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Delito de Opinião

DELITO há três anos

Pedro Correia, 15.03.25

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Maria Dulce Fernandes: «O Cavaleiro da Triste Figura no seu imaginário ilusório e fantasioso onde moinhos de vento são medonhos gigantes e rebanhos temíveis exércitos, é peremptório em proclamar que não crê em bruxas mas seguro está de que as mesmas existem. A magia, assim como as artes divinatórias, é tão antiga como a humanidade.»

 

Eu: «Confrontado perante a invasão russa da Ucrânia, Pacheco [Pereira] ilude o essencial da questão: estamos perante a maior agressão à livre autonomia de um Estado soberano por outro na Europa desde a II Guerra Mundial. Ao ponto de em três semanas ter provocado 2,8 milhões de refugiados agora em trânsito no continente, fugindo do seu país fustigado por bombardeamentos letais. A União Europeia prevê que o número total de desalojados das suas habitações em solo ucraniano ascenda em breve aos sete milhões. O antigo eurodeputado do PSD, com manifesta relutância em debater o tema, usa um dos seus habituais truques retóricos: introduz outros na discussão, relativizando a invasão russa numa amálgama de agressões registadas noutros momentos, noutros contextos e noutras latitudes. (...) De caminho, aproveita para polvilhar esta logorreia com condimentos racialistas, descendo ao patamar de um Mamadou Ba, na enésima variação à "culpa do homem branco", causa de todos os males do mundo. Insinuando que, no essencial, agimos por impulsos racistas. Eis, literalmente, uma forma de ver o mundo a preto e branco. Ignorando que o caucasiano louro, neste filme de terror, é o déspota do Kremlin - não o judeu Zelenski, Presidente da Ucrânia.»

DELITO há três anos

Pedro Correia, 14.03.25

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Beatriz Alcobia: «Há diferenças grandes entre os refugiados sírios e os ucranianos e não têm que ver com a cor da pele. Em primeiro lugar, os ucranianos que fogem da guerra são quase todos mulheres e crianças. Não há, entre os ucranianos, uma percentagem de bombistas radicais que entram misturados para criar células de terroristas contra os europeus, homens que enchem as mesquitas de ódio e incitamento à violência contra os europeus.»

 

Maria Dulce Fernandes: «Que a história se repete, não é novidade, nem que as recorrências sejam aprazíveis. No que toca a condições atmosféricas nem sequer é premonição, é um facto que, neste caso particular, acontece na Primavera e no Outono, todos os anos de todos os séculos. Regressa sempre com as chuvas, com os degelos e com espírito de César. Chega, vê e vence. Que o digam Napoleão e Hitler. Esperemos que ao Psicopata Russo também lhe faça bom proveito.»

DELITO há três anos

Pedro Correia, 13.03.25

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José Pimentel Teixeira: «Boaventura Sousa Santos publicou no "Público" (pelo menos) dois textos de opinião dedicados à invasão russa da Ucrânia. Nada do que neles escreveu diverge das concepções que nas últimas décadas vem pronunciando sobre as diversas matérias do mundo, e que tão queridas e aclamadas vêm sendo em nichos da intelectualidade portuguesa: uma filosofia da história de teor conspiratório, crente na "mão invisível" que tudo causa e comanda, a omnipotência dos omnimalevolentes Estados Unidos da América; um método particular, o manuseio por cardápio das realidades históricas (ditas como apenas "construídas" pelos observadores) para sustentar um discurso apresentado como progressista e que se embrulha como democrático - ainda que refute a "democracia formal"... (...) A sua paupérrima deriva pela monocausalidade, intelectualmente indigna - convém notar que até chega a dizer que a dissolução guerreira da Jugoslávia em 1991 se deveu a que os EUA não queriam que subsistisse um país europeu do Movimento dos Não-Alinhados (em 1991!!!), um perfeito dislate. Disparatada mundividência que o leva agora à simples responsabilização dos Estados Unidos da América, da NATO e das democracias liberais europeias pelo advento da guerra russo-ucraniana.»

 

Paulo Sousa: «A ordem liberal europeia tem um dos seus mais sólidos pilares nas praias da Normandia. Sem a aberração do nazismo, a Europa e o mundo seriam hoje muito diferentes. Será que o ciclo de violência iniciado há dias por Putin ficará circunscrito à Ucrânia, e que serão os soldados ucranianos os únicos chamados para lutar e morrer pela liberdade? Que riscos estamos dispostos correr e que sacrifícios estamos dispostos a fazer para defender o que somos e a forma como vivemos?»

DELITO há três anos

Pedro Correia, 12.03.25

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José Meireles Graça«A Ucrânia, como a própria invasão ilustra, tinha e tem todas as razões para temer o urso vizinho; o México não tem nenhuma razão para temer o Tio Sam, mesmo que no passado longínquo as coisas não tenham sido exactamente assim; os países bálticos, e outros que não estão suficientemente longe, têm todas as razões para se abrigarem na OTAN, que é uma organização defensiva; e a China sabe, como toda a gente, que o único obstáculo sério à absorção de Taiwan são os EUA, o que significaria, no caso absurdo de uma aliança entre a China e o México, que a única interpretação possível era a de um acto hostil do México aos EUA.»

 

José Pimentel Teixeira: «Lendo os meus correspondentes-FB em Moçambique encontro imensa gente louvando/"compreendendo" (justificando) - entre postais e comentários - a "operação militar" (sic) da Rússia na Ucrânia. A dimensão dessa adesão surpreende-me. Até porque habita num país que durante os últimos 50 anos viveu uma guerra de independência contra Portugal, uma "operação militar" (sic) da Rodésia e a demorada intrusão militar da África do Sul.»

 

Eu: «É urgente desnazificar a Rússia.»

DELITO há três anos

Pedro Correia, 11.03.25

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João Pedro Pimenta«No mini-clássico A Ideia da Europa, de George Steiner, fica-nos desde logo este trecho. Odessa, a maior cidade e maior porto do Mar Negro ("a Paris do Mar Negro"), não só cenário dos contos de Babel mas também famosa por ser o cenário de O Couraçado Potemkin, esse clássico do cinema mudo de Einsenstein, está à espera da força bruta que se prepara a atacar do mar, sabe-se lá com que armas. Há umas décadas foram as SS alemãs, agora são os russos.»

 

Eu: «Pululam nas pantalhas comentadores putinescos - incluindo majores-generais e coronéis que não venceram uma batalha na vida. Exibem um traço comum: todos procuram justificar o crime de agressão contra um Estado soberano cometido pelo ditador russo invocando alegadas "provocações" feitas pela Ucrânia. Que pretenderia aderir à União Europeia - que horror, vejam lá o escândalo. Que deseja integrar-se na NATO - ao ponto de ter esse objectivo inscrito na Constituição, algo inaceitável, configurando atentado à paz mundial. E tretas do género. No fundo, estes sujeitos querem dizer o quê? Não custa concluir: que a Ucrânia "estava mesmo a pedi-las". Fazem lembrar aqueles trogloditas que imputam o crime de violação à indumentária da mulher violada. A Ucrânia, neste caso, usava uma mini-saia demasiado curta.»

DELITO há três anos

Pedro Correia, 10.03.25

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Beatriz Alcobia: «Para quem estranhe que se faça um diagnóstico de fascista a Putin, sendo um ex-KGB, é só avaliar os sintomas visíveis: populismo; distorção da História para engrandecer o povo; apelo e exaltação dos valores da mística da Nação russa; propaganda de demonização do Ocidente; identificação do Estado ao líder messiânico (ser contra Putin é ser contra a Rússia); identificação do líder com a alma do povo russo; vitimização; fabricação de narrativas de mentira com ocultação sistemática dos factos; agressividade.»

 

João Pedro Pimenta«Se alguma vez quiserem saber como é a cara de um traidor, recordem bem esta: Viktor Yanukovytch, ex-presidente da Ucrânia, o homem que depois de ser deposto (por votação no parlamento ucraniano, recorde-se, e de quem até o seu próprio partido se afastou) fugiu para a Rússia - e lá se tem conservado - que apoiou sempre, deixando um rasto de uma fortuna colossal ilegitimamente adquirida e que agora quer que a Ucrânia se renda.»

 

Eu: «Segundo números oficiais da ONU, a agressão ordenada por Putin ao país vizinho já provocou 516 mortos e 908 feridos só entre a população civil. E a Organização Mundial da Saúde especifica: foram dirigidos 18 ataques a instalações médicas e hospitalares. Haverá pior crime contra a humanidade? A invasão bélica da Ucrânia - traindo todas as promessas feitas pelo ditador moscovita - começou faz hoje duas semanas.»

DELITO há três anos

Pedro Correia, 09.03.25

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Maria Dulce Fernandes: «Impotentes, rezamos um Pai Nosso. Não sei se os ortodoxos rezam o Pai Nosso, mas a Nadiya pareceu sentir-se mais alentada. Quis ficar. Quis continuar a trabalhar. Mais um dia a distribuir sorrisos discretos enquanto o mundo que conhece se esfrangalha na lonjura das planícies da sua terra.»

 

Eu: «Vemos ucranianos a fugir para os países situados a sul e a oeste das suas fronteiras: Polónia, Hungria, Eslováquia, Roménia, Moldávia. Só na Polónia, segundo informa a BBC, o número de refugiados já vai em 1,2 milhões. Em apenas duas semanas. Alguém sabe dizer-me quantos fugiram para a Rússia desde a sinistra data de 24 de Fevereiro? Será que nenhum quer acolher-se à protecção dos blindados "libertadores" de Moscovo? Vale a pena reflectir nisto. Porque as respostas a esta perguntas permitem esclarecer várias outras questões, que a propaganda do Kremlin e dos seus lacaios em Portugal procura iludir. O instinto dos povos em fuga, acossados pela guerra, nunca se engana na rota da liberdade.»

DELITO há três anos

Pedro Correia, 08.03.25

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José Meireles Graça: «Os Ucranianos estão-nos a defender; Putin não. E mesmo que o efeito boomerang das sanções, os problemas da integração dos imigrantes, a situação no terreno e o cansaço venham a provocar um efeito de fadiga, e logo o evoluir da opinião pública para teses derrotistas, não é preciso empurrar.»

 

José Pimentel Teixeira: «Há um terceiro núcleo de activistas avessos a uma condenação da invasão russa, os militantes do blaseísmo, essa ideologia dominante da pequeno-burguesia arrivista lisboeta (com sucursais no Porto). Ciosos em criticarem a expressão de sentimentos, indignações ou mesmo análises alheias, as quais consideram coisa "tããõ po-vô", tão popularucha, desta gente desinformada que saltita entre o big brother e o futebol mas que se atreve a opinar, assim a querer parecer como... "nóós!". Confesso que a este grupo prefiro - excepto uma ou outra facebuquista destas, particularmente bem apessoada - os velhos comunistas, empedernidos.»

 

Teresa Ribeiro: «Mãe galinha que sou, sempre pensei que não haveria causa que pudesse alguma vez colocar acima da integridade física do meu filho. Mais: nunca entendi como podia haver mães que sentissem e pensassem o contrário. Até que comecei a assistir a esta guerra em directo e a admirar, comovida, o estoicismo das mulheres ucranianas. Quedo-me estupefacta a ler nos seus rostos o desespero embrulhado em revolta, o conformismo valente de quem aceita que há momentos em que é necessário fazer sacrifícios pessoais, por mais dolorosos que sejam. Vejo-as e pergunto-me se era capaz. Acho que não. Mas apercebo-me de que em mim alguma coisa mudou. Porque agora eu entendo.»

 

Eu: «Chocada com a agressão do seu próprio país à Ucrânia, esta pintora e activista decidiu ostentar dois rudimentares cartazes de protesto - um a favor da paz, outro contra a utilização de armas nucleares. Onde se liam frases como estas, escritas em russo: «Filho, não vás para esta guerra! Soldado! Larga as armas e torna-te um verdadeiro herói! Não dispares!» Discurso interdito na Rússia totalitária de Vladimir Putin onde a palavra guerra está banida do léxico público e uma mãe que chore um filho soldado morto na Ucrânia arrisca pesada pena de prisão por traição à pátria.  Mesmo assim Elena saiu à rua, em Sampetersburgo. Exibindo as mensagens que redigiu naqueles cartazes considerados subversivos pelos esbirros do ditador.»

DELITO há três anos

Pedro Correia, 07.03.25

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José Pimentel Teixeira: «Se é para ter generais que julgam errado defender um país para conseguir melhores termos de rendição, acautelando o futuro o melhor possível, se é para termos esta mentalidade de funcionário público do economato no topo das nossas Forças Armadas, então será melhor encerrá-las. E com as poupanças aumentar o contributo à NATO (ou similar) que nos trate da Defesa. Ou contratar umas empresas mercenárias. Pois com estes generais não iríamos lá.»

 

Maria Dulce Fernandes: «Afinal acabar com todo este mal entendido que tem morto tanta gente e lacerado tanta alma, causado tanta dor, tanto desespero e tanto medo, é tão simples! Mas simples de doer, caramba. Pena que nem todos nasceram sob a aura da genialidade dos homens que comandam mundos.»

 

Eu: «O partido de Putin.»

DELITO há três anos

Pedro Correia, 06.03.25

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José Pimentel Teixeira: «Nestes dias de regresso a um passado bélico europeu que julgara desaparecido, e face à explosão de russofilia e de anti-europeíce - algo diferente do anti-europeísmo -, bem como às posições dos "camaradas e amigos" comunistas portugueses (e não só), tenho conversado bastante com o meu pai.»

 

Eu: «Guernica, neste preciso dia em que escrevo, tem outros nomes: Kiev, Carcóvia, Quérson, Mariúpol, Mykolaiv, Chernihiv. Faltam novos Picassos para transporem este etnocídio em tela. Com o mesmo talento do mestre malaguenho. Para que as gerações futuras nunca esqueçam.»

 

Até ao fim da próxima semana, por motivos óbvios, lembro o que aqui se escreveu há três anos e não há dez

DELITO há três anos

Pedro Correia, 05.03.25

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João Campos: «J.R.R. Tolkien combateu na Primeira Guerra Mundial, viveu durante a Segunda, viu vários Senhores das Trevas ascenderem e caírem no seu tempo, e nem por isso perdeu a esperança. Afinal, Morgoth e Sauron caíram

 

José Pimentel Teixeira: «Um amigo recomenda-me a leitura desta entrevista de Noam Chomsky. Para os mais distraídos noto que se trata de um norte-americano muito bem aceite pela área comunista europeia (...) até porque voz sempre muitíssimo crítica do poder dos EUA. E as suas opiniões sobre política internacional são recorrentemente convocadas pela esquerda (lusa, europeia) aquando das sucessivas crises e conflitos. O que decerto dará à sua opinião sobre esta guerra alguma legitimidade junto daqueles (a Norte e a Sul do Equador) que revêem na "esquerda" e no "anti-imperialismo". (...) Espero que o documento seja útil a alguns. Principalmente a alguns dos nossos comentadores, que vêm aqui "contextualizar" - entenda-se, justificar - esta guerra, apontando as malevolências do imperialismo, o americano e os seus avatares - europeu ocidental e, hélas, ucraniano.»

 

Eu: «Estas declarações da deputada do Bloco de Esquerda [Mariana Mortágua] ocorreram no dia em que Putin anunciou ter dado ordem para o início da agressão à Ucrânia após reconhecer as pseudo-repúblicas de Donetsk e Lugansk.»

 

Até ao fim da próxima semana, por motivos óbvios, lembro o que aqui se escreveu há três anos e não há dez

DELITO há três anos

Pedro Correia, 04.03.25

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José Pimentel Teixeira: «É interessante olhar para o que aconteceu entre os países da CPLP. Entre os seus 9 países, 4 dessolidarizaram-se com esta denúncia da negação russa à auto-determinação ucraniana - Angola, Guiné Equatorial e  Moçambique abstiveram-se, a Guiné-Bissau eximiu-se à votação. E nisto é preciso contar com o actual percurso brasileiro, pois sendo certo que se esse país votou favoravelmente a (de facto) simbólica condenação, o seu presidente Bolsonaro não só acaba de visitar, efusivamente, a Rússia como já depois do início da invasão reiterou a "neutralidade" do seu país face a esta situação.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Ontem, quando assisti pela televisão a uma conferência de imprensa dada em directo por Zelensky, com a presença da comunicação social estrangeira, no seu abrigo na região de Kiev, sete dias depois de iniciada a invasão e ocupação russa, que seria rápida e uma espécie de passeio depois de largos meses de preparação, não pude deixar de ficar impressionado e comentar para comigo mesmo o que pensaria Putin naquele momento. Que diabo, Zelensky não estava em África, refugiado no meio da Jamba, e o exército russo não é a rapaziada das FAPLA ou o exército angolano. E ele ali estava, no seu posto de combate, a falar com a imprensa internacional. Para Putin e para os generais russos a invasão da Ucrânia já está a ser uma humilhação. A conferência de imprensa de Zelensky confirma-o.»

 

Eu: «Um dos mais sinistros documentos registados na História: o famigerado "pacto de não-agressão" germano-soviético assinado a 23 de Agosto de 1939, em Moscovo, por Molotov (o Lavrov estalinista) e Ribbentrop (o Lavrov nazista). Nove dias depois, começava a II Guerra Mundial. Com a invasão, ocupação e anexação da Polónia por forças bélicas alemãs e soviéticas.»

 

Até ao fim da próxima semana, por motivos óbvios, lembro o que aqui se escreveu há três anos e não há dez

DELITO há três anos

Pedro Correia, 03.03.25

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Beatriz Alcobia: «Resiste-se ajudando os que são alvos de agressão para que possam defender-se, durante tantos anos quantos forem precisos; ajudam-se as pessoas do país agredido; os países unem-se (todos ou o maior número possível), na ONU, de preferência e todos os que podem boicotam o agressor com sanções, durante os anos que forem precisos para que recue ou alguém no seu país o deponha; documentam-se os crimes do terrorismo (é um terrorismo de Estado) para que mais tarde respondam na justiça; tenta-se sempre a diplomacia com o agressor mas sem lhe dar um milímetro de terreno que lhe dê espaço para que reforce a sua tendência de expansão agressiva.»

 

José Pimentel Teixeira: «Há imensas fontes para se tentar perceber a situação na Ucrânia. Desde logo as inúmeras televisões - por hábito vou mais à France 24 e à BBC World News mas a DW também me serve. Um dos nossos generais comentadores televisivos recomenda a fiabilidade da televisão estatal da autocracia catariana. Enfim, há para todos os gostos.»

 

Paulo Sousa: «Kasparov sugere que se acerte a emissão de passaportes ucranianos a todos os pilotos da NATO que queiram combater as tropas russas, que sejam vendidos os aviões por 1€ e que levantem vôo já com as insígnias ucranianas. Só travando este ataque se pode evitar o seguinte.»

 

Eu: «Em 1946, no processo contra a cúpula sobrevivente do poder hitleriano, o Tribunal de Nuremberga instituiu que a agressão é "o supremo crime" no âmbito das relações internacionais. Agredir um Estado vizinho, com óbvia desproporção de meios, é imitar o belicismo nazi. Com uma diferença digna de registo: Hitler, ao contrário de Putin, nunca possuiu arsenal atómico.»

 

Até ao fim da próxima semana, por motivos óbvios, lembro o que aqui se escreveu há três anos e não há dez

DELITO há três anos

Pedro Correia, 02.03.25

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João Pedro Pimenta: «No caso da Ucrânia, não só se trata de uma violação flagrante do direito internacional com base em mentiras descaradas (a suposta adesão do país à NATO) como atenta contra um presidente livremente eleito (venceu até o seu antecessor, que estava no cargo), e não um "neonazi", ao contrário do que se passa na Rússia. Ou seja, pelos argumentos da Rússia, a Ucrânia tinha todas as razões para a invadir, já que o regime de Putin ameaça a sua soberania, comete crimes contra o seu povo e só se "elege" prendendo e abatendo adversários.»

 

José Pimentel Teixeira: «Tive curiosidade em perceber a votação de hoje na ONU, a tal esmagadora censura à Rússia - 141 países a favor, 5 contra, um punhado que se esqueceu de aparecer. E 35 países que se abstiveram, à imagem da super-potência China e da proto-super-potência Índia.»

 

Maria Dulce Fernandes: «Podes nada entender da realidade do mundo, mas sabes que mordaças e grilhões aguardam na parda antecâmara da morte de todas as mortes, aquela que deixa para trás o corpo vazio de alento de quem a alma se apagou nas chama da desolação e do terror.»

 

Paulo Sousa: «O rio Dniepre, o quarto mais longo rio europeu, nasce na Rússia, atravessa a Bielorrússia, divide a Ucrânia em duas metades quase iguais e desagua no Mar Negro.»

 

Eu: «[Putin] acaba de sofrer uma duríssima derrota no Parlamento Europeu, reunido em sessão plenária extraordinária, onde a agressão da Rússia à Ucrânia foi condenada por cerca de 94% dos eurodeputados: 637 aprovaram uma resolução condenatória, 26 abstiveram-se e apenas 13 votaram contra. Entre esses 13, incluíram-se os dois eurodeputados do PCP, que se comportaram neste palco internacional como capachos de Moscovo. Ao lado do agressor contra o agredido. Entre o verdugo e a vítima, escolheram o verdugo. De braço dado com alguns representantes da mais rançosa extrema-direita ali sentada. Chamam-se João Pimenta Lopes e Sandra PereiraÉ importante que os nomes sejam destacados, para que não fiquem confundidos numa nebulosa imprecisa. E para que nenhum deles tente um dia mais tarde fingir que nada disto aconteceu em Bruxelas a 1 de Março de 2022.»

 

Até ao fim da próxima semana, por motivos óbvios, lembro o que aqui se escreveu há três anos e não há dez

DELITO há três anos

Pedro Correia, 01.03.25

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José Pimentel Teixeira: «Chegámos a isto, em Mortágua a repulsa pelas imperfeitas democracias liberais é tamanha que "compreende" o seu agressor imediato através de termos, ideais, com esta genealogia. E temos então a tão "respeitada" e tão "competente" deputada da "esquerda" tão "identitarista" (e nisso "multicultural") a valorizar a necessidade do Lebensraum..

 

Paulo Sousa: «Nunca nenhum povo aceitaria ficar isolado do mundo para, à força da bomba e deixando um rasto de sangue, defender algo como o que Putin defende. É por isso que os déspotas não gostam da ordem liberal, e dos contra-pesos da democracia. E é exactamente por isso que esta deve ser defendida.»

 

Teresa Ribeiro: «O olhar ínvio, incapaz de se sustentar frente às câmaras de televisão e a expressão esfíngica que ostenta sempre que se apresenta em público revelam-no fechado e frio. Dele sabe-se da sua sede assassina de poder. É isso que o move. Não olha a meios, este Darth Vader. Envenena opositores políticos e jornalistas, prende manifestantes, manipula eleições e agora manda bombardear hospitais, creches e lançar no terreno brinquedos armadilhados numa guerra onde vale tudo, até trocar de uniforme para confundir o inimigo.»

 

Eu: «Quando o mesmo partido, então liderado por Álvaro Cunhal, se apressou a aplaudir a invasão de Praga pelos blindados do Pacto de Varsóvia, em 1968, registaram-se muitas demissões nas suas fileiras, ainda na clandestinidade. Agora, em pleno século XXI, esta justificação do "direito de pernada" de Putin num Estado soberano é acolhida com mansa resignação nas bases do PCP. Incluindo artistas, actores, jornalistas, desportistas, autarcas, sindicalistas: permanecem todos em silêncio, como se aquela abjecta posição não lhes dissesse também respeito. Se alguma coisa isto comprova, é a decadência da militância comunista. Já esquecida do que Friedrich Engels ensinou: "Não pode ser livre um povo que oprime outros povos".»

 

Até ao fim da próxima semana, por motivos óbvios, lembro o que aqui se escreveu há três anos e não há dez

DELITO há três anos

Pedro Correia, 28.02.25

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Beatriz Alcobia: «Putin viu neste caos e desunião, por um lado fraqueza e por outro, oportunidade, mas esqueceu-se que a Europa, tendo uma história de guerras, tem também uma história comum de povos entrelaçados por laços familiares, alianças comerciais e políticas.»

 

José Meireles Graça: «É possível que os cidadãos europeus, velhos, cansados, socialistas de obediências várias, albergando as suas decrépitas quintas-colunas do comunismo derrotado, que hoje quase que unicamente por antiamericanismo primário defendem a agressão putinesca, comecem a cair em si: a história não acabou, e projecta sombras compridas; e si vis pacem para bellum

 

José Pimentel Teixeira: «Ontem houve uma manifestação em Lisboa diante da embaixada russa, convocada por seis partidos e que congregou gente variada - nisso incluindo ucranianos (e não só) residentes, que haviam estado numa outra manifestação no Terreiro do Paço. Lá fui, acompanhando alguns velhos amigos - todos nós com parco historial nestas demonstrações.»

 

Paulo Sousa: «O que se está a passar no leste europeu, mais do que qualquer outra coisa, é a confirmação de uma deformação de carácter do líder russo, assim como dos maluquinhos que preenchem a sua primeira linha de comandantes. São eles os nossos inimigos, não os russos.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Na imagem, a confirmar a notícia e as palavras do ministro da Defesa russo, vê-se uma infra-estrutura militar ucraniana destruída por uma arma de precisão que poupou a população civil.»

 

Eu: «Qualquer vitória que o ditador russo possa reclamar, nesta tentativa de impor um direito de pernada à Ucrânia, será sempre pírrica. Acabará julgado por crimes de guerra. E verá o Ocidente emergir deste pesadelo com um vigor que jamais imaginou.»

 

Até ao fim da próxima semana, por motivos óbvios, lembro o que aqui se escreveu há três anos e não há dez

DELITO há três anos

Pedro Correia, 27.02.25

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José Pimentel Teixeira: «Esta visão acrânica sobre a guerra na Ucrânia é uma vergonha para o PSD e uma desgraça para o país. Por menos relevante, em termos mundiais, que seja a opinião do dirigente do segundo partido de Portugal.»

 

Paulo Sousa: «A confirmar-se a expulsão da Rússia do sistema swift, sem que o mesmo seja aplicado à Bielorrússia e a outros países apoiantes de Putin, irá levar a que os pagamentos destinados a contas bancárias russas façam primeiro tabela num desses países. Esta nova rota de pagamentos deixará atrás de si um rasto de comissionistas sorridentes.»

 

Eu: «A minha bandeira hoje é esta.»

 

Até ao fim do mês, por motivos óbvios, lembro o que aqui se escreveu há três anos e não há dez

DELITO há três anos

Pedro Correia, 26.02.25

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José Pimentel Teixeira: «Este vetusto, e patético, argumento propagandístico do estertor do comunismo, o tal da ocidentalização como drogradição, é o que Putin recupera. Como agente da KGB, que nada mais é do que isso. E há os outros, nós, não-putinescos. Que em vez de crer nas lérias podemos olhar para o fim daquele horrível comunismo dos KGBs através de outros olhos. Sem drogas.»

 

Luís Menezes Leitão: «Hoje é Zelensky que, perante uma agressão russa à Ucrânia, recusa ofertas de fuga e mantém-se ao lado do seu povo na defesa do seu país dizendo-lhe simplesmente: "Estamos aqui". Não se sabe qual será o seu destino, mas não há dúvida que passou a ser o símbolo da Ucrânia resistente.»

 

Paulo Sousa: «Dentro da dinâmica cultural de Kiev é (era) possivel assistir a um espectáculo de fado. Aqui anuncia-se uma actuação na Filarmónica Nacional de Kiev do trio composto por Ricardo Martins (guitarra portuguesa), Ricardo Sousa (guitarra clássica) e Luis Trindade (guitarra acústica). Com o apoio do Instituto Camões.»

 

Eu: «O canalha.»

 

Até ao fim do mês, por motivos óbvios, lembro o que aqui se escreveu há três anos e não há dez

DELITO há três anos

Pedro Correia, 25.02.25

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João Campos: «Nos últimos dias o Governo tem estado especialmente bem, tanto na condenação inequívoca da agressão russa como na solidariedade estendida ao povo ucraniano.»

 

José Pimentel Teixeira: «Vem constando que António Costa, reforçado pela maioria absoluta parlamentar, levará Fernando Medina para o seu próximo governo. Entregando-lhe, segundo os mesmos rumores, a importante tutela das Finanças. É uma boa notícia para o país, pois será garantia de uma boa relação com o regime russo

 

Paulo Sousa: «Já com milhares de ucranianos deslocados em fuga da guerra, com muitos outros a dormir nas estações de metro, fazendo lembrar os tempos do Blitz sobre Londres, sem podermos saber a dimensão das baixas civis, a pergunta que ouvi numa entrevista a um oficial das Forças Armadas reformado foi sobre quais as linhas vermelhas que a Rússia não poderá pisar. O que é que afinal ainda falta acontecer para que os europeus acordem?»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Não pode haver condescendência com a mafia putinesca. É tão ladrão o que vai à vinha como o que lhe faculta os meios, o ajuda a levar o escadote e ainda fica de vigia para que o outro consuma o furto.»

 

Eu: «Ao contrário dos portugueses, cúmplices de Putin, os comunistas espanhóis condenam sem reservas a agressão da Rússia à Ucrânia.»

 

Até ao fim do mês, por motivos óbvios, lembro o que aqui se escreveu há três anos e não há dez

DELITO há três anos

Pedro Correia, 24.02.25

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Beatriz Alcobia: «A Ucrânia assentiu em destruir as suas armas nucleares com condições. As condições incluíam a garantia de que a Federação Russa se comprometesse a não atacar a Ucrânia. A Rússia concordou e essas condições e garantias ficaram escritas no memorando de Budapeste que foi assinado a 5 de Dezembro de 1994, pelos líderes da Ucrânia, Rússia, Grã-Bretanha e Estados Unidos.»

 

João Pedro Pimenta: «Não tenhamos dúvida: é um desafio mais perigoso e exigente do que o dos mísseis de Cuba e dos instalados na RDA nos anos oitenta. E mais uma prova de que este século XXI, depois do optimismo que se viveu nos finais do anterior, está a ser uma desgraça. Começou com um atentado apocalíptico, prosseguiu com a maior crise financeira das últimas décadas, tivemos uma pandemia há dois anos que ainda não acabou e agora esta séria ameaça de guerra. Um primor de século.»

 

Luís Menezes Leitão: «A fraqueza da actual liderança dos EUA e a falta de preparação do Ocidente para suster a ameaça russa conduziram a Europa uma guerra que se pode revelar absolutamente dramática. E esperamos que isto não sirva de exemplo para outras potências procurarem também resolver pela força os conflitos que têm há muito congelados. Recorde-se a China em relação a Taiwan.»

 

Paulo Sousa: «Se a Rússia fosse uma democracia razoavelmente funcional, onde o poder estivesse diluído num parlamento verdadeiramente representativo e não tão concentrado no círculo extremamente restrito que rodeia Putin, todo o enquadramento seria diferente. Todo o poder russo assenta na força da autoridade não escrutinada e numa propaganda que condiciona os seus meios de comunicação.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Nestes momentos é preciso saber de que lado se está. E manifestá-lo sem receio. Eu estou do lado de Yaremchuk e do povo ucraniano, em defesa da sua liberdade de escolha, do seu direito a viver em paz, e de um mundo mais livre e mais seguro, contra a ditadura de Putin, os seus amigos, os idiotas úteis, os parceiros de ocasião, a sua corte de mercenários, dependentes e capangas.»

 

Eu: «Os trágicos acontecimentos que presenciamos, vendo devorar uma nação europeia com 43 milhões de habitantes, não se esgotam nas três frentes de guerra na Ucrânia. Está em curso um sismo de máxima magnitude na geopolítica mundial, com a formação de um eixo Moscovo-Pequim, análogo ao pacto estabelecido em 1940 por Hitler e o seu fiel vassalo Mussolini (representado nos nossos dias por Lukachenko, o grotesto ditador bielorrusso) com os sinistros mandarins de Tóquio.»

 

Até ao fim do mês, por motivos óbvios, lembro o que aqui se escreveu há três anos e não há dez