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Delito de Opinião

DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 10.05.25

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João André: «O melhor são as pessoas que usam as luvinhas e as máscaras e depois de mexer em tudo o que encontram, puxam do telemóvel e encostam-no ao ouvidinho, trazem perto da cara. E depois arranjam a máscara constantemente, ajustam óculos de sol, coçam o nariz e comem a comida com as luvas que não lavaram ou trocaram. Lá está, o vírus é simpático, não vai para a comida - eu também não ia para alguma desta comida que se compra na rua.»

 

José Navarro de Andrade: «"Para nós tudo, para os nossos inimigos nada, para os demais a lei." (Frase atribuída a um dos primeiros barões do regime democrático.)»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Graças a mais uma decisão, que teve tanto de ilegal quanto de arbitrária e caricata, prossegue o acelerado processo de erosão das liberdades fundamentais e da autonomia da Região Administrativa Especial de Macau, visando a sua integração plena na República Popular da China. Depois de há um mês ter dado autorização para a utilização de espaços públicos para apresentação de uma exposição fotográfica itinerante sobre o 4 de Junho de 1989, e o que aconteceu na Praça de Tiananmen, o Instituto dos Assuntos Municipais (IAM) resolveu, na passada sexta-feira, 8 de Maio, já com a exposição a decorrer, “revogar” a sua própria decisão.»

 

Eu: «Le Métèque entrou-me casa adentro, em sessões contínuas, ficando a marcar o Verão dos meus 13 anos. Quando a rádio me acompanhava de manhã à noite e eu me preparava para mais uma mudança – noutro continente, noutra cidade, noutra escola, com novos colegas, num país em ebulição. Tudo era diferente, até a música que se escutava. O romantismo estava fora de moda, a poesia dera lugar ao estribilho de comício, a política imperava, todos advogavam a revolução para ontem. Por longos meses que nos pareciam décadas, a chamada “língua do império” – a que os Beatles e os Stones conferiram passaporte mundial – fora banida das ondas hertzianas. Soava a “degradação burguesa”, fosse lá isso o que fosse. Sou, portanto, de um tempo em que se ouvia muita música em francês devido às encruzilhadas da História. E, por via disso, dou por mim a pertencer à última geração francófila – muito em função de canções que nunca deixam de me soar na memória.»

DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 09.05.25

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Cristina Torrão: «Infelizmente, cantar tornou-se uma actividade de alto risco. Claro que há a possibilidade de cantarmos sozinhos, em casa. Até podemos fazer vídeos e mostrá-los na internet (no caso de sermos bons solistas, claro, muitos artistas têm optado por esse meio). Mas cantar num coro, ou tocar numa orquestra, principalmente tratando-se de instrumentos de sopro, tornou-se numa actividade perigosa e proibida.»

 

JPT: «As formas cerimoniais por esse mundo afora, ontem e hoje, da celebração do dia da Vitória contra o pior dos fascismos reais, e de aversão às suas hipotéticas reanimações, foi a maior demonstração da mediocridade, tétrica, patética, destas figuras gradas que elegemos, deste Sousa e deste Rodrigues. E dos que os rodeiam. Eu iria dizer que "só não viu isso quem não quis", só não percebeu o significado da diferença entre estas celebrações gerais do Dia da Vitória e as dos dias 25.4 e 1.5., quem realmente não o quer fazer. Mas não seria verdade. Porque a abissal mediocridade que Sousa, Rodrigues et al mostraram neste pequeno episódio é a mesma que nós temos. Pois só uma população medíocre elege isto e gosta.»

 

Paulo Sousa: «Após o colapso da URSS, a minoria russa da ex-república moldava soviética socialista não aceitou a mudança da língua oficial de russo para a língua mãe da maioria romena e desencadeou-se um conflito. Após alguns meses de combates, em 1992 estabeleceu-se um equilíbrio de forças com o rio Dniestre a fazer de fronteira. A Rússia mantém o apoio militar e económico à Transnístria mas a falta de contiguidade territorial não lhe permite descongelar o conflito. Desde então a Pridnistrovian Moldavian Republic (PMR), como se autodenominam, tornou-se um 'país' independente de facto embora sem reconhecimento internacional. Tem governo próprio, hino e bandeira com foice e martelo, imprime moeda e selos, tem tropa e polícia, sistema de ensino e de saúde.»

DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 08.05.25

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Eu: «Portugal, infelizmente, sobe um lugar [na relação entre óbitos e número de habitantes]. Há um mês estávamos em 13.º, com números muito semelhantes aos da Dinamarca (agora em 14.º) e da Áustria (actual 17.º e que portanto já nem integra este quadro). Tínhamos também à nossa frente o Irão, que entretanto caiu para 16.º. E somos agora o oitavo país da União Europeia com mais óbitos por milhão de habitantes: também aqui subimos um posto..»

DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 07.05.25

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José Meireles Graça: «A classe política europeia, toda ela, defende a construção que é da sua autoria, à sombra da qual medrou, e que a recompensa generosamente. E fará o que for preciso para contentar toda a gente, incluindo os juízes alemães, nem que fosse preciso o Bundestag fazer na primeira maré umas emendas à Constituição, ou o Parlamento Europeu aos tratados

 

Teresa Ribeiro: «À medida que a torre de escritórios onde trabalho volta a ganhar vida, começam a surgir situações como a de ontem: quando ia a entrar, uma rapariga preparava-se para sair, de modo que avancei, segurando na porta, que tem uma mola forte, para ela passar. Acto contínuo a menina passa e quando está bem em cima de mim, prega-me com um sorridente "obrigada" nas bochechas. Nem eu, nem ela tínhamos máscara. Hoje, pelo sim, pelo não, usei uma.»

DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 06.05.25

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Eu: «Faz algum sentido decretar-se o uso obrigatório de máscaras no comércio, nos transportes públicos, nos estabelecimentos escolares e em muitos locais de trabalho para prevenir a expansão da pandemia e autorizar-se em simultâneo o regresso da principal competição de futebol, desporto de permanente contacto físico e sem possibilidade de imposição de regras de "distanciamento social", desde logo nos balneários? Antecipo a resposta: não, não faz. Que exemplo dá o futebol à sociedade, com o beneplácito do Governo? Antecipo também a resposta: um péssimo exemplo. A menos, claro, que os futebolistas passem a jogar de máscara. E paguem coima por cada cuspidela.»

DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 05.05.25

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José Meireles Graça: «Aconselharia à população malcriada que anda nas redes do alarido (foi lá que originalmente publiquei este desabafo) a destratar quem, sobre as políticas públicas para lidar com a pandemia, tem opiniões cépticas, que se aconselhasse junto de especialistas, no caso psiquiatras, para o efeito de terapêuticas calmantes que carecem de receita médica. Mas atenção, convém não entabular conversas demasiado extensas com o facultativo sobre o assunto do dia, não vá ele não ser um exemplo típico da espécie, caso em que se requer uma visita ao médico de família, para verificar a tensão.»

 

Paulo Sousa: «Felizmente a língua portuguesa é de facto imaterial e não pertence apenas ao nosso país. De outro modo ainda poderia ser dada em garantia de dívidas contraídas. Celebremos por isso.»

 

Eu: «Fez bem a Igreja Católica, pela voz do reitor Carlos Cabecinhas, em reiterar a decisão assumida anteriormente de organizar as celebrações do 13 de Maio este ano sem a presença de peregrinos. As instituições têm de adaptar-se aos contextos - e não são estes que devem moldar-se a elas, nestes dias de pandemia. Se até os Jogos Olímpicos - expressão máxima de convivência e fraternidade a nível mundial - foram anulados este ano, algo que só tinha acontecido durante as guerras mundiais, a "nova normalidade" de que tanto se fala (eufemismo para evitar a palavra anormalidade) deve seguir este padrão. Só a CGTP, na sua cega e obstinada intransigência, parece não ter percebido.»

DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 04.05.25

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Eu: «Não deixa de ser irónico que um Executivo do PS apele todos os dias ao "distanciamento social" - expressão criada por alguma luminária imersa na bolha de São Bento, talvez por tradução apressada do "amaricano", e que logo pegou como labareda em palha seca. É uma imbecilidade confundir distância física - por imperativo sanitário - para travar a expansão da pandemia com o tal "distanciamento social" que se apregoa. Não tem de haver "distanciamento social" nenhum. Aliás a simples comunicação por telefone, videochamada ou até de varanda para varanda ou de uma janela para a rua anulam de imediato essa distância. E muito bem. Porque em tempos difíceis e duros como este a última coisa que se deseja é "distanciamento social". Estranho é que o último a perceber isto seja um Governo que se proclama socialista.»

DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 03.05.25

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João Villalobos: «Não tenhamos receio de vacilar de quando em quando. Não é fácil evitar a angústia perante os mistérios do futuro. O medo, que tanto nos esforçamos por manter subterrâneo, emerge por vezes, inesperado regressa à tona, como um cachalote. Mesmo ele tem de respirar. Para o vencer, é na coragem demonstrada por tantos que podemos encontrar também a nossa. A cada um o seu arpão, é certo. Mas em comum a mesma vontade de atingir a causa das trevas no coração.»

DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 02.05.25

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José Meireles Graça: «Pergunta-se: pode um funcionário superior de um partido político executar fielmente as instruções da direcção quando delas discorde por achar que ofendem na essência a identidade partidária? (...) Portanto, o PCP tem razão e Casanova não. Mas já duas instâncias judiciais disseram que o funcionário tem de ser reintegrado. E o partido reagiu, afirmando ser "inaceitável que alguém queira impor ao PCP como quadro político a tempo inteiro uma qualquer pessoa que se oponha ao PCP ou esteja comprometida com outro projeto político, como decorreria da interpretação dos critérios que serviram de base a esta decisão".»

 

JPT: «Estou confinado numa quinta, num grupo de famílias amigas. Eles encerraram-se a 6 de Março, no dia seguinte ao anúncio de Amorim no Sporting. Eu vim depois pois esperava a minha filha, que estuda em Inglaterra. Ou seja, estes meus amigos encerraram-se - apenas abrindo portas para nos acolher, o que nunca esquecerei, ainda para mais por ter sido naquela época tão angustiante - exactamente no dia em que Espanha fechou os lares de terceira idade e a nossa directora geral da saúde nos aconselhou a "ser solidários" e a visitar esses mesmos lares. Lembrai-vos disso? Se sim eu pergunto: quem morreu e onde vivia?»

 

Maria Dulce Fernandes: «Estou há 46 dias em casa. Saí uma vez por semana. Pertencemos aos famigerados grupos de risco, devido a condições preexistentes. A família chegada, filhas e netos, está a cumprir o seu dever cívico, longe de nós, para nossa protecção. Não lhes toco há 50 dias. Sinto a falta do carinho, do toque e do cheiro que não se aplaca com telefonemas ou videochamadas. Durante a primeira semana, li. Cozinhei. Vi séries de TV. Devorei todos os noticiários. Fartei-me.»

 

Paulo Sousa: «Se a nossa vida confinada, com um risco de contágio próximo de zero, era apenas 50% normal, aceitamos agora um risco de 5% para ter uma vida 80% normal? Claro que estas margens de risco são apenas intuitivas e não têm qualquer base estatística ou científica, mas traduzem a forma como interpreto esta nova fase. Cada um de nós terá uma resposta diferente para a mesma questão, assim como cada um de nós atribuirá diferentes ponderações a estas variáveis.»

 

Eu: «Comportando-se como uma espécie de estado dentro do Estado, a CGTP assume-se como aquilo que diz combater: como uma força detentora de privilégios, que manda às urtigas o dever geral de confinamento imposto à generalidade dos cidadãos e menospreza o direito à igualdade que lhe serve de bandeira. Como noutros tempos e noutros locais, confirma-se que também aqui há uns mais iguais que outros.»

DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 01.05.25

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José Meireles Graça: «Estas imagens são um símbolo do preço que o PCP cobra para apoiar o governo burguês do PS, e dizem isto: estamos cá, somos disciplinados e organizados, temos mais poder que a Igreja e qualquer outra instituição, e a interpretação autêntica da Constituição e das leis é a que fazemos e não qualquer outra. Portanto, socialistas católicos, tenho notícias para vós: andais, como Maduro, a reboque de um passarinho que vos traz instruções de falecidos, e para a Nossa Senhora de Fátima estai-vos a borrifar. Mas eu, que nem católico sou, e que duvido que ali jamais tenha havido qualquer milagre, não estou.»

 

JPT: «Hoje, 1.º de Maio e manifestações por aí. Tal como houve celebrações "em sala grande" e sem "mascaradas" no 25 de Abril. Então é dia para recordar esta postura de Mattarella, o presidente italiano, celebrando nesse mesmo 25 de Abril o 75.º ano (número ainda mais simbólico) sobre a libertação italiana na II Guerra Mundial. Ou seja, o dia da liberdade, da democracia, do fim do jugo nazi-fascista. E da paz. Fazendo-o de modo tão mais simbólico, tão mais solidário, tão mais cidadão, tão mais democrata. Tão mais respeitador. E tão mais inteligente. Do que este paupérrimo duo Rodrigues-Sousa na festa chocha de São Bento e nas arruadas de hoje.»

 

Eu: «As vidas humanas perdidas neste duro combate ao Covid-19 são muito mais do que dados estatísticos: a BBC, no exercício do jornalismo de qualidade a que nos habituou, revela aqui nomes e rostos de vários destes mortos registados pelas autoridades sanitárias britânicas num único dia. Vidas amputadas pela implacável propagação de um vírus que continua a ser letal, por mais que alguns pareçam ignorar tal facto.»

DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 30.04.25

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Eu: «A Tia Julia e o Escrevedor demonstra, melhor que mil ensaios, a existência de vínculos próximos entre o antigo folhetim e a sofisticada novela contemporânea. Não por acaso, romancistas consagrados – Balzac, Tolstoi, Dumas, Dickens, Zola, Twain, Camilo, Eça – experimentaram e cultivaram a técnica do folhetim em várias das suas obras, originalmente publicadas na imprensa. Funcionou como uma excelente escola de aprendizagem para quem, como advertia Hemingway em relação ao jornalismo, soubesse retirar-se dela antes de ficar aprisionado por aqueles enredos submetidos ao “gosto do leitor”.»

DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 29.04.25

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Eu: «Um dos melhores conselhos, em matéria de técnica de escrita, foi dado certa vez pelo escritor e pedagogo colombiano Tomás Rueda ao jovem Eduardo Caballero Calderón, que na década de 30 do século XX ensaiava os primeiros passos na literatura. Disse-lhe o mestre: "No trates de escribir bonito. No dejes que se te vea la gramática." É um conselho que vale para todas as épocas, para todas as latitudes. A escrita tem muito de pessoal. Tem de irromper sem artifícios. Límpida como a de Borges, depurada como a de Pessoa, torrencial como a de Kerouac. Mas sem pomposidades, sem adstringências. O estilo diz tudo sobre o seu autor.»

DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 28.04.25

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José Meireles Graça: «Representais os restauradores, é, anedotas tristes? Valeis ainda menos do que o advogado oficioso que ofereça, em defesa do seu cliente, o merecimento dos autos. Porque este ainda pode contar com a imparcialidade do juiz, que não tem de engolir necessariamente as fabricações do ministério público; e vós, ao Governo que diz mata!, acrescentais esfola.»

 

Teresa Ribeiro: «A turma do resfriadinho está a ficar nervosa. Quer o povo na rua, a bulir, que é para isso que o povo serve, mas o mundo continua paralisado. Muito religiosa, esta seita sempre sacrificou tudo ao seu deus todo poderoso. O deus universal a quem na América chamam dólar e por cá é conhecido por vários nomes: massa, carcanhol, pilim, papel, taco, pastel, graveto, caroço, bago, guito... Quase tudo designações carinhosas, pois como diz a canção, "money makes the world go around".»

 

Eu: «Depois da emergência, a calamidade.»

DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 27.04.25

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Eu: «Contra a corrente, imponho a mim próprio uma rigorosa selecção de consumo noticioso. Só escuto quem comprovadamente merece ser escutado, dispenso os sermões dos novos tele-evangelistas agora em voga, mudo de canal assim que me soa a propaganda seja do que for, reservo um tempo máximo para o fluxo informativo. Que, pelo que me vou apercebendo, equivale ao tempo mínimo para muitos outros. Passo ao lado das opiniões arrebanhadas das "redes sociais", não consumo nem partilho os incontáveis memes que me chegam das mais diversas proveniências, não gasto um minuto com "cenários" que reproduzem outros "cenários", quase sempre de teor apocalíptico, em obediência à mesma lógica de alinhamento dos telediários cá do burgo.»

DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 26.04.25

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Cristina Torrão: «Deus não é uma máquina de resolver problemas, nem é o génio saído da garrafa que nos satisfaz desejos. Ele apenas nos ampara, nos dá força. Em vez de pedirmos a Deus que nos tire os obstáculos da frente, devemos pedir-lhe força para lidar com eles. E, quando as adversidades nos ultrapassam, ajuda pensar que a solução talvez não esteja nas nossas mãos. "Eu dou o meu melhor, o resto é com Deus" - por vezes, basta este pensamento para nos sentirmos mais aliviados e corajosos.»

 

Luís Menezes Leitão: «Desta vez não foi uma borboleta, mas uma mordedura de morcego num pangolim, que depois foi vendido num mercado chinês. E o que causou não foi um furacão, mas uma pandemia mundial com consequências dramáticas a nível da saúde e da vida de imensas pessoas e com uma provável quebra brutal do PIB mundial, a que se seguirá uma recessão gigantesca. A dúvida, no entanto, é que mundo iremos encontrar depois desta pandemia. Depois de o caos se ter instalado, a recuperação integral do sistema pode tornar-se impossível.»

DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 25.04.25

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Eu: «Estado de emergência a vigorar até 2 de Maio, data em que será presumivelmente substituído por um estado de calamidade pública. Supressão parcial ou total da liberdade de circulação, da liberdade de reunião, da liberdade de manifestação, do direito à greve, do direito de resistência, do direito de emigração, do direito de iniciativa económica privada. Centenas de pessoas detidas por crime de desobediência. Selos sanitários em hotéis e restaurantes - deixando implícito que os restantes serão pestíferos ou purulentos. Medição de temperatura a futuros clientes à entrada de restaurantes e de trabalhadores nas empresas. Praias com lotação limitada - algo jamais visto neste país, nem sequer em períodos de ditadura. Interdição da prática de cultos religiosos, em flagrante contraste com o culto dos rituais do Estado, que continuam a praticar-se. Perseguição a velhos nos jardins públicos e a jovens surfistas nas águas do mar. "Cercas sanitárias" decretadas em vários perímetros municipais, mesmo em concelhos com apenas dez casos de infecção por coronavírus detectados. Mecanismos de "reconhecimento facial" em avaliação para possível réplica local dos métodos que já são correntes na China. Câmaras térmicas para detectar trabalhadores com febre. (...) Dia da liberdade. Festejemos, pois.»

DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 24.04.25

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João Pedro Pimenta: «A propósito da questão da sazonalidade do covid, estava ontem a ver um artigo de um "jornal de referência" que duvidava da mesma porque o vírus tinha atingido em força a Austrália e o Irão, porque são "terras quentes". Ora bem: a Austrália realmente recebeu o vírus no Verão, embora até nem tenha sido assim tão atingida (tendo começado bem antes, tem números claramente melhores que os nossos, tanto em contaminados como em mortes, e a maioria já recuperou). Mas o Irão estaria assim tão "quente"? A antiga Pérsia apanhou com isto em força em Fevereiro, sobretudo na região mais a Norte, onde fica Teerão e a cidade santa de Qom, principal foco da coisa. Não é preciso ir muito longe para se concluir que a neve nas montanhas da região, ali para o Elburz, não é propriamente artificial, e verificar que a temperatura média por ali entre Fevereiro e Março vai de 0 a 15 graus, com um clima frio e seco, o mais apropriado para este vírus. Quentíssimo, como se vê.»

 

José Meireles Graça: «De entre as muitas incógnitas que rodeiam a Covid19 uma não tem recebido praticamente nenhuma atenção, e essa é se a repugnante coisa é de esquerda, de direita ou do centro. Proponho-me dilucidar esta dúvida excruciante.»

 

Eu: «Em Espanha, Mario Vargas Llosa encabeça um movimento pela democracia e contra o autoritarismo em tempo de coronavírus.»

DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 23.04.25

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JPT: «É assim que Ferro Rodrigues responde a quem lhe pergunta se os deputados usarão máscaras nas celebrações do 25 de Abril. Nem vale a pena elaborar sobre isto, este homem. Está a gozar com a tropa, com todos nós. Está a bombardear o esforço, estatal, de disseminar o uso de máscaras. Encerrado na sua mediocridade, na sua senilidade, na sua arrogância. Os apaniguados deste mono sustentam-no como segunda figura do Estado. Que gente...»

 

Eu: «Amarga ironia: a única deputada independente do parlamento português é impedida de falar na sessão solene alusiva ao Dia da Liberdade. Por mais que discorde do que Joacine Katar Moreira possa dizer, defenderei sempre o seu direito a falar no hemiciclo. Sobretudo num dia como este. Se ela continuar impedida de subir à tribuna parlamentar no 25 de Abril, Ferro Rodrigues volta a cobrir-se de vergonha. Com máscara ou sem máscara

DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 22.04.25

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Paulo Sousa: «Só quem vive alienado não reconhece que entre o regime e demasiados portugueses existe um vazio que politicamente alguém irá preencher. Insistir em chamar facho a quem diz que o que temos não é suficiente é negar a realidade, é adiar reformas e alimentar radicalismos.»

 

Eu: «Quase nada de bom consigo associar a esta pandemia que destrói vidas, poupanças, empresas e empregos. Excepto no linguajar oficial imposto pela correcção política, que confunde sexo com género. Acabaram, ao que parece, as incontáveis duplicações de substantivos ignorando a norma gramatical que entende como genérico o plural masculino. Andámos anos a ouvir certos políticos matraquearem a pleonástica fórmula "portugueses e portuguesas, trabalhadores e trabalhadoras, funcionários e funcionárias, todos e todas". Isto parece pertencer já ao passado.  Tenho escutado mais conferências de imprensa neste mês de reclusão forçada do que em todo o ano que ficou para trás. Até ao momento não ouvi ninguém dizer "infectados e infectadas, desalojados e desalojadas, detidos e detidas, hospitalizados e hospitalizadas, recuperados e recuperadas, falecidos e falecidas". O velho plural masculino afinal sempre continua a revelar utilidade na comunicação política.»

DELITO há cinco anos

Pedro Correia, 21.04.25

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José Meireles Graça: «Para já, parece estar tudo bem: os funcionários públicos que trabalham não perderam nada; os que não trabalham também não, e uns e outros até foram recentemente aumentados; e os trabalhadores em lay-off poupam em comida e transportes parte do corte que tiveram. Quanto aos desempregados acreditam que, quando a crise passar, vão ter emprego. Mas de toda a maneira não têm voz porque os sindicatos só falam neles como categoria abstracta de pessoas que, se o país fosse comunista, teriam emprego, isto enquanto fazem reivindicações irrealistas para os seus filiados e conservam os privilégios dos dirigentes.»

 

Eu: «É absurdo que o Estado festeje a liberdade num momento em que os direitos, liberdades e garantias estão severamente restringidos - o que sucede pela primeira vez desde a instauração do actual regime constitucional - e há pessoas a ser detidas por "crime de desobediência". É chocante que os deputados fechem os olhos à dor que alastra na sociedade, com um português a morrer de Covid-19 a cada hora que passa, e prefiram celebrar efemérides em flagrante violação das regras de confinamento que eles próprios impuseram aos compatriotas ao aprovarem o estado de emergência.»