Uma galambada pegada
(Gerardo Santos/Global Imagens)
Os rocambolescos episódios que têm acompanhado o XXIII Governo dariam uma óptima comédia "à italiana", não fosse dar-se o caso da situação nacional e internacional ser tudo menos o cenário ideal para uma coboiada.
Os mais recentes casos envolvendo o ministro Galamba e a sua entourage, quase fazendo do despedido Pedro Nuno Santos um menino de coro, mostram bem como o "socratismo jotinha" continua a enxamear o PS. A garotada que António Costa levou para o Governo pode ter frequentado todas as universidades promovidas pelo partido, ter feito a escola dos gabinetes e do parlamento, mas não aprendeu rigorosamente nada.
E o que se está a ver é que transformou o Executivo, com a bênção do primeiro-ministro, numa extensão de um congresso da JS, dominado por fédayins que se digladiam entre si para conseguirem os melhores lugares à mesa.
A falta de senso de que no passado deram mostras aconselharia a que não passassem da sala de visitas de qualquer ministério ou secretaria. Ao invés, deram-lhes palco e estatuto. Os resultados estão à vista dos portugueses, não havendo maneira de disfarçar a sua mediocridade, enquanto o país assiste a mais um deprimente espectáculo de incapacidade governativa, de falta de autoridade política, de ausência total de sentido de Estado, numa galambada pegada pela qual os únicos responsáveis são o primeiro-ministro e a Direcção do PS que ao longo dos anos acarinharam aquela garotada inepta parida pelo socratismo.
Mário Soares se fosse vivo estaria naturalmente siderado com o que se está a passar e já teria dado dois berros para correr pela porta dos fundos aquela catrefada de putos mimados e pseudo-políticos mal formados, que se propõem resolver os problemas aos gritos e ao murro. Figurantes sem consistência, sem estrutura ou estatura ético-moral para integrarem qualquer junta de freguesia; quanto mais um governo da república.
Numa terra sem uma oposição capaz, com uns aparentados de seminaristas a estagiarem à frente das bancadas parlamentares, em que o panorama mais provável, se o PSD chegasse ao governo, seria a reedição do que estamos a viver, substituindo-se apenas a miudagem da JS pelos "agilizadores" da JSD e afins, e com um Presidente da República que dá provas de desnorte, sem saber como há-de levar o seu mandato até ao fim, resta aos portugueses a esperança de que António Costa ainda seja capaz de, por uma vez, correr com a galambada instalada, fazer uma remodelação decente (não é difícil), não continuando a queimar cartuchos, e poupando aquela meia-dúzia de ministros que ainda consegue segurar as pontas e manter o país a funcionar sem grandes ondas.
Mais do que nunca, Portugal precisa de um governo de combate, com gente íntegra, sensata e madura, que deixe de dar diariamente argumentos aos partidos que o querem apear. Enfim, dispensando-se de uma vez por todas aqueles tarecos e jericos de que António Costa se rodeou, e que têm transformado a maioria absoluta num horrível espectáculo, no pior e mais deprimente que um mau infantário pode produzir numa festa de Carnaval.
Não há filme de terror que possa durar sempre. Haja dó.