Delito de Opinião

Como corredora de fundo dos dias que me restam, maratona após maratona, com a paciência possível para ultrapassar os obstáculos que surgem no percurso e que são cada vez mais e cada vez mais estranhos, sei que nem sempre consigo fazer passar da melhor maneira o que sinto ou quero dizer, quando tento pôr por escrito. A pressa e o cansaço ajudam pouco.

Mas por vezes dou com pessoas que pensam como eu, mas escrevem bem melhor.

Esta é uma delas. E é basicamente isto.

https://www.dn.pt/edicao-do-dia/12-jun-2023/a-ditadura-do-ultrafofinho-16512489.html?utm_source=push&utm_medium=mas&utm_term=16512489

Se não disser nada ninguém dirá nada. Posso ouvir o Caetano Veloso a cantar: alguma coisa acontece no meu coração... posso disfarçar e até esconder-me num ritual de consolo, pedir colo a quem mo dá, invisível, transparente, um pai fantasma que me leva nos dias. Se eu não disser nada ninguém dirá nada. E o recato, esse silêncio pelo qual anseio, é o melhor. O que me apavora é o amanhã de manhã. É ter sobrevivido a isto. Mas faço a vida de actriz. Porque não? Sou o avesso de tudo o que mostro hoje mas nada direi.