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Delito de Opinião

Pinto da costa e o seu ungido

Pedro Correia, 08.06.20

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Já houve vários presidentes da Câmara de Lisboa sócios do Sporting. Nas últimas três décadas, lembro-me de Jorge Sampaio, Pedro Santana Lopes e António Carmona Rodrigues.

Imaginem a gritaria que não haveria, lá mais para Norte, se o presidente da Câmara de Lisboa, estando no exercício destas funções, aceitasse encabeçar uma lista concorrente a um órgão social do FC Porto. Não faltaria gente a rasgar as vestes, urrando contra a «promiscuidade entre a política e o futebol», exigindo imediata separação de águas.

Pois isso mesmo acaba de acontecer no FC Porto, com o actual alcaide da Invicta a encabeçar a lista para o Conselho Superior da agremiação azul e branca, sem que isso pareça perturbar as boas almas que reclamam linhas divisórias entre bola e política.

Rui Moreira aceitou o encargo, consciente de que isso o coloca na primeira linha dos ungidos, como presumível sucessor de Pinto da Costa, agora reeleito para o 15.º mandato à frente do clube, onde já leva 38 anos como dirigente máximo. Um mandato que, por vontade própria, poderá não levar até ao fim.

O astuto PdC, que nunca dá ponto sem nó, não apenas vence de forma categórica (com mais de dois terços dos votos expressos, 68,7%) a eleição para presidente da Direcção como suplanta a percentagem alcançada por Moreira (65%) na votação para o Conselho Superior. Numa espécie de aviso à navegação interna que evoca os dramas de Shakespeare: convém que o protegido nunca seja mais popular do que o seu mentor.

Em Coimbra, sem encanto, na hora da despedida

Rui Rocha, 19.11.11

 

Há várias pontas por onde seria possível pegar para descrever mais uma exibição desoladora do Porto. Poderia referir-se, é claro, uma primeira parte em que a equipa não fez um remate. Ou resumir a coisa a partir da evidência de desastre que se concretiza em sofrer 3 golos em 45 minutos. Viria também a propósito falar da planificação medíocre da época, do fosso que existe entre o maior investimento de sempre e o pior futebol do século, ou da incapacidade de Vítor Pereira para, sequer, motivar um exército de formigas ainda que dispusesse de uma tonelada de açúcar. Tudo isso seria verdade, tão verdade como dizer que o lado da defesa do Porto meteu mais água do que aquela que passou no leito do Mondego no Inverno passado, que Hulk mudou para muito pior (e não me refiro à cor do cabelo) ou que a equipa revela menos intensidade do que a corrente eléctrica do Estádio Axa de Braga em dia de jogo com o Benfica. Mas, pensando bem, de que serve lembrar tudo isto e o resto todo se é o próprio treinador portista quem afirma que não encontra explicações e que não há ponta por onde pegar? No fundo, não é no discurso de Vítor Pereira que vale a pena determo-nos. Ali ao seu lado, Pedro Emanuel resumiu a noite em cinco palavras: o jogo não teve história. E a história, embora não seja grande coisa, é precisamente o único lugar que Vítor Pereira pode ainda ocupar no Futebol Clube do Porto.