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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 19.03.24

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João André: «No fundo, ignoram as verdades que conhecem porque seguem as cartilhas mais manipuladoras da propaganda: assusta o eleitorado; faz do teu adversário um inimigo; agita as águas; mente até que a mentira seja aceite como uma verdade; usa toda a euqalquer boa notícia até à exaustão e estica-a quase até se partir. São cartilhas conhecidas de todos. Sabendo que uma boa parte dos nossos liberais são antigos marxistas, maoístas ou trotskistas, isso não surpreende. Até o último voto ser contado e reportado, ainda muito lixo vai voar.»

 

Teresa Ribeiro: «As contas são tão fáceis de fazer que qualquer eleitor percebe. Daqui até 2035 vão passar, números redondos, vinte anos. Quem tiver hoje quarenta, estará a poucos anos da reforma e um jovem de 25 anos chegará à meia idade antes que o ciclo económico mude. Mas 2035 é só a meta mais optimista. Muitos argumentam e bem que o mais provável é o fim da austeridade chegar quando estivermos quase todos mortos.»

 

Eu: «É um momento emocionante. Um momento em que dois grandes espíritos enfim convergem. Como acontece a Rick Blaine e ao capitão Renault em Casablanca, pode ser o início de uma bela amizade.»

 

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 18.03.24

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Sérgio de Almeida Correia: «Até agora os únicos que pagaram o preço do despesismo, da generalizada incompetência dos políticos saídos dos sinistros aparelhos partidários, e da austeridade "para além da troika", são os portugueses, os que produzem algo de útil, as suas famílias e todos os que entretanto foram obrigados a sair de Portugal. Quanto aos outros, todos esses em que estão a pensar, esses safam-se sempre, seja agilizando negócios, traficando influências a troco de comissões pelos telefonemas que fazem, ou tirando partido das permanentes e corriqueiras ineficiências do sistema de justiça e de todos os outros sistemas que sobrevivem à custa deste.»

 

Eu: «Acabo de saber que partiu. Com o mesmo desprendimento, a mesma fleuma, a mesma suavidade com que viveu e marcou as vidas de tantos de nós. Inclino-me perante a memória de José Medeiros Ferreira. Açoriano de gema, resistente à ditadura, exilado político, democrata por convicção, um espírito livre de todas as horas. Encarnando, em suma, o melhor da alma portuguesa: foi um patriota de raiz sem deixar de ser cidadão do mundo.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 17.03.24

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Eu: «Houve vários governos muito efémeros em Portugal. Mas nenhum teve vida tão curta como o governo mais à esquerda que até hoje vigorou entre nós: durou 42 dias -- entre 8 de Agosto e 19 de Setembro de 1975 -- e só mereceu o apoio do PCP, que havia recolhido apenas 12,5% dos votos na eleição para a Assembleia Constituinte, realizada três meses antes. PS, PPD e CDS, cujos deputados somavam quase 75% dos lugares no hemiciclo de Sao Bento, não estavam representados nem se reconheciam neste Executivo liderado pelo general Vasco Gonçalves, compagnon de route dos comunistas. Foi o tristemente célebre V Governo Provisório. Tão distante da vontade popular que começou a dissolver-se mal foi empossado. Tão extremista e tão sectário nas suas proclamações doutrinárias que cavou logo à nascença um abismo face à esmagadora maioria dos portugueses.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 16.03.24

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Alexandre Carvalho da Silveira: «Não quero fazer aqui a comparação dos Beatles com os Rolling Stones, hão-de sempre, cada um deles, ter os seus fãs incondicionais, mas para mim Jagger &Cª são únicos, embora haja quem diga que os Rolling Stones se esgotaram em "Exile On Main Street". Eu acho que não, embora reconheça que os primeiros dez anos foram os melhores. De qualquer modo ver um grupo com uma média de idades próxima dos setenta anos fazer Rock'N'Roll como eles ainda o fazem é obra. O regresso de Mick Taylor é muito bem vindo e só peca por tardio, ele é muito melhor que o Ron Wood.»

 

José António Abreu: «Tendo a preferir escolher para blogue da semana espaços onde se abordem temas simultaneamente fundamentais e irrelevantes (literatura, cinema, música, fabrico de renda de bilros ou modos de transformar comida de cão em pratos merecedores de estrelas Michelin) em vez de temas inegavelmente importantes mas que estão longe de possuir a componente facultativa que define os maiores prazeres (política, economia, métodos de depilação ou formas de detectar doenças nas excreções corporais).»

 

José Maria Gui Pimentel: «Todos conhecemos restaurantes que têm, de uma forma persistente, longas filas (às vezes todos os dias da semana). Esse fenómeno traduz um excesso de procura face à oferta e implica, à partida, que o restaurante esteja a perder lucro, pois poderia servir o mesmo número de clientes a um preço mais alto, ou, alternativamente, servir um maior número de clientes (sem alterar o preço) se optasse por expandir. Há, no entanto, alguns restaurantes que claramente escolheram não pôr em prática nenhuma dessas opções, e que têm há vários anos longas filas. Trata-se de uma peculiaridade curiosa deste tipo de negócio. Repare-se que seria o mesmo do que termos persistentemente dificuldade em comprar um determinado bem de consumo, sem que a empresa que o produz optasse por aumentar o preço ou a quantidade produzida.»

 

Luís Menezes Leitão: «No final do dia de hoje, Putin dirá que a Crimeia já cá canta e agora seguir-se-á o resto, ou seja, o leste da Ucrânia, a Transnístria, e se calhar até territórios dos estados bálticos que lhe permitam o acesso terrestre a Kaliningrad, a antiga Königsberg. Já alguém disse que o mal da Europa era ter demasiada história para tão pouca geografia. Eu digo que neste momento o mal da Europa é ter-se transformado numa plutocracia, em que os mercados são reis e senhores e os governos estão nas mãos do poder financeiro. Foi por isso que a resposta pífia da Europa ao avanço russo passou apenas por ameaçar a Rússia com sanções económicas. Putin ri-se das sanções económicas. Não só é a maior parte da Europa que está dependente do gás russo como, ao contrário do que sucede no ocidente, Putin não se deixa influenciar pelo poder financeiro. Pelo contrário, os milionários russos sabem que só serão milionários enquanto Putin quiser. Basta ele não querer para que surja qualquer acusação criminal que lhes tirará a fortuna toda, se não forem mesmo atirados para a prisão. É por isso que a Europa nada pode contra Putin.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 15.03.24

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Bandeira: «Dia que passe à rua Direita do Dafundo e veja dois homens como que lutando no interior de uma antiga caixa de electricidade em betão, não se assarapante: é apenas o Ricardo “a levantar o americano”. O americano é o João e a caixa, excrescência no muro de uma quinta apalaçada, é a casa dele. Os velhos de Algés variaram-lhe a nacionalidade quando arranjou trabalho na linha de caminho-de-ferro que levava gente a jogar ao casino do Estoril. Viam-no correr para a estação e metiam-se com ele, “Lá vai o americano”, porque se dava ares de endinheirado e tinha andado pelo estrangeiro todo, para não falar dos mais de dois anos que teve de cumprir na guerra em África.»

 

Joana Nave: «Os mimos sabem sempre bem e dorme-se muito melhor depois de os receber. Mas o melhor mesmo são os mimos que damos a nós próprios quando dedicamos tempo a fazer o que gostamos.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Não gostei de ver uma fantástica vitória em White Hart Lane manchada por atitudes deste calibre. O Benfica é suficientemente grande para dispensar este tipo de atitudes. Como benfiquista e apreciador do fair-play de um Eusébio ou de um Coluna não podia deixar de manifestar o meu desagrado. Os campeões têm de saber ganhar e não podem prestar-se a equívocos manhosos.»

 

Eu: «A minha reacção perante este documento, mais do que de rejeição, é sobretudo de estupefacção. Por verificar que entre os 70 signatários figuram algumas das personalidades que permaneceram mais tempo em funções governativas nas últimas quatro décadas em Portugal. Incluindo três ex-responsáveis da pasta ministerial das Finanças. Consulto os meus arquivos. E concluo que estas três personalidades desempenharam funções governativas em 12 dos 19 executivos que se sucederam no nosso país desde o 25 de Abril de 1974. Perfazendo, no seu conjunto, 20 anos e dois meses de actividade no Executivo. É tocante vê-las dar este salto. Da permanência no Conselho de Ministros ao assento etéreo nas pantalhas televisivas, passando pela elaboração de manifestos em que desdizem hoje o que disseram ontem, com o conta-quilómetros a zero, transfiguradas em treinadoras de bancada. Como se não tivessem a mais remota responsabilidade pelo estado a que isto chegou.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 14.03.24

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Francisca Prieto: «Hoje a minha mãe faz 80 anos e eu estou tão contente que resolvi ir repescar um texto que escrevi sobre ela há uma data de anos, que permanece perfeitamente actual.»

 

João André: «Não tenho competências para discutir de forma técnica os indicadores económicos. Podem "os 70" estar completamente errados (não o creio, mas a minha opinião vale o que vale), mas tanto quanto sei, dar uma opinião é um direito que lhes assiste e pelo qual uma boa parte lutou. Este governo e a matilha que o segue não o aceita. Isso só por si assusta-me muito mais que qualquer austeridade.»

 

Luís Menezes Leitão: «Houve dezenas de manifestos nos últimos tempos por tudo e mais alguma coisa. Poucos ligaram a eles, por muito justificados que fossem. O manifesto pela reestruturação da dívida causou, porém, um coro de reacções indignadas, desde o primeiro-ministro ao Presidente da República, levando até à demissão de consultores da Presidência. Agora até o secretário de Estado Carlos Moedas se vê obrigado a abjurar anteriores declarações suas no mesmo sentido. Pelo caminho, tivemos argumentações inqualificáveis como esta carta a uma geração errada por parte de alguém que, apesar de ter quase 50 anos, se julga um jovem promissor, pronto a elaborar um programa de governo, e que defende por isso que tudo não passa de um conflito de gerações.»

 

Marta Spínola: «São estas pessoas que me fazem sentir a Mafalda na tira em que a Susaninha, que esteve a ler títulos de jornais horrendos, diz "Sabes, estive a ler como sou boazinha".»

 

Patrícia Reis: «Sexta-feira, onze da manhã. Um optimista dirá: é quase fim de semana. Um pessimista dirá: é quase segunda-feira.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Enquanto em Portugal se vêem os processos prescreverem, se perdoa a fuga ao fisco por conta de uns trocos para aliviar o défice, e os que fogem ao fisco ainda se permitem dar entrevistas para transmitirem conselhos a quem governa e à oposição, na Alemanha julga-se em tempo útil e decide-se pelo "engavetamento". Não houve Merkel, submarino ou veículo, que lhe evitasse a condenação. Para já ficamos assim, depois logo se vê.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 13.03.24

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José António Abreu: «Na crítica a The Fury, o filme de 1978 realizado por Brian De Palma, Roger Ebert escreveu: Cassavetes faz sempre um adequado vilão detestável (representa os maus como se eles estivessem permanentemente distraídos por pensamentos de coisas ainda piores que poderiam estar a fazer). Fiquei a pensar que se trata de uma atitude bastante similar à de inúmeros políticos e gestores, ao anunciarem medidas desagradáveis. Não existindo pesar genuíno, que exista convicção. Enfado é das coisas mais detestáveis com que se pode deparar. Se bem que, ainda assim, talvez não seja tão detestável como o seu reverso, a piedade insincera.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Ao que neste blogue escrevi em 18/02/2011 não retiro uma vírgula. Lamento, sim, que o tenham chamado tão cedo, mas faço votos de que também lá em cima lhe estejam reservadas tarefas que façam jus à dimensão do homem que foi.»

 

Eu: «Francisco é hoje mencionado como referência por alguns daqueles que há um ano, sem o conhecerem, se apressaram a denegri-lo antes de passarem a confessar-se seus admiradores. Invocam o Papa Francisco, utilizam-no como fonte de autoridade moral, repetem com ele que "esta economia mata". Falharam por completo nas primeiras impressões. Por arrogância intelectual e humana, por aversão atávica à Igreja, por estarem condicionados pelo preconceito. E falharam sobretudo por olharem sem ver. Porque o Francisco de hoje era já aquele que assomou à varanda na Praça de São Pedro, intitulando-se não Papa mas mero bispo de Roma e pedindo com humildade aos fiéis para rezarem por ele. Humildade que nunca abandonou de então para cá. Com a força inequívoca do seu exemplo, digno de um genuíno discípulo de Jesus, tornou-se fonte de inspiração para todos, partilhem ou não da sua fé.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 12.03.24

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Helena Sacadura Cabral: «Os investimentos americanos na Irlanda já superam todos os que foram efectuados nos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). E até Bono, a estrela nacional e cantor dos U2 elogia em Davos, ao lado do primeiro-ministro, o milagre irlandês... E em Portugal, como seria, alguma vez, isto possível?! Jamais, claro, porque nós temos as nossas convicções, muito firmes, do modo como a Constituição garante que queremos caminhar para o socialismo. Está à vista!»

 

João André: «Há um par de meses fiz algo que há muito não fazia: fui ao teatro. Infelizmente há poucas oportunidades nas zonas onde tenho vivido para ir ao teatro e as poucas que têm existido têm-me, de uma forma ou de outra - frequentemente por culpa própria - escapado. Fui então ao teatro, dizia, ver O Misantropo, de Molière. Conhecia a história mas nunca tinha assistido a nada de Molière. A encenação pretendia-se moderna, com a acção a ter lugar nos nossos tempos e com adaptação das personagens aos estereótipos actuais. O grande senão da coisa (para mim): eu não falo a língua usada na peça.»

 

João Campos: «É impressão minha, ou entre os subscritores do célebre "manifesto dos 70" que propõe uma solução para o estado em que nos encontramos encontra-se muita gente com responsabilidades directas e indirectas para o estado a que isto chegou?»

 

José António Abreu: «Um destes dias a loucura (admitamos caritativamente que bem intencionada) ainda recupera o poder, deixando-os (e a nós, uma vez que entre eles se contam os bancos nacionais) a olhar para buracos nas contas que farão o do BPN parecer questão de trocos. Mas pelo menos a beleza de uma reestruturação ficará evidente para todas as partes envolvidas, já que pelos vistos não ficou quando a reestruturação da dívida grega não apenas não resolveu os problemas da Grécia como causou uns problemitas nos bancos cipriotas.»

 

Luís Menezes Leitão: «Toda a gente sabe que a dívida é impagável, mas não se pode falar da sua reestruturação. Os nossos credores podiam-se ofender e aí, como disse o outro, teríamos o caldo entornado. O país deixou de ser soberano e já não temos o governo do povo, pelo povo e para o povo, como proclamava Lincoln. O nosso governo é hoje o governo dos credores, pelos credores e para os credores. E até a liberdade de expressão em Portugal deixou de ser tolerada. Futuramente, em vez de se falar da reestruturação da dívida, falar-se-á da medida cujo nome não pode ser pronunciado. Resta saber por quanto tempo.»

 

Patrícia Reis: «A última vez que o entrevistei, há três anos, no patriarcado, Dom José fumou sete cigarros, explicou-me o que gostava de ver na internet e o alívio de não ter sido "escolhido" para Santo Pontífice, para ocupar o lugar de Pedro. Falámos de crianças, do aborto, de gays e direitos, rimos e demos tempo a Augusto Brázio para o fotografar devidamente. Hoje, Dom José foi ver a Deus, como dizemos, nós que somos cristãos.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Passos Coelho é presidente do PSD. Um partido que se reclama, diz ele, da social-democracia, embora isso não tenha qualquer correspondência na prática política. Mas se tivesse o mesmo discurso estando no PCP ou num qualquer partido da esquerda radical ninguém estranharia. Em 1975 havia quem quisesse afundar-nos a cantar o "venceremos". Em 2014 temos um primeiro-ministro que quer afundar-nos a cantar o "não reestruturamos".»

 

Teresa Ribeiro: «Se bem entendi para o governo e seguidores dizer que "a dívida é impagável" é uma irresponsabilidade. Pode até ser verdade, mas não se fala nisso, porque é tabu. Em contrapartida, sujeitar o país a abusos continuados para pagar uma dívida impagável faz todo o sentido. Governo e apoiantes argumentam que os devedores têm de sujeitar-se aos credores, caso contrário as consequências serão terríveis. Será a bancarrota, a hecatombe económica e social. Entre a morte lenta e a sumária concluem que é mais sensato escolher a primeira.»

 

Eu: «Não há nada como mostrar músculo para ganhar popularidade. Ainda há um mês, Vladimir Putin recebia críticas de vários quadrantes pelas suas detestáveis tendências autocráticas que o levaram a promulgar leis discriminatórias dos homossexuais, banindo-os dos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi -- os mais caros de sempre, orçados em 51 mil milhões de dólares (10 mil milhões acima das Olimpíadas de 2008 em Pequim). Bastou-lhe invadir um país soberano, à margem do direito internacional e das regras de convivência civilizada entre países soberanos, para calar certas vozes críticas. Por estes dias tenho reparado no silêncio de alguns: tão indignados com Putin há um mês, tão complacentes com Putin agora.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 11.03.24

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Helena Sacadura Cabral: «Hoje foi um dia duro. Levantei-me muito cedo e acabei a manhã no Hospital da Luz. Felizmente não era nada grave, mas era incómodo e antes de saber do que se tratava ainda passei alguma ansiedade. Tenho, felizmente, na minha vida clínica três anjos que se ocupam de mim com muito carinho. Um Pedro, o homem do meu coração e duas Isabéis. Uma trata-me dos olhos - com esta bela idade não uso óculos - e a outra trata de tudo o resto, encaminhando-me carinhosamente para os respectivos especialistas.»

 

Luís Menezes Leitão: «Antes desta polémica sobre a reestruturação da dívida já tinha aqui escrito que se alguém acreditasse que era realizável a proposta de Cavaco para reduzir a dívida para 60% do PIB até 2035 bem podia acreditar no Pai Natal. Não admira, por isso, que logo a seguir ao conto de fadas por ele redigido, tenha de imediato surgido um manifesto de notáveis a propor a reestruturação da dívida. O que espanta na lista de nomes é lá se encontrarem pessoas muito próximas de Cavaco, o que mostra que nem no seu círculo restrito se encontra alguém disposto a acreditar nessas contas.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 10.03.24

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Francisca Prieto: «Rubrica Ouvido no Carro: "Segundo o professor Ferreira, eu sou o mais avançado nos xilofones a tocar a Senhora do Almortão." Isto na nossa família vale, no mínimo, um Grammy.»

 

Helena Sacadura Cabral: «Foram passando os meses e hoje sinto-me em casa. Não porque tenha passado a gostar de política ou o blogue tenha mudado de cariz, mas porque verifiquei, com grande contentamento, serem as mulheres que, nesta casa, não falam dela. Abençoadas!»

 

Luís Menezes Leitão: «Putin tem assim o caminho aberto para a anexação da Crimeia. Resta saber se vai parar por aí. Hitler não parou. Pensou naturalmente que se tinha conseguido obter os territórios checos, apenas devido a uma população levemente maioritária de alemães nos sudetas, o que o impedia de reivindicar Danzig, que tinha em 1939 uma população de 95% de alemães? Putin pode perfeitamente pensar o mesmo. Afinal, a Transnístria não fica assim tão longe e a Moldávia é muito mais fácil de vergar que a Ucrânia. Aguarda-se pelas cenas dos próximos capítulos.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Do rock´n roll diz-se que nunca morrerá. Previsão que, por muitos anos que o Senhor ainda entenda me dar, e que espero não desmerecer, dificilmente poderei vir a comprovar. Enquanto aguardava a minha vez, no concorrido McSorleys´s, veio-me à memória a lembrança de há quase onze anos quando um amigo teve a gentileza de me dispensar os seus dois bilhetes, que tarde e a más horas fui levantar, 300km depois de sair do escritório, para poder ir a Coimbra festejar o meu aniversário “com” os Rolling Stones. Não me passava pela cabeça que em 2014 seria espectador de mais uma digressão da banda que no ano em que nasci tocava “gigs” nos arredores de Londres. Menos ainda pensaria, alguma vez, assistir a um espectáculo com ar condicionado e lugares marcados desde Dezembro do ano passado, como se fosse assistir a uma conferência, onde todos os espectadores são obrigados a passar pelos corredores de mármore, os tapetes e os lustres de um centro comercial e de um hotel de cinco estrelas pintado com cores e tons do período áureo de Veneza.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 09.03.24

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Ivone Mendes da Silva: «Nunca a alegria deu boa literatura e isso é bem fácil de comprovar, basta ir por aí adiante. Já uma elegante melancolia tratada a frases de recorte preciso faz um leitor ganhar o dia. Diz Pedro Mexia no seu O MalparadoEscrevo "sobre mim" apenas na medida em que sou "eu" quem escreve os textos. Não há melhor aviso à navegação. Sempre cri que um blogue de feição auto-biográfica (digo de feição, atentai) deve ser lido ao invés daquilo que Samuel Coleridge muito bem enunciou como a suspension of disbelief, que é uma aceitação da convenção do fictício, isto não é verdade mas vou crer que é: um blogue deve ser lido numa adequada suspension of belief.»

 

Teresa Ribeiro: «O capricho por definição é uma vontadinha. Pressupõe futilidade, arbitrariedade, falta de fundamentação lógica. O meu gato é caprichoso. Os gatos são-no ou pensamos que são, uma vez que por óbvias limitações comunicacionais jamais poderemos aferir com rigor quais as suas motivações. Passando este conceito pelo crivo da cultura vigente percebe-se porque é o capricho considerado uma manifestação tipicamente feminina. Coisa de gatas, já se vê.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 08.03.24

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Sérgio de Almeida Correia: «Depois de ter percorrido vários sites da imprensa italiana e de ter visto várias fotografias da tomada de posse do novo governo de Matteo Renzi, fiquei com sérias dúvidas sobre se a fotografia publicada da nova ministra da Reforma do Parlamento não teria sido objecto de "retoques" informáticos por parte de alguma comunicação social ou bloggers italianos. O caso não seria virgem e, na dúvida, perante outras fotos que vi da mesma cerimónia, sem poder confirmar onde estaria a verdade, optei por eliminar a que foi publicada neste blogue, bem como os comentários entretanto feitos. Pelo facto, apresento as minhas desculpas aos leitores. Em consciência, outra coisa não poderia ter feito.»

 

Teresa Ribeiro: «Soube, desde o começo, o que me estava reservado e não gostei. Era a menina da história. Filha única e só com primos machos. O meu pai ficou decepcionado quando nasci, porque desejava, como quase todos os pais na época, um menino "para jogar à bola". O meu avô, quando queria humilhar o meu primo mais velho, dizia-lhe que eu era mais despachada, "apesar de ser uma rapariga". Para se vingar, quando nos encontrávamos para o almoço de domingo em casa dos nossos avós, ele batia-me e eu ripostava com uma gana feita da necessidade de não me vergar. Era a minha guerra dos sexos dominical, que me deixava coberta de nódoas negras e com amargos de boca, pois ele vencia-me sempre e eu sentia - talvez por preconceito - que era por ter uma força de uma qualidade diferente da minha, mil vezes superior.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 07.03.24

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Ana Vidal: «Tão ambicioso quanto limitado, dedicou uma vida inteira a tentar chegar a presidente da Junta de Freguesia. No dia em que foi eleito vogal, esfusiante, apresentou finalmente a mulher. Ninguém estranhou que fosse uma consoante. Muda.»

 

Francisca Prieto«Um dia, numa praia do meu pais improvável tão difícil de lá se chegar que só os mais ousados se aventuram, chegou a hora de ir embora. Os miúdos pedem mais um mergulho e eu, na esperança de conseguir prolongar as horas mornas, deixo. Quero lá saber se vêm todos molhados e se enchem o carro de areia.  Sento-me numa cadeira e espero, enquanto repasso pela memória retalhos de verões antigos.»

 

Luís Menezes Leitão: «É evidente que a Ucrânia oriental não reconheceria o novo regime, ao contrário do que precipitadamente fez a União Europeia. Quanto à Crimeia, esta sempre foi um território russo, tendo sido "oferecido" à Ucrânia por Kruschev em 1954, oferta que o Parlamento Russo já tinha anulado logo após o fim da URSS, sem no entanto fazer de imediato a competente reivindicação territorial. Com a queda de Ianukovitch é evidente que a Crimeia faria a imediata secessão da Ucrânia, a que se poderão seguir os restantes territórios orientais. A partilha da Ucrânia está assim hoje em cima da mesa.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Na nossa vida pública nada deverá ser mais transparente do que a decisão política ou administrativa. Porque é esta a única que interessa à democracia e aos cidadãos e não é possível construir uma sociedade política civilizada enquanto a transparência não for a pedra de toque do funcionamento de qualquer instituição do Estado ou da Administração, central ou local, directa ou indirecta.»

 

Eu: «Por enquanto as televisões, que filmam com crescentes precauções para evitarem ser alvos de represálias, ainda conseguem mostrar-nos fragmentos do que se passa na Crimeia ocupada manu militari por tropa russa sem insígnias: quem ousar por estes dias manifestar-se a favor da ligação à Ucrânia nas ruas de Simferopol é logo arrastado por bandos de jagunços incapazes de conviver com opiniões "dissidentes". Impossível ver ali sequer desfraldada uma bandeira ucraniana, confirmando-se não existirem condições mínimas de liberdade para realizar uma campanha referendária. Como pode haver um referendo minimamente credível sem campanha? E como pode realizar-se já no dia 16 -- ou seja, daqui a cinco dias úteis -- uma consulta popular com 30 mil militares e paramilitares russos a impor às urnas a vontade das armas? Estes jagunços são todos homens e têm especial predilecção por agredir mulheres perante a passividade da tropa ocupante russa, que serve de guarda pretoriana às manifestações locais pró-Moscovo. Algo que dá que pensar, em vésperas de comemoração do Dia Internacional da Mulher. Não por acaso, a enviada especial da CNN à Crimeia viu-se hoje impedida de sair do hotel em reportagem.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 06.03.24

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Helena Sacadura Cabral: «[Alain] Resnais foi um dos realizadores que mais me fascinou quando jovem mulher com pretensões intelectuais. Em particular, Muriel e Hiroshima. Entretanto, fui perdendo o pendor intelectual - para bem de todos os que [me] rodeiam e para mim própria - e, agora, até tenho medo de rever estas duas obras primas porque, hoje, tenho muito pouco que ver com a mulher que, então, se aproximava dos trinta anos. Mas, apesar de não haver nada pior do que voltar a amores do passado, creio que não resistirei a rever Hiroshima...»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Entre o céu e a terra. Sem saber para onde derivar o olhar, enquanto aguardava, senti as costas confortavelmente coladas, como quem prepara uma descolagem. Nesta terra, onde a noite nunca chega a ser noite, o cinzento não ficou azul. Porque a cor perder-se-ia no brilho dos néons que reflectem no céu as gotas que o iluminam. Mussorgsky passou depressa, e enquanto Pétrouchka preparava o caminho para a explosão, senti um frémito percorrer-me os músculos. Daniel Harding e a London Symphony Orchestra proporcionaram o reencontro. Entre o céu e a terra, ali, sozinho no meio do mundo, sentindo-a a meu lado, por momentos vagueei pela transcendência.»

 

Eu: «Mesmo quando integrados num colectivo, não cessamos de procurar a individualidade, aquele que se distingue das massas amorfas. É assim também no desporto, um fenómeno social que vive muito do culto dos heróis. Devemos congratular-nos por ter nas nossas fileiras um jogador que desequilibra, que ultrapassa a mediania, que se projecta muito para além das fronteiras da terra pobre que o viu nascer, tornando-se uma personalidade conhecida em todo o planeta. Esse jogador é Cristiano Ronaldo, autor de dois dos cinco golos da vitória desta noite de Portugal aos Camarões, no primeiro jogo de preparação para o Mundial do Brasil. Neste desafio tornou-se, aos 29 anos, o maior goleador de sempre da selecção nacional. Um dia todos diremos com orgulho: eu vi-o jogar, ao vivo e a cores, era um futebolista extraordinário. Saibamos reconhecer isso enquanto ele ainda aí está, no auge da carreira, transbordante de talento e entrega a esta paixão desmedida que se chama futebol.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 05.03.24

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Francisca Prieto: «Com este livro regressei ao prazer incomensurável de encontrar uma nova voz. Não são histórias que se recomendem a qualquer pessoa. Junot Díaz é desconcertantemente desbocado e toda a sua linguagem é uma enxurrada que nos faz resvalar pelas páginas fora, quase a perder o fôlego. Num registo autobiográfico e através da personagem que se tornou transversal às suas histórias – Yunior – Díaz põe-nos a fazer parte da vida dominicana nos Estados Unidos, temperando o texto com palavras castelhanas salpicadas a seu bel prazer. O efeito desta espanholada, para além de divertido, é poderosíssimo, como se pode perceber pela frase “ainda não tinha cinquenta

 

João André: «Putin tem uma fraca percepção de certos aspectos da realidade moderna, especialmente da força da internet e da forma como esta permite que a informação flua. Vê-a, com tiques de espião, como um truque dos seus inimigos - e por extensão da Rússia também - para desestabilizar o país. Por isso não percebe de imediato que a sua propaganda é transparente. Compreende no entanto que não pode recuar sem obter certas concessões. Por isso, e porque como um bom jogador de xadrez precisa de dar oportunidade ao adversário para mover as suas peças, espera agora para ver o que o Ocidente - e a Ucrânia - lhe oferecem.»

 

Teresa Ribeiro: «Ah, a lei do financiamento dos partidos! Já conheceu várias versões, mas todas esburacadas, que isto de fazer circular malinhas com notas necessita de alguma logística legislativa. Há interesses em que não se toca nem com uma flor. Por isso nada de essencial muda. Apesar dos elevados custos de manutenção, a nossa cultura cívica continua a de sempre e nos balanços eufóricos das "corajosas" políticas deste governo não se diz uma palavra sobre o combate à corrupção

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 04.03.24

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Patrícia Reis: «Leio no portal do Sapo: Putin candidato a Nobel da Paz. Nem sei comentar. A perplexidade toma conta de mim e talvez seja melhor agarrar numa pastilha e dormir.»

 

Eu: «Tinha apenas 53 anos e mil projectos por concretizar. É num belo poema crepuscular de Jorge de Sena que penso ao despedir-me aqui deste nosso amigo: "Quando a morte vier, ou procurada / eu a tiver comigo apenas por um instante, / qual já nem for amante / a esperança conseguida à liberdade, / então do nada que a existência invade / alguma dor virá de não ter dito / que a vida eu não sofria como um rito / do Sol de outras manhãs. Expatriada? // Não. Que só a morte nunca existirá. / Sonharei — sonhará, / na treva, a cantiga: / Que luz não amiga / a treva será? // Nem longe, nem perto; / nem riso decerto. / Apenas um rumor de madrugada."»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 03.03.24

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Ana Vidal: «Vê-los descobrir a pólvora, mesmo que tarde - perdoamos-lhes tanta coisa em nome do eterno 'mais vale tarde do que nunca' - consola-nos sempre, enche-nos de um estranho, complacente e inexplicável orgulho. Chegamos até a comover-nos, como se eles fossem a criança que na festa da escola consegue superar-se e dizer a sua deixa sem falhas na peça de Natal. Para mal dos nossos pecados e para bem das batotas deles os deuses fizeram-nos assim, atentas e orgulhosas dos progressos dos nossos homens em descobertas que para nós são tão óbvias como dois mais dois. Mesmo reclamando muito, reclamando sempre. É por isso, Henrique Raposo, que a sobrevivência do outro terço nos espanta muito menos do que a si. Mas ainda bem que acordou, que ternura.»

 

José Navarro de Andrade: «Com o noveau roman caminhou Alain Resnais no início e se os seus filmes sobreviveram ao despautério tal se deve à sua crença na narrativa. Uma narrativa que se vai pensando, à maneira kantiana, não é forçosamente uma narrativa que vai estiolando. E a prova ficou nos magníficos “Hiroshima mon amour” (com argumento de Margueritte Duras) ou em “L’Anée dernière à Marienbad" (com Robbe-Grillet). Estes filmes mantêm hoje uma doce frescura porque, tal como Resnais mostrou depois, acreditam no cinema.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Depois de ler a entrevista de Rui Machete ao Público, o "companheiro" Obiang deve exultar com estas imagens do processo de putinização do partido que em nome de Portugal o vai receber de braços abertos na CPLP.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 02.03.24

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Helena Sacadura Cabral: «Decidi este fim de semana, ou melhor hoje, ir ver “Um quente Agosto”. Apanhei um fortíssimo murro no estômago, tal a violência psicológica ali narrada. Não há famílias felizes e muito menos perfeitas. Mas aquela que é retratada ultrapassa tudo quanto se possa imaginar.»

 

Eu: «O espaço vital russófono e russófilo, tal como é entendido por Vladimir Putin, faz evocar as piores recordações do século XX na Europa.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 01.03.24

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Sérgio de Almeida Correia: «O problema ficou resolvido em Yalta. Quem não perceber isto, salvo o devido respeito, não percebe nada de História. Nem de política.»

 

Eu: «Este hipnótico e arrebatador road movie não seria tão deslumbrante sem a interpretação excepcional de Bruce Dern, sobrevivente -- na tela e fora dela -- de uma época que se tornou mítica. A sua interpretação do errante Woody Grant, sem nunca cair no menor exagero histriónico, é uma homenagem viva à arte de representar. Bem ilustrada numa das cenas mais comoventes deste filme justamente candidato a seis Óscares (melhor película, melhor realização, melhor actor, melhor actriz secundária, melhor argumento original, melhor fotografia): aquela em que revisita a casa onde nasceu, erguida do nada pelo pai. A mais remota memória que lhe resta.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 28.02.24

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Francisca Prieto: «Mãe no mimo "ó Rodrigo, tu és tão giro. Quem me dera ser uma miúda de 2003. Olha que não me escapavas". E ele todo derretido "ó mãe eu é que gostava de ser, eu é que gostava de ser de... de... mil novecentos e tal". E é assim que uma pessoa se fica a sentir do século passado.»

 

José Navarro de Andrade: «Conheci um jornalista português que foi à cerimónia dos Óscares. E o que aconteceu foi terem arrebanhado a malta de jornalistas, e depois de lhes oferecerem o biscoito de uns minutos passados na orla da passadeira vermelha – na qual os repórteres são parte fundamental do cenário e da festa, acrescentando-lhe excitação, barulho e flashes – conduziram-nos pressurosamente para uma sala nas catacumbas do Kodak Theater (hoje rebaptizado com o naming de Dolby Theater) onde puderam ver o show… pela televisão. Na verdade o meu amigo esteve lá, pode dizer que respirou o ar eléctrico de Hollywood, mas viu exactamente o mesmo que eu vi, sentado num sofá a 8 fusos horários de distância.»

 

Eu: «O PCP, em sintonia com a Rússia de Putin, condena firmemente aquilo a que chama "autêntico golpe de Estado" na Ucrânia. Mas houve um tempo em que os comunistas portugueses apoiavam golpes de Estado. O de 19 de Agosto de 1991, por exemplo -- tentativa desesperada da velha guarda soviética de travar o passo às reformas de Mikhail Gorbatchov, resistindo a todo o preço ao desmoronamento da ditadura. Três dias depois, a golpada malogrou-se. E a obsoleta União Soviética recebeu aí o seu dobre a finados