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Delito de Opinião

Mater

Laura Ramos, 01.05.12

 
Onde conseguimos arrumar a dor - apenas arrumar - e depois seguir adiante?

Acredito que é uma tarefa que só depende da inteligência.

Não direi que desprezo os piegas.

Mas digo que admiro a força racional dessa inteireza que nos leva a administrar a perda com a audacidade desconfortável da lucidez intacta. E o conforto humano das lágrimas privadas.

Sabemos que nunca mais nada voltará a crescer no lado que nos comeram. Mas fazemo-nos de novo à vida sem desculpas.

Talvez as mulheres aprendam este verbo por herança ancestral.

 

Esta é a minha pequena homenagem à Helena: sem disfarçar a satisfação que sinto quando as pessoas não me desiludem.

É tão raro. E tem um nome: exemplo.

Cravo

Patrícia Reis, 25.04.12

Hoje é o dia da Liberdade. Dos cravos e das canções do Zeca Afonso e da voz de Paulo de Carvalho. Hoje é o dia que não pode  ser esquecido porque, afinal, vivemos há menos tempo em democracia do que vivemos sem ela.

Liberdade tem vários sinónimos, um deles é reciprocidade, paridade, o ser para os outros na mesma medida em que são para nós. Não há gavetas e caixinhas. Liberdade são pessoas, rostos de todos os feitios e formatos, que podem conversar e sorrir.

Este dia é, todos os anos, um dia feliz. Hoje será um pouco menos porque uma mãe perdeu um filho e esse filho amava, tanto quanto a mãe, a liberdade ganha. Não está cá para a celebrar. Assim, quando for à feira do livro, logo à tarde (se São Pedro ajudar) levarei um cravo pela Helena, pelo Miguel e por todos os que não o podem trazer ao peito. Em sinal de que a memória não se apaga nunca.