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Delito de Opinião

Impressões alemãs (40)

Cristina Torrão, 31.08.22

O Norte é símbolo de frio e desconforto, o Sul significa calor e vida despreocupada. Os clichés parecem seguros a pedra e cal, até ao momento em que começamos a interrogá-los. E podemos perguntar-nos, por exemplo, se, tendo o Norte mais poder de compra e uma vida mais organizada, esta não será, de facto, mais descontraída.

Enfim, isto dava pano para mangas, mas, mesmo tendo em conta apenas o clima, observemos os extremos: Inverno constante nos pólos, Verão constante na linha do Equador. Será esta última hipótese realmente a chave para uma vida paradisíaca? Na verdade, só quem tem meios para passar lá férias pensa assim. Viver constantemente num meio quente, sem estações do ano, nem variações de duração entre o dia e a noite, torna-se monótono (afectando a psique) e convida ao letargismo (afectando a condição física).

O ritmo sazonal das regiões temperadas equilibra a nossa vida. Quanto está frio e as noites são longas, ansiamos pelo Verão, regozijando-nos quando ele finalmente chega. Mas o contrário também se verifica, principalmente, em Verões quentes e secos, como o deste ano. Quem não anseia por um tempo mais fresquinho, sem a praga dos incêndios e a possibilidade de não suarmos constantemente, por mais duches que tomemos?

Do ponto de vista global, a Alemanha ainda se considera zona temperada, mas, ficando mais a Norte do que Portugal, o contraste entre as estações do ano é mais acentuado. E aqui ficam as variações sazonais em Stade.

PRIMAVERA

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Stade Primavera 3.JPG

VERÃO

Stade Verão 2015-07-17 Schwedenspeicher Museum 15

(Centro histórico de Stade com o porto medieval, num braço do rio Schwinge, afluente do Elba. Stade pertencia à Liga Hanseática)

Stade Verão 2013.JPG

(Alfazemas no nosso jardim)

 

OUTONO

Stade Outono 2011-11-06 Spaziergang 11.JPG

Stade Outono 2011-11-06 Spaziergang 39.JPG

INVERNO

Stade Inverno 2010-12-18 Stade 08.JPG

Stade Inverno 2010-12-18 Stade 03.JPG

E com este postal dou por finda esta minha série. Na verdade, falta-me material, ou seja, fotografias, pelo menos, em formato digital. Talvez retome a série com outras mais antigas, se me apetecer digitalizá-las. Ou talvez inicie outra série, dedicada a Portugal.

Impressões alemãs (39)

Cristina Torrão, 24.08.22

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Imagem Wikipedia

Num país como a Alemanha, não se espera que a travessia rodoviária de um rio represente um problema. Na verdade, a travessia do Elba, em direcção ao Norte (incluindo o acesso à Escandinávia), é um quebra-cabeças há várias décadas. Há apenas uma possibilidade: um túnel, em Hamburgo (o chamado Elbtunnel), por baixo da zona portuária, com cerca de 3 km de comprimento, no curso da A7, que vai até à fronteira com a Dinamarca. Ora, todo o trânsito vindo da, ou em direcção à, Escandinávia, tem de passar por este túnel. Junto com o trânsito habitual de uma cidade de dois milhões de habitantes (e apesar de, na verdade, se tratar de quatro túneis, com um total de oito faixas de rodagem), os engarrafamentos, com vários quilómetros de comprimento, são constantes. Desde que aqui cheguei, em 1992, ouço falar de uma alternativa ao Elbtunnel, projecto eternamente por cumprir (parece o aeroporto de Lisboa), pois não há entendimento quanto ao local e ao impacto ecológico da obra, assim como à melhor forma de concretizar a ideia: túnel, ou ponte?

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Na verdade, há uma outra forma de atravessar o rio, mas não é alternativa válida para viagens de longo curso. Cerca de 15 km a jusante de Stade, há um ferry-boat que faz a ligação entre as duas pequenas cidades de Wischhafen e Glückstadt. A capacidade dos ferries é, porém, muito limitada. Mesmo só usado a nível regional, formam-se longas filas, em tempos de férias, e a espera para um lugar pode demorar duas a três horas.

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No dia em que fizemos a travessia, não tivemos de esperar muito, pois deixámos o carro no parque de estacionamento e embarcámos a pé. A pequena viagem não é tão simples quanto isso, o capitão do ferry tem de ter em atenção os navios que se dirigem ao porto de Hamburgo e, ainda, as várias embarcações de recreio que cruzam o rio Elba em todas as direcções.

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As margens do rio Elba contêm importantes ecossistemas, por isso, é tão difícil tomar uma resolução, quanto à construção de um novo túnel ou ponte.

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Em Glückstadt, deparámos com esta interessante pintura em azulejo, aliás, algo que se considera tipicamente português. A imagem representa uma cena marítima aqui do Mar do Norte e resta saber onde foi o artista buscar a sua inspiração.

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Impressões alemãs (38)

Cristina Torrão, 17.08.22

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aqui falei do rio Elba, que desagua em Cuxhaven, no Mar do Norte. Stade, a cidade onde vivo, a meio caminho entre Hamburgo e Cuxhaven, fica a poucos quilómetros da sua margem sul. Na imagem em cima (uma captação de ecrã do Google Maps), pode ver-se a sua localização, apesar de o nome estar tapado pelo balão vermelho. Prolonguei a imagem para Norte, a fim de mostrar que esta zona não fica longe da fronteira entre a Alemanha e a Dinamarca (linha verde, ao pé de Flensburg, a última cidade alemã). E lá perto, do lado esquerdo, pode ver-se a ilha Föhr, da qual falei na semana passada.

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Há algumas praias fluviais, perto de Stade, onde os banhos são permitidos. Apesar de ficarem no trajecto cumprido por todos os navios a caminho do porto de Hamburgo (40 milhas marítimas), a qualidade da água é controlada. O Elba tem, nesta zona, 3 km de largura, há inclusive uma ilha, no meio do rio, e as grandes oscilações da maré, no Mar do Norte, permitem a constante renovação das águas. Mesmo assim, há quem opte por não lá entrar. Outros tomam banho junto com a matilha, nos locais onde os cães são permitidos.

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Nos vários braços do Elba, há quem aproveite para pescar, ou fazer piqueniques. Quando o tempo o permite, são locais muito agradáveis.

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Impressões alemãs (37)

Cristina Torrão, 10.08.22

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O nosso Réveillon 2014 foi passado em Föhr, uma ilha no Mar do Norte, perto da fronteira entre a Alemanha e a Dinamarca. O motivo principal foi a Lucy, que tinha pânico do fogo de artifício e como, na altura, já tinha dez anos, resolvemos experimentar uma das ilhas, onde se dizia não haver as habituais orgias de foguetes e petardos. Na noite de Ano Novo, o alemão mais pacato transforma-se num verdadeiro piromaníaco. O material pirotécnico compra-se em qualquer supermercado e, em 2013/2014, os cidadãos deste país gastaram cerca de 150 milhões de euros em foguetes, rojões e quejandos! A quantia aumenta todos os anos, embora tenha havido uma quebra, com a pandemia, mas, penso eu, será recuperada. Os foguetes começam a ser experimentados a partir do momento em que estão à venda (dois ou três dias antes da passagem de ano) e, na noite em questão, o seu lançamento estende-se por várias horas.

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Na verdade, as ilhas não são completamente livres desse hábito, mas bastante mais sossegadas. Valeu a visita, apesar dos dias curtos e de um vento fortíssimo e gélido, que meteria qualquer nortada portuguesa num bolso.

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A temperatura manteve-se positiva, entre os 5ºC e os 8ºC, o que, no Inverno alemão, é considerado ameno. Mas, e apesar de os cavalos da imagem não parecerem ter dificuldades, o vento era mesmo difícil de suportar, pelo que será de aconselhar o Verão para uma visita. O passeio de Ano Novo, à beira-mar, só era possível com bons agasalhos.

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A maior parte das casas tem os típicos telhados de cana seca. Trata-se de um tipo de cana especial, designada como sapê, ou sapé, no Brasil (designação dada a algumas plantas gramíneas do Brasil, cujos caules secos são usados como cobertura de casas). Em alemão é "Reet" e eu não encontrei melhor tradução. Se alguém a conhecer, agradecia a informação. Este tipo de telhado obedece a uma técnica especial, que hoje poucos dominam, e é muito eficiente, tanto no Inverno, como no Verão.

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Numa rua de Wyk, a maior localidade de Föhr, encontrámos a representação do marinheiro típico destas paragens.

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Uma igreja com o seu cemitério:

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Em Wyk, deparámos igulamente com este estabelecimento curioso, mas estava fechado e não cheguei a perceber se pertencia a gente portuguesa, ou a algum "fã de Portugal". Digo isto, porque conheci um destes "fãs", em Hamburgo, um cabeleireiro alemão, que denominou o seu estabelecimento com a palavra portuguesa. Quando lhe perguntei porque o fez, disse-me que, se muita gente denominava o seu salão de "friseur" ou "hairdresser", porque não podia ele denominá-lo de "cabeleireiro"? Tinha a sua razão de ser. Mas, na verdade, o homem tinha algumas dificuldades. Ninguém conseguia ler a palavra. E toda a gente que lá entrava lhe perguntava que raio de nome ele tinha dado ao salão!

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Passar-se-ia o mesmo com esta sapataria, em lugar tão distante e inóspito?

Impressões alemãs (36)

Cristina Torrão, 03.08.22

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Wismar, na costa do Mar Báltico, foi fortemente bombardeada na 2ª Guerra Mundial. Muitos edifícios históricos ficaram seriamente danificados, como as igrejas góticas de Santa Maria e de São Jorge. Da primeira, só mesmo a torre ficou de pé e, em 1960, o governo da RDA resolveu rebentar com as ruínas da nave. Não posso ajuizar desta decisão, pois não faço ideia qual era o nível de destruição dessas ruínas. Quanto à igreja de São Jorge (fotografia acima), o governo comunista também pouco fez. A seguir, uma fotografia de um painel que mostrava o estado do edifício em 1990, altura da reunificação alemã (à direita) e em 2005, já depois de várias obras.

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Quando lá estivemos, em 2012, apesar de a parte exterior já ter sido reparada, lá dentro, o cenário era ainda desolador. Nunca tinha estado numa igreja tão vazia. Melhor dizendo, tão nua.

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O facto de se tratar de uma imponente construção gótica ampliava a desolação.

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Em baixo, algumas pinturas por restaurar.

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Esperemos que, passados dez anos, a igreja tenha recuperado mais da sua grandeza de outros tempos.

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Impressões alemãs (35)

Cristina Torrão, 27.07.22

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Wismar é uma cidade na costa do Mar Báltico, no extremo sul da baía com o seu nome, onde se encontra também a ilha Poel. Tem cerca de 42.000 habitantes. Pertencia à Liga Hanseática, pelo que atingiu grande importância, na baixa Idade Média.

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Hoje em dia, é uma cidade turística, também devido ao seu centro histórico. Foi muito danificada, durante a 2ª Guerra Mundial, e só depois da reunificação alemã se procedeu a uma verdadeira requalificação dos edifícios (na imagem acima, a Câmara Municipal).

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Na altura em que lá estivemos, encontrava-se, no porto antigo, uma embarcação do tempo da Liga Hanseática, a denominada Kogge (ao fundo), usada nos circuitos comerciais da época.

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Fomos vê-la de perto.

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Os tempos áureos do comércio há muito passaram. Mas, além do turismo, Wismar vive igualmente da pesca. Neste porto antigo, encontram-se à venda muitos peixes fumados pelos próprios pescadores (enguia, cavala, arenque, truta, salmão, etc.).

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Impressões alemãs (34)

Cristina Torrão, 20.07.22

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A ilha Poel, no Mar Báltico, está situada na baía de Wismar, ou seja, era território da antiga RDA. Tem uma superfície de 34,3 km² e, devido à sua proximidade da costa (cerca de 2 km) está ligada a esta por um dique, sobre o qual se construiu uma estrada.

Trata-se de uma ilha muito pacata, apesar de turística. A maior parte dos turistas concentra-se junto à Timmendorf Strand, a maior praia, mesmo que o clima nem sempre seja o mais favorável. Na verdade, é na costa do Mar Báltico que se contam mais horas de sol anuais, em território alemão, mas, quando lá estivemos, no final de Agosto, havia bastante vento.

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Poel tem, no entanto, outros encantos. É um local sossegado, com muita agricultura, grandes propriedades e espaço para os seus animais. Ficámos hospedados numa dessas quintas, assim uma espécie de Turismo Rural. Os donos, já de certa idade, explicaram-nos que, à semelhança de outros habitantes da ilha, tiveram dificuldades em readquirir as propriedades que haviam pertencido às suas famílias, expropriadas a seguir à 2ª Guerra Mundial, pelo regime comunista. Viram-se obrigados a comprar aquilo que deveriam ter herdado. E, quando o conseguiram, deram com tudo num estado lastimoso, tendo ainda de investir muito dinheiro na sua recuperação.

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Em Poel, os símbolos marítimos estão em todo lado, incluindo igrejas e restaurantes. Dei comigo a pensar que é raro ver casos destes em Portugal (eu, pelo menos, não conheço muitos), apesar de nos apelidarmos de "povo marítimo".

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Sendo uma ilha pequena, e, apesar de ser alcançável de carro, as estradas são bastantes estreitas. Como as distâncias são curtas e o terreno é plano, o melhor, pensam muitos, é explorá-la de bicicleta.

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Também assim fizemos e tratámos de arranjar uma solução para a nossa fiel companheira: um pequeno atrelado, já que a Lucy, apesar de o tamanho o permitir, não queria saber de ser transportada num cesto acoplado ao guiador da bicicleta.

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Comprámos este atrelado, mas a Lucy também detestou. Mal a bicicleta se punha em movimento, começava a ganir, aumentando o volume em proporção à distância percorrida. Pensámos que ela se habituasse, mas tal não aconteceu. O melhor mesmo teria sido habituá-la desde pequena a esta modalidade de transporte.

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Enfim, ela lá teve de aguentar a angústia que a atacava (não fazemos ideia qual e porquê) e nós o ganir incomodativo. Mas mantivemo-la connosco, o que, pensamos, é sempre o melhor a fazer com um animal de estimação. Quanto ao lindo atrelado... foi desmantelado, no fim das férias, e colocado no sótão, onde se encontra há dez anos.

Impressões alemãs (33)

Cristina Torrão, 13.07.22

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Com a chamada "Cidadela Verde de Magdeburgo" (Die grüne Zitadelle von Magdeburg), termino a trilogia sobre esta cidade da antiga RDA. A "Cidadela Verde" é uma obra do arquitecto austríaco Friedensreich Hundertwasser (1928-2000), que, nas suas palavras, gostava de construir "oásis para os humanos e a natureza, no meio do mar das casas racionais".

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Hundertwasser era um arquitecto inconvencional. Há quem adore e há quem deteste. Começou por ser pintor, mas, ao longo da sua vida, dedicou-se cada vez mais à arquitectura. Dono de uma filosofia muito própria, considerava ser a arquitectura a terceira pele das pessoas, susceptível de ser escolhida e/ou adornada de acordo com o gosto pessoal, como o fazemos com a nossa primeira pele (a natural) e a segunda (o vestuário).

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Hundertwasser dizia haver uma forte ligação entre a arquitectura de uma casa e o bem-estar das pessoas que lá vivem. Disso, parece não haver dúvida. Mas será que a "Cidadela Verde de Magdeburgo" é mais ecológica e proporciona mais bem-estar a quem lá mora, ou fica hospedado no hotel que alberga?

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Enfim, gostos não se discutem. Há quem encha a sua "primeira pele" de tatuagens e há quem se sinta bem com uma "segunda pele" espampanante. Outros fazem tudo por serem discretos. Hundertwasser defendia que cada um devia ter uma casa à sua medida, mesmo que isso significasse um caos de cores, formas e feitios.

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Uma coisa, porém, é certa: goste-se, ou não, da "Cidadela Verde de Magdeburgo", ela quebra a monotonia, exercendo forte atracção em quem lá passa e sendo um apreciado motivo fotográfico.

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Impressões alemãs (32)

Cristina Torrão, 06.07.22

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A imponente catedral de Magdeburgo sobreviveu à 2ª Guerra Mundial, mas o desleixo a que foi votada, durante mais de quarenta anos de regime comunista, exigiu trabalhos de renovação, depois da queda do muro de Berlim.

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Esses trabalhos eram ainda notórios, quando estivemos em Magdeburgo, em 2011, tanto no interior, como no exterior do edifício.

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Magdeburgo foi um grande centro da Reforma Luterana. A cidade foi aliás palco de lutas ferozes, durante a Guerra dos Trinta Anos. É, ainda hoje, marcadamente Protestante e, em 2011, a fim de atrair, tanto os habitantes da sua cidade, como os turistas, à catedral, havia uma exposição (muito concorrida, diga-se de passagem) sobre a Bíblia e as suas variadas traduções.

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Tendo a tradução da Bíblia por Lutero beneficiado, para a sua divulgação, da invenção da imprensa por Gutenberg, ocorrida na mesma altura (os dois acontecimentos são quase sempre evocados em conjunto, na Alemanha), também lá estavam uns estudantes a demonstrar como se imprimiam livros no século XVI.

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Impressões alemãs (31)

Cristina Torrão, 29.06.22

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Há coisas interessantes. Sei, por exemplo, que ouvi falar, pela primeira vez, na cidade alemã de Magdeburgo, a 24 de Abril de 1974. Além de ter sido a véspera da Revolução, foi o dia em que o Sporting perdeu, por um triz, a meia-final da Taça das Taças, na antiga RDA, causando grande consternação em minha casa. O jogo foi precisamente contra o Magdeburg FC, clube que desapareceu da alta competição futebolística, jogando actualmente na 3ª divisão alemã. Aliás, todos os clubes da RDA desapareceram da 1ª Bundesliga. O RB Leipzig está lá, mas foi refundado em 2009 pela Red Bull.

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Em 1974, eu tinha quase nove anos, vivia em Vila Nova de Gaia e nem me passava pela cabeça que viesse a residir na Alemanha. E, quase quarenta anos depois dessa noite fatídica, estava de visita à já ocidentalizada Magdeburgo, nas margens do rio Elba, o mesmo rio que passa por Hamburgo e vai desaguar em Cuxhaven, no Mar do Norte.

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A cidade foi completamente destruída na 2.ª Guerra Mundial. Durante os tempos da RDA, a sua reconstrução baseou-se na arquitectura estalinista. Depois da reunificação, alguns desses prédios foram substituídos, outros foram renovados e ainda outros tornaram-se eles próprios objectos de interesse histórico.

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Como muitas cidades do Leste da Alemanha, Magdeburgo sofre de desertificação, apesar dos esforços da autarquia em atrair gente, nomeadamente, jovens, com a sua Universidade Técnica. Para demonstrar a baixa densidade populacional, vou compará-la com o Porto, pois ambas têm sensivelmente o mesmo número de habitantes: 236.000 para a cidade alemã, 232.000 para a portuguesa. Acontece que Magdeburgo possui uma área de 201 km2, cerca de cinco vezes maior que a do Porto, com os seus 41,42 km2.

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Esta abundância de espaço tem as suas vantagens, pois encontramos passeios largos, excelentes ciclovias e o metro de superfície muito bem integrado na paisagem, além de uma ponte sobre o Elba exclusivamente para ciclistas e peões.

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É uma pena que o Leste não consiga segurar gente, pois Magdeburgo é uma cidade muito agradável: verde, limpa e bem planeada.

Impressões alemãs (30)

Cristina Torrão, 22.06.22

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Quedlinburg situa-se a norte do Parque Natural do Harz e faz parte da lista do Património Mundial da UNESCO desde 1994. À semelhança de outras cidades alemãs pequenas, praticamente desconhecidas no estrangeiro, teve grande importância nos tempos medievais, ao tornar-se residência real (Königspfalz), no século X.

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Durante cerca de dois séculos, Quedlinburg tornou-se no local onde os reis germânicos festejavam a Páscoa e Henrique I decidiu mesmo ser lá sepultado. Tendo morrido em 936, o 1000º aniversário da sua morte, em plena época nazi (1936), foi um verdadeiro presente propagandístico para Heinrich Himmler, o chefe militar das SS. Himmler criou um verdadeiro culto à volta deste soberano medieval, chegando ao ponto de ser ele próprio considerado a sua reincarnação.

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Ao contrário de outras cidades alemãs, Quedlinburg manteve as suas características medievais, de ruas sinuosas e estreitas e pequenas praças, pois sobreviveu praticamente intacta à 2ª Guerra Mundial.

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Apesar disso, a sua herança histórica e arquitectónica esteve seriamente em perigo. Embora junto à fronteira entre as duas Alemanhas, Quedlinburg pertencia à RDA, que nada fez para preservar o centro histórico. Nos anos 1960, o governo comunista esteve mesmo em vias de o destruir completamente, a fim de criar uma grande praça central, rodeada dos típicos prédios de betão do regime. Apenas a falta de verbas evitou a catastátrofe.

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Numa visita à cidade, em 1990, o chanceler Helmut Kohl garantiu verbas para a restauração dos antigos edifícios. No entanto, e apesar de a Alemanha ser um país rico, a reunificação tornou-se difícil de comportar. Quando estivemos em Quedlinburg, em 2011, e apesar de o centro histórico estar já praticamente recuperado, havia ainda bastante que fazer. Vinte anos depois da reunificação, a decadência do regime comunista era ainda notória em certos cantos.

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Também o estado das igrejas deixava muito a desejar. Um dos grandes "pecados" dos regimes de inspiração soviética, alérgicos à religião, foi precisamente o abandono desses edifícios de importância histórica indubitável. Ainda hoje, a esmagadora maioria da população de Quedlinburg (assim como a das regiões pertencentes à antiga RDA), não professa nenhum tipo de religião.

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Passados mais de dez anos da nossa visita, esperamos que a recuperação de todos os edifícios históricos esteja concluída.

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Impressões alemãs (29)

Cristina Torrão, 15.06.22

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Bad Harzburg é uma pequena cidade termal, na região montanhosa do Harz, perto da antiga fronteira interna alemã. Em 1569, foi aqui descoberta uma fonte de água salgada. Na Alemanha, há várias destas nascentes, por vezes, a centenas de metros de profundidade, com grandes quantidades de sódio e cloretos, pelo contacto da água com determinados tipos de rocha. Estas nascentes permitem a produção do típico sal de cozinha (cloreto de sódio), longe da água do mar.

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Dependendo da quantidade dos seus componentes, estas águas podem revelar propriedades medicinais. Em Bad Harzburg, a produção de sal terminou em 1851, para dar lugar a umas termas de luxo, com hotéis, casino e até um hipódromo, ainda hoje existente e que, pelos vistos, inspirou os jardineiros locais. O desenvolvimento explosivo da localidade termal no século XIX também se deveu à rápida inclusão desta pequena cidade na rede ferroviária, a 31 de Outubro de 1841.

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Aqui, encontramos também uma estátua pitoresca, lembrando os tempos da Belle Époque, em que os frequentadores (neste caso, uma frequentadora) das termas eram levados ao cimo dos 481 metros do monte Burgberg montados em burros e mulas. Este hábito terminou com a inuaguração de um teleférico, em 1929. Porém, inspirada num quadro do pintor Adolph von Menzel (1815-1905), a escultora Ursula Bacmeister conseguiu o apoio financeiro dos cidadãos e de várias firmas da região para eternizar a imagem desses tempos e quiçá homenagear esses nossos servidores que costumam ficar esquecidos. A estátua foi inaugurada a 14 de Julho de 1989.

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Impressões alemãs (28)

Cristina Torrão, 08.06.22

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O Harz é uma extensa cadeia montanhosa no centro da Alemanha, embora a sua altitude não se possa comparar aos Alpes. Brocken (na fotografia), o cume mais alto, eleva-se até cerca de 1100 metros. A fronteira entre a RFA e a RDA corria bem no meio deste Parque Nacional, de montanhas florestadas. O Brocken pertencia à Alemanha de Leste.

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Lago de Vienenburg, no Parque Natural do Harz

Outrora uma zona mineira, de onde se extraíam metais como ferro, cobre, chumbo e prata, o Harz é hoje uma zona turística protegida, onde se passam férias sossegadas, em contacto com a Natureza.

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Reservas de corças em Wöltingerrode

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Antigo mosteiro de Wöltingerrode, hoje, um hotel

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Igreja Luterana de São Nicolau, em Altenau. Construída em 1670, mantém a sua estrutura em madeira.

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As montanhas florestadas do Harz

Impressões alemãs (27)

Cristina Torrão, 25.05.22

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Goslar, com cerca de 50.000 habitantes, e sendo o seu centro histórico Património Mundial da UNESCO, é uma cidade muito agradável de visitar, principalmente, num dia de sol, como o que felizmente tivemos.

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Com edifícios antigos e bem conservados, a praça principal, felizmente interdita a veículos motorizados e cheia de restaurantes e esplanadas, é um local mesmo muito simpático.

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Sucedem-se os  motivos fotográficos, para deleite dos turistas e não só.

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Há mesmo fotógrafos que acabam por ser fotografados ;-)

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E até a Lucy encontrou motivos de interesse.

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Impressões alemãs (26)

Cristina Torrão, 18.05.22

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Palácio Imperial de Goslar

Goslar era uma importante cidade medieval. O Palácio Imperial (Kaiserpfalz), assim como o centro histórico da cidade, são Património Mundial da UNESCO desde 1992.

Sendo a actual Alemanha (incluindo partes de países vizinhos) uma amálgama de condados e ducados, na época medieval, sob o poder do imperador germânico, não havia uma "cidade-capital", onde estivesse instalada a corte. Os imperadores tinham necessidade de percorrer os seus domínios regularmente, assegurando o seu poder, e mandaram construir residências (Pfalz) em vários pontos do império. A Kaiserpfalz de Goslar começou a ser construída por volta de 1005, pelo imperador Heinrich II (Henrique II), embora se pense que começasse por ser residência de uma reserva de caça. O certo é que o neto, Heinrich III, a mandou ampliar, por volta de 1040.

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Ao longo do tempo, o edifício sofreu várias alterações e ampliações. O que vemos hoje pouco tem a ver com a construção medieval. Principalmente a grande reformulação de 1868/79, num tempo em que a Alemanha, depois de séculos de decadência, de novo alimentava grandes sonhos imperiais, descaracterizou bastante o edifício.

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Modelo do Palácio Imperial, antes das profundas remodelações de 1868/79 (fonte: Meerkarhu - Eigenes Werk, CC BY-SA 4.0)

Esta descaracterização é naturalmente objecto de polémica. Estando, no entanto, fora de questão a destruição do edifício, já o desmantelamento das estátuas, erigidas também no século XIX, reune vários apoiantes.

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Uma das estátuas representa Frederico I Barbarossa (século XII), que se tornou num imperador mítico, dos tempos áureos medievais, em que o império incluía grande parte da Itália (daí o seu cognome). Mas a estátua de Wilhelm I (Guilherme I) é ainda mais polémica. Regente no tempo em que se fez a remodelação, está representado como sendo Wilhelm der Große (Guilherme o Grande), cognome sem qualquer fundamento histórico.

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Os dois leões (ver também primeira fotografia) foram igualmente erigidos na sequência destas pretensões imperiais do século XIX, pois o leão era o símbolo de um igualmente mítico duque medieval, Henrique o Leão (Heinrich der Löwe).

De qualquer maneira, tanto o Palácio Imperial, como a cidade de Goslar, representam uma importante receita turística (o centro histórico vem na próxima semana).

Impressões alemãs (25)

Cristina Torrão, 11.05.22

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Praia de Cuxhaven, na maré baixa

Na costa alemã, o Mar do Norte recua vários quilómetros, na maré baixa. Ou seja: desaparece de vista, permitindo a Wattwanderung. Esta palavra é de difícil tradução. A segunda parte da palavra, Wanderung, significa caminhada. E a primeira parte, só por si, não existe, é necessário recorrer à palavra Wattenmeer, que indica um mar em maré baixa, ou, mais propriamente, o solo arenoso e, muitas vezes, pantanoso, que ele deixa, ao desaparecer. Na altura da maré baixa, a praia de Cuxhaven modifica-se completamente, pois permite passeios "mar adentro". No entanto, é preciso cuidado, pois, quando o mar regressa, tudo acontece de forma bastante rápida. É imprescindível consultar o horário das marés.

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A maré baixa permite ir até à ilha Neuwerk, ao largo de Cuxhaven, a cerca de 11 km da praia. Para passeios longos como estes, porém, convém não ir sozinho. Ainda melhor, é tomar parte em excursões organizadas, com guia, pois há locais com areias movediças que se podem tornar perigosos. Além disso, é necessário calcular bem o tempo, a fim de regressar à praia, antes da maré cheia. A pé, fica muito apertado e uma outra opção é utilizar estas carroças castiças, puxadas por cavalos.

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Nas praias alemãs do Mar do Norte, em vez de barracas, há estes bancos protegidos por uma espécie de concha, pois o vento pode ser muito desagradável. Chamam-se Strandkorb ("cesto" de praia).

Impressões alemãs (24)

Cristina Torrão, 04.05.22

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Com cerca de 50.000 habitantes, Cuxhaven, a 70 km de Hamburgo, não é das mais conhecidas cidades alemãs, no estrangeiro. Internamente, é famosa pela sua praia e por ser lá que o rio Elba desagua no Mar do Norte. Isto dá-lhe ainda outra importância: todos os navios que procuram o famoso porto de Hamburgo, têm de passar por lá. E só 40 milhas marítimas mais tarde, alcançam o almejado porto. Isto leva a que, de vez em quando, sejam feitas drenagens de areia, a fim de que o rio Elba tenha profundidade suficiente. Com custos para o ambiente, claro está. Mas esse assunto ficará para uma outra ocasião.

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Este é um restaurante típico de Cuxhaven, especializado em peixe. Escusado será dizer que a pesca tem aqui muita tradição, uma das fontes de receita desta cidade, além do turismo. Este é, na sua maioria, composto por alemães, pois praticamente nenhum estrangeiro à procura de praias vem aqui parar.

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Pormenor da zona pedonal de Cuxhaven

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Praia de Cuxhaven. E, no próximo postal, explico como foi possível tirar esta fotografia do meio da água.

Impressões alemãs (23)

Cristina Torrão, 27.04.22

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A simbologia da Floresta de Teutoburgo não está limitada à Batalha de Varus e à estátua de Hermann/Arminius. Também lá encontramos uma curiosa formação rochosa apelidada de Externsteine (Pedras Extern). O nome não tem a ver com "externo", mas deriva de alguma antiga palavra germânica, para a qual aliás não se encontra consenso.

As Externsteine exercem fascinação em muitos alemães, mas, na verdade, nada se sabe sobre elas. Existem apenas mitos e lendas. Em 1564, o historiador e teólogo luterano Hermann Hamelmann indicou-as como um antigo santuário germânico (pagão), destruído por Carlos Magno (teoria muito aproveitada pelos nazis). Mas também se diz ter sido um observatório de astronomia, antes da era de Cristo, uma espécie de Stonehenge, se bem que não construído por mão humana. Noutras lendas, as rochas são as guardiãs do Santo Graal, ou mesmo os dentes de um gigante.

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Há, porém, escassez de dados científicos. Nas suas imediações, já se fizeram achados arqueológicos pré-históricos, os mais antigos, datados de 10.000 AC. Tais achados, porém, apenas testemunham presença humana na zona, sem nos darem qualquer pista sobre razões ou motivos especiais que tenham levado esses nossos antepassados a frequentar o local.

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Hoje em dia, as Externsteine são, sobretudo, uma atracção turística, havendo igualmente grupos de esotéricos que vêem no local uma fonte de energia com qualidades espirituais.

Impressões alemãs (22)

Cristina Torrão, 20.04.22

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Floresta de Teutoburgo

Na semana passada, aludi à Batalha da Floresta de Teutoburgo, ocorrida no ano 9 DC. Na verdade, não se sabe o local exacto desta batalha, nem se realmente se pode falar numa batalha. Têm sido achados vestígios arqueológicos numa vasta área desta floresta, apontando para combates em vários locais.

O certo é que inúmeras tribos germânicas se uniram sob o comando de um chefe da tribo dos queruscos, que os alemães apelidam de Hermann, mas, para os romanos, era Arminius. Na verdade, ele tinha sido um valoroso oficial do exército romano, mas acabou por decidir impedir o seu avanço. Muitos germânicos alistaram-se nas legiões romanas. E, o que parecia ser vantajoso, acabou por ser fatal, no caso de Arminius/Hermann. Ele conhecia o exército romano como ninguém e sabia que a cerrada e enorme Floresta de Teutoburgo seria o local ideal para o enfrentar. De facto, as legiões romanas XVII, XVIII e XIX não encontraram espaço para pôr em prática as suas temidas formações, vendo-se à mercê das emboscadas do inimigo.

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As legiões romanas eram comandadas por Publius Quinctilius Varus (Públio Quintílio Varo, em português), por isso, este prélio é também conhecido, na Alemanha, como a Batalha de Varus (Varusschlacht). Ela foi decisiva. Os romanos não mais se aventuraram a leste do rio Reno.

Hermann, ou Arminius, acabou por ser homenageado pelos alemães, numa estátua gigantesca, construída entre 1838 e 1875 (ainda no rescaldo das invasões napoleónicas). Com uma altura total de cerca de 53,50m (a figura em si mede 26,50m) foi a maior estátua da civilização ocidental moderna, até à construção da Estátua da Liberdade, em Nova Iorque (1886).

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Sirvo-me de uma fotografia da Wikipedia, porque as nossas, tiradas em 2001, ainda sem máquina digital, não têm a qualidade desejada. Voltámos à floresta, em 2010, mas não tornámos a ir à estátua.

A estátua acabou por sobreviver incólume à 2ª Guerra Mundial (talvez por se encontrar em plena floresta). Depois deste conflito, a sua permanência foi alvo de polémica. Aliás, continua a ser. Mas ela lá está, contribuindo para boas receitas turísticas. E é ainda a maior estátua da Alemanha.

Impressões alemãs (21)

Cristina Torrão, 13.04.22

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Castelo-Palácio Residencial, em Detmold (Fürstliche Residenzschloss - Princely Residence Castle)

Apesar de ser propriedade privada, o Castelo-Palácio Residencial de Detmold está aberto ao público e vale uma visita. Assim como o centro pedonal da cidade.

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Detmold fica a sudoeste de Hannover, perto da Floresta de Teutoburgo. Pensa-se que foi nesta floresta que se deu uma batalha decisiva entre uma aliança de vários povos germânicos e os romanos, no ano 9 DC. As tribos germânicas, chefiadas por Armínio (ou Arminius; Hermann em alemão), emboscaram e dizimaram três legiões romanas. Tornarei a falar do assunto num outro postal. Hoje, deixo mais algumas fotografias de Detmold.

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Os centros pedonais são fantásticos para passear, apreciar edifícios e frequentar lojas, com calma e sem barulho de motores.

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Inscrição em cima: "construído em 1674; renovado em 1981". A inscrição de baixo inclui as palavras: "Tenho o Senhor sempre diante dos olhos (...) A bênção do Senhor protege-me de inquietações".

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Torre de igreja, em Detmold