A propaganda tem perna curta
28 de Abril: Portugal liderou crescimento económico na Europa no primeiro trimestre de 2023.
16 de Maio: Portugal registou o quinto maior crescimento do PIB na Europa no primeiro trimestre de 2023.
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28 de Abril: Portugal liderou crescimento económico na Europa no primeiro trimestre de 2023.
16 de Maio: Portugal registou o quinto maior crescimento do PIB na Europa no primeiro trimestre de 2023.
«Uma das primeiras responsabilidades de um ministro é defender o Estado. O ministro é um servidor de topo do Estado: a sua primeira obrigação é não lesar a imagem do Estado. Segunda obrigação: ser leal com o seu primeiro-ministro. Terceira obrigação: lealdade para com os seus colegas.»
«Temos de reconhecer que as cenas que chegaram ao público ocorreram no Ministério das Infraestruturas, não noutros ministérios. São trapalhadas que têm o seu epicentro naquele ministério. O ministro tem de ter o sentido da realidade e perceber que a sua obrigação é poupar os seus colegas às consequências deste episódio político lamentável.»
«A novela do Ministério das Infraestruturas é toda ela do Governo. Quem é o guionista? O Governo. Quem é o elenco? O Governo. De quem é a produção? Governo. Efeitos especiais? Governo. É tudo do Governo. Alguém tem de ter mão no Governo. Alguém tem de ter mão, em especial, no Ministério das Infraestruturas, que está praticamente em estado de sítio.»
«Tudo é mais ou menos inverosímil. As versões variam o suficiente para resolver pontas soltas. A última foi esta das fotocópias nocturnas - uma coisa absolutamente extraordinária. Só falta dizer que as adjuntas são todas testemunhas de que ele tem um isqueiro e uma máquina fotográfica.»
«Quando se lembraram de classificar os documentos? Quando perceberam que tinham de enviá-los para os deputados. É nesse momento que é feita a classificação, aliás por sugestão do próprio Frederico Pinheiro. Agora veja-se o racional disto: os documentos foram classificados por irem parar àquele órgão irresponsável e perigoso que é a Assembleia da República, feita com todas as potências externas, incluindo Lufthansa e British Airways. "Querem ver que os documentos classificados ainda chegam às mãos dos deputados? Não! Vamos já contactar o SIS, perante este risco iminente..." História absolutamente caricata.»
«Ainda ninguém conseguiu perceber porque é que as adjuntas consideraram necessário puxar a mochila de Frederico Pinheiro, em acção directa: "Este não sai daqui com a mochila!" Sem lhe tocarem - foi uma operação feita com pinças.»
«Esta história foi protagonizada por um bando de irresponsáveis que num determinado momento entraram num processo de histeria, perderam a noção do que estavam a fazer, tomaram más decisões - e não há nada a apurar. Isto é apenas um triste espectáculo.»
«Então este "perigoso gatuno" é que decidia? Isto cabe na cabeça de alguém? Quando o adjunto que era o único que [ali] verdadeiramente conhecia esta matéria, tendo a competência de acompanhar o dossiê TAP, era a pessoa que mais sabia do assunto, era o especialista do assunto, ao fim de meses, levar o computador justifica "roubo, roubo!" - com a Polícia Judiciária; "risco de segredos nacionais" que ainda vão parar à Assembleia da República - vai o SIS. Senhoras a puxar mochilas. Edifício bloqueado. Uma chefe de gabinete que diz que o telemóvel é dela, que ela é que o paga, que tem acesso às listas das chamadas. Isto é possível? Esta chefe de gabinete é uma ameaça ao Estado de Direito com pernas!»
«O Estado de Direito não foi criado para proteger o Estado dos Fredericos Pinheiros. O Estado de Direito foi criado para proteger os Fredericos Pinheiros do Estado.»
Sérgio Sousa Pinto (deputado do PS), ontem, na CNN Portugal
«Tenho uma grande jurista. A minha chefe de gabinete é uma extraordinária jurista.»
«Eu remetia para as declarações da chefe do meu gabinete.»
«A justificação dada ontem pela chefe do meu gabinete parece-me bastante razoável.»
«Como já foi dito, e foi ontem dito pela chefe do meu gabinete e repito...»
«O que eu posso dizer é o mesmo que disse ontem a minha chefe de gabinete.»
«Toda essa matéria foi ontem amplamente descrita e eu subscrevo tudo o que disse ontem a chefe do meu gabinete.»
«Telefonema da minha chefe de gabinete... mensagem da minha chefe de gabinete... todo este fio de tempo que foi ontem amplamente descrito pela minha chefe de gabinete...»
Declarações do ainda ministro João Galamba, anteontem e ontem, à comissão parlamentar de inquérito
Vivemos numa época frequentemente designada como de pós-verdade. Pouco a pouco, com o avançar dos anos, a verdade deixou de ser uma entidade objectiva e estanque para se tornar numa construção nunca terminada. Talvez a verdade nunca tenha sido absolutamente objectiva, mas a plasticidade que lhe tem sido imposta aproxima-nos assustadoramente de uma distopia orwelliana.
Recordando aquele dizer infantil em que se devolve uma acusação com um poderoso “quem o diz é quem o é!”, chegamos a um ponto que “quem afirma é que domina a narrativa”. Perante muitas afirmações em simultâneo, o vencedor será o mais convicto. E assim, ficamos reféns dos mais convictos manipuladores.
Na história do século XX encontramos vários momentos, sempre associados a regimes hediondos, em que a verdade esteve efectivamente sob coacção, em que foi torturada e despida, tendo as suas vestes sido usadas pelo entrudo da mentira.
Ontem, na comissão de inquérito à TAP, assistimos a mais um episódio que encaixa na triste trajectória que caracteriza os tempos que vivemos.
Foto Expresso
“Reconstruir a verdade dá trabalho”
João Galamba, 18 de Maio de 2023
Como jornalista, acompanhei centenas de sessões parlamentares. Nunca vi nada como aquilo que aconteceu ontem.
Um ex-adjunto do Governo, que durante quatro anos desempenhou funções de inegável responsabilidade no Ministério das Infraestruturas, descreveu várias cenas ali ocorridas no dia 26 de Abril. Todas dignas de um filme de série B. Foi exonerado por chamada telefónica pelo ministro, que berrou com ele e o insultou em termos grosseiros («Demito-te para não te dar dois murros», terá dito), viu-se sequestrado pela chefe de gabinete e três assessoras, trancaram-no na garagem onde tinha a bicicleta, teve de ser ele próprio a chamar a PSP para conseguir sair do edíficio.
Mais: quase à meia-noite, um suposto agente do SIS contactou-o para ele devolver o computador portátil de serviço que levara do gabinete para dele extrair ficheiros pessoais. O tal sujeito ameaçou-o dizendo que ele próprio (007 Tuga) estaria a ser «muito pressionado» para reaver tão precioso objecto. E - conforme ficou lavrado em acta na comissão parlamentar de inquérito à TAP - terá dito, ao jeito de intimidação pidesca de outros tempos: «É melhor resolvermos isto a bem, senão pode complicar-se...»
Perto da meia-noite, à porta da residência do visado.
Nada tão grave, em toda esta série de rocambolescos episódios que têm como protagonista o inimitável João Galamba, como confirmar que os serviços de informações da República Portuguesa agem como guarda pretoriana do Governo.
Podia ser apenas uma questão de abuso do poder socialista, mas é mais do que isso: tornou-se uma questão de regime. De irregular funcionamento das instituições.
Isto já não é um governo: é uma opera buffa. Com final anunciado.
SUGESTÕES DE LEITURA:
Galamba não deu dois socos em Frederico, mas esmurra Costa até ao KO. Da Ana Sá Lopes, no Público.
João "dois socos" Galamba e um gabinete em roda livre. Do João Miguel Tavares, no Público.
Quanto mais leio sobre o assunto SIS/portátil, mais questiono se não veremos ainda uma (nova) Comissão Parlamentar de Inquérito para se perceber que tipo de relação o governo tem tido com as "secretas".
Há poucos dias, o Paulo Ferreira do Observador dizia que, em termos cinematográficos, este caso-SIS é já uma sequela do caso-TAP. Penso que ele está enganado. Isto é um spin-off: uma narrativa que se separa de outra e toma um rumo independente, explorando personagens e/ou aspectos distintos da original.
"[O Presidente Marcelo] É o nosso maior aliado, mas pode tornar-se no nosso maior pesadelo. (...) Se o seu humor muda, tudo está perdido."
Excerto de um email de Hugo Mendes dirigido a Christine Ourmières-Widener.
Por que motivo António Costa não atendeu o telefone ao Galamba?
(Gerardo Santos/Global Imagens)
Os rocambolescos episódios que têm acompanhado o XXIII Governo dariam uma óptima comédia "à italiana", não fosse dar-se o caso da situação nacional e internacional ser tudo menos o cenário ideal para uma coboiada.
Os mais recentes casos envolvendo o ministro Galamba e a sua entourage, quase fazendo do despedido Pedro Nuno Santos um menino de coro, mostram bem como o "socratismo jotinha" continua a enxamear o PS. A garotada que António Costa levou para o Governo pode ter frequentado todas as universidades promovidas pelo partido, ter feito a escola dos gabinetes e do parlamento, mas não aprendeu rigorosamente nada.
E o que se está a ver é que transformou o Executivo, com a bênção do primeiro-ministro, numa extensão de um congresso da JS, dominado por fédayins que se digladiam entre si para conseguirem os melhores lugares à mesa.
A falta de senso de que no passado deram mostras aconselharia a que não passassem da sala de visitas de qualquer ministério ou secretaria. Ao invés, deram-lhes palco e estatuto. Os resultados estão à vista dos portugueses, não havendo maneira de disfarçar a sua mediocridade, enquanto o país assiste a mais um deprimente espectáculo de incapacidade governativa, de falta de autoridade política, de ausência total de sentido de Estado, numa galambada pegada pela qual os únicos responsáveis são o primeiro-ministro e a Direcção do PS que ao longo dos anos acarinharam aquela garotada inepta parida pelo socratismo.
Mário Soares se fosse vivo estaria naturalmente siderado com o que se está a passar e já teria dado dois berros para correr pela porta dos fundos aquela catrefada de putos mimados e pseudo-políticos mal formados, que se propõem resolver os problemas aos gritos e ao murro. Figurantes sem consistência, sem estrutura ou estatura ético-moral para integrarem qualquer junta de freguesia; quanto mais um governo da república.
Numa terra sem uma oposição capaz, com uns aparentados de seminaristas a estagiarem à frente das bancadas parlamentares, em que o panorama mais provável, se o PSD chegasse ao governo, seria a reedição do que estamos a viver, substituindo-se apenas a miudagem da JS pelos "agilizadores" da JSD e afins, e com um Presidente da República que dá provas de desnorte, sem saber como há-de levar o seu mandato até ao fim, resta aos portugueses a esperança de que António Costa ainda seja capaz de, por uma vez, correr com a galambada instalada, fazer uma remodelação decente (não é difícil), não continuando a queimar cartuchos, e poupando aquela meia-dúzia de ministros que ainda consegue segurar as pontas e manter o país a funcionar sem grandes ondas.
Mais do que nunca, Portugal precisa de um governo de combate, com gente íntegra, sensata e madura, que deixe de dar diariamente argumentos aos partidos que o querem apear. Enfim, dispensando-se de uma vez por todas aqueles tarecos e jericos de que António Costa se rodeou, e que têm transformado a maioria absoluta num horrível espectáculo, no pior e mais deprimente que um mau infantário pode produzir numa festa de Carnaval.
Não há filme de terror que possa durar sempre. Haja dó.
«Governo fez uma denúncia à Polícia Judiciária por causa do computador de Frederico Pinheiro, exonerado por João Galamba no dia 26 de abril. Portátil já está na posse do Estado e não houve buscas domiciliárias. Frederico Pinheiro afirma ao Expresso que o entregou "de livre vontade". Antes disso, houve conflitos e agressões no gabinete quando o adjunto foi buscar o computador ao gabinete. PSP foi chamada ao local por causa das “altercações” e assessoras de Galamba fizeram queixa.» - Expresso
No meio de toda esta confusão em legalês reportada pelo Eco, estamos com uma CEO que está simultaneamente demitida e não-demitida, e um futuro CEO que está simultaneamente nomeado e não-nomeado. Em Portugal, a nossa lógica não colapsa, no nível subatómico, em fantasmas e sombras: colapsa, sim, no nível governamental, em tretas e esquemas.
Ontem:
Hoje:
"Não há nenhum parecer" a sustentar os despedimentos de gestores na TAP, garante Medina.
É aceitável deixar mais de duzentas pessoas penduradas em Maputo, como resultado de um voo adiado por motivos políticos?
É aceitável acabar com as PPP na saúde, mesmo sabendo que nesse modelo de gestão se consegue prestar melhor assistência aos cidadãos e com menor custo para o contribuinte?
É aceitável empurrar, sem qualquer planeamento, o SEF para um limbo de incapacidade apenas para tentar defender um ministro de uma situação indefensável?
É aceitável consumir 1/3 do orçamento do Ministério da Educação para salvar uma empresa “estratégica” (as caravelas do Sec. XXI !!) para que, logo depois de se saber que esse valor foi perdido para sempre, se opte pela sua re-privatização?
É aceitável virar portugueses contra portugueses, inventando culpados para tudo o que corre mal, mesmo tendo governado em 70% do tempo desde 1995? Os culpados vão variando ao longo do tempo. Podem ser os turistas, o alojamento local, os senhorios, os supermercados, as empresas ou os partidos que não estão no poder.
É aceitável atacar as escolas com contrato de associação, dizendo defender a ”escola pública”, quando se tem os filhos no Colégio Alemão?
É aceitável anunciar grandes dotações orçamentais para tudo e mais um par de botas, para depois, além de não cumprir com o prometido, se recuar para os valores de há muitos anos atrás?
É aceitável que membros do governo se reúnam para combinar estratégias com Oliveira e Costa, Dias Loureiro, João Rendeiro ou Ricardo Salgado, na véspera destes terem sido inquiridos em comissão parlamentar de inquérito? (A reunião com Christine Ourmières-Widener é em tudo comparável a estes meus exemplos).
A resposta é sempre a mesma:
- Se isso for do interesse do PS, é óbvio que sim. Os interesses dos portugueses e o asseio democrático são variáveis que não pertencem à equação do poder do actual PS.
Deixei muitas outras perguntas por fazer. Alguém me pode ajudar a completar o postal?
«Não podemos correr o risco de perder o apoio político do Presidente. Se a disposição dele muda, está tudo perdido. É o nosso maior aliado, mas pode tornar-se no nosso maior pesadelo.»
Hugo Mendes, ex-secretário de Estado das Infraestruturas, em comunicação electrónica com a presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, agora divulgada na comissão parlamentar de inquérito
11 de Outubro:
«Medina rejeita taxa zero de IVA nos alimentos por temer oportunismo.»
1 de Fevereiro:
«Medina rejeita IVA zero nos bens essenciais.»
14 de Março:
«Fernando Medina insiste que IVA zero em alguns produtos não resolve preços incomportáveis.»
24 de Março:
Parecem frases de alguém da oposição, mas foram proferidas por uma deputada socialista: Alexandra Leitão. Anteontem, domingo à noite, naquele programa de debate da CNN Portugal onde também surge José Pacheco Pereira, incapaz de esboçar uma criticazinha que seja ao seu amigo António Costa. Ele lá saberá porquê.
O que diz Alexandra Leitão?
Isto:
«O que temos claramente é uma situação em que quem parece contribuir para a inflação é quem compra. Ou seja, aqueles que vivem essencialmente do seu trabalho e estão há muitos meses a perder poder real de compra.»
«O que me preocupa é estarmos numa situação em que os preços da alimentação continuam a crescer a um ritmo muito superior à inflação média. As pessoas sentem cada vez mais necessidade em adquirir [apenas] o cabaz básico. Os salários em Portugal cresceram só 1,1% no último trimestre, isto significa que temos hoje menos justiça social do que há um ano.»
«Se há mais arrecadação fiscal, se também pelo lado da oferta o Estado tem vantagens com este aumento da inflação, então os salários deviam começar a aumentar.»
Felizmente há vozes lúcidas no PS. Esta é uma delas.
Anntónio Costa deve detestar ouvi-la. Mais um motivo para eu a apreciar.
Para quem está familiarizado com o Rugby (perdoem-me a o uso da palavra no formato original) conhecerá o movimento de passe de bola designado por off-load. Desconheço se existe alguma tentativa de tradução desta expressão, mas, linguística à parte, consiste num passe feito por um jogador que não consegue evitar ser placado e, sacrificando a sua progressão, num esforço derradeiro consegue deixar a bola jogável para um companheiro. Uma imagem vale mais que mil palavras e convido quem desconheça o conceito a ver estes exemplos.
A essência do off-load resume-se ao momento em que o passe é feito. Se for demasiado cedo, o defesa mudará imediatamente o seu enfoque para o jogador que a recebeu. Se for feito no momento certo, o jogador que o faz disponibiliza-se para ser placado deixando assim que a bola continue a circular na posse da sua equipa. Por isso, um off-load bem feito exige generosidade e capacidade de sacrifício pela equipa.
Vem isto ao assunto na sequência do recente caso do NRP Mondego.
Sem acesso a informação para além daquela que me passou pelos écrans, aos poucos apercebi-me que estava a assistir a uma metáfora de um off-load na vida militar.
Melhor do que qualquer civil, os militares, mais ou menos garbosos, conhecem o peso da disciplina que os rege. Por isso é óbvio que os treze marinheiros que decidiram não cumprir as ordens recebidas conheciam as consequências dos seus actos. Sabiam bem que ninguém os iria acudir e que de uns tempos a ver o sol aos quadradinhos não se livram.
Quando o caso se tornou público, as reacções em cadeia foram as expectáveis.
Os portugueses sacudiram a cabeça com o desdém que os falhanços de soberania lhe causam, o CEMA lembrou o que tinha de ser lembrado, os russos livraram-se de prestar assistência em alto-mar, os restantes membros da NATO lembraram-se do caso de Tancos e o PM mandou descativar quase 40 milhões de euros para a manutenção da navios da Armada.
Apesar da referida descativação ter sido publicada em Diário da República um dia depois deste incidente, o nosso habilidoso PM logo mandou dizer que a decisão tinha sido tomada, por mera casualidade, uns dias antes. Palavra dada… etc., ninguém é obrigado a acreditar nele, embora que quem não o aplauda incorra na pena de ser carimbado de fascista.
E nisto regressamos ao off-load. Os treze marinheiros irão dentro, o que até é menos gravoso do que morrer afogado, e com o seu sacrifício contribuíram para a libertação das verbas orçamentadas para a manutenção da frota da Armada.
De bronca em bronca vou-me afundando numa decepção que sinto colectiva. Não falta à minha volta gente a bater palminhas, à espera que o castelo de cartas, em que se tornou este governo PS, caia. Na esperança que se mudem as tintas lá por S. Bento, porque depois é que vai ser. E eu fico-me a meditar nessa capacidade que vamos tendo de vibrar com tais expectativas. Ainda dizem que somos um povo pessimista...
Este pensamento acompanhou o DELITO durante toda a semana
Para os que acusam este governo de não ser capaz de agir, nem de saber o que quer, a conferência de impressa de há dias, motivada pela divulgação do relatório da Inspecção Geral de Finanças, retira a base para esse tipo de acusação.
Imagem Observador
A destituição, com efeitos imediatos da CEO e do presidente do Conselho de Administração, mostra exactamente como os membros deste governo conseguem decidir e agir rapidamente. Precisam é de estar motivados para isso. E para eles, a melhor motivação é a necessidade de se escaparem às responsabilidades. Sem novidade. Aliás todo este caso da TAP, não é mais do que um arrastar de uma sequência acontecimentos mais ou menos previsíveis, salpicados aqui e ali, por algumas pequenas pérolas.
O artigo de David Neeleman, publicado hoje no Expresso, é interessante e explica bem como é que, desde há bastante tempo, não há qualquer forma de o assunto TAP, a empresa das caravelas do sec. XXI, alguma vez correr bem para os contribuintes portugueses.
Dito isto, e esse será o motivo do presente postal, uma semana após o grande número mediático em que assistimos ao sacrifício dos referidos bodes expiatórios, o Jornal Económico revela que a TAP informou a CMVM que afinal a CEO e o presidente do Conselho de Administração continuam em funções, uma vez que a empresa “não dispõe de informação sobre os concretos procedimentos” para a destituição destes gestores.
Este jornal revela ainda que só depois do anúncio da destituição em directo, é que o ministro Medina procurou sustentar juridicamente a decisão.
Na altura andaremos envolvidos com outras notícias bombásticas, mas quando chegar a hora de ter de se pagar uma choruda indemnização à ex-CEO, ou futura ex-CEO (?) e ao ex-presidente do Conselho de Administração, ou futuro ex-presidente do Conselho de Administração (?), as responsabilidades deverão ser assacadas aos mesmo que já incineraram mais de 350€ a cada português.