Pedro Sánchez renovou o pacto de governação com a esquerda radical em Espanha. Mais do mesmo, mas num quadro muito frágil: o PSOE necessitará do apoio dos separatistas e republicanos catalães, por um lado, e dos soberanistas e filo-terroristas bascos, por outro, além dos nacionalistas da ultra-esquerda galega, para conseguir uma precária aritmética parlamentar. Que promete vida curta ao próximo Executivo.
Reformas à vista? Para já, apenas no plano vocabular. Em vez de "consumidores" a novilíngua socialista instituiu a designação "pessoas consumidoras". Em vez de trabalhadores, "pessoas trabalhadoras". Enquanto se dirige aos "cidadãos e cidadãs" prometendo (por exemplo) transportes de qualidade "para todos e todas".
Disparates que contrastam em absoluto com aquilo que Emmanuel Macron defendeu na terça-feira, ao inaugurar a Cidade Internacional da Língua Francesa. O inquilino do Eliseu pronunciou-se contra a chamada linguagem inclusiva, que distorce uma regra fundamental dos nossos idiomas de raiz latina: o masculino prevalece enquanto fórmula neutra e para a formação do plural indiferenciado, sem especificações de género.
Nunca percebi, aliás, por que motivo os cultores de redundâncias, que adoram duplicar palavras em nome do combate ao "heteropatriarcado tóxico", não levam esta lógica até ao fim. Para serem coerentes, deviam dizer "os ricos e as ricas, os poderosos e as poderosas, os corruptos e as corruptas". Etc, etc.
Que tal experimentarem?