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Delito de Opinião

Já não era sem tempo

João Carvalho, 08.09.11

Com imenso tempo de atraso e uma despesona de custos e mordomias às costas, «o Governo aprovou, em definitivo, a extinção dos governos civis», pondo assim fim a uma das maiores aberrações administrativas da nossa tristíssima realidade, a qual só serviu para cobrir uma parte do compadrio político que passou a dominar este país. Sócrates encarregou-se de demonstrar isso mesmo a seguir às Autárquicas, quando ofereceu escandalosamente vários lugares de governadores civis aos candidatos socialistas que não tinham ganho autarquias por rejeição dos eleitores.

Um prémio chorudo aos derrotados

Pedro Correia, 20.11.09

 

 

Sónia Sanfona foi uma deputada socialista que se distinguiu, na última legislatura, a redigir o relatório da comissão de inquérito ao BPN criticado por todos os deputados da oposição que nela participaram. A intenção foi óbvia: fazer um frete ao Governo e à supervisão do Banco de Portugal, que só ela considerou "ter feito o seu dever", distorcendo as conclusões a que chegou a comissão e contribuindo assim para desprestigiar ainda mais a instituição parlamentar. Com este brilhante currículo em São Bento, não admira que tenha sido derrotada, logo a seguir, na eleição para a câmara de Alpiarça, reconquistada pela CDU ao PS. Fez birra com José Sócrates, que não a autorizou a candidatar-se em simultâneo ao Parlamento. A birra acabou por valer a pena: o primeiro-ministro acaba de a recompensar com o cargo de governadora civil de Santarém, distrito onde se insere o município que rejeitou Sanfona para presidente de câmara.

Há anos que o PS promete aos portugueses a extinção da inútil função de governador civil. Como tantas outras promessas socialistas - e o próprio 'socialismo' - também esta foi guardada na gaveta. Serve de compensação aos mais fiéis de cada distrito que não caíram nas boas graças do eleitorado. Gente como José Mota, candidato derrotado em Espinho nestas autárquicas após 16 anos à frente do município, e agora recompensado com o título de governador civil de Aveiro - espécie de baronato dos tempos modernos. Ou Isabel Santos, recém-derrotada pelo eterno Valentim Loureiro em Gondomar, o que bastou para a alcandorar a governadora-civil do Porto. Na noite de 11 de Outubro, prometeu fazer "oposição firme" ao major nos paços do concelho: mais uma promessa socialista que ficará pelo caminho.

Miguel Ginestal, derrotado na corrida à câmara de Viseu, onde o social-democrata conquistou mais um mandato ao PS, vê a derrota transformada em vitória por acto administrativo de Lisboa: é o novo governador civil do distrito. Jorge Gomes, que nem à terceira tentativa conseguiu tomar a câmara de Bragança ao PSD, recebe igualmente guia de marcha para o Governo Civil. Descubram quem são os outros. A lista completa dos agraciados pode ser consultada aqui.

Um prémio chorudo aos derrotados com cartão do partido. Pago com o dinheiro de todos nós.