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Delito de Opinião

A homenagem a Ramalho Eanes.

Luís Menezes Leitão, 10.06.25

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Não há português que mereça mais ser homenageado no 10 de Junho do que o General António Ramalho Eanes, hoje com 90 anos de idade de uma vida intensa ao serviço de Portugal.

Tendo feito o serviço militar em África, participou no 25 de Abril e foi o herói do 25 de Novembro, que terminou com as loucuras revolucionárias do PREC, permitindo a aprovação da Constituição por uma Constituinte várias vezes ameaçada pelos revolucionários da extrema-esquerda. Depois foi Presidente da República durante dez anos, sempre eleito com votações apoteóticas.

Mais recentemente recordo a sua entrevista à RTP em Abril de 2020, no período mais terrível da pandemia, onde, então com 85 anos, apelou a que em caso de necessidade não o colocassem num ventilador para permitir que o mesmo pudesse atribuído a um homem de 40 anos com mulher e filhos. A sua coragem serena e o seu exemplo de serviço público foram sempre essenciais para Portugal nas horas mais difíceis.

O eterno movimento

Paulo Sousa, 09.01.23

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Uma corrida para esticar as pernas numa manhã de Janeiro, entre duas chuvadas.

Nos auscultadores, um programa de rádio fez referência à morte do radialista António Cartaxo. A rádio está de luto. Aos arquivos foram buscar um excerto da sua voz sorridente, desejando a todos, votos de bom ano novo. A gravação é de 2016.

Quarenta anos de rádio. Quarenta anos à frente do microfone ao ponto de, é fácil imaginar, o próprio poder confundir o “eu” com o “ofício”, o que é algo que está sempre a acontecer.

Que bela homenagem a de Maria Flor Pedroso, na rádio pública, que seria o ponto de encontro de ambos.

E como é que podemos homenagear aqueles que partem, que não eram radialistas, e que não podemos recuperar, relembrar, trazer à vida, pelo carregar dum botão?

O chão continua a fugir-me debaixo dos pés. Encosta abaixo, as ervas molhadas tentam arrefecer-me as canelas que, indiferentes, continuam a avançar. As frias cores do Inverno conduzem a memória nostálgica das perdas que já todos tivemos. O arrepio causado pela música escolhida para a homenagem radiofónica rima com o castanho das folhas mortas que atapetam o estreito carreiro onde, entretanto, cheguei. Os espinhos das silvas insistem em gravar algumas lembranças na minha pele, mas tembém elas serão temporárias e, por isso, também passageiras. Muito mais passageiras do que quarenta anos de um ofício, e que mesmo sendo quarenta anos, são também passageiros. Tão passageiros, como passageira é a vida.

Como é que podemos homenagear aqueles que partem, e que um dia desaparecerão no esquecimento da nossa partida?

Se a própria vida é efémera, então até um efémero subir do calcanhar, que se afasta do chão molhado, das raízes de um carvalho centenário, despido pelo Outono que já lá vai, pode ser uma homenagem aos que partem. O movimento é a negação do fim e é nesse movimento que viajam as memórias dos que não podemos homenagear de nenhuma outra forma.

A importância da homenagem

João Pedro Pimenta, 22.09.22

Tenho visto alguns remoques a tudo o que rodeou as exéquias da Rainha, com o argumento de que o Mundo está a atravessar momentos difíceis, com o pós-pandemia, a guerra na Ucrânia, a ameaça nuclear, a seca, a inflação crescente, as ameaças de recessão, etc, e que era preciso dar mais atenção a tudo isso do que às homenagens a Isabel II.

Eu entendo exactamente o contrário. É precisamente a beleza estética das homenagens, incluindo formalismos que nem imaginávamos, o sentimento de unidade na tristeza, a tradição como ligação entre o passado e o presente e o exemplo de dever, discrição e de supra-politiquice que permitem enfrentar todos esses problemas com esperança e firmeza - e sim, esquecê-los por umas horas. E tratando-se de Isabel II, peguemos em duas imagens, no início e no fim da sua missão: uma em que conduzia ambulâncias durante a II Guerra, e outra, a mensagem no início da pandemia, em que rematava com o "We will meet again". Só esses dois exemplos, nos tempos sombrios que corremos, justificariam toda a homenagem.

A cultura entre dois homens de espectro oposto

João Pedro Pimenta, 13.06.19

 

Ruben de Carvalho, que morreu há dois dias, era das personalidades mais interessantes cá da terra. Um comunista convicto e fiel ao partido (que exerceu funções de vereador em Setúbal e Lisboa, a cuja câmara concorreu, e de deputado), que esteve preso no tempo do Estado Novo, e um divulgador cultural muito influenciado pela cultura americana, em especial o jazz (tinha uma colecção gigantesca de discos), mas também pelo fado e pela música popular, e que há muitos anos era o responsável cultural da festa do Avante. A ele se deve, soube-o agora, a primeira actuação de Chico Buarque em Portugal. Tinha semanalmente um programa de debate na Antena 1, o Radicais Livres, com Jaime Nogueira Pinto - politicamente nos antípodas - que de vez em quando ouvia e que me divertia com as exclamações e dissertações daqueles dois homens que discorriam sobre tudo.

Curiosamente, no dia da sua morte, a RTP-2 exibiu um documentário sobre um dos políticos mais independentes e importantes dos últimos quarenta anos: Francisco Lucas Pires. Do nacionalismo revolucionário da Cidadela, ainda em Coimbra, ao europeísmo liberal, foi o primeiro a tentar trazer ideias liberais em voga nos anos oitenta a um país ainda fresco da revolução e do PREC, por via da liderança do CDS (que depois trocaria pelo PSD) e pelo seu grupo de Ofir. No governo da AD teve também a pasta da cultura, da qual, ao contrário de muitos que se proclamam "liberais", nunca desdenhou. É graças a ele que Serralves passou para as mãos do estado antes de se tornar na instituição que hoje é (embora Santana Lopes a tenha querido vender a Valentim Loureiro, coisa que felizmente não levou a cabo).


Ou seja, no mesmo dia exaltaram-se as virtudes de dois homens, um de esquerda comunista, outro de direita liberal, mas que muito fizeram pela cultura e que mereceram o respeito da comunidade. Um podia ter ficado mais uns anos, e o outro decididamente deixou-nos muito cedo.

Deixo à laia de homenagem dois vídeos em baixo: um é do tal documentário completo sobre Lucas Pires. Noutro apenas toca a Carvalhesa, aquela música originária dos planaltos transmontanos de Tuizelo, em Vinhais, recolhida por Giacometti, que Ruben de Carvalho adaptaria a banda sonora da festa do Avante e que se tornaria até hoje numa das mais felizes (e alegres) músicas políticas portuguesas, e cuja melodia saltitante deambula por aí em tempos de campanha eleitoral dos "camaradas" de Ruben.

 

Homenagem.

Luís Menezes Leitão, 16.04.18

Quero aqui expressar publicamente a minha homenagem ao deputado Paulino Ascenção. Quando vejo tanta gente envolvida nos maiores escândalos se limitar a dizer que está de consciência tranquila e seguir em frente como se nada se passasse, que haja ao menos um deputado que assume frontalmente as suas responsabilidades e tira a única consequência possível das mesmas: a renúncia ao cargo. Que sirva de exemplo.

A devida homenagem

Helena Sacadura Cabral, 30.09.17

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É bonito quando os alunos se juntam para lembrar aquilo que devem a um grande professor. Não é só reconhecimento: é generosidade e inteligência. É pensar nas gerações futuras. Actualiza a gratidão, mantém a memória e refresca a toponímia. É o que estão a fazer os médicos que foram alunos do João Lobo Antunes. Juntaram-se imediatamente milhares de outras pessoas cujas vidas foram melhoradas, academicamente, pessoalmente e medicamente pelo grande professor, investigador, neurocirurgião e ensaísta. São muitas pessoas: a gratidão é gigante. A lista não acaba: o que é difícil é detectar quem é que não está lá.” 

                                 

                    Miguel Esteves Cardoso in Público

 

A ideia é dar o nome de João Lobo Antunes ao novo edifício que se está a construir na Faculdade de Medicina de Lisboa e que vai substituir o Instituto Bacteriológico Câmara Pestana.

Não seria apenas uma homenagem. Seria uma forma de agradecimento a um homem que levou a vida a salvar outras vidas e um exemplo e estímulo para os jovens alunos, investigadores e médicos que o irão frequentar.

Uma data especial!

Helena Sacadura Cabral, 27.04.14

Hoje gostaria de ter estado nas celebrações de santificação de João XXIII e de João Paulo II. Pela primeira vez dois Papas são santificados ao mesmo tempo que um Papa e o seu antecessor assistem juntos a tal cerimónia.
A fé é algo que se não discute. Ou se tem ou não se tem. Mas para um crente não ter fé não o dispensa de lutar por ela. Sei do que falo, porque os meus Pais deixaram ao meu critério essa escolha. Por isso, apenas fui baptizada aos 19 anos e de forma muito consciente. A fé não foi, portanto, algo que tenha nascido comigo. É, sim, algo por que luto diariamente, que todos os dias me faz confrontar comigo própria, que guia os meus passos e que, julgo, me torna uma pessoa melhor. Mas percebo quem não tem fé e admiro quem, sem esse suporte, vive a sua vida com a maior dignidade.
Talvez por tudo isto, gostaria muito de ter assistido a estas cerimónias. Mas já me dou por feliz de ter vivido o tempo suficiente para, através da televisão, ter podido assistir a elas neste mês de Abril de tão más recordações.
Eu sei que estas palavras só tocam uma parte daqueles que me lêem. Mas o testemunho também serve para que aqueles que não acreditam possam entender aqueles que crêem.

Uma Senhora

Helena Sacadura Cabral, 15.05.13
 
Tenho a honra e o privilégio de conhecer Maria de Lourdes Modesto, a qual, a seguir à minha avó materna, me ensinou tudo o que sei de cozinha e creio saber alguma coisa.
Foi a olhar os seus programas de televisão e a ler as suas obras que nasceu o amor que nutro pela gastronomia nacional, que considero entre as melhores.
O primeiro dos cinco livros de cozinha que publiquei foi-lhe dedicado e a Bertha Rosa Limpo, ambas grandes nesta matéria.
Hoje um grupo de amigos - eram muitos - entre os quais eu, reunimo-nos no Grémio Literário, para lhe prestar uma homenagem, já há muito devida, porque esta Senhora fez por Portugal o que muitos não fizeram.
A investigação e divulgação da comida portuguesa faz parte da nossa cultura. E é uma pena que os respectivos ministros e secretários de estado nunca se tenham apercebido disso.
Também é de algum modo surpreendente que, desde 2004 - data em que lhe foi atribuída a Comenda da Ordem do Mérito - no 10 de Junho, onde se medalham até pessoas que o não deveriam ser, nunca mais ninguém tenha proposto ao nosso Presidente o nome de Maria de Lourdes Modesto.
Felizmente os amigos não a esquecem, como hoje ficou bem provado com a manifestação do imenso apreço que lhe demonstraram!

A devida homenagem

Helena Sacadura Cabral, 12.01.13

 

Fui hoje ver a exposição sobre a carreira profissional de Nuno Portas. E fiquei emocionada, porque são cinquenta anos de um caminho pessoal muito valioso. Caminho que ele divide por sete etapas. Que começam na Arquitectura e terminam no Urbanismo.

Estas etapas correspondem, decerto, a caminhos e aprendizagens próprias. E quando o visitante olha, percorre ele também, cinco décadas da sua vida.

Sentei-me, a dada altura, a ouvir, num vídeo, o homenageado a explicar o que se pensava serem as casas da década de sessenta/setenta e aquilo que se pensa serem as casas de hoje. É uma narrativa de uma tocante singeleza, que todos podem compreender, mesmo que não sejam profissionais daquela área. Porque, afinal, todos somos seres que vivem na urbe - por isso seres urbanos - e as casas, as ruas, os sítios, condicionam a forma como vivemos.

Nem todos se dão conta, no seu quotidiano, da importância que a Arquitectura tem na vida de todos nós. Fiquei, por isso, muito contente - alguma vez havia de ser -, quando ouvi o actual Secretário de Estado da Cultura referir que este ano de 2013 seria dedicado aquela área.

Não gosto do cartaz que publicita a referida exposição. Tem muito grafismo, o que o torna, a meu ver, pouco apelativo. Mas a exposição merece uma visita atenta e é uma homenagem merecida a Nuno Portas.

Alberto Martins, a homenagem que se impõe

André Couto, 20.07.12

 

Terminava a manhã do dia 17 de Abril de 1969 e decorria a inauguração do Edifício das Matemáticas, na Universidade de Coimbra. Alberto Martins, Presidente da Direcção Geral da Associação Académica de Coimbra pede, em nomes dos estudantes, a palavra ao Presidente da República, Américo Thomaz. Ia transmitir o sentimento geral em máximas como: "exigimos diálogo", "educação para todos" e "estudantes no governo da Universidade". A palavra foi-lhe negada, Alberto Martins foi preso pela PIDE e, horas mais tarde, a polícia de choque foi largada sobre os estudantes que faziam uma vigília pacífica de solidariedade para com o dirigente preso. No dia 30 de Abril, o Ministro da Educação Nacional, José Hermano Saraiva, acusou os estudantes de desrespeito, insultos ao Chefe de Estado e do crime de sediação. Concluiu dizendo que a ordem seria restabelecida em Coimbra. E foi, em 25 de Abril de 1974.

A minha homenagem a Alberto Martins e aos anónimos que não se conformaram. É de Homens destes, exemplos de luta pela Liberdade, que é feita a memória e a História de Portugal.

Os outros são páginas negras.

Orgulho familiar

Helena Sacadura Cabral, 17.07.12

 

Os que me lêem sabem a importância que para mim tem a família. E o orgulho que tenho no nome que o meu Pai me legou.

A caricatura acima, reproduzindo o meu tio com Gago Coutinho, faz parte de um conjunto com que o cartoonista António embelezou, pela primeira vez, as paredes de uma estação de metro.

 

Trata-se da Linha Vermelha e da sua extensão até ao Aeroporto. Estão lá muitos outros homens e mulheres retratados, mas permitam-me que hoje seleccione aqui, apenas o irmão de meu Pai, porque ele constitui para todos os meus uma verdadeira referência familiar.

O quadro de honra

Helena Sacadura Cabral, 24.05.12

A ALUMNI, Associação dos Antigos Alunos de Económicas, comemorou ontem o centésimo primeiro ano da criação do ensino desta disciplina, tendo resolvido inaugurar um "quadro de honra" dos seus alunos mais brilhantes.
Fui uma excelente estudante e, por isso, tive a distinção de ser convidada para participar da cerimónia. Aceitei e em boa hora o fiz.
Confesso, sem qualquer ponta de humildade, que me soube muito bem ver o meu nome entre os melhores. E eu, que não sou passadista, comovi-me ao ver desfilar, em projecção, nomes e retratos de pessoas que me marcaram profundamente.
Apraz-me salientar Etelvina Torroaes Valente, a minha primeira chefe no meu debute no mundo laboral, à qual estarei, para sempre, muito grata. 
Depois, os Professores Bento Murteira, Luis Teixeira Pinto, Jacinto Nunes, Silva Lopes, Bento Jesus Caraça, Sedas Nunes e tantos outros que me deixaram a sua forte marca.
O ISCEF - Instituto Superior de Ciencias Económicas e Financeiras - fez de mim alguém que sabe pensar e que ainda tem prazer em estudar. Parece pouco, mas afinal é quase tudo!

Nesse tempo, cedo demais

Laura Ramos, 07.05.12
   Na tomada de posse do IV Governo, reunido na clássica foto da escadaria de S. Bento, com George Bush e com Mário Soares e Almeida Santos

Foi em 7 de Maio, como hoje, que a sua morte súbita transformou para sempre o país e o PSD: Carlos Mota Pinto tinha 48 anos, uma vida intensa de professor na Faculdade de Direito e uma notável biografia política, para quem se dedicou à causa pública e à pátria por pura e dura missão democrática sem nunca perseguir ambições balofas, procurar sinecuras ou ceder à corrupção da pequena grande vidinha do poder.
Foi fundador do PSD, em 1974. Foi Primeiro Ministro de Portugal no 4º Governo Constitucional, por iniciativa presidencial de Ramalho Eanes (76/77). Mas vai sempre regressando à sua Universidade, produzindo incansavelmente, criando uma escola científica perene e ensinando, deixando nos seus alunos aquela inesquecível e cativante marca de grandeza que era a sua abertura (tão rara nesses tempos).
Reemerge depois quando é outra vez mais difícil, nos despojos da derrocada que se segue ao triste período do atentado de Camarate e do inexpressivo mandato de Pinto Balsemão, integrando nessa altura a Troika do PSD (com Eurico de Melo e Nascimento Rodrigues), antes de passar à liderança única do partido. Já exercia então as funções de Vice-Primeiro Ministro do 9º Governo Constitucional (83/85), no célebre Bloco Central, chefiado por Mário Soares. O eterno Mário Soares.
Quantos governos em tão pouco tempo...
Carlos Mota Pinto foi acima de tudo um homem destemido e de consensos. Um trabalhador infatigável e enérgico que acreditou em Portugal e dele teve uma visão maior e construtiva. Um não desistente que desprezou jogadas e desconcertou os carreiristas - os de dentro e os de fora do PSD. Os mesmos que lhe iam, aos poucos, fazendo perder a paciência. Esses mesmos, sim, que deixaram semente e se multiplicaram desde então.
Corria o ano de 1985 e Portugal que éramos teria sido de certeza bem diferente se ele não nos tivesse deixado.

Requiem, de Tabucchi, maratona de leitura dia 1 na Casa Fernando Pessoa

Patrícia Reis, 25.03.12
Requiem, de Tabucchi, maratona de leitura dia 2 na Casa Fernando Pessoa para homenagear o mais português dos escritores italianos.

"Hoje é um dia muito estranho para mim, estou a sonhar mas parece-me ser realidade e tenho de encontrar umas pessoas que só existem na minha lembrança. Hoje é o último domingo de Julho, disse o Cauteleiro Coxo, a cidade está deserta, devem estar quarenta graus à sombra, suponho que seja o dia mais indicado para encontrar pessoas que só existem na lembrança, a sua alma, perdão, o seu Inconsciente, vai ter muito que fazer num dia como este, desejo-lhe bom dia e boa sorte."

José Saramago 1922-2010

José Maria Gui Pimentel, 19.06.11

"Pensando bem, não há um princípio para as coisas e para as pessoas, tudo o que um dia começou tinha começado antes, a história desta folha de papel, tomemos o exemplo mais próximo das mãos, para ser verdadeira e completa, teria de ir remontando até aos princípios do mundo, de propósito se usou o plural em vez do singular, e ainda assim duvidemos, que esses princípios princípios não foram, somente pontos de passagem, rampas de escorregamento, pobre cabeça a nossa, sujeita a tais puxões, admirável cabeça, apesar de tudo, que por todas as razões é capaz de enlouquecer, menos por essa."

A Jangada de Pedra, 1986