Delito de Opinião

A tensão originada por tiques, gestos extemporâneos ou bordões verbais perde com frequência uma letra se a pessoa incapaz de os evitar for atraente.

O chefe típico insiste em corrigir o acessório ainda que o essencial também esteja errado.

Sem cunhas, mais vale ser competente.

A opinião mais sensata é aquela com que quase todos concordam, a mais gratificante – e intrinsecamente mais inteligente – é aquela de que quase todos têm dificuldade em discordar.

Por politicamente incorrecto que seja, contemporizar com os actos estúpidos de uma mulher atraente apresenta, para além de uma longa ancoragem histórica, o benefício de ser menos um caso em que se fica irritado.

É estupidez ficar agarrado a princípios quando, como o próprio termo indica, os princípios são apenas um ponto de partida.

Para subir na hierarquia de 99% das organizações portuguesas convém ter presente, em especial se não se dispuser de cunhas, que o essencial é o acessório.

É politicamente correcto respeitar quem, ao ter uma atitude estúpida, está a ser fiel a si próprio.

Na verdade, quem cala normalmente discorda mas laborar com base na outra versão é mais simples para ambas as partes.

Os sorrisos falsos provocam muito mais dores nos músculos faciais do que os verdadeiros.

Devia ser fácil esconder as opiniões quando tão pouca gente está interessada nelas.

Fingir interesse é uma arte que parece resultar melhor com a inclusão de uma pitada de desprezo.

Manter o desinteresse cansa mais do que manter o entusiasmo mas a fiabilidade dos resultados é muito superior.

É libertador ver aqueles sobre quem receávamos ter uma opinião demasiado negativa confirmarem-na com factos.