade, o Neo Soho, numa zona de saída para a periferia e sem luz natural. A novidade foi perceber que na bilheteira, estranhamente, não se aceitava dinheiro físico.

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Quem gosta de animais nunca dará o seu tempo por perdido. O espaço oferece bastante informação sobre espécies autóctones e importadas. Raias sul-americanas, piranhas do Amazonas, relas minúsculas e sapos esquisitos, focas e lontras é que não estavam no meu programa. Valeu por poder demorar-me a ver exemplares normalmente inacessíveis em condições de segurança, como diferentes tipos de lagartos, escorpiões e de tarântulas.

Há também outros animais inofensivos, corais, peixes exóticos, dos mais amigáveis aos que não se pode chegar perto, vulgares em inúmeros recifes na Austrália, na Malásia, nas Maldivas, nos Açores, em Palau ou no Havai, de todos os tamanhos, mais umas quantas moreias de várias nações, peixes-dragão, palhaços, peixes-folha, diferentes tunídeos, tubarões; sem esquecer a passarada e até uma pitão que por ali “hiberna” e se deixa acariciar por quem nisso tiver interesse. Encontrei inúmeras crianças, interessadas, simpáticas, acompanhadas pelos professores, em visitas de estudo, o que se repetiu noutros locais.

Passei por alguns mercados. Na Ásia têm sempre um colorido especial. Andei sem destino por diversos locais, descobrindo ruas típicas, zonas residenciais, a azáfama das lojas tradicionais e feiras de rua, sempre sem me demorar. Nada de novo. Confusão e calor.

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Há muitos cursos de água francamente poluídos e pestilentos que atravessam partes da cidade. Muitos gatos em jardins, outros vadiando, perto de comedores de rua e templos, espreguiçando-se ao sol, embora no geral se veja um esforço grande para elevar os padrões de higiene e salubridade. O clima não ajuda, vislumbram-se contentores e depósitos de lixo, não se vendo cães vadios.

Nas proximidades, traseiras ou mesmo no lado oposto da mesma rua, ainda se vêem hotéis superlativos, condomínios de luxo e lojas das melhores marcas em centros comerciais que convivem com nichos degradados e de águas residuais que precisavam de mais atenção. Lá chegará o dia.

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Como em qualquer grande cidade de um país em crescimento acelerado, económico e demográfico – é o quarto país mais populoso do mundo – vi muitos contrastes. Os carros e motociclos são em geral novos. Gente muito abastada – a taxa de crescimento de milionários é das mais elevadas do mundo –, outros que me pareceram francamente pobres sem que parecessem miseráveis.

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Em termos gastronómicos a oferta é rica e variada. E para todas as bolsas. Nas cozinhas e restaurantes de rua há uma clara predominância dos fritos. A evitar. Vejo imensa fruta, como é usual por estas bandas, cheirosa e de óptima qualidade, sumos naturais de tudo, mercados e supermercados excelentemente abastecidos, miríades de produtos gourmet vindos de todo o lado. E nos centros comerciais há tudo. Estabelecimentos de conhecidas brasseries, cerveja artesanal, restaurantes italianos, belgas, indianos, japoneses. E do melhor.

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Se de comida se fala, deixo aqui duas indicações. No 46.º andar do The Plaza, uma torre de escritórios que tem alguns restaurantes nos andares superiores, está o Altitude.  Um grill exemplar. Três pisos acima existe um terraço com um bar e uma esplanada magnífica, que os modernaços chamam de rooftop, com cocktails de confiança, um whisky sour profissional e vistas de cortar a respiração, antes ou depois de jantar, quando a noite se estica, a humidade se reduz, sopra uma ligeira brisa e a temperatura se torna mais amena.

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O Seribu Rasa é um restaurante com comida típica indonésia e alguns pratos de origem tailandesa ou malaia. Encontra-se nas traseiras do Pulman Jakarta, num local cuidado, extremamente aprazível, sem barulho e de uma qualidade notável na frescura e confecção.

Ambos com preços muito acessíveis, vinhos bons e aceitáveis. Quem preferir cerveja terá sempre a fresquíssima Bintang, local, e marcas europeias. Serviço impecável. E, mais importante, sem gente a falar alto e crianças mal-educadas correndo entre mesas perante a indiferença dos pais que falam ao telemóvel. A ambos espero voltar.

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Restaurantes, bares, música ao vivo e locais de diversão nocturna para os apreciadores do género também não faltam. Há uma zona em desenvolvimento a cerca de 24 Km do centro da cidade, relativamente próxima do Aeroporto Internacional, conhecida como PIK, com campos de golfe, inúmeros bares, restaurantes, discotecas, karaokes. A perder de vista.

Enfim, fiquemos por aqui.

Estes dias já vão longos para quem ainda se dá ao trabalho de aqui me aturar. A noite chega. Está na hora de refazer a mala, tomar um duche e preparar-me para um último jantar.

Antes disso ainda haverá tempo para um charutinho. E uma Guinness. It’s always time for a Guinness.

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Dias de Batávia (4)

Sérgio de Almeida Correia, 08.05.25

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Quando há dias cheguei ao hotel que durante esta semana me acolheu, logo percebi que estava numa zona central e movimentada.

Torres com uma arquitectura inovadora, denotando a sua ocupação por empresas petrolíferas, instituições bancárias e financeiras internacionais, passeios amplos, vastas zonas arborizadas, prédios residenciais com jardins tratados e entradas imponentes, algumas moradias de luxo nas artérias adjacentes, muita segurança nos acessos às habitações, aos edifícios de escritórios, aos hotéis e vários centros comerciais. Muitos homens circulando com fatos de bom corte em passo estugado. Profissionais liberais, talvez, diplomatas, empresários ou quadros superiores de multinacionais. Mulheres bonitas, arranjadas e impecavelmente vestidas, as que não seguiam de hijab e chador. É impossível ser insensível à beleza, à graça, à classe. As que vi de burca pareceram-me todas ricas e de outras paragens do mundo árabe. Percebi estar numa zona nobre da grande metrópole.

Não escolhi o hotel, mas fiquei satisfeito por estar alojado num belíssimo quarto com todas as comodidades de uma das minhas cadeias preferidas e já conhecida de outras andanças. O preço do quarto era irrisório para a qualidade do hotel e por comparação com os 300 e 400 euros que já me pediram nalguns lugarejos lusos por quartos minúsculos, decorados com incrível mau gosto e camas péssimas.

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Viajar é para mim uma obrigação. Se aos dezoito anos o fiz de comboio ou à boleia pela Europa fora, com um saco-cama, amealhando em campos de trabalho o que gastaria na semana seguinte, coisa de que nunca me arrependi, a partir de determinada altura passei a poder fazê-lo com outras condições de conforto e segurança.

Viajar devia ser para todos, mesmos para aqueles que são mais sedentários ou possuem menos recursos. Devia dar abatimentos no IRS fazendo-se prova da viagem e da sua utilidade. Pelos horizontes que abre, por aquilo que é capaz de nos fazer reflectir, a viagem obriga-nos a comparar, instrui-nos, educa-nos.

Não é o mesmo que fazer turismo. Viajar é mais do que passar pelos lugares e tirar umas fotografias para memória futura. É aprender a conhecer os outros, e ter tempo para isso.

Tempo para melhor os compreendermos e respeitá-los na sua identidade, coisa que não se faz à lufa-lufa, entrando e saindo de autocarros repletos, comendo a toque de caixa e decorando a matéria previamente preparada por outros até todas as noites se morrer estafado numa cama de onde se tem de saltar à alvorada sem que nos tenhamos sequer apercebido da cor das paredes do quarto e da textura do lençol. Verdade que não será sempre assim. Uma ou outra vez, em tempos, também “excursionei”, por razões logísticas e económicas. Ainda há locais onde só se pode aceder como "turista". Hoje evito-o. E a esses locais também.

E viajar é sempre uma oportunidade para fugir da rotina, pensar em Portugal à distância, e nos nossos semelhantes. Viajar é dar sentido aos sentidos. Importa pela gente que se vai conhecendo, que nos vai ensinando coisas novas noutras línguas, que connosco vi partilhando experiências, olhares, lições de vida, e que assim nos vai aproximando de novos horizontes, de outras maneiras, dando-nos generosidade, mundo, civilização, alma.

É verdade que nunca pensei ser rico para viajar; convenhamos que dá sempre um certo jeito. E quando se pode fazer isso a vida toda sem depender do partido, da autarquia, do governo ou da empresa, tanto melhor.

MayDay1.jpgVem isto a propósito do Primeiro de Maio de 2025, vivido em Jacarta. Saindo logo pela manhã do hotel em direcção às imediações do Monas, encontrei gente de múltiplas organizações. Uns marchando, outros cantando, alguns petiscando à sombra das árvores. Muitos chegaram de fora, em autocarros, outros de mota e a pé, trajando a rigor. Algumas ruas estavam com o trânsito interrompido.

Palavras de ordem, cânticos de megafone, que me recordaram outros dias iguais no rectângulo lusíada. Polícias, militares, descontraídos apesar de atentos. Vendedores ambulantes procurando a sorte. Depois do discurso do Presidente muitos partiram para o longe de onde haviam chegado horas antes.

Os manifestantes desfilaram diante da Embaixada dos EUA. Houve quem passasse pelas representações da Alemanha, da França e do Japão no seu percurso. Não foi preciso impedir ninguém de se manifestar ou controlar palavras de ordem. Não se retiraram cartazes, nem a polícia mandou despir t-shirts ou retirar livros das bancas. Era um dia de festa. Foi uma festa.

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Em contrapartida, em Macau, viveu-se mais um ano sem manifestações. Foi o sexto ano consecutivo sem Primeiro de Maio. Morreu. Finou-se. É a herança a meio do período de transição. Aqui está o exemplar cumprimento da Declaração Conjunta Luso-Chinesa sobre o Futuro de Macau.

Quando regressei, o Ponto Final noticiava que advertências da polícia fizeram recuar a única associação que pretendia manifestar-se no Primeiro de Maio. A associação de trabalhadores que a promovera, “por advertências da polícia, acabou por desistir da intenção”. Dizia o jornal que “as autoridades avisaram que a manifestação poderia até violar a lei de segurança nacional”. "Até"! Bendita lei. Ainda assim um homem foi levado para a esquadra pela PSP por protestar sozinho em frente à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais. Ao que parece (os critérios são muito fluídos) violou a lei do direito de reunião e manifestação. Um homem. No Primeiro de Maio. Adiante. Aos portugueses, a Portugal e ao seu governo nada disto interessa.

Pois em Jacarta houve Primeiro de Maio. Ninguém violou a Lei de Segurança Nacional. Ninguém andou à procura de pretensas violações da lei para impedir as pessoas de livremente se manifestarem. Ninguém teve medo da sua própria sombra, não obstante o sol intenso e o calor que se fazia sentir.

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Aproveitei o resto da tarde para visitar uma pequena feira do livro, em Cikini, no Taman Ismail Mazurki Park, anteriormente conhecido como Jakarta Arts Center, actualmente gerido pelo Jakarta Arts Council. Trata-se de um complexo cultural, cujo nome se deve a um compositor e músico indonésio. O centro foi renovado em 2021e inclui a biblioteca da cidade, um planetário, teatros, um centro de arte e documentação, salas de cinema e de exposições.

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No dia seguinte, o Jakarta Post, num texto de Shinta Kamdani e Elly Rosita, respectivamente, dirigentes da Indonesian Employers Association (Apindo) e da Confederation of Indonesia Prosperity Trade Union (KSBSI), apelava ao diálogo social em tempos de incerteza, recordando que as crises se ultrapassam quando são enfrentadas por uma nação unida e com um único objectivo, através de acordos mútuos, evitando-se exacerbar os conflitos internos e mostrando-se empenho na resolução dos problemas. Patrões e trabalhadores não são adversários, mas sim parceiros de um mesmo ecossistema. Palavras sábias e actuais.

Só os fracos, os medíocres e os imbecis temem a democracia e as suas instituições, desconfiam dos estrangeiros, receiam qualquer manifestação e controlam toda a informação.

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Dias de Batávia (3)

Sérgio de Almeida Correia, 07.05.25

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O Monumento Nacional (Monumen Nasional), conhecido pelo acrónimo Monas, é um símbolo da Indonésia e um orgulho da cidade de Jacarta. Situado na zona central, está no final da Avenida de Sudirman-Thamrin, centro nevrálgico da capital, conduzindo à Merdeka Square. Fica no centro de um extenso jardim, assente sobre uma base quadrangular, sendo ladeado por uma alameda alcatroada que separa o monumento dos canteiros e das demais zonas ajardinadas.

É um local pleno de significado e que ocupava o primeiro lugar dos locais a visitar do meu roteiro.

Países com uma história recente de independência e um passado colonial violento tendem a exacerbar o sentimento nacional, exaltando-o, e a procurar nele encontrar a força que conduz à unidade da nação e à sua perenidade. Nem sempre será assim, havendo casos em que em causa não está o aprofundamento desse sentimento, funcionando esse apelo patriótico à defesa do regime. Nos estados autoritários tende-se a confundir tal sentimento e o amor à pátria com o a mor ao regime e ao partido no poder. Nas democracias são coisas inconfundíveis, e o sentimento nacional indonésio de que me apercebi nalgumas conversas envolve um apego aos novos valores da jovem democracia e o orgulho pelas conquistas económicas e a solidariedade nacional que tem feito o país crescer, com excepção do período da Covid, de forma consistente e a taxas entre os 4,6 e os 5% nas últimas duas décadas.   

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O Monas foi construído no local que era no tempo colonial o centro do governo e do poder neerlandês, era conhecido como a Koningsplein, ou Praça do Rei. Fica no centro de um parque com 80 hectares, aí se realizando muitos eventos oficiais. Em 1 de Maio pp., o chamado May Day, ali discursou o Presidente Prabowo Subianto.

A norte do monumento está a antiga residência dos governadores coloniais, actualmente ocupada pelo presidente e o seu gabinete. A sul ficam as instalações do vice-Presidente, do Governador de Jacarta, as instalações do parlamento provincial e o “bunker” que alberga a Embaixada dos EUA. A oeste situam-se o Museu Nacional, o Tribunal Constitucional e algumas importantes empresas, ficando a leste diversos ministérios e a sede do Movimento Pramuka, mais conhecido como a organização nacional dos escuteiros indonésios, que de certo modo deu continuidade ao escutismo iniciado em 1912 nas então Índias Orientais Holandesas.

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Com uma altura de 132 metros, a construção oficial do Monas só se iniciou em 1961, fazendo parte do projecto do primeiro presidente, Sukarno, tendo sido na ocasião objecto de muita controvérsia. A sua imponência e custo, numa altura em que o país alcançara num passado ainda demasiado próximo a sua independência, e lutava por criar infra-estruturas que permitissem o seu desenvolvimento, num período de grandes carências para a maioria da população, dividiram opiniões. Acabaria por só ser inaugurado em 12 de Julho de 1975.

O formato do Monas representa a união de um falo (liinga) e de uma vagina (yoni), símbolos de prosperidade e fertilidade, havendo também quem o compare com um pilão e um almofariz usados para triturar o arroz. O monumento é todo ele simbólico visto que foi inaugurado em 17 de Agosto, possuindo da base ao topo do graal exactamente 17 metros. A altura do interior do Museu de História é de 8 metros, número que corresponde ao mês da inauguração, e o comprimento de cada lado do graal quadrangular é de 45 metros, uma vez que o ano da independência foi 1945.

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A chama que está no topo, significando o espírito de luta contra o colonialismo, foi toda revestida com 28 Kg de ouro, doados por um homem de negócios de Aceh, ou Achém, em português, na ponta setentrional de Sumatra. Àqueles juntar-se-iam mais 35 Kg de ouro, que passariam a 50 Kg quando foi celebrado o cinquentenário da independência. Até 1991 era ali que também se realizava a Feira de Jacarta.

O museu que está no interior é local de peregrinação e romaria de turistas e de muitos estudantes, com vitrines cheias de reproduções de cenas históricas, batalhas, da ocupação, da libertação e da independência, mostrando-se os diversos períodos históricos e recriações da proclamação da independência, da aprovação da Constituição e de muitos outros acontecimentos de interesse nacional. Tem um local de culto numa das suas esquinas. Num dos lados da estrutura existe um elevador que leva os visitantes ao topo do monumento, de onde em dias claros se pode avistar quase toda a cidade e os edifícios das redondezas.

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No meio existe ainda uma sala, se bem me recordo o chamado Hall of Independence, onde se pode ver o brasão de armas do país, o mapa da Indonésia gravado a ouro no mármore, uma porta que simboliza a entrada de uma mesquita e um excerto da declaração de independência.

Nas proximidades do Monas ficam a Mesquita de Istiqlal e a Catedral de Santa Maria da Assunção, de aqui deixei anteriormente menção.

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Quanto à primeira importa referir que pode albergar até 120 mil fiéis. É a maior mesquita do sudeste asiático e a terceira do mundo. Inaugurada por Sukarno em 22 de Fevereiro de 1978, é um templo recente, curiosamente projectado por um arquitecto cristão, em 1954, Frederich Silaban, do norte de Sumatra. A mesquita levou mais de década e meia a ser construída e foi directamente supervisionada pelo presidente indonésio. Ocupa nove hectares e tem cinco pisos. A cúpula tem quarenta e cinco metros de diâmetro, assente sobre um rectângulo com doze colunas. Possui sete portas, cada uma delas simbolizando a entrada para um dos paraísos do Islão.

Catedral e mesquita são dois grandes símbolos da tolerância religiosa do país e a prova disso é que durante as celebrações e épocas festivas, num e no outro templo, os cristãos que se dirigem à Catedral podem estacionar no parque da Mesquita, e vice-versa, coisa que há umas décadas em Bruxelas seria impensável no parque de estacionamento da Televisão da Bélgica, onde valões não estacionavam os seus veículos nos locais habitualmente ocupados pelos flamengos.

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Se depois de passar por aqui ainda não tiver derretido com a canícula e a humidade, e tiver vontade de continuar a descobrir a cidade, o melhor é apanhar um táxi, aproveitar para se refrescar, e percorrer os cerca de 10 Km que separam a esquina da Jalan Lapangan Banteng da zona de Kota Tua, onde se encontra o Museu da Cidade de Jacarta, o Museu do Banco da Indonésia, o Museu de Cerâmica e a célebre Praça de Fatahillah, outrora conhecida como a Praça de Batávia. Se tiver tempo disponível e quiser poupar as 75.000 rupias que me custou a viagem pode sempre apanhar o autocarro da TransJakarta e seguir até ao fim da linha.

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Os locais das redondezas de Kota Tua, onde também existe uma Chinatown, a que por razões certamente compreensíveis não fui, estão bastante degradados. Como aliás sucede com o Museu da Cidade, a precisar de obras de restauro e de condições que ajudem a preservar o seu interior, em especial as pinturas, fotografias e as magníficas peças de porcelana da Companhia das Índias Orientais Holandesas e o mobiliário que ali precariamente se conserva. Não fosse a madeira do melhor que há no mundo e há muito que teriam ido para o lixo. Vale a pena a visita para se perceber como nasceu a cidade e a razão para muitos dos problemas de natureza ambiental que hoje enfrenta.

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Há alguns edifícios e armazéns de estilo colonial, que mereciam ser recuperados e onde se poderiam fazer coisas bastante interessantes. De restaurantes a bares, hotéis de charme e galerias de arte, mas o braço do rio que por ali se passeia tem demasiado lixo, o cheiro é não raro pestilento, e a rede de esgotos, digo eu que sou um leigo na matéria, precisa de ser totalmente renovada, o que não deve atrair muitos empresários.

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Cafés, alguns restaurantes de qualidade duvidosa, pequenas lojas de souvenirs e artistas de rua, a que se juntam centenas de crianças das escolas, utilizam o espaço da praça para se divertirem e andarem de bicicleta ou de skate, assim dando cor, luz e animação ao local, em particular ao final da tarde, quando aproveitam para tirar fotografias, se divertirem, meterem conversa com um viajante mais demorado que por ali ande, sempre rindo muito e mostrando as suas impecáveis dentaduras, enquanto se vão pendurando à vez nos canhões da praça.

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Dias de Batávia (2)

Sérgio de Almeida Correia, 06.05.25

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Um dos aspectos mais interessantes da Indonésia é a sua multiplicidade étnica, cultural e religiosa. As ilhas, a dispersão entre estas, as barreiras montanhosas e as distâncias entre comunidades do litoral e do interior terão contribuído para que cada uma daquelas mantivesse as suas características.

A extensão do território faz com que tenha fronteiras terrestres com três países – Timor-Leste, Papua-Nova Guiné e Malásia, na ilha de Bornéu, onde está a ser construída a nova capital, Nusantara. Ocupará uma área de 256.000 hectares, na região de Kalimantan Oriental, no estreito de Macáçar (ou, para alguns, Makassar), no lado oposto das ilhas Celebes, fazendo a ligação entre o mar de Java e o mar das Celebes.

Cinco das maiores ilhas do mundo – Nova Guiné, Bornéo, Sumatra, Sulawesi e Java — ficam na Indonésia. As suas fronteiras marítimas fazem a ligação entre o Índico e o Pacífico, e são com as Filipinas, com Singapura, no estreito de Malaca, com a Malásia, com as ilhas indianas de Andamão e Nicobar, com a Austrália e com Palau. Percorrer o país de lés-a-lés significa atravessar três fusos horários e mais de 5.000 Km. A distância entre Jakarta e Jayapura, na província de Papua, são 3.753 Km, que representam mais de 5 horas de voo. É mais longe do que ir de Lisboa a Istambul.

Por aqui se vê a extensão do país e do seu mar. As dificuldades que comporta a administração de um território tão vasto será uma das explicações, creio, para a sua diversidade populacional e manutenção das identidades locais.

Esta dimensão e a referida multiplicidade reflecte-se na existência de sete principais grupos étnicos, sendo o maior o dos javaneses que grosso modo constituem 1/3 da população. Mas também temos malaios, sundaneses, madureses, indonésios de origem e com fortes laços à China, compondo cerca de 4% da população, e muitos outros grupos de menor dimensão, num total de mais de trezentas etnias e sete centenas de línguas e dialectos.

A língua indonésia deriva do malaio, apresentando inúmeros traços de ligações ao português, presentes em numerosas palavras (bendera de bandeira, gerja de igreja, sekolah de escola, minggu de domingo, etc.), ao holandês, ao inglês e ao árabe.

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Com a chegada de Vasco da Gama à Índia, os navegadores portugueses continuaram para leste, em busca da canela de Ceilão, da pimenta de Sumatra e de Java, da noz-moscada e do cravinho que encontraram em Ambon.

Em 1522 foi assinado o Tratado de Sunda (Sunda Kalapa) entre Portugal e o Reino de Sonda, visando a construção de um forte a sua instalação. De acordo com a versão do historiador belga David Van Reybrouck, que escreve e publica em holandês e inglês, por volta de 1525 os portugueses já tinham criado a sua rede comercial, com bases em Ormuz, em Goa, em Colombo e em Malaca, de onde chegaram às Molucas.

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Aqui ergueram um forte, o primeiro de características ocidentais no que viria a ser o solo indonésio (cfr. Revolusi – Indonesia and the birth of Modern World, p. 26).

O referido historiador assinala que o navegador Cornelius de Houtman, de Gouda, foi o primeiro holandês a seguir a rota de Vasco da Gama chegando à costa de Java em 1596, com mapas e informação furtados no porto de Lisboa, estabelecendo-se depois em Bali, durante dois anos, onde deixou, à semelhança dos portugueses noutros locais, um rasto de destruição.

Seguiram-se várias expedições, a partir de 1588, assinalando-se que os navegadores que vinham de Zealand e da Holanda não chegavam em nome de nenhum rei, visto que os Países Baixos foram o primeiro país da Europa a assumir forma republicana, não sob a forma tradicional do Estado moderno, mas numa espécie de confederação que englobava sete províncias ou estados autónomos.

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A presença portuguesa está, aliás, bem presente, no Museu de História de Jacarta, erigido na antiga cidade de Batávia, no velho palácio do Governador holandês, onde fui buscar o nome para estas breves crónicas.

Ali está o padrão, ou a sua réplica, não consegui esclarecer este ponto, que assinala a assinatura do Tratado de Sunda. E uma referência aos portugueses que vieram de Malaca.

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Entre 1600 e 1942, as ilhas estiveram sob ocupação holandesa, a que seguiram entre 1942 e 1945, três anos e meio de ocupação japonesa.

Estas diferentes vertentes encontram depois reflexo no panorama religioso que, nalguns casos, tem sido fonte de vários conflitos, alguns bastante graves e com contornos terroristas.

Muitos ainda estarão recordados dos atentados de Bali, em 2002, que fizeram mais de duas centenas de vítimas, na sua maioria ocidentais que ali viviam ou estavam de férias, e do atentado de 14 de Janeiro de 2016, na zona central da capital, por um grupo extremista muçulmano, nas proximidades de hotéis, de embaixadas e de um escritório das Nações Unidas, atingindo estabelecimentos das cadeias Burger King e Starbucks.

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Jacarta tem numerosas mesquitas, havendo a curiosidade da mais importante estar situada mesmo defronte da Catedral de Jacarta, do outro lado da rua, sinal da convivência e do respeito mútuo.

Foi ali que em Setembro do ano passado esteve o falecido Papa Francisco, que ao sair da Catedral percorreu o túnel que liga os dois templos para assinar com o Grão Imame Nazaruddin Umar uma declaração conjunta.

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A Catedral de Santa Maria da Assunção, em estilo neo-gótico, tem uma zona exterior que abrange um estabelecimento de comidas, um pequeno museu, no qual se conta a história da sua construção e da implantação do cristianismo, se recordam muitos misionários e se guardam diversos documentos, paramentos, alguns objectos de arte sacra, as cadeiras usadas por João Paulo II e Francisco, talvez em condições de conservação que não serão as ideiais.

No exterior, fazendo a ligação entre o museu e a igreja, um pequeno pátio com esculturas regionais, um jardim com boas sombras e rodeado de vegetação, uma constante na Indonésia, junto a uma rocha onde sobressai um nicho. Aí se encontra uma imagem de Nossa Senhora, sempre enfeitada com flores.

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Aproveitei para me sentar nesse espaço. Aí me refresquei, fiz contas à vida, planeei os passos seguintes.

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Dei graças a esse Deus que não conheço e que sempre se ausenta nas horas de violência e perdição humana, deixando as almas e os mais fracos entregues à sua sorte, mas que me tem proporcionado horas incontáveis de viagem, o gosto de encontrar outros como nós, e de ver com os meus olhos e todos os meus sentidos o que ainda resta de tão belo e que, felizmente, o homem ainda não foi capaz de destruir.

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Dias de Batávia (1)

Sérgio de Almeida Correia, 05.05.25

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Quando há uma dezena de anos passei um Natal na ilha de Bali, após uma atribulada viagem que me obrigou a parar em Surabaia, devido a uma chuvada tropical, fiquei com vontade de conhecer a Indonésia.

A ilha dos deuses é para muitos um local de férias paradisíaco, dependendo para onde se vai e se está, mas não serve de referência social, política, cultural, económica ou mesmo religiosa do país a que pertence. 

Quanto a este último aspecto basta pensar na forte componente hindu da população de Bali. Mais de 80% dos seus residentes professa o hinduísmo, apenas 14% seguem o Islão, e 2,5% afirmam-se cristãos, por contraposição ao resto do território, onde os muçulmanos representam mais de 87% da população e os protestantes e católicos ultrapassam 10%.

Recentemente pude concretizar esse sonho antigo, graças à lembrança de um amigo que não se esqueceu de me perguntar se estava disponível para o acompanhar numa viagem de trabalho, que para mim seria mais de turismo e de descoberta de novos lugares. 

A perspectiva de visitar, ainda que uma ínfima parte, do maior país muçulmano do mundo, que depois de libertado das amarras do colonialismo holandês e da ocupação japonesa, no final da II Guerra Mundial, sobreviveu aos tempos de Sukarno e às três décadas da ditadura de Suharto, até começar a trilhar, a partir de 21 de Maio de 1998, na sequência da resignação do último em razão das manifestações e rebeliões populares, a estrada da democracia, não era oportunidade que pudesse desperdiçar.  

E de democracia se pode efectivamente falar. Em Fevereiro de 2024 realizou-se a 5.ª eleição geral democrática num universo de quase 205 milhões de eleitores, distribuídos por mais de 824.000 secções de voto, com uma taxa de participação superior a 80%, para escolher o presidente, o vice-presidente e eleger a câmara baixa do seu parlamento, DPR, a mais importante de um sistema que se tornou bicameral em 2004. À DPR compete a adopção de legislação, a aprovação do orçamento e a ratificação dos acordos internacionais em que a república seja parte, não podendo ser suspensa ou dissolvida pelo Presidente, nos termos do art.º 7.º - C da sua Constituição", o que revela bem o seu peso num sistema de governo presidencial.

Como qualquer democracia, em especial jovem, tem enfrentado alguns problemas. Não será de estranhar quando até as democracias consolidadas do velho mundo são fustigadas pelos ventos iliberais, nacionalistas exacerbados e populistas. E este país, que possui mais de 280 milhões de habitantes, tem quase dois milhões de quilómetros quadrados, e mais de 17 mil ilhas, no que constitui o maior estado arquipelágico do globo, não é excepção.

Isso não impede, todavia, a Indonésia de ser hoje considerada uma democracia robusta no contexto asiático, logo a seguir ao Japão, e país classificado como o “mais democrático do Sudeste Asiático”. Para tal concorre uma democracia eleitoral estável há mais de duas décadas, com eleições livres, competitivas, multipartidárias e regulares, onde não falta uma comunicação social plural, apesar de se ter assistido nos últimos anos a uma deterioração do ambiente geral da sociedade civil e ao aumento de algumas restrições, a que não será alheia a existência de partidos relativamente frágeis e muito dependentes das elites político-empresariais, onde ainda se nota uma forte influência militar, sujeito a elevados níveis de clientelismo e “compra de votos”, apesar de não se terem verificado regressões graves, ao contrário do que nos últimos anos sucedeu na Tailândia e nas Filipinas (Hicken, 2020, Indonesia’s in Comparative Perspective).

Com este pano de fundo, e sabendo que ali iria passar o Primeiro de Maio, desembarquei no recente Terminal 3, estando já em desenvolvimento o Terminal 4, do Jakarta Soekarno-Hatta International Airport, na ilha de Java.

Inaugurado em 2016, com capacidade para movimentar mais de 25 milhões de passageiros por ano, este terminal é um hino à arquitectura, ao ambiente e ao arrojo da construção.

Na retina ficou-me a amplitude dos espaços, em especial a sua organização, destinada a facilitar a circulação e a vida aos passageiros. Também a informação adequada, a luz, a presença constante do verde das suas plantas, e, para quem fica enojado de cada vez que passa pelo Aeroporto Humberto Delgado, o asseio de tudo, a começar pelas casas de banho permanentemente limpas, funcionais e bem cheirosas, onde nada falta.

À chegada, a saída das bagagens é feita por tapetes rápidos, silenciosos e imaculadamente limpos, não se ouvindo as malas a caírem desamparadas e a baterem com força nas protecções laterais, pois há bagageiros atentos e de luvas, sempre prontos a ajeitarem os volumes para que nada se danifique. Menos de cinco minutos depois de ali chegar recolhi a minha mala. Os responsáveis da ANA, e quem vai tutelar a construção – um dia, que espero ainda ver chegar em vida – do futuro aeroporto de Lisboa, deviam colocar os olhos no que ali e noutros locais de bom se fez, aprendendo alguma coisa que pudesse ser útil aos portugueses e a quem nos visita, algo que nos honrasse em vez de permanentemente nos envergonhar.

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A aerogare está relativamente longe do centro da cidade, o que não é impeditivo que os 20 Km que nos levam até ao coração de Jacarta se façam bem, por uma óptima auto-estrada e vias rápidas e sem buracos, nem sucessivas tampas de electricidade, juntas ou desníveis no pavimento que dêem cabo das suspensões e dos amortecedores dos veículos.

Saí de limusina, é certo, ao princípio da noite, mas há transportes públicos rápidos e eficientes, uma linha de metro (MRT) que faz a ligação ao centro da cidade, mini-autocarros, e os táxis da Blue Bird, da Silver Bird, da Grab e de outras empresas, que são novos, baratos, silenciosos, asseados e fiáveis, funcionando com taxímetro. Os motoristas são atenciosos, simpáticos, a maioria falando um inglês muito aceitável, garantido uma viagem tranquila, sem sobressaltos, sem que o passageiro se sinta assaltado ou intimidado pela rudeza de modos do condutor.

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Educação e simpatia, salvo uma ou outra raríssima excepção, que aqui escuso de referir, costumam ser uma marca distintiva dos asiáticos. E nisso os indonésios voltaram a comprová-lo. Se à chegada havia uma viatura à minha espera, depois pude andar sozinho, durante vários dias, incógnito por toda a cidade, usando os seus táxis, tuk-tuk, e os autocarros eléctricos da TransJakarta e de um outro operador.

Fi-lo na maioria das vezes com um passe recarregável, adquirido na bilheteira do Monas (Monumento Nacional) logo no dia seguinte à minha chegada. O cartão é válido por 30 dias e permite aceder a diversos serviços, incluindo a entrada nalguns museus, para o que contei com a ajuda do pessoal em serviço nas diversas estações e dos múltiplos jovens, estudantes, homens e mulheres com quem me cruzei e a quem tive de recorrer algumas vezes para me orientar numa área metropolitana que é quatro vezes maior do que Londres e com 34 milhões de residentes.

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Deixo já aqui nesta breve introdução uma nota para o serviço de autocarros da TransJakarta. Numa cidade que me diziam, há anos, ter um ar irrespirável, encontrei uma atmosfera muito mais limpa e pude ver o azul do céu, coisa que muitas vezes não consigo fazer na cidade onde vivo devido à poluição permanente e à constante insalubridade do ar que nos envolve.

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As linhas da TransJakarta funcionam como se fossem de metro ligeiro. Têm corredores próprios na maioria dos percursos, onde não entram táxis nem motociclos. Deslocam-se em boa velocidade, sem constrangimentos, com ar condicionado e praticamente sem ruído, sabendo-se sempre de antemão quantos minutos, aproximadamente, levaremos a fazer um percurso, ou quanto tempo falta para a chegada do autocarro que aguardamos.

No seu interior não se ouvem telemóveis a toda a hora, nem gente a falar aos altos berros contando as agruras da vida para todos os outros. Ninguém fala em alta voz, e não é preciso andar aos encontrões, ainda que à hora de ponta sigam cheios. Há sempre alguém com um sorriso que nos quer dar prioridade, se apresenta e pergunta de onde somos e para onde vamos, predisposição reforçada quando se apercebem da nossa origem, logo invocando os nomes dos novos heróis do futebol lusíada.

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E se ali mais acima falava em estações é porque em muitos locais disso mesmo se trata, visto que não são vulgares paragens de autocarro.

Construídas, por vezes, no meio das vias, possuem cafés acolhedores e lojas, havendo algumas com boas vistas e em locais emblemáticos da cidade, onde muita gente vai tirar fotografias. As mais modernas, como na zona de Thamrin, onde estão concentradas várias embaixadas e modernos hotéis, foram elevadas, como se fossem estações de metropolitano, com várias portas de vidro, que se abrem à paragem dos veículos, estando as diversas linhas de autocarros, consoante os números, alocadas a determinados pontos do cais. Solução prática e funcional que faz dos autocarros da TransJakarta, nos períodos de maior intensidade do trânsito, que é em regra constante, a melhor opção para uma pessoa se deslocar na grande metrópole. 

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