Há mulheres de quem gosto muito. Que sabem multiplicar, fazer crescer os dons com que nasceram. E que sabem, sobretudo, dar dignidade àquilo que constroem.
Inês Pedrosa é uma delas. Conheci-a no Independente e revia-me no que ela escrevia quando tinha idade para ser minha filha porque a sua escrita era intemporal. Ela escreve com a inteligência dos afectos, mantendo o gosto de ser mulher e nunca tendo tido de se masculinizar para desempenhar na sociedade portuguesa o seu papel.
Anos mais tarde haveríamos de manter um programa de rádio que muito nos divertiu e onde a sua voz jamais se calou perante o que considerava justo ou injusto. Sem espartilhos partidários ou preconceitos sociais.
Depois, haveria de aceitar o desafio de ficar à frente da Casa Fernando Pessoa onde o seu trabalho tem sido notável. Mesmo quando os fundos de que dispunha estavam longe de serem os mínimos necessários, não abandonou o barco e soube fazer daquele espaço um centro de homenagem à língua portuguesa nas diversas vertentes que ela assume.
Hoje, na praça Leya, na Feira do livro, celebram-se 20 anos da sua carreira literária. Parabéns minha querida Inês, porque tu mereces inteiramente essa homenagem. E se não fosse eu estar a recomeçar devagarinho, seria das primeiras a ir dar-te um abraço!